segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Festivais de Velocidade - CTA de São José dos Campos


As provas de velocidade final sempre foram atraentes, sobretudo pelo desafio da velocidade e da superação de recordes. No Brasil, desde a década de 30, são realizadas provas desse tipo, sendo que a primeira tentativa de estabelecer o recorde de velocidade final em quilômetro lançado ocorreu em 1937, quando a equipe Alemã Auto Union veio para o Brasil para disputar o GP da Gávea, e aproveitou para levar seus Auto Union Type C para um trecho de reta em Jacarepaguá, em busca de estabelecer a melhor marca em quilômetro lançado no país.

Passada a fase inicial, chegamos à década de 60, quando o Carcará (Protótipo DKW-Vemag 1000 cc de 104 hp) alcançou a média de 213 km/h num trecho da rodovia Rio - Santos (hoje Avenida das Américas, Barra da Tijuca, RJ) em junho de 1966. Em 1970, na ocasião da inauguração da raia olímpica da Marginal Pinheiros, foi realizada pelo jornal Estado de São Paulo uma outra prova de velocidade final, que por sua vez teve como vencedor o lendário Camilo Christófaro, no comando de sua tradicional carretera Chevrolet Corvette V8. A média de Camilão foi de 236,73 km/h, vencendo inclusive o carro mais rápido do mundo na época, o Lamborghini Miura P400S, que chegou a 224,41 km/h, num trecho de 3 km para acelerar, fazer a medição e desacelerar. Com o passar do tempo, as provas de medição de velocidade iam revelando novas marcas, cada vez mais altas. Entretanto, faltava uniformidade quanto à extensão da pista e regras da medição.

Essa uniformidade só foi alcançada na década de 90, quando o Auto Union DKW Clube do Brasil passou a promover o Festival de Recordes, disputado na pista da base aérea de São José dos Campos - pista com 60 m de largura e 3 km de comprimento, lisa e plana - cuja primeira edição data de 1994. Naquele ano, o vencedor foi o De Tomaso Pantera V8 6.6 - motor com cabeçotes e bloco de alumínio - de Edgar Mattar, que registrou 250,50 km/h de média  - ida e volta no quilômetro lançado, com 1 km para acelerar após largada estática e 1 km para desacelerar.

Em 1995 o vencedor foi novamente um Pantera, esse pertencente ao saudoso Fábio Steinbruch e que tinha motor V8 351 5.7 litros, com bloco original de ferro fundido. Relatos da época dão conta que o ex-governador de São Paulo, Paulo Maluf, participou desta edição com um Mitsubishi (não foi possível apurar qual era o modelo), que alcançou a média de 231 km/h.

No ano de 1996, a melhor marca foi registrada pelo Opala V8 6.6 1983 de Guido Borlenghi, carro este que foi tema de umas das primeiras postagens deste blog. O propulsor, um V8 da Nascar, aliado ao alívio de peso e preparação de suspensão e câmbio, fez com que o Opalão chegasse a 274,60 km/h de média, o recorde nacional até então. Recorde este que durou até 2002, como veremos mais a diante. Neste ano, a prova teve 54 carros inscritos e alguns dos recordes registrados na ocasião perduraram durante muito tempo entre as 10 melhores marcas. Entre os concorrentes, estava Débora Correia, a única mulher que disputou a prova. Com seu Mitsubishi Eclipse, terminou na 26ª posição com a média de 212,5 km/h.

Em virtude dos acidentes aéreos com voos da TAM em 1996 (Fokker 100 voo TAM 402 em 31/10/1996) e 1997 (Fokker 100 voo 283 em 09/07/1997), a pista não foi mais liberada, pois as autoridades temiam novas ocorrências em que fosse necessário o uso emergencial da pista. Assim, outra edição do festival só foi disputada em junho de 2003.

Antes de 2003, mais precisamente em abril do ano anterior, a então estreante revista Full Power promoveu uma nova tentativa de quebra de recorde, com o piloto argentino radicado no Brasil, Alejandro Sanchez. Ao volante de um Porsche 993 biturbo 3.8 - com cerca de 700 cv de potência -, Alejandro obteve a média de 306,222 km/h na rodovia SP - 75, quebrando o recorde nacional.

Em maio de 2003 uma nova edição do Festival de Recordes foi realizada, na base de São José dos Campos. 46 carros foram inscritos no total, sem divisão em categorias, apenas com a distinção de carro de pista ou rua, para efeito de possíveis empates. Belas e potentes máquinas foram inscritas, em busca de grandes marcas de velocidade, fazendo um grande espetáculo. Entre os destaques estavam carros como:

Jaguar XJS Le Mans V12 7.0 1991 - Preparado pela empresa Lister, o carro inglês chamava atenção pelo tamanho do potente motor de 12 cilindros, auxiliado por duas turbinas e injeção de óxido nitroso (que não funcionou na volta do quilômetro lançado), que rendia cerca de 700 cavalos.

Porsche 993 1996 - Depois de ter quebrado o recorde nacional em 2002, o piloto Alejandro Sanchez realizou modificações em seu bólido alemão, a fim de obter mais potência e eficiência na transmissão de toda a força do motor 3.8 biturbo. Para tanto, o comando de válvulas foi trocado e as relações do câmbio foram alongadas. O resultado foi outro recorde, desta vez com a marca de 310.66 km/h.

Chevrolet Corvette ZR1 V8 6.0 - O Corvette da família Pimenta participou das medições de velocidade em São José dos Campos desde os anos 90, mas sua melhor marca foi registrada na última participação, em 2003. Na ocasião, o esportivo americano aparentava ter tudo para chegar perto do recorde de Alejandro Sanchez, pois em uma de suas passagens, chegou a passar da marca de 300 km/h. Mas infelizmente numa das medições, o capô de fibra se soltou, danificando o para-brisa e componentes do motor. Então a equipe teve a idéia de retirar todos os vidros, como forma de diminuir o arrasto aerodinâmico causado pela quebra do para-brisa. Entretanto, as marcas de velocidade pioraram um pouco, mas foram suficientes para a conquista da 4ª posição na prova. O V8 aspirado empurrava muito, e se não fosse o capô solto, era para brigar no mínimo pelo 2º lugar.

De Tomaso Pantera GTS - Um belo esportivo italiano, o exemplar de Ricardo Malanga era muito bem montado, com equipamentos de primeira para dar alta performance ao V8. Mas esse carro foi protagonista de um incidente que deixou tristes todos os amantes de esportivos clássicos. Numa das puxadas, o radiador de óleo do câmbio de 5 marchas bateu no chão, pois ficava instalado em uma posição muito baixa. Alguns metros depois da largada, a embreagem simplesmente explodiu, quebrando o volante do motor e causando um pequeno incêndio, pois pedaços de peças cortaram uma mangueira de combustível, que caiu em partes quentes do motor. Felizmente os prejuízos não foram grandes, pois o fogo foi controlado rapidamente.

A última edição do evento foi realizada em outubro de 2006, e contou apenas com 18 carros, dos quais 13 fizeram medições oficiais (quilômetro lançado). O número baixo de participantes foi consequência da instabilidade do clima no dia da prova, o que afastou muita gente de correr. Entretanto, alguns carros conquistaram ótimas marcas, suficientes para levá-los ao ranking dos melhores. Vejamos:

Toyota Supra Turbo 3.0 1995 - Pilotado por Isnard Cardoso, o esportivo japonês alcançou a média de 293,57 km/h, ficando atrás apenas do Porsche recordista de Alejandro Sanchez, inclusive no ranking geral.

Jaguar Le Mans XJS V12 7.0 1991 - Novamente o Lister de Luiz Carlos Roque apareceu na prova de medição, e fez bonito, ao conquistar a 3ª marca com 269,63 km/h. Cabe ressaltar que este bólido registrou a maior velocidade final da prova, quando alcançou 312,69 km/h na volta. Entretanto, tal marca foi posta em dúvida, pois o próprio piloto afirma que a embreagem do Lister não estava funcionando corretamente, e assim, seria impossível atingir mais de 300 km/h.

Desde 2009, outros eventos, com regras e critérios diferentes, têm sido realizados no Brasil, como por exemplo o Driver Cup 3/4 Mile, na pista de testes da TRW, em Limeira (SP), e o Standing Mile, na pista da Embraer, localizada em Araraquara (SP). Nestas provas, as velocidades atingidas são bem maiores, porém, como dito anteriormente, os critérios de medição e distância cronometrada são diferentes, o que inviabiliza qualquer comparação. Entretanto, algumas medições têm sido feitas levando em consideração as regras do quilômetro lançado, tanto que o recorde de Alejandro e Porsche foi quebrado em 2012, pelo Nissan GT-R de Marcelo Magnani (328.98 km/h) e pelo Porsche 911 GT3 de André Navarro (326.775).

Quadro geral:

1. Marcelo Magnani - Nissan GT-R - 328.98 (Driver Cup 2012)
2. André Navarro - Porsche 911 GT3 Bi-Turbo - 326.775 - (Driver Cup 2012)

3. Alejandro Sanchez - Porsche 993 Bi-Turbo 3.8 1996 - 310.66 (2003)
4. Décio de Faria Lima Filho - Mitsubishi Lancer Evo VII - 290.887 (Driver Cup 2012)
5. André Carrilo - Chevrolet Corvette C6 Z06 - 290.491 (Driver Cup 2012)
6. Sidney Frigo - Lamborghini Superleggera - 289.340 (Driver Cup 2009)
7. Fábio Sotto Mayor - Opala Stock Car - 303.10 (1991)*
8. Isnard Cardoso - Toyota Supra - 293.57 (2006)
9. Antonio Luís de Freitas - Porsche 911 Bi-Turbo 3.8 - 283.64 (2003)
10. Alejandro Sanchez - Nissan 300ZX Bi-Turbo 3.0 - 280.50 (2003)
11. Dimas de Melo Pimenta Filho - Nissan GT-R - 279.023 (Driver Cup 2012)
12. Guido Borlenghi - Chevrolet Opala V8 5.9 1983 - 274.60 (1996) 
13. Geraldo Jafet Filho - Nissan 300ZX Bi-Turbo 3.0 1995 - 272.21 (1996) 
14. Fabio Steinbruch - De Tomaso Pantera 5.7 1974 - 270.25 (1996)
15. Luiz Carlos Roque - Jaguar XJS Lister Le Mans - 269.63 (2006) 
16. José Roberto Venezian - Porsche 993 BiTurbo 3.8 1995 - 267.16 (1996) 
17. Ricardo Malanga - Ford Mustang GT 6.6 1995 - 266.77 (1996) 
18. Dimas de Melo Pimenta - Chevrolet Corvette 5.7 - 264.20 (2003)
19. Bugatti EB 110 V12 Quadriturbo 263.97 (2002)** 
20. Francisco Lopes - Santa Matilde Turbo 4.1 1985 - 263.25 (1996) 
21. Alexandre Martins - Chevrolet Caravan Turbo 4.1 1978 - 261.72 (1996)
22. Antonio Luís de Freitas - Chevrolet Opala Turbo 4.1 1976 - 261.06 (1996)
23. Márcio Roberto Cardoso - Mitsubishi 3000 GT-VR4 - 260.06 (2006)
24. Roberto Sammed - Porsche 993 Bi-Turbo 3.8 - 259.07 (2003)
25. Julio Penteado - De Tomaso Pantera 7.0 1974 - 257.20 (1996)
26. Luis F. Batistinha - Ford Mustang GT 5.7 1966 - 256.32 (1996)
27. Pedro Ometto Neto - Lamborghini Diablo VT 5.7 1995 - 255.77 (1996)
28. Alberto Trivellato - De Tomaso Pantera 6.6 - 254.82 (2003)
29. Edgar Mattar - De Tomaso Pantera 6.6 1974 - 253.34 (1996)
30. Amir Efrahim - Alfa 164 Turbo 3.0 1994 - 252.45 (1996)
31. Renato Rossini Gouveia - Chevrolet Camaro LT 5.7 1973 - 252.37 (1996)
32. David Lopes - Opel Calibra - 251.27 (2006)
33. Fernando Luiz - Chevrolet Camaro Z28 5.7 1993 - 250.17 (1996)
34. Eduardo Bernasconi - Nissan 300ZX BiTurbo 3.0 - 248.05 (2003)
35. Adriano Baccari - Chevrolet Camaro Z28 5.7 - 245.30 (2003)
36. Geraldo Jafet Filho - Lister Jaguar Le Mans V12 6.0 - 244.85 (2003)
37. Roberto Sammed - Ferrari 355 TS 3.5 1995 - 244.15 (1996)
38. Alfredo Borba Filho - Chevrolet Camaro SS 5.7 1968 - 242.51 (1996)
39. Leopoldo Alves - Dodge Viper R/T 8.0 1995 - 241.53 (1996)
40. Ruy Carlos de Araújo - Ford Mustang GT 5.0 1968 - 239.76 (1996)
41. Mário Fernal - Porsche 993 Bi-Turbo 3.8 - 239.60 (2006)
42. Norman Casari - Casari Ford V8 4.8 - 238.98 (1991)*
43. Sergio Mattos - Ford GT 40 5.0 - 238.16 (1972)*** 
44. José A. Marx - Porsche 993 Turbo S 3.6 - 237.37 (2003)
45. Camilo Christofaro - Carretera Chevrolet Corvette 4.5 - 236.74 (1970)** 
46. Luis Pereira Bueno - Porsche 908/2 V8 3.0 - 236.51 (1972)*** 
47. Euclides Aranha - De Tomaso Pantera 5.7 1972 - 236.11 (2003)
48. Silvio Robles - BMW M5 V8 - 233.6 (2003) 
49.Adriano Baccari - Chevrolet Camaro Z28 5.7 - 230.85 (1996)
50. Mario Hoffsteter - Ferrari 355 3.5 - 230.41 (2003)
51. Ingu Gil - Chevrolet Camaro Z28 5.7 - 230.40 (1996)
52. Luis F. Batistinha - Ford Maverick GT 5.0 - 230.19 (2003)
53. Alexandre F. Costa - Ford Maverick GT 5.0 - 228.28 (1996)
54. Silvio R. Foz - Toyota Supra Turbo 3.0 - 228.28 (1996)
55. Amir Efrahim - Subaru Impreza Turbo 2.2 - 228.19 (2003)
56. Marcelo Romero - Chevrolet Corvette 5.7 - 228.06 (1995)
57. Fernando C. Ferreira - Chevrolet Camaro Z28 5.7 - 227.78 (1996)
58. Marco Antônio Pellucio - Audi RS2 - 227.75 (2006)
59. José A Marques - Porsche 911 Turbo 3.3 - 227.56 (1996)
60. Roberto “Coruja” Amaral - BMW M5 3.5 - 224.86 (1995)
61. Alberto Trivellato - Chevrolet Chevette 4.1 - 224.86 (1996)
62. Alcides Diniz - Lamborghini Miura P400 4.0 - 224.41 (1970)** 
63. Fabio Steinbruch - Dodge Challenger 426 7.0 - 224.13 (2003) 
64. Marcelo Aldino - Chevrolet Camaro Z28 - 223.4 (2003)

* Recordes estabelecidos em trechos de 4 km de extensão

** Recordes estabelecidos na prova da marginal Pinheiros, em trecho de 3 km.

*** Recordes estabelecidos em trecho de 2 km de extensão

Lamborghini do saudoso Alcides Diniz na prova da marginal Pinheiros
Santa Matilde de Franciso Lopes, em 1996



Reportagem retirada da Revista Full Power nº 02, de maio de 2002 (Editora B7) - Todos os direitos reservados ao Autor
 Prova de 2003:















Prova de 2006:


















Bugatti EB 110 V12 - Um "patinho feio" que andava muuito, graças às quatro turbinas que sobrealimentavam o motor

domingo, 16 de agosto de 2015

Franz Konrad e Antônio Hermann: Uma dupla vencedora nas Mil Milhas Brasileiras


Inicialmente, a minha intenção era escrever separadamente a história das participações do Austríaco Franz Konrad e do Brasileiro Antônio Hermann nas Mil Milhas Brasileiras. Isto porque Konrad tem uma história muito maior com automobilismo, pois já compete em provas ao redor do mundo inteiro há mais de 40 anos, além ser proprietário de equipe. Ou seja, tem toda uma relação profissional com as corridas. Já Antônio Hermann conseguiu realizar um sonho que é compartilhado pela maioria de nós, amantes do automobilismo: Trabalhar e poder se dedicar, como um hobby, a esse esporte fascinante.

Mas, ao pesquisar sobre a história da dupla, bicampeã na prova, vi que a história de um se confundia com a do outro, pois correram juntos em praticamente em todas as ocasiões em que participaram das Mil Milhas, inclusive quando alcançaram os resultados mais expressivos, como as vitórias de 1993 e 1995, e os vices de 1994 e 1998. Pois bem, então passamos agora a lembrar da história dessa dupla, ano após ano.

A primeira participação de ambos ocorreu em 1993, quando disputaram a prova a bordo de um Porsche 911 Carrera RS, da equipe de Konrad, junto com o alemão Franz Prangemeier. No grid, alcançaram a 7ª melhor marca, atrás do Avallone-Chevrolet de Dimas Pimenta e de alguns Opalas. Na corrida, a tática adotada foi a de explorar o potencial do Porsche, mas sem forçá-lo demais, pois os adversários mais perigosos pecaram neste sentido. Havia carros com maior potência, mas que não tinham tanta confiabilidade. Dessa forma, o Porsche nº 4 alcançou a liderança da prova na volta 211, após a quebra do BMW de Ingo Hoffmann. A felicidade de Hermann, ao cruzar a linha de chegada, era tão grande, que na volta de desaceleração, ele rodou na curva do mergulho, e só não ficou preso na caixa de brita porque a equipe de resgate estava por perto para ajudá-lo a sair. O trio venceu a prova com 11 voltas de vantagem em relação André Giaffone/Renato Marlia, que utilizaram um Protótipo Aldee RTT/VW.

No ano seguinte, Hermann e Konrad formaram trio com o piloto sueco Mikael Gustavson, na condução de um Porsche 911 RSR Bi-Turbo, impulsionado pelo motor 3.8, o qual era capaz de produzir 540 cavalos, mas que foi regulado para atingir “somente” 480 cv, em virtude da extensão do circuito de Interlagos. Nos treinos, registraram a 2ª melhor marca, atrás somente do Porsche 911 RSR de Wilsinho e Christian Fittipaldi, que acabaria vencendo a prova. Entretanto, a corrida de Konrad e Cia foi no mínimo movimentada. Após tomar a liderança de Christian, ainda nos primeiros metros, o Porsche voou em Interlagos, engolindo as retas rapidamente, por conta da força do motor bi-turbo, e ultrapassando vários retardatários, já a partir da 4ª volta. Mas, na volta 16, se envolveu em um pequeno acidente com o Mustang de Denísio Casarini, que acabou atingindo-o na traseira, furando um pneu e causando problemas de suspensão, que teve de ter algumas peças trocadas. O resultado foi a perda da liderança para o Porsche aspirado dos Fittipaldi, que no final, acabou deixando Hermann/Konrad/Gustavson no 2º lugar, com 04 voltas de desvantagem.

Em 1995, Konrad e Hermann formaram trio com o então campeão, Wilsinho Fittipaldi, a bordo de um Porsche 993. Ainda, ambos foram inscritos no Porsche 911 RSR nº 2, formando trio com Régis Schuch. O domínio do 993 foi absoluto, desde os treinos, quando conquistou a pole position com o tempo de 1min41s809, marca essa que foi cerca de 4 segundos e meio mais rápida do que o 2º colocado, o BMW M3 de Ingo Hoffmann/Marc Duez/Nelson Piquet. Na corrida, a liderança foi quase de ponta a ponta, e a vitória foi só questão de tempo, com nada menos que 15 voltas de vantagem para o Porsche da mesma equipe, no qual também estavam inscritos.

Ausentes em 1996 e 1997, a dupla disputou a prova de dezembro de 1998, com um Porsche 911 GT2, tendo a companhia de - atualmente ex-piloto e sócio da Vogel Motorsport na Stock Car - Gualter Salles. Mais uma vez o domínio da Konrad Motorsport começou nos treinos, após o Porsche conquistar a melhor marca, com o tempo de 1min40s152. A corrida aparentava que seria mais um passeio de um modelo Porsche em Interlagos. Mas, na 3ª volta, o pole position, ao ultrapassar o último colocado - um Fusca Speed 1600 - foi surpreendido por uma repentina bandeira amarela, quando se preparava para ultrapassar o penúltimo colocado - igualmente um Fusca Speed - e Konrad acabou enfiando o pé no freio, como forma de não realizar a ultrapassagem em bandeira amarela. Resultado: O Speed acabou enchendo a traseira do Porsche, que perdeu nada mais nada menos que 40 voltas parado nos boxes, realizando reparos. Mas no retorno à pista, o que se viu foi um verdadeiro show de velocidade, pois o bólido alemão descontou 33 voltas em relação ao líder, o protótipo AS Vectra de Tom Stefani/Júlio Fernandes/André Grillo, que acabou vencendo com a confortável vantagem de 07 voltas, mesmo enfrentando sérios problemas de freios e suspensão.

Em 2003, Konrad voltava a disputar uma Mil Milhas, pela primeira vez sem dividir o carro com Hermann, mas como sempre, de Porsche. Na ocasião, Konrad formou quarteto com Ronaldo Ferreira/Beto Giorgi/Antônio Carlos “Totó” Porto, na condução de um modelo 911 GT3. A posição de largada foi um pouco mais atrás que o normal, pois a marca de 1min45s021 foi suficiente para alcançar apenas o 8º lugar. Entretanto, Porsche é Porsche e corrida de longa duração é sua especialidade, e mesmo sem ter a força dos dois Porsches que brigaram pela liderança durante toda a corrida, ainda terminou na 4ª posição, com 10 voltas de desvantagem para o 911 GT3 vencedor.

A volta de Hermann ocorreu em 2005, e com uma bela (e rápida) novidade: Pela primeira vez, o Saleen S7-R disputaria uma prova no Brasil. Sobre esse carro já falamos anteriormente, mas não custa nada relembrar um pouco do foguete que é o S7-R:


Ficha Técnica:

Motor: V8, 7.0 litros, 2 válvulas pro cilindro
Potência: 600 cv e 75,5 kgfm de torque
Alimentação: Injeção eletrônica multiponto
Transmissão: Câmbio sequencial de 6 marchas, tração traseira
Rodas e Pneus: Aro 18
Chassi tubular de aço
Carroceria de alumínio e fibra de carbono

A pilotagem ficou por conta do trio Antônio Hermann/Franz Konrad/Uwe Alzen, largando na 3ª posição, após registrar o tempo de 1min33s401 nos treinos. A corrida durou 270 voltas para o superesportivo, que abandonou a prova já pela manhã, por conta da quebra de uma válvula do motor. No momento da quebra, ocupava de forma consolidada a 3ª colocação na prova, e já tinha marcado a melhor passagem, com 1min34s592, na 256ª volta. Terminou mesmo na 22ª posição.

Por fim, a última participação de Franz Konrad e Antônio Hermann ocorreu em 2006, quando correram em carros separados, mas ambos modelos Saleen. O nº 4 foi pilotado por Robert Lechener/Tom Wickert/ Franz Konrad, enquanto que o nº 5 foi pilotado pelo trio Antônio Hermann/Didier Theys/Jean-Marc Gounon. No grid, o nº 4 de Konrad fez a 8ª marca, com 1min34s617, enquanto que o nº 5 de Hermann foi o 6º, com 1min33s950. Na corrida, o Saleen de Hermann e companhia fizeram uma corrida discreta, sem ocupar a ponta em nenhum momento. Terminou na 3ª posição, com o abandono do Corvette de Paulo Gomes e do Protótipo ZF. Já o Saleen de Konrad teve problemas maiores e não chegou a completar a prova, ficando na 6ª posição com 26 voltas de atraso.

Sem dúvidas, Franz Konrad e Antônio Hermann têm seus nomes gravados na história da prova, pelos resultados expressivos que conquistaram e pelas belas, caras e rápidas máquinas que utilizaram na maior prova de nosso automobilismo.