As Mil Milhas Brasileiras, tradicionalmente, tiveram a largada em horário noturno, em que pese o tradicional horário da meia noite ter sido adotado apenas a partir da 10ª edição, disputada em 1970, enquanto que nas edições anteriores o horário variou entre 19h00min e 22h30min.
Porém, o horário diurno fora adotado a partir no ano de 1992, numa tentativa de atrair maior atenção da mídia, sobretudo televisiva, bem como do público. A estrategia era ter a cobertura ao vivo da largada, com arquibancadas cheias durante a maior parte da prova, haja vista que a transmissão da pela televisão sempre foi uma questão delicada. Se de um lado o charme das Mil Milhas era a largada à noite, com as disputas atravessando a madrugada e testando a resistência de bólidos e pilotos, por outro lado era uma fórmula um tanto quanto complicada para o marketing televisivo, pois a escuridão noturna dificultava a exposição dos carros a patrocinadores, e depois do amanhecer, as carenagens já demonstravam as marcas de uma noite de chuva (tradicional em Interlagos), batidas, toques e remendos.
No entanto, a estratégia de transferir a largada para o meio dia não trouxe o resultado almejado, sobretudo pela fraca divulgação da prova na mídia, que influenciou sobretudo no baixo público registrado nos anos de 1992 e 1993. A exceção fora no ano de 1994, quando o evento teve amplo destaque na mídia, atraindo pilotos de renome e máquinas nunca vistas antes em Interlagos, como afirmou o piloto Jürgen Weiss em entrevista à Autoesporte em fevereiro daquele ano.
Mas infelizmente isso não se repetiu em 1995, ano em que a prova fora forçada a mudar de data, ocorrendo no mês de abril, após a realização do GP Brasil de Fórmula 1 (que até 2003 era disputado no mês de março). Tal mudança se deu em razão do fechamento do autódromo para as tradicionais reformas para receber a categoria máxima do automobilismo. Porém, há quem diga que o sucesso da prova de 1994 trouxe certo receio para a organização do evento da Fórmula 1, pois como sabido, o "circo" sempre quis a exclusividade de Interlagos, com suas exigências que sempre acabam por estrangular o automobilismo local...
Deste modo, a prova de 1995 foi um verdadeiro fracasso, servindo como termômetro disto a previsão inicial de venda de 40.000 ingressos, quando no fim das contas foram vendidos apenas 36 deles antecipadamente e outros 1.800 no dia da prova. Somando-se a isto, as conhecidas falhas na organização - no dia da prova faltou água em todo o autódromo - e a falta de divulgação por parte da imprensa foram a cereja do bolo, de um evento que teve faturamento de meros R$ 72.000,00 (setenta e dois mil reais) em valores da época.
E em 1996, as consequências foram ainda piores, com uma prova com grid pífio, se comparado a outros tempos não tão distantes, e totalmente distante do público, que provavelmente sequer teve conhecimento de sua realização. Novamente, a realização das Mil Milhas no mês de abril somente serviu para afastar muitos competidores de alto nível, pois àquela altura já estavam comprometidos com seus campeonatos regulares.
Fechando a primeira fase diurna da Mil Milhas, tivemos a edição de 1997, realizada no autódromo internacional Nelson Piquet, em Brasília/DF, numa tentativa de reavivar a disputa. Entretanto, é sabido que a maioria dos tradicionais competidores e equipes estão localizados no Estado de São Paulo, o que constituiu um fator de esvaziamento do grid da prova brasiliense.
A segunda tentativa de realizar a maior parte da prova durante o dia ocorreu na edição de 2006, que marcou os 50 anos da disputa e uma nova fase que prometia inserir as Mil Milhas no calendário internacional de provas de longa duração, época em que ainda não existia o WEC. Inegavelmente, aquela edição teve notável sucesso, visto que foram inscritos grandes máquinas e importantes nomes do automobilismo mundial, o que trouxe grande destaque perante a mídia, especializada ou não.
Contudo, mesmo em 2007, figurando como última etapa do Le Mans Series e com largada ao meio dia, a prova não conseguiu atrair o público maciço às arquibancadas de Interlagos, sobretudo pelos preços elevados dos ingressos, algo distante da realidade do automobilismo brasileiro à época.
E por fim, em 2008, último ano em que tivemos a disputa das Mil Milhas, a situação fora ainda pior, visto que novamente a divulgação pela mídia foi das mais fracas, em que pese a internet já estar em franca expansão, proporcionando novamente arquibancadas vazias e grid modesto.