Esse é o tipo de notícia sobre o qual detesto escrever, mas que infelizmente tem sido recorrente em nosso blog. Porém, nossa intenção é tão somente registrar a passagem de nossos volantes de competição para a pátria espiritual, lembrando de tudo o que fizeram no esporte a motor. E hoje, nossa homenagem vai para o grande (não só na estatura, mas também na contribuição para o esporte nacional) Xandy Negrão, um empresário de sucesso que foi um verdadeiro profissional no automobilismo, e que venceu por onde passou.
A história de Alexandre Funari Negrão no automobilismo começou no final dos anos 70, quando disputou provas de monoposto, mais especificamente na Fórmula Ford. Só que sua carreira só veio a engrenar quando passou para os carros de turismo, vencendo várias corridas no estreante campeonato brasileiro de marcas e pilotos, além de corridas de longa duração.
Dentre tais corridas, podemos citar a 31º edição das Mil Milhas Brasileiras, disputada em janeiro de 2003. Na ocasião, formou quarteto com Fernando Nabuco, Ricardo Etchenique e Ingo Hoffmann (a participação se deu por convite deste) em um esquema improvisado que contava com um Porsche 911 GT3, vindo da Inglaterra sem qualquer aparato técnico.
A vitória foi construída a partir da conquista da pole position, com o tempo de 1min40s357. Só que isso por si só não significa muita coisa em uma prova de longa duração, e a disputa não foi tão tranquila assim. Durante a madrugada, o Porsche dos vencedores se manteve na 2ª posição, atrás de outro Porsche (Raul Boesel), até que este teve um problema no macaco hidráulico durante uma parada no início da manhã. Daí então, puderam assumir a liderança até a bandeirada final, e a vitória veio com 05 voltas de vantagem para o 2º colocado. Em 2004, venceu os 500 km de Interlagos, em dupla com Guto Negrão.
Outra vitória na prova veio em 2005, quando a família Negrão (Xandy, Xandinho e Guto) convidou o então campeão da Stock Car, Giuliano Losacco, para disputar a prova em quarteto. Na disputa, o Audi tomou a liderança logo no início, após a largada com chuva e Xandinho Negrão ao volante. O duelo com o Protótipo ZF durou várias voltas, mas ao final, a vitória veio com 08 voltas de vantagem para o 2º colocado. Naquele ano, ainda venceu os 500 km do Rio de Janeiro, quando uma capotagem nos treinos quase alijou o Audi da disputa. Porém, mesmo largando da última posição, Xandy Negrão e Losacco venceram a prova, após um duelo com o Protótipo ZF, que teve de abandonar em virtude do superaquecimento do motor. Mesmo com a capotada no dia anterior, o Audi rodou como um relógio suíço!
Mas, há que se mencionar também que Xandy alcançou o 2º lugar na prova de 1981, a bordo de um Chevrolet Opala Stock Car, em trio com Dárcio dos Santos e Giu Ferreira, além do 8º lugar em 1985, formando dupla com Sebastião Bendasoli em um Volkswagen Voyage. Em 2007, quando a Mil Milhas foi transformada em uma etapa da Le Mans Series, disputou a prova na categoria LMGT2, com uma Ferrari 430 GT. O trio Xandy Negrão/Xandynho Negrão/Andreas Mattheis terminou em 8º na classificação geral e em 2º na categoria.
E por falar em Stock Car, em que pese termos falado sobre sua trajetória na categoria em 2014, aproveito a ocasião para fazer uma errata sobre a sua estréia no certame, pois na verdade não ocorreu a partir de 1995, como dito antes, mas sim nos anos 80, mais precisamente na 6ª etapa de 1983, disputada em Goiânia/GO. Naquela corrida, pilotou o Opala nº 81, preparado pelo mestre Jayme Silva, terminando na 8ª colocação. E já etapa seguinte, disputada em Brasília/DF, alcançou seu primeiro pódio (terceiro lugar). Naquele ano disputou mais 02 provas em Interlagos/SP, sempre terminando entre os 10 primeiros. Nos anos de 1984 e 1988, Xandy disputou 01 corrida em cada uma deles (Jacarepaguá/RJ e Interlagos/SP, respectivamente), ao passo que sua volta definitiva à categoria ocorreu em 1995.
Neste interregno, foi campeão do Brasileiro de Marcas em 1984, a bordo de um VW Voyage e em dupla com Jayme Figueiredo, e bi-campeão em 1986, dividindo a tocada de um VW Passat com Armando Balbi. Foi também campeão da Copa Fiat Palio em 1996, e após deixar a Stock Car, em 2003, para se dedicar aos negócios e à carreira do filho, foi bi-campeão do GT3 Brasil em 2007 (correndo com Dodge Viper e Lamborghini Gallardo) e em 2008 (com Dodge Viper e Ford GT). O último troféu nas pistas veio em 2019, na categoria Império Endurance Brasil, formando dupla com o filho Xandynho em uma Mercedes-Benz AMG GT (categoria GT3).
Que Deus o receba em sua casa e dê todo o conforto necessário à família.
Ps: essa foi a postagem de número 400 do nosso blog. Agradecemos aos fiéis leitores, que valorizam essa trabalho de preservação da memória automobilística nacional e mundial.
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2005
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Tarumã, 1995, o palco da 1ª vitória na Stock
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Audi TT-R - Mil Milhas de 2004
Mil Milhas de 1981 |
2007