segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

O piloto Giuliano Losacco - Parte I


Dedico este post para falar um pouco sobre a carreira do piloto Giuliano Losacco, talentosíssimo piloto que foi uma das grandes revelações das corridas de turismo da década passada.

Giuliano nasceu em 17 de março de 1977, na cidade de São Paulo. Seu tio-avô, Nicola, foi quem deu início à trajetória da tradicional família no mundo das competições e preparação de motores, ao disputar uma prova na capital Paulista em 1925. O irmão de Nicola, Victor (avô de Giuliano), trabalhando inicialmente com Nicola, tornou-se um grande preparador de carro de competição, tendo como clientes pilotos como Ciro Cayres e José Gimenez Lopes. Infelizmente sua vida foi abreviada aos 47 anos, devido aos ferimentos decorrentes de um atropelamento sofrido nos boxes durante a prova 500 Quilômetros de Interlagos, em 1961.

Mesmo com essa tragédia, a família Losacco continuou no meio automobilístico, através do filho de Victor, Vinícius, que se tornou um renomado preparador e que chegou a disputar provas na década de 1970. A tradição permanece até os dias de hoje com o filho de Vinícius, Giuliano Losacco.

A carreira de Giuliano começou no Kart, por volta de 1989. No Kart, foi vice-campeão paulista na categoria graduados B, em 1991. Após alguns anos, estreou nos monopostos, mais precisamente em 1993, no Campeonato Paulista de Fórmula Ford. E a estréia teve como resultado o título de campeão. Disputou a temporada de 1994 da Fórmula Uno e voltou a correr nos monopostos, participando da temporada de 1995 da Fórmula Chevrolet. No ano seguinte, partiu para a Europa em busca da consolidação da carreira, disputando o Campeonato Inglês de Fórmula Vauxhall. Em 1997, disputou corridas nos campeonatos de Fórmula Ford 2000 Norte - Americana e Fórmula Renault Européia. Ainda, disputou 10 corridas do Campeonato Europeu de Fórmula Renault de 1998, conquistando 01 vitória.

Com a desvalorização do Real em relação ao Dólar, em 1999, Giuliano teve que voltar ao Brasil, pois a dificuldade em levantar recursos com os patrocinadores era imensa. Já no Brasil, disputou 02 corridas na Fórmula 3 Sul - Americana em 2000, ambas disputadas no oval de Jacarepaguá, no Rio. Foi 9º na primeira corrida e 7º na segunda. Após isso, passou a trabalhar como instrutor de pilotagem do Roberto Manzini, o que o manteve perto dos carros e das pistas.

O retorno às competições viria em 2002, quando foi campeão do Paulista de Força Livre com um protótipo, vencendo 15 de 19 corridas, o que fez com que ele disputasse provas da antiga Stock Car Light ainda naquele ano. Essa participação (8º lugar na classificação final do campeonato) rendeu frutos, tanto que na temporada de 2003, Giuliano estreava na Stock Car V8.

A estréia na categoria principal foi memorável. Largando na pole position na 1ª etapa, disputada no Autódromo de Curitiba, duelou com o grande Ingo Hoffmann durante várias voltas, mas no final terminou em 2º lugar, pois além do fato de ao seu lado estar nada mais nada menos o maior nome da Stock, que tinha acabado de ganhar seu último campeonato (foram 12 no total) no ano anterior, a entrada do safety car durante o pit-stop obrigatório atrapalhou sua estratégia de corrida. Giuliano ainda ganharia uma corrida em 2003, terminando o campeonato na 8ª posição na classificação geral, com 95 pontos.

No ano seguinte, mudança para para a equipe RC Competições, do competente Rosinei Campos, "o Meinha". E 2004 não poderia ter sido melhor: O título de campeão, com 04 vitórias e 02 segundos lugares em 12 etapas. Losacco se tornava o campeão mais jovem da Stock Car, aos 27 anos 07 meses e 21 dias, marca que não foi quebrada até hoje.

O ano de 2005 começou muito bem para Losacco. Formando quarteto para dividir a pilotagem do Audi TT - R (Carro vencedor da temporada de 2002 do DTM) Nº 9 com Xandy Negrão, Guto Negrão e Xandynho Negrão, Losacco venceu as Mil Milhas de Interlagos, colocando seu nome entre os vencedores da prova mais tradicional do automobilismo Brasileiro. Cabe lembrar aqui seu retrospecto na prova:

1995: 5º na geral e 2º na categoria Protótipo A (Aldee RTT - Nilo Caruso, Giuliano Losacco e Tony Garcia)
2001: 42º na geral (Mitsubishi Eclipse - Luiz Paternostro, Valdir Florenzo e Giuliano Losacco)
2002: 62º na geral (Aldee Spyder 2.0 - Luiz Paternostro, Ciro Alipert Jr. e Giuliano Losacco)
2003: 35º na geral (Aldee Spyder 2.0 - Luiz Paternostro, Paulo Melo Gomes e Giuliano Losacco)
2004: 19º na geral (MCR Turbo 1.8 - Luiz Paternostro, Giuliano Losacco, Juliano Moro e Gualter Salles)
2005: 1º na geral (Audi TT - R - Xandy Negrão, Guto Negrão, Xandynho Negrão e Giuliano Losacco)
2006: Estava inscrito no Mercedes Benz DTM Nº 25, junto com Tony Kanaan, Raul Boesel e Pedro Lammy, mas um problema no pescoço o impediu de participar da prova. O trio terminou na 2ª posição na classificação geral.

Na Stock, mudança para a equipe do competente ex - piloto e preparador Andreas Mattheis, que na época tinha o forte patrocínio da farmacêutica Medley. E mais um título! Neste ano foram 02 vitórias e 04 pódios em 12 corridas. A decisão do título foi emocionante, pois Losacco estava muito atrás do então líder do campeonato Cacá Bueno na classificação, mas na segunda metade do campeonato tirou a diferença em relação ao líder, vencendo duas vezes e com alguns pódios, o que o levou para a última etapa do campeonato, disputada em Interlagos com uma pequena vantagem para Bueno. Losacco só precisava chegar na frente de Bueno, e foi exatamente isso que aconteceu. E o bicampeonato veio, tornando Giuliano o mais jovem bicampeão da categoria, marca que dura até hoje!

Ainda no ano de 2005, teve a oportunidade de testar um carro da Nascar, da categoria Busch Series (Atual Nationwide) no oval curto (800 metros) de Greenville, Carolina do Sul. Na ocasião, completou 150 voltas e teve como melhor tempo 21s472, superando até as espectativas do chefe de equipe da Ski Motorsport, Jeff Spraker:

"Losacco superou nossas expectativas. Tem habilidade para começar imediatamente na Nascar. A Busch Series não anda neste circuito, mas nossa experiência indicava um tempo de referência em torno de 21s80. Ele ultrapassou essa marca sem dificuldade".

O piloto se adaptou muito bem ao equipamento utilizado pela categoria Norte - Americana, o que fez com que os testes fossem realizados num período de tempo menor que o previsto. Mas infelizmente não houve acordo para que ele disputasse corridas na categoria.

Na temporada de 2006, permaneceu na equipe de Andreas Mattheis, porém o ano foi complicado, com 01 vitória, 03 pódios e alguns resultados ruins e abandonos. Mesmo com esse empecilhos, Losacco chegou à última etapa de 2006, disputada em Interlagos com chances de ser campeão. No início da prova, dois dos postulantes ao título, Hoover Orsi e Cacá Bueno, se envolveram em um incidente, tendo o piloto do Mato Grosso do Sul abandonado a prova. Há quem afirme que Cacá Bueno foi favorecido por um erro da direção de prova, já que foi punido apenas depois do fim da corrida. Se a punição tivesse sido aplicada durante a prova, Bueno teria entreado nos pits e perdido algumas posições, e Losacco não teria forçado tanto o carro em busca de posições, a ponto de estourar o motor. Se o motor não tivesse estourado, teria terminado a prova numa boa colocação certamente sua classificação final no campeonato teria sido melhor que o 5º lugar obtido, pois ficou apenas 13 pontos atrás do campeão.

Em 2006, fez duas corridas pela Nascar, na tradicional categoria West (divisão regional da Nascar) pela equipe Bill McAnally. O resultados foram satisfatórios, inclusive com um 9º lugar obtido na penúltima etapa do campeonato, disputada no oval curto de Thunder Hill, no Texas. Porém, o alto valor a ser levantado pelos patrocinadores foi um empecilho ao projeto de disputar o campeonato da categoria.

Da segunda parte da carreira de Giuliano Losacco, falarei no próximo post.















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