terça-feira, 4 de novembro de 2014

O trágico acidente de Zeko Gregoricinc em 1985.


O post de hoje vai relembrar uma história cujo final foi trágico, e que não teve o registro merecido por parte da imprensa. Trata-se do acidente fatal que envolveu o piloto da Stock Car Zelimir Gregoricinc, o Zeko. O objetivo é trazer aos leitores a narrativa dos fatos ocorridos naquele distante ano de 1985, a título de registro, e não para expor o sofrimento alheio, até porque o sensacionalismo não é o objetivo desse espaço.

Era o dia 18 de agosto de 1985, ocasião em que era disputada no Autódromo de Interlagos a 5ª etapa do Campeonato Brasileiro da Stock Car. Zelimir Gregoricinc tinha 42 anos e estreou na Stock em 1983, após disputar a antiga Divisão 3 por cerca de 03 anos. Não figurava entre os mais rápidos do grid, e na corrida em que sofreu o fatídico acidente, largou na 18ª posição. Após queimar a largada, Zeko fez uma série de ultrapassagens, chegando a ocupar a 10ª posição na curva 2. Porém, no final do antigo retão, ele acabou perdendo o controle do seu Opala, aparentemente por problemas nos freios e terminou atingindo de frente o muro da curva 3. No choque, o tanque de combustível - que estava com 130 litros de álcool, já que era a 1ª volta da prova - rachou ao meio pois, segundo relatos da época, era feito de PVC. Encharcado de gasolina, o macacão do piloto - confeccionado em brim - ficou em chamas, e só lhe restou rolar pela grama na tentativa de apagar o fogo. O socorro foi muito prejudicado, pois o bombeiro demorou cerca de 15 segundos para conseguir destravar o gatilho defeituoso do extintor de incêndio, e Zeko foi finalmente socorrido pela equipe médica, com queimaduras de 3º grau nas costas e nas pernas.

Levado inicialmente para a UTI do Hospital Zona Sul, passou depois pelo Hospital Municipal do Tatuapé, e posteriormente foi transferido para o Hospital Samaritano. Ao todo, o piloto passou 12 dias internado, até falecer em virtude das queimaduras. Durante o tempo de internação, Tommy, seu irmão gêmeo, que também era piloto de Stock Car, se dispôs a doar parte de sua pele, na tentativa de salvá-lo.

Zeko também pilotava aviões e já havia sofrido 04 acidentes. Inclusive, seu irmão mais velho, Rasputin, morreu em um acidente aéreo, após a explosão do avião que dirigia.

Muito se falou das condições do carro do piloto, que mesmo assim, passou pela vistoria técnica da organização. Na época não eram exigidos tantos itens de segurança, como macacão anti-chamas e revestimento externo de borracha do tanque. Após o acidente, vários itens de segurança dos carros tiveram que ser revistos, pois a imagem do acidente ficou gravada na memória dos pilotos por muito tempo. Na ocasião, Zeko dividiu os boxes com o campeoníssimo Ingo Hoffmann, que foi um dos pilotos que mais chamaram a atenção para a questão da segurança.

Enfim, esse post teve como finalidade registrar uma página triste da história do nosso automobilismo, mostrando o quanto a organização das competições teve que evoluir diante das adversidades, apesar de ainda acontecerem acidentes por conta de atitudes amadoras da organização das categorias e autódromos. E que nem tudo eram flores no passado do esporte a motor, apesar do saudosismo que nos move.

3 comentários:

  1. Lembro-me bem desse acidente pois estava em Interlagos, assistindo a corrida. Entretanto, há um equívoco quanto à data. Dia 29/08/85 caiu numa quinta-feira e as provas sempre se realizaram aos domingos - aliás, até hoje. O ano também não pode ser 1985 mas sim 1984.

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  2. Boa tarde Reinaldo! Muito obrigado pelo seu comentário, seja bem vindo ao blog. Em relação a data do acidente, de fato há uma incorreção, mas somente quanto ao dia, pois o acidente ocorreu em 18 de agosto de 1985, e não no dia 29, conforme consta na matéria.

    Infelizmente foram as informações que consegui colher à época da publicação, porém, após consultar outras fontes, disponibilizadas posteriormente, verifiquei o erro. Mas o ano foi 1985 mesmo. Muito obrigado pela dica, grande abraço!

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  3. Eu estava em Interlagos nesse dia e me lembro do Opala em chamas. Foi triste.

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