quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Fusca 1600 de Jair Bana


O ano era 1993, e o grid da Mil Milhas Brasileiras trazia algumas novidades que prometiam brigar pela posição mais alta do pódio. Além das duas BMW 325 trazidas de Portugal e conduzidas por pilotos como Ingo Hoffmann, Jurgen Weiss e Andreas Matheis, havia os Porsche 911 de Antônio Hermann, Franz Konrad e Klaus Heitkotter, além dos tradicionais Opalas Stock Car/Hot Car.

Porém, no meio desses grandalhões, estava o Fusca 1600 nº 31 de Jair Bana, Edson Bueno e Nelson Barreto, com sua destacada pintura azul e verde limão. Bana, cabe lembrar, já venceu em mais de uma ocasião a prova 500 Milhas de Londrina, e no ano de 1999, a própria Mil Milhas, que fora disputada no Autódromo Internacional de Curitiba.

Na prova de 1993, o valente VW completou 308 voltas, terminando na 18ª colocação na geral e 10ª na categoria até 2000 cm³, o que sem dúvidas foi uma grande performance, considerando os adversários de pista e as próprias condições da disputa, que teve chuva em boa parte do tempo. Chuva esta que provocou várias rodadas e acidentes no final da reta, vitimando bólidos como o Porsche 911 Carrera de Klaus Heitkotter, que até então liderava a prova.



sábado, 17 de dezembro de 2016

Puma AM4 nas Mil Milhas de 1994


O bólido do qual falaremos hoje fez grande sucesso nas pistas em sua curta carreira, iniciada em Londrina, no ano de 1992 e interrompida por um triste episódio ocorrido nas Mil Milhas de 1994. Trata-se do Puma AM4 "Nechi", que fora o último Puma a competir com o apoio oficial de fábrica, neste caso, a Alfa Metais, que era a proprietária da Puma Veículos à época. O desenvolvimento do bólido também contou com o apoio da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP).

A notável performance do Puma era decorrente de vários fatores, tais como o baixo peso, de cerca de 760 kg, o motor VW AP 1800 à álcool, com preparação Berta, semelhante à utilizada nos monopostos da Fórmula 3 Sul Americana na época. Dentre os componentes derivados dos Fórmula 3 estavam o câmbio inglês Hewland, a embreagem hidráulica, o diferencial auto blocante, a suspensão tipo in board,  rodas com sistema de cubo rápido e os pneus slick Pirelli Corsa P7. 

Deste modo, a potência era estimada em cerca de 198 cv, suficiente para alcançar a velocidade máxima de 243 km/h e para levá-lo do repouso aos 100 km/h em aproximadamente 6 segundos, mesmo sem qualquer tipo de sobrealimentação no motor (turbo, blower ou nitro). Este Puma ainda existe, porém há vários anos encontra-se guardado na cidade de Curitiba, sob os cuidados de um dos seus preparadores.
 
Na Mil Milhas de 1994, a equipe Linho Leslie ocupava o boxe nº 15, tendo como pilotos o trio Artur Nunes/Jair Bana/Bley Júnior. Por volta de 1h30min de prova, quando ocupava o 14º lugar, o Puma nº 35 entrou nos boxes para uma das muitas paradas comuns à uma prova de longa duração. Após o reabastecimento e troca de pilotos, um mecânico jogou água sobre o capô, para tirar sobras de combustível. Antes de o piloto partir, outro mecânico abre o capô traseiro, onde está instalado o motor, momento em que o piloto acelerou e terminou por gerar uma faísca sai do motor, causando um grande incêndio que provocou queimaduras em sete membros da equipe, inclusive nos dois pilotos.

O fim do incêndio ocorreu após 30 segundos, quando mecânicos dos boxes vizinhos apagaram o fogo com extintores das próprias equipes. Porém o desfecho trágico desse incidente ocorreu onze dias depois, com a morte do mecânico José Marcelino Koga, que teve mais de 50% do corpo queimado.






sábado, 3 de dezembro de 2016

BMW M5 em 1994


A edição de 1994 da Mil Milhas Brasileiras ficou marcada tanto pelos grandes nomes do automobilismo mundial que disputaram a prova, quanto pelo carros inéditos que fora trazidos para Interlagos. Esta edição já fora assunto de uma matéria específica nos primórdios desse blog, em abril de 2012.

Entre as máquinas nunca antes vistas, estava a BMW M5 nº 77 trazida direto da Copa Supercar Norteamericana, equipada com motor 3.8 litros de cerca de 450 hp. A pilotagem ficou por conta do trio formado pelo brasileiro Edgard Pereira - campeão brasileiro de Kart e piloto das Fórmulas Ford e F3 Sulamericana entre 1989 e 1990, época de Rubens Barrichello e Christian Fittipaldi -, o italiano Luca Maggorelli - nunca encontrei nada a respeito desse piloto - e o norte-americano David Donohue - filho de Mark Donohue, falecido em 1975 após acidente sofrido no GP da Áustria daquele ano.

Nos treinos classificatórios, a BMW nº 77 alcançou o 7º posto, com o tempo de 1min49s398, enquanto que a pole position fora conquistada por Wilsinho e Christian Fittipaldi, à bordo de um Porsche 911 RSR , com o tempo de 1min43s438. Entretanto, o bólido alemão não chegou a completar a prova.



Piloto Edgard Pereira disputando a F-Ford em 1989. Foto: Acervo Equipe JIG Motores Especiais

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Gerson Borini e o Opala 4 portas na Mil Milhas de 1993


Falar que determinado piloto, disputou uma determinada edição da Mil Milhas Brasileiras, em um Opala é chover no molhado, certo? Mas se esse Opala for uma versão 4 portas? Tradicional participante da prova entre os anos de 1970 e 2005, o modelo da GM sempre foi utilizado em sua versão coupé ou duas portas, na sua maioria derivados da Divisão 3 e Stock Car. Mas no ano de 1993, a dupla formada por Gerson Borini e Luiz Henrique Alves inovou neste sentido.

É certo que na 10ª edição da prova, disputada em 1970, o piloto Carlos Alberto Sgarbi pilotou um Opala 4 portas. Entretanto, há de se considerar que o modelo havia sido lançado há pouco mais de 1 ano antes, e que aquela participação fora mais um teste em si, um verdadeiro experimento.

Já no ano de 1993, os pilotos Gerson Borini e Luiz Henrique Alves resolveram trocar o antigo Opala ano 1980 de 2 portas com o qual disputaram as provas de 1990 e 1992 por um monobloco novo, da versão 4 portas, o qual, por ser mais novo e possuir maior rigidez estrutural, fora capaz de baixar o tempo do antigo Opala em cerca de 2 segundos. Com essa receita, o bólido em questão fez 3 participações na prova - 93/95 - e fora posteriormente vendido para um piloto de Santa Catarina, que passou a utiliza-lo em provas de circuito de terra.

Abaixo fotos da prova de 1994, cedidas gentilmente pelo próprio piloto Gerson Borini:





sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Roberto Moreno e a estreia em uma categoria brasileira


Um dos grande nomes de nosso automobilismo, o carioca de nascimento e brasiliense de coração Roberto Pupo Moreno correu a primeira vez em solo brasileiro, por uma categoria oficial, apenas no ano de 1989, quando disputou o GP de Fórmula 1 pela equipe Coloni. Isto porque logo após deixar o kart, iniciou em 1979 sua carreira na Inglaterra, mas especificamente na Fórmula Ford, quando fora eleito a revelação do ano. Moreno viria a ser campeão da categoria já no ano seguinte.

Porém, a estreia em uma categoria nacional ocorreu somente na 11ª etapa da temporada 2005 da Stock Car, disputada no saudoso autódromo de Jacarepaguá - que ainda não havia sido "estuprado" pelas obras do jogos Pan - Americanos de 2007 - a bordo do Mitsubishi Lancer da equipe Katalogo Racing, a convite do proprietário, Fernando Parra. Na época, Moreno mostrou-se interessado em participar da categoria na temporada de 2006, porém não houve acordo com os patrocinadores.

Nos treinos classificatórios, registrou o 37º tempo, à frente de Luiz Garcia Jr. e Ariel Barranco. Entretanto, se envolveu num acidente com Sérgio Paese ainda na 2ª volta de corrida - a qual fora vencida por Giuliano Losacco, que inclusive havia largado na pole - e teve de abandonar. Na época, Moreno contava com 46 anos de idade. 

Já em 2007 e 2008, o piloto disputou provas no extinto campeonato GT3 Brasil, à bordo de uma Ferrari F430, em parceria com Carlos Crespo. Em 2007, disputou 06 corridas, tendo registrado 02 voltas mais rápidas e 01 pole position, pela equipe CRT. No ano de 2008, participou somente de 02 corridas, sem resultados expressivos, pela equipe Tigueis Super Stock.


quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Ford Corcel I nas Mil Milhas de 1973

 
Flagras do Ford Corcel I nº 48 na 11ª edição da prova Mil Milhas Brasileiras, disputada em 09 de dezembro de 1973 no autódromo de Interlagos. Com o grid formado basicamente por VW's, Opalas e Maverick's, preparados sob o regulamento da Divisão 3, o modelo Ford pilotado por Jerônimo e Francisco Pereira destacou-se mais pelo exclusivismo do que pelo desempenho.

Após largar na 56ª posição, com o tempo de 04min19s, o Corcel completou apenas 34 das 201 voltas totais da prova, suficientes para deixá-lo na 48ª posição na classificação geral, num grid de 64 carros.
 



terça-feira, 25 de outubro de 2016

George Wadell e a Stock Car Brasil


Olá estimados leitores! Depois de quase 04 (quatro) meses com as máquinas paradas, este blog volta à ativa. Todo esse tempo fora bem corrido para mim - aliás, todo o ano de 2016 tem sido - por conta de compromissos da faculdade, trabalho, prova da OAB e o TCC. Mas a correria passou, e as coisas estão ficando em seu devido lugar.

Pois bem, no retorno do nosso blog, divido com vocês um episódio da história da Stock Car Brasil ocorrido há 20 (vinte) anos: A primeira vitória de um estrangeiro na categoria, em que pese ter sido na categoria B, posteriormente chamada de Light, e quando de seu "assassinato", era chamada de Copa Montana.

O feito fora alcançado pelo piloto escocês George Wadell, que havia estreado na categoria principal no ano anterior, na etapa de Goiânia. Wadell, que competia pela Escuderia Lobo de Camilo Christópharo, falecido no ano anterior, carregava o tradicional nº 18 do Lobo do Canindé, com o qual fez história nos anos 50 e 60. Largando na 15ª posição na geral, o escocês ocupava a 2ª posição até o início da ultima volta, quando após duelar com Pedro Pimenta, tomou a liderança na reta oposta para não mais perdê-la. Na classificação geral, chegou na 7ª posição. Naquele ano, o piloto venceria novamente na categoria, na etapa disputada em Goiânia.









 
Fotos retiradas do vídeo compartilhado por Alessandro Neri em seu canal no youtube.

quarta-feira, 29 de junho de 2016

Coleção miniaturas 1:64 - VW Sharan


Olá caros leitores. Compartilho com vocês mais uma aquisição para a minha coleção de miniaturas na escala 1:64 da marca Volkswagen. Neste caso, trata-se da minivan Sharan, de primeira geração, fabricada pela montadora alemã entre os anos de 1995 e 2000, e reestilizada em 2003.
 
A miniatura em questão foi feita pela igualmente alemã Siku, e possui bom nível de detalhes, inclusive com abertura do porta-malas.
 
Aos poucos a coleção vai ficando bem diversificada, pois afinal essa sempre foi a intenção!
 
 


 

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Série Nomes que fizeram/fazem a história da Stock Car - Parte XI: Aloysio Andrade Filho


Aloysio Andrade Filho sem dúvidas é um dos nomes mais tradicionais da Stock Car Brasil, seja na história dentro das pistas ou no comando dos boxes. Nascido no dia 04 de junho de 1950, na Capital Paulista, disputou sua primeira corrida na categoria em 1981, mais precisamente na última etapa daquele ano, sendo que havia sido campeão da 1ª edição do Torneio Corcel II. Porém, depois da experiência de 1981, só voltou a disputar outra prova da Stock em 1986.

Seus melhores resultados foram 02 segundos lugares, obtidos em Jacarepaguá - 2ª etapa de 1988 - e Londrina - 2ª etapa de 1993 -, sendo estes também seus únicos pódios na categoria. Em relação às posições de largada, conquistou 01 pole, na etapa de Jacarepaguá no ano 2000. As melhores colocações em classificações finais foram os 8º lugares conquistados nas temporadas de 1992 e 1997. Entre Opala, Omega, Vectra V6 e V8 e Astra V8, disputou 174 corridas na categoria.

Sempre correu com seu próprio esquema de boxes, mas em meados de 2000, criou a Nascar Motorsport (que disputou a Stock até o ano de 2008), quando passou a dividir o boxe com outros pilotos, entre eles, Ricardo Etchenique. E foi a criação da equipe que motivou o seu gradativo afastamento das pistas, dando lugar a pilotos como Wagner Ebrahim, Felipe Maluhy e Valdeno Brito. A última corrida de Aloysio Andrade na Stock foi a etapa disputada em Brasília, no ano de 2004.

Na Mil Milhas, o piloto também fez algumas participações, estreando no ano de 1973, a bordo de VW em dupla com Ney Faustini, tendo a dupla terminado na 38ª colocação, com 68 voltas completadas. Os melhores resultados foram o 8º e 6º lugar obtidos em 1984 e 1985, respectivamente, sendo ambas as participações em dupla com Ciro Aliperti Jr., em um Ford Escort. A última vez que disputou uma Mil Milhas, após longos anos de ausência, foi em 2006, quando repetiu a antiga parceria com Aliperti Jr., desta vez no protótipo MCR GT1. No entanto, a corrida foi curta, terminando com apenas 18 voltas completadas, numa prova que teve largada durante o dia.


Beretta-Chevrolet na Mil Milhas de 1994 - em trio com Bobby Nogueira e Ciro Aliperti Jr.



Em Jacarepaguá, no ano 2000
A bordo do MCR GT1 na Mil Milhas de 2006

terça-feira, 24 de maio de 2016

Miniaturas na escala 1/64: GMC Typhoon e Ford Escort RS Rally


Prezados leitores, estou bem ausente do blog há pelo menos 02 meses, em virtude dos estudos e trabalho. Mas quero dividir com vocês mais 02 aquisições recentes para a coleção de miniaturas na escala 1:64. Não são da VW - tem novidade a caminho, rsrsrs - mas são igualmente especiais: Trata-se de um GMC Typhoon e um Ford Escort RS de Rally.

Gosto bastante dessa linha de utilitários da GMC, sobretudo a Scyclone e a Typhoon, então quando bati o olho nessa mini, não tive como deixar passar.

Já o Escort é um grande clássico das competições, e igualmente belo, apesar que eu prefiro uma das versões mais novas, o RS Cosworth, o qual felizmente já possuo em minha coleção.

Então é isso pessoal, o tempo tá curto, mas logo as coisas ficarão em seu devido lugar e as postagens deste blog voltarão à frequência habitual! Abraço a todos!





 

domingo, 17 de abril de 2016

Dieter Quester e as 1000 Milhas Brasileiras

O post de hoje é dedicado a falar sobre o Austríaco Dieter Quester, nascido em 30 de março de 1939, e que sem dúvida alguma, é um dos maiores pilotos de carros de turismo de todos os tempos. Sua longa carreira, iniciada em 1966 no Campeonato Austríaco de Carros de Turismo, é marcada pela estreita relação com carros da marca BMW, sendo inclusive que sua estreia em 1966 ocorreu ao volante de um BMW 1800. A chance na F1 não veio na forma como esperada, pois Dieter disputou apenas duas provas (em 1969 e 1974), sendo que largou somente na segunda oportunidade, terminando na 9ª colocação.

A verdade é que sua carreira de sucesso estava destinada aos carros de turismo, tanto que já participou de mais de 50 provas com duração de 24 horas, além de inúmeras outras de menor duração. Dentre as vitórias em provas longas, destacam-se o tricampeonato nas 24 horas de Spa (1973, 1986 e 1988) e o bicampeonato nas 24 horas de Dubai (2006 e 2007), sendo essas vitórias conquistadas com carros BMW.

E é claro que não poderia faltar em seu currículo a participação na mais tradicional prova do automobilismo brasileiro, a Mil Milhas. Dieter disputou a prova nos anos de 2004 e 2005, tendo alcançado em ambos a vitória em sua categoria, e até mesmo derrotado competidores muito mais fortes que sua BMW na classificação geral. O retrospecto nestas duas oportunidades é o seguinte:

Em 2004:

Companheiros de pilotagem: Philipp Peter (AUT)/Toto Wolf (AUT)/Klaus Engeholm (AUT)
Largada: 15º posição na geral, com 1min45s847, sendo pole na categoria II.
Chegada: 3º posição na geral, com 359 voltas e 1º na categoria.
Lideraram pela categoria II durante toda a prova, que teve chuva em grande parte de sua duração.

Em 2005:

Companheiros de pilotagem: Stefano Zonca (ITA)/Toto Wolf (AUT)/Karl Wendlinger (AUT)
Largada: 13º na geral, com 1min43s274, sendo pole na categoria ST
Chegada: 6º na geral, com 340 voltas e o 1º lugar na categoria.
Lideraram durante toda a duração da prova, exceto em parte da madrugada.

Cumpre destacar que suas participações na prova se deram a bordo de uma bela BMW M3 azul da equipe Duller Motorsport, cuja beleza era realçada pelas cores do patrocínio da Red Bull, que naquela época ainda não possuía equipe na F1.






sábado, 19 de março de 2016

José Luiz "Graham Hill" Nogueira


Postagem para lembrar de um piloto que faz parte do folclore do automobilismo nacional, bem como é um dos mais experientes a disputar uma corrida (senão o mais velho): José Luiz Nogueira, mais conhecido como Graham Hill, que hoje conta com mais de 82 anos de idade.
Na Stock Car foram 48 corridas disputadas e 144 pontos marcados.

Longa vida para ele!

Metendo a bota no Spyder VW durante etapa do paulista de automobilismo de 2010
Segunda perna do S
Flávio Marcílio, Carlos Gomes e Graham Hill, na sua estréia na Pick up Racing, em 2005
Durante uma conversa com Rui Amaral Jr. em Interlagos, 2010
Em ação no Voyage vermelho, no Marcas e Pilotos de 1990
Em Curitiba, 2006.
Resultado final da prova de Cascavel, em 2006, quando marcou seu único ponto na temporada.
Resultado final da prova de Tarumã, abertura da temporada de  2007, quando marcou seu único ponto na temporada.

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Tony Kanaan e as Mil Milhas Brasileiras


Tony Kanaan é um dos pilotos que incontestavelmente integra o seleto grupo dos brasileiros que conseguiram se firmar no automobilismo norte-americano, algo nem um pouco fácil, levando em conta as peculiaridades do esporte a motor daquelas bandas. Uma delas diz respeito aos circuitos ovais, que para alguns são impressionantes, para outros entediantes. Mas Tony conseguiu se sobressair aos demais, tanto que foi campeão na Indy Lights (1997) e na IRL (2004), sem contar as inúmeras vitórias que construíram sua carreira de quase 20 anos nos EUA. Ah, e não poderíamos esquecer a tão sonhada vitória nas 500 Milhas de Indianápolis, que finalmente foi alcançada em 2013.

Mas nem por isso o grande Tony deixou de escrever seu nome na tradicional Mil Milhas Brasileiras. Sua relação com a prova começou no ano de 1994, edição esta verdadeiramente histórica por conta da participação de vários pilotos de renome internacional, bem como pelas máquinas inéditas que participaram – ou pelo menos treinaram – da corrida. A bordo de um Chevrolet Opala Stock Car, formando trio com os experientes Ênio Di Bonito e Renée Vanucci, Tony alcançou o 14º lugar na classificação geral, com 314 voltas completadas.

A próxima participação só veio ocorrer 07 anos depois, quando a Mil Milhas retornou para o Autódromo de Interlagos, depois da experiência em Curitiba (1999). Em 2001, Tony dividiu a condução do Protótipo Holywood/BMW com Felipe Giaffone, Flávio de Andrade e Ruyter Pacheco. No grid, o bólido alcançou a 2ª melhor marca, com o tempo de 1min40s471, porém, Kanaan não teve tempo de treinar com o carro, pois saiu diretamente do aeroporto para o autódromo, no dia da corrida, que por conta de um temporal que desabou sobre Interlagos no início da noite daquele sábado, 27/01/2001, a largada só foi autorizada às 03h05min da manhã. Na corrida, o piloto cumpriu apenas 1 turno de pilotagem, pois o protótipo passou a apresentar problemas no assoalho, que se desprendeu, e fez com que as posições que ele conquistou bravamente fossem perdidas na longa parada para reparos. Entretanto, a maratona terminou após a quebra do câmbio, deixando o quarteto na 26ª posição, com 234 voltas completadas.

Após ausentar-se nas edições de 2002 a 2004, Tony voltou a disputar a Mil Milhas em 2005, novamente a bordo de um protótipo, desta vez o ZF V8 Chevrolet, em companhia de Felipe Giaffone, Paulo Bonifácio e Luiz Otávio Paternostro. A posição de largada não poderia ter sido melhor: Pole position, com o tempo de 1min31s795. Na corrida, Tony foi responsável pela largada e pela chegada, e durante as primeiras voltas, protagonizou duelo de grande nível com o então campeão da Fórmula 3 Sulamericana, Xandynho Negrão – que correu a bordo de um Audi TT-R – terminando a prova na 2ª posição. No fim, o atraso de 8 voltas para o vencedor teve como causa o prejuízo de performance do ZF por conta da chuva constante que caiu na maior parte daquela edição.

A última participação de Tony Kanaan na Mil Milhas ocorreu na edição de 2006, ocasião em que dividiu a pilotagem de um Mercedes Benz CLK DTM com o Português ex-F1 Pedro Lammy, e com o também ex-F1 Raul Boesel. Cabe ressaltar que nesse carro estavam inscritos o então bicampeão da Stock, Giuliano Losacco, que não pôde correr por conta de problemas de saúde, e o ex-Stock Car Beto Giorgi. Porém, em virtude de problemas no motor do outro carro da equipe, um Aston Martin DB9-R, Lammy e Boesel foram remanejados para o Mercedes. No grid, alcançaram a 9ª posição, com o tempo de 1min36s437. O lindo bólido, derivado do DTM, chegou a ocupar a ponta da classificação geral, quando liderou 02 voltas na 1ª hora da disputa, mas terminou a prova na 2ª colocação, com 05 voltas de desvantagem para o vencedor, o Aston Martin DB9-R de Nelson Piquet & Cia.


Em 2001, ouvindo as instruções de Felipe Giaffone e da equipe
2005 - O ZF encara a chuva
2006 - Mercedes CLK na área dos boxes
1994 - Opalão saindo para a pista

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Mil Milhas Brasileiras de 1999: A 2ª edição longe de Interlagos



Pode-se dizer que a mudança de data da Mil Milhas Brasileiras, a partir de 1995, foi um dos primeiros golpes da sequência que terminou por liquidá-la em 2008. Isto porque, enquanto a prova era realizada no mês de janeiro, o crescimento era notório, tendo como ápice a edição de 1994, que foi um verdadeiro desfile de belas e potentes máquinas conduzidas por grandes nomes do automobilismo mundial. Por conta da não liberação do autódromo para a 24ª edição, em janeiro de 1995, em virtude das obras anuais para receber a F1 (eram tempos em que o GP Brasil era realizado no mês de março, fato que perdurou até 2003), a organização da prova foi forçada a encontrar uma brecha no calendário no mês de abril, depois da passagem da categoria máxima.

No primeiro ano da mudança, em 1995, o prenuncio do fracasso se expressou através do prejuízo na arrecadação e da ausência de vários grandes pilotos que estiveram presentes em 1994, já comprometidos com seus campeonatos regulares. Apesar do grid não contar com tantas máquinas de alto nível, como no ano anterior, pelo menos não foi dos menores, haja vista que 50 carros participaram da prova.

Entretanto, o cenário deprimente se deu em 1996, quando o grid foi ainda menor (30 carros) e a prova não teve divulgação alguma, sendo disputada na base da boa vontade dos verdadeiros amantes do automobilismo, que sempre mantiveram a Mil Milhas, mesmo nos tempos mais difíceis, como em 1990, momento em país passava por grave crise econômica. Uma tentativa de sobrevida foi feita em 1997, ao levar a prova para Brasília, sob a tutela de Nelson Piquet. Entretanto, o resultado foi ainda pior, pois somente 25 carros alinharam naquela edição

Depois da volta para Interlagos, em 1998, novamente a Mil Milhas saía para outra praça. Desta vez para o então recém reformado Autódromo Internacional de Curitiba, com a 28ª edição programada para os dias 19 e 20 de dezembro. Infelizmente, na semana anterior a prova, as notícias não foram boas, pois a Petrobrás, empresa parceira desde a 1ª edição, anunciou a retirada de seu patrocínio. Porém, o cenário não tardou a mudar, pois a concorrente Shell assumiu o seu lugar poucos dias antes de prova.

Em suma, a maior parte do grid de 35 carros foi formada protótipos de fabricação nacional, como o Aldee RTT (também chamado de Aldee Cupê) e sua versão mais nova, o Aldee Spyder (carroceria aberta). Mas estavam presentes também algumas unidades do concorrente Tango, entre vários Gols do campeonato de Marcas e Pilotos, e alguns carros incomuns, como os Mitsubishi Eclipse e Lancer Evolution, além de um Chevette com motor de seis cilindros de Opala, o qual já foi tema de postagem neste blog.

A pole position foi conquistada pelo trio Rodrigo Hanashiro/Popó Bueno/André Giaffone, a bordo do Tango Opel (mesmo motor utilizado pela extinta Fórmula Chevrolet) nº 48, que desbancou o Porsche 911 GT2 de Roberto Samed/José Venezian/Flávio Trindade, um dos favoritos à vitória. Entre os protótipos, estavam nomes como:

Tango BMW Nº 2 Flávio Andrade/Ruyter Pacheco/Felipe Giaffone

Tango Opel 2000 Nº 1 Délcio Correa/Tom Stefani/Athos Diniz

Aldee Spyder 2.0 VW Nº 9 Emerson Duda, Márcio Sarot e Wagner Ebrahim

Próton BP7 BMW Nº 33 Vitor Meira, Arialdo Pinto e Hybernon Cisne


A largada foi dada às 22 horas do sábado, com domínio inicial do Tango pole position. Entretanto, após 120 voltas completadas, o trio Hanashiro/Bueno/Giaffone teve que abandonar, após o estouro do motor Opel. Em seguida, a liderança ficou durante um bom tempo com o trio Délcio Correa, Tom Stefani e Athos Diniz, responsável pela condução de outro Tango Opel (nº 1). Cabe ressaltar que Stefani era o então vencedor da prova. Mas por conta de problemas de câmbio, já na parte final da disputa, a liderança foi perdida para o Aldee Spyder VW 2.0 de Jair Bana/Beto Borghesi/Luciano Borghesi, vencedores das 500 Milhas de Londrina na semana anterior, que não perderam a ponta, e receberam a bandeira quadriculada após 433 voltas, completadas em 11h58min46s. 
 
No entanto, as voltas finais foram dramáticas para o trio, pois o Spyder passou a ter vazamento de óleo do câmbio, o que provocou duas paradas extras nos boxes para adição de óleo. Porém, isso não impediu a tranquila vitória sobre o Porsche 911 de Samed/Venezian/Trindade, com 13 voltas de vantagem. Além do vazamento de óleo, dois ingredientes contribuíram para tornar essa vitória memorável:

1. O mesmo protótipo havia vencido as 500 Milhas de Londrina uma semana antes e não chegou nem a passar por um revisão completa para encarar a maratona de 1600 km; 

2. O piloto Luciano Borghesi contava na época com 63 anos de idade e não pilotou durante a noite, que no fim das contas foi o maior período da corrida, já que largada foi dada às 22 horas.

Outro bólido que mereceu destaque foi o Aldee nº 20, do trio Pedro Mufatto/David Mufatto/Gastão Weigert, que estava equipado com motor Mazda 1.3 L Wankel rotativo. Mas a corrida terminou muito cedo para este protótipo, com apenas 2 voltas completadas.

Resultado completo:

1º Aldee Spyder VW 2.0 Nº 29 Beto Borghesi, Jair Bana e Luciano Borghesi PR – 433 voltas
2º Porsche 911 GT2 Nº 11 Roberto Samed, José Venezian, Flávio Trindade e Dener Pires SP/SP/PR/SP – 420 voltas
3º Tango BMW Nº 2 Flávio Andrade, Ruyter Pacheco e Felipe Giaffone RJ/DF/SP – 419 voltas
4o Tango Opel 2000 Nº 1 Délcio Correa, Tom Stefani e Athos Diniz GO/DO/DF – 417 Voltas
5o VW Gol Nº 32 Ladicelau Roveda, Edson Machado e Paulo Machado PR – 402 voltas
6o VW Gol Nº 117 Fábio Machado e Ângelo Batistella PR – 400 voltas
7o Aldee Spyder Nº 7 Antônio Miguel e Pedro Moreira Filho PR – 398 voltas
8o Aldee RTT Nº 40 Admir Pardo, Xavier Perez e Arthur Nunes PR – 388 voltas
9o VW Gol Nº 57 Ademir Adur, Ricardo Khoury e José Cazumi PR – 387 voltas
10o Chevrolet Chevette Nº 87 Alceu Feldmann, Luiz Delgado e Tancredo Rocha – 386 voltas
11º Aldee Spyder 2.0 VW Nº 9 Emerson Duda, Márcio Sarot e Wagner Ebrahim – 385 voltas
12º Aldee Spyder 20. VW Nº 14 José Caterina, Robson Rizzo e Jued Júnior – 377 voltas
13º Aldee Opel 2.0 Nº 91 Thiago Veloso, Pablo Forrisi e Marcito Dumbeck – 349 voltas
14º Aldee 2.0 Nº 27 Marcelo Silvério, Augusto Neto e José Sanchez – 336 voltas
15º VW Gol 1.6 Nº 148 Maurício Neves, André Gutierrez, Sergio de Pina – 320 voltas
16º VW Gol 1.6 Nº 95 João Finardi, Walmor Weiss e Sanito Cruz Jr. – 308 voltas
17º Aldee Spyder 2.0 VW Nº 0 Tony Garcia, Luís Mussi e Carlos Richa – 295 voltas
18º VW Gol 1.6 Nº 126 Luiz Gubert, Paulo Gubert e Luciano Ghilard – 251 voltas
19º Próton BP7 BMW Nº 33 Vitor Meira, Arialdo Pinto e Hybernon Cisne – 240 voltas
20º Aldee 2.0 Nº 93 Ricardo Elias, Germano de Moraes e Plínio Pessoa – 233 voltas
21º Chevrolet Omega Nº 25 José Campanella, Fabio Sotto Mayor e Marcos Miyake – 231 voltas
22º Tango Opel 2000 Nº 29 Ângelo Serafim, Paulo Gomes e Baltazar Júnior – 215 voltas
23º Mitsubishi Lancer Evo Nº 49 Oscar Branco e Geraldo Sermann – 203 voltas
24º Aldee Spyder Turbo 2.0 Nº 21 Claudio 'Pantcho' Gasparini, José Coelho Romano e Cleudir Machado – 169 voltas
25º Aldee Spyder 2.0 VW Nº 17 Irineu Camargo e Carlos Benedetti – 162 voltas
26º Aldee Spyder 2.0 VW Nº 46 Mario Bove, Carlos Cantarelli e Silvio Grillo – 157 voltas
27º Chevrolet Corsa Nº 37 José Airton Filho, Paulo Silveira e Sérgio Fonseca – 156 voltas
28º Mitsubishi Eclipse GS Turbo Nº 47 Valdir Florenzo, Rodolfo Massari e Peixoto Júnior – 143 voltas
29º Aldee Spyder 2.0 VW Nº 13 Vitor Ardito, Agostinho Ardito e Michel Caspari – 135 voltas
30º Tango Opel 2000 Nº 48 André Giaffone, Rodrigo Hanashiro e Popó Bueno – 120 voltas
31º Aldee Opel 2000 Nº 10 Peter Januário, Tino Viana e Fúlvio Marotte – 114 voltas
32º Aldee Spyder 2.0 VW Nº 16 Tadeu Kowalzuck e Roman Kowalzuck – 86 voltas
33º Aldee Spyder 2.0 VW Nº 22 Mário Covas Neto, Fauzy Buchala Jr. Meyer Bernd e Ricardo Haddad – 15 voltas
34º Chevrolet Chevette Stock 4.1 Nº 18 Carlos “Tigueis” Batista, Reinaldo Gasko e José Carlos Alves – 7 voltas
35º Aldee Mazda 1.3 Nº 20 David Mufatto, Pedro Mufatto e Gastão Weigert – 2 voltas

Não Largou: Espron BMW 1900 Nº 3 Flávio Andrade e Ruyter Pacheco

Após a ausência no ano 2000, a Mil Milhas voltou a Interlagos em 2001, dessa vez na tradicional data de 25 de janeiro, de onde não deveria ter sido tirada nunca.

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Voyage1.8 de Joannis Lykouropoulos e Erasmo De Boer - Mil Milhas de 1992


Em 1992, a organização da Mil Milhas estreava uma nova estratégia com vistas a atrair maior público e atenção da mídia. Pela primeira vez, a prova teria largada durante o dia, mais especificamente ao meio-dia, como forma de aproveitar a iluminação natural durante a maior parte da prova. Tal estratégia foi adotada nos anos seguintes até 1998, quando a largada voltou a ocorrer durante a noite.

Mas a edição de 1992 ficou marcada principalmente pela 1ª vitória de uma equipe estrangeira na prova (além do carro importado, dois dos três pilotos vencedores eram estrangeiros também). Entretanto, esta vitória por pouco não aconteceu, em virtude de motivos que foram desde a quebra do motor do BMW M3 vencedor nos treinos, passando pela concorrência dos potentes Opala Stock Car e Mustang, e no fim, pela constância e autonomia de um valente Voyage 1.8, da dupla Joannis Lykouropoulos e Erasmo De Boer. Após largar do meio do grid (16ª posição), pois as primeiras posições foram tomadas sobretudo pelos potentes Stock, o VW foi avançando na classificação geral e na classe B (para carros como motor até 2.0 litros), beneficiando-se das quebras dos favoritos. No fim, terminaria na 2ª posição na classificação geral, 06 voltas atrás do vencedor, e em 1º na classe B, com nada mais nada menos que 20 voltas de vantagem para o 2º colocado, o Aldee RTT da dupla Sérgio Jimenez (pai) e Aristides Samos. 

Como já foi dito, o BMW sofreu uma quebra de motor durante os treinos, por conta da gasolina brasileira misturada ao álcool, e só teve condições de participar da prova após a Regino, representante da marca no Brasil, ter encontrado um veículo similar na cidade de Ribeirão Preto, que acabou cedendo o motor para o M3 nº 36 disputar a corrida. Então fica a pergunta: Se não fosse esse motor, será que o valente Voyage não teria faturado a Mil Milhas?

Adendo: Recebi em 06 de junho de 2016 o comentário do Thomas, filho do Erasmo De Boer, que "puxou minha orelha" para a grafia do nome de seu pai, rsrsrs. Além disso, Thomas esclareceu que no meio da prova, quebrou um dos amortecedores traseiros do Voyage, o que consequentemente levou à diminuição do ritmo de prova. Olha aí outro fator que limitou a performance do valente VW!



Foto retirada do site http://hiperfanauto.blogspot.com.br