quinta-feira, 30 de novembro de 2017

A meteórica história da categoria Super Clio no Brasil


No ano de 2002, fora lançado no Brasil o chamado Renault Speed Show, que consistia em um programa de investimento maciço da marca francesa no automobilismo, através de uma categoria de monopostos (Fórmula Renault) e outra de turismo (Copa Clio). Os campeonatos foram um verdadeiro sucesso, tendo revelado grandes talentos do automobilismo, como Lucas Di Grassi, Sérgio Jimenez, Marcos Gomes, Daniel Serra, entre outros.

Mas para a temporada de 2006, uma novidade agitou o evento promovido pela empresa do Ex-F1 Pedro Paulo Diniz: O lançamento da Super Clio, uma categoria de turismo com bólidos projetados especialmente para a pista, utilizando até mesmo componentes importados. A categoria vinha para sepultar de vez o mico que foi a chamada Super Megane, lançada em abril de 2003 e que nunca veio a estrear, em que pese ter sido divulgado que nomes como Chico Serra, Luciano Burti e Raul Boesel correriam pela categoria, bem como foram construídos alguns carros. Além disso, a etapa inaugural, programada inicialmente para agosto de 2003, fora adiada para o ano de 2004. E de 2004 para nenhuma outra data.

Já a Super Clio fora anunciada no final de 2005, sendo que a fabricação dos bólidos ficaria a cargo da tradicional Metalmoro, com as seguintes características:

Chassi tubular com carroceria em fibra de vidro
Motor 2.0 16v com cerca de 240 cv
Câmbio sequencial de 6 marchas Renault
Rodas aro 18 calçadas com pneus slick
Peso total fixado em cerca de 680 kg

No grid, pilotos já consagrados como João Campos, José Córdova e Elias Nascimento Jr, dividiam o grid com outros ainda em busca da consolidação da carreira, como Allam Khodair, Rafael Sperafico (in memoriam) e Wagner Ebrahim, além de equipes conhecidas em outras categorias, como a Gramacho Racing, Full Time Sports, Paioli Racing e Prop Car Racing. Somando-se a isto, tinha como aliada a transmissão ao vivo pela Band.

A etapa de estréia ocorreu no dia 14 de maio de 2006 (dia das mães), no autódromo Orlando Moura, em Campo Grande - MS. A pole fora registrada por Elias Nascimento Jr. (Full Time), com o tempo de 1min32s625, ao passo que a vitória ficou com Aldo Piedade Jr., após 21 voltas completadas. O pódio fora completado por Rafael Sperafico (Gramacho Racing) e Fábio Carreira, enquanto 11 pilotos no total participaram da prova.

As etapas seguintes, com pontuação válida para o campeonato, foram disputadas em sistema de rodadas duplas, com uma corrida no sábado e a outra no domingo e classificação independente para cada uma. Vejamos o resumo:

2ª Etapa - Autódromo de Brasília (por conta dos grandes problemas com o motor turbo, sobretudo em razão do subdimensionamento da turbina, a preparação das unidades de força passou a ser apenas na "receita" aspirada)

Corrida do sábado:

1º Allam Khodair
2º Aldo Piedade Jr.
3º Rafael Sperafico

Melhor volta: Allam Khodair - 2 min17s798 (traçado completo)

3ª Etapa - Autódromo de Tarumã

Corrida do sábado:

1º Wagner Ebrahim
2º João Campos
3º Aldo Piedade Jr.

Pole: 1min16s016 (João Campos)
Melhor volta: Wagner Ebrahim - 1min18s333

Corrida do domingo:

1º Wagner Ebrahim
2º Elias Nascimento Jr.
3º Fábio Carreira

Melhor volta: Elias Nascimento Jr. - 1min12758

4ª Etapa - Autódromo de Curitiba:

Corrida do sábado:

1º Rafael Sperafico
2º Elias Nascimento Jr.
3º Aldo Piedade Jr.

Pole: Wagner Ebrahim - 1min33s229
Melhor Volta: Rafael Sperafico - 1min33s080

Corrida do domingo:

1º André Bragantini Jr.
2º Wagner Ebrahim
3º Aldo Piedade Jr.

Pole: Wagner Ebrahim - 1min33s152
Melhor Volta: Rafael Sperafico - 1min33s083

5ª Etapa - Autódromo de Interlagos:

Corrida do sábado:

1º Luiz Frediani Jr.
2º Elias Nascimento Jr.
3º Aldo Piedade Jr.

Pole: Wagner Ebrahim - 1min49s800
Melhor Volta: Luiz Frediani Jr. - 1min52s279

Corrida do domingo:

1º Luiz Frediani Jr.
2º Wagner Ebrahim
3º Angelo Serafim

Pole: Wagner Ebrahim

Ao final do campeonato, Wagner Ebrahim se sagrou campeão, com 121 pontos conquistados, contra 100 de Aldo Piedade Jr. e 80 de Elias Nascimento Jr. Porém, no final de 2006, o Renault Speed Show recebeu um "golpe fatal": A Renault, após ser bicampeã de pilotos e construtores na Fórmula 1, anunciou que retiraria o apoio dado à categoria, o que significou o fim tanto da Fórmula Renault, quanto da Super Clio. A Copa Clio ainda sobreviveu até 2009, em virtude dos esforço empreendidos por pilotos e equipes.

Porém, já em 2012, os bólidos da Super Clio voltaram à pista, desta feita sob a batuta de Thiago e Paulo de Tarso Marques, e com o nome de Sprint Race. Desde então, a categoria tem feito grande sucesso, servindo de oportunidade para a transição de pilotos do kart para as categorias de turismo de nosso automobilismo.






segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Antônio Félix da Costa e a Stock Car: E não é que o Gajo fez bonito?


O piloto português Antônio Félix da Costa não é propriamente uma novidade na Stock Car. Isto porque a sua participação na rodada dupla disputada hoje no autódromo de Goiânia, foi na realidade a 3ª oportunidade em que assumiu o cockpit de um Stock. Porém, esta foi a primeira vez em que competiu sozinho, pois tanto na etapa de abertura da temporada de 2015 (Goiânia, quando terminou no 3º lugar), quanto na de 2016 (Curitiba, segundo lugar), fora o piloto convidado de Allam Khodair.

E o português de Cascais logo mostrou a que veio, pois no primeiro treino livre da sexta feira, marcou o 5º melhor tempo, enquanto que na classificação foi o 6º melhor colocado. Na primeira corrida, registrou por duas vezes a volta mais rápida, bem como chegou a liderar a prova por algumas voltas, antes de fazer o reabastecimento obrigatório, que na verdade foi apenas um splash and go, ante o pouco combustível colocado. Porém, foi o suficiente para devolvê-lo na 3ª posição, colado nos líderes, Daniel Serra e Ricardo Zonta, e forte o suficiente para resistir às investidas de Marcos Gomes, com quem chegou a tocar roda com roda, numa demonstração de competitividade de ambos.

Após ser um dos pilotos vencedores do Hero Push (ou melhor, do botão de ultrapassagem extra, concedido para os 3 pilotos mais votados pelos fãs), Félix da Costa largou do 8º lugar do grid da segunda prova. Porém, a corrida durou apenas 01 volta, visto que teve de recolher o carro para os boxes depois de escapar da pista, em razão de um toque com Marcos Gomes. Mas, o que ficou registrado foi a grande competência e o incontroverso talento do lusitano, que com pouco tempo de contato com o carro, fez o que vários pilotos que disputam a temporada regularmente não conseguiram fazer.


Goiânia - 2017 (Foto: Fábio Davini)

Curitiba - 2016

Goiânia - 2015 (Foto: Fernanda Freixosa)

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

O Piloto Airton Daré


Nossa postagem de hoje vai ser dedicada a falar um pouco sobre a carreira do piloto Airton Daré, que no fim dos anos 90 e início da década de 2000, fez grandes participações no automobilismo norte americano, figurando entre as grandes revelações da época. E que ainda teve tempo de sagrar-se pentacampeão brasileiro de jet-ski.

Nascido na cidade de Bauru, interior de São Paulo, em 09 de fevereiro de 1978, Daré iniciou sua carreira no automobilismo em meados de 1994, na Fórmula Fiat Uno, enquanto que nos dois anos seguintes fez várias aparições na Fórmula Chevrolet, iniciando sua carreira nos monopostos. Nesta categoria, teve resultados discretos, porém marcando presença constante entre os 10 melhores colocados, sobretudo em 1996. Pode-se destacar a 4ª etapa da temporada de 1996, quando chegou a andar na 2ª posição, na etapa que marcou a reinauguração do autódromo de Curitiba, além da etapa seguinte, quando largou na 19ª posição e terminou a corrida no 8º posto. Mas o ponto alto foi a 8ª etapa, disputada no circuito de rua montado em Vitória-ES, quando conquistou o 2º lugar.

Já no ano de 1997, estreou no automobilismo norte americano, na categoria Indy Ligths, pela equipe de Brian Stewart. Neste ano, terminou o campeonato na 9ª posição, tendo como melhores resultados os sextos lugares obtidos em Long Beach e Gateway.

O ano seguinte reservou resultados ainda melhores, como por exemplo, o hat-trick registrado em Detroit, na 6ª etapa do campeonato. Esta vitória foi ainda mais marcante considerando o 2º lugar obtido por Cristiano da Matta. Somando esta vitória com outros resultados destacados, como o 3º lugar em Vancouver, Daré terminou o campeonato na 6ª posição, competindo pela equipe Tasman.

Em 1999, outra vitória, desta feita no oval de Nazareth - hoje fechado para corridas - na 3ª etapa da temporada. Como outro destaque, têm-se o 2º lugar no oval de Homestead. Ao fim do campeonato, o 10º lugar na classificação geral, pela equipe Forsythe Racing.

Na virada do século, subiu mais um degrau na carreira, ao disputar a IRL pela equipe TeamXtream, quando teve como melhor resultado o 2º lugar obtido em Pikes Peak. Porém, apesar do 16º lugar na classificação final do campeonato, fora eleito o melhor estreante do ano (The Rookie of the Year), numa disputa ferrenha com o norte americano Sam Hornish Jr.

Já em 2001, em que pese os resultados mais discretos, teve maior constância em termos gerais. tanto que terminou a disputa na 10ª posição, novamente competindo pela pequena equipe TeamXtream. Outra vez, a pista de Pikes Peak foi o palco do seu melhor resultado no ano, desta feita um 5º lugar.

O ano de 2002 reservou sua única vitória na categoria, obtida no oval do Kansas, quando já corrida pela equipe de A.J. Foyt. Naquela corrida, após largar da sexta posição, Daré só conseguiu ultrapassar o norte-americano Sam Hornish Jr., então campeão da categoria, quando faltavam 02 voltas para o final da prova. Ao final do campeonato, terminou na 9ª posição na classificação geral, sendo igualmente destaque o 3º lugar obtido no Texas.

Contudo, suas próximas corridas na categoria foram as 500 Milhas de Indianápolis, em 2003 e 2006, nas quais obteve resultados discretos. Em termos de Indy 500, disputou 05 provas, tendo como melhor resultado o 8º lugar na edição de 2001.

Em 2003, fez sua primeira e única participação nas 24 horas de Daytona, formando quarteto com Franz Konrad (ALE), Jean François Yvon (FRA) e Tony Seiler (SUI). No grid, o quarteto partiu da 6ª posição na classe GTS e 12ª na geral, ao passo que terminou a disputa na 16ª posição na geral e 5ª na classe GTS.

De volta ao Brasil em 2004, disputou a temporada completa da Stock Car V8 (12 corridas) pela equipe de Affonso Giaffone Júnior. Seu melhor resultado foi o 11º lugar conquistado em Jacarepaguá (5ª etapa), enquanto registrou a volta mais rápida da 7ª etapa, disputada no autódromo de Curitiba. Ao todo, marcou 14 pontos, terminando na 27ª posição na classificação geral, prejudicado pela escassez de treinos da categoria, o que o fez desistir da carreira de piloto ao final daquele ano.















Fórmula Chevrolet 1996 (esquerda) - Dividindo a freada do fim da reta de Interlagos com Renato Russo