sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Mil Milhas Brasileiras de 2020: O sonho voltou (?)


15 de fevereiro de 2020 pode ser sim considerada uma data histórica no automobilismo brasileiro. Após o hiato de quase 12 (doze) anos, o maior de sua história, diga-se de passagem, a prova Mil Milhas Brasileiras volta ao calendário nacional. Com muito esforço e desconfiança da parte de muita gente, Elione Queiroz assumiu a responsabilidade e realizou o evento, com uma organização e estrutura profissionais (dessa vez tinham banheiros disponíveis para o público, com água, inclusive...), diferente do que fomos testemunhas em algumas edições disputadas ao longo destes 64 anos.

Confesso que até então não a conhecia, mas, diante da determinação e firmeza demonstradas, Elione Queiroz entra para a vasta lista de mulheres que admiro. E dentre os motivos para tanto, eu destaco dois. O primeiro, por ela não ter dado ouvidos a quem "jogou água na cerveja" logo após o anúncio da prova, sob o argumento de que as Mil Milhas só podem ser organizadas pelas figuras tradicionais de sua história. Não estou aqui a desmerecer o indiscutível mérito de pessoas e clubes que fizeram parte do espetáculo, mas não podemos esquecer que todos os erros e enganos cometidos ao longo do tempo, desencadearam na confusão jurídica e contábil em que se transformou a marca Mil Milhas Brasileiras.

O segundo motivo é pela "tacada" certeira ao proporcionar a transmissão ao vivo da largada e das 02 (duas) horas finais da prova pelo Fox Sports, com a narração do expert Téo José e os comentários do mestre Edgard Melo Filho. Téo é narrador nato do automobilismo (igualmente talentoso nos outros esportes, obviamente), a voz marcante de anos e anos de Fórmula Indy e Fórmula Truck, e que nunca poderá se distanciar das transmissões do esporte a motor, para o bem do público. Acredito que sua saída do grupo Bandeirantes, que já não tem interesse pelo automobilismo como antigamente, e entrada no Fox Sports, foi um dos acontecimentos que representam a máxima de "encerrar um ciclo e começar outro ainda melhor". E nosso doutrinador Edgard, com sua experiência de pista e boxes, inclusive em edições da prova, foi a parceria perfeita para nos prender na frente da televisão quando apenas 04 (quatro) carros permaneciam rodando. E cá entre nós, mesmo diante dessas circunstâncias, os dois foram extremamente profissionais.

Eu não poderia elaborar esse texto sem mencionar e agradecer ao meu amigo irmão que a pista me deu, Rodrigo Carelli (manda-chuva do blogdocarelli.blogspot.com), por toda a contribuição e apoio para que pudesse contar um pouco dessa história. Esse aficcionado por corridas e carros, que conheci falando justamente sobre automobilismo, acompanhou os preparativos da prova desde muito antes, logo após a divulgação, e esteve em Interlagos durante os treinos e acompanhando a prova integralmente do paddock (com direito ao pódio). Ou seja, teve o prazer de viver uma madrugada de Mil Milhas, com aquele charme que só Interlagos possui. Graças ao Rodrigão, posso compartilhar com vocês essas fotos de alta qualidade e ainda, um relato da disputa que ele me enviou pelo whatsapp, o qual vou tentar reproduzir ao máximo agora:

A pole position foi registrada pelo Protótipo MCR Tubarão nº 32 do trio Mauro Kern/Paulo Sousa/Tiel de Andrade, com o tempo de 1min36s460, seguido dos igualmente favoritos Mercedes Benz AMG GT nº 20 de Flávio Abrunhoza/Leandro Ferrari/Renato Braga/Marcelo Brisac, com 1min38s905, e da Ginetta G55 nº 16 do trio Stuart Turvey/Renan Guerra/Elzio Vichiesi, que registrou a marca de 1min40s687.

Após 02 (duas) voltas de apresentação atrás do carro madrinha, uma belissíma Mclaren 570s GTS,  a liderança da prova, nas primeiras horas, permaneceu com o MCR Tubarão - então pilotado por Tiel de Andrade - que algumas voltas depois teve que abandonar por problemas de motor, deixando a briga (acirrada, com disputas em curvas e freadas) pela liderança entre a Mercedes AMG GT e Ginetta G55, que permanceu na frente a maior parte da prova. Mas cabe lembrar também que o Chevrolet Colbalt V8 da equipe Absoluta também ocupou o topo do grid por breve momento.

Por volta das 07 horas da manhã, cerca de 06 (seis) carros permaneciam na pista, liderados pela Ginetta G55, seguida pela Mercedes AMG GT, que perdeu algumas voltas parada no box, por problemas de freio. Mas naquele momento a surpresa ficava por conta do Omega Stock Car 4.1 da Equipe Big Power, que chegou a ocupar a 3ª posição por alguns momentos, antes de sofrer com problemas no diferencial e voltar à disputa algum tempo depois. Após o pequeno susto em uma das paradas nos boxes pela manhã (um pequeno incêndio), a Ginetta G55 fora conduzida para a vitória da 37ª edição das Mil Milhas Brasileiras, colocando o trio Stuart Turvey/Renan Guerra/Elzio Vichiesi definitivamente na história da prova. A melhor volta fora marcada pela Mercedes AMG GT, com 1min40s418, na 222ª passagem.

Cabe ressaltar, que por questões de regulamento, o tempo total de prova é limitado em 11 horas, de modo que das 373 voltas necessárias para atingir a distância correspondente a 1000 milhas (373 x 4,309 km para cada volta em Interlagos corresponde a pouco menos de 1.609 km ou 1000 milhas), foram completadas 360.

Enfim, amigos, as Mil Milhas Brasileiras saíram do papel e seus organizadores mostraram que com perseverança e determinação, o cenário desfavorável pode muito bem ser revertido. Fico na expectativa que a próxima edição, anunciada para o dia 25 de janeiro de 2021 (data tradicional da prova), seja disputada e traga um grid ainda maior para Interlagos, aumentando o brilho desse espetáculo do nosso automobilismo. Grande abraço a todos!

Resultado completo da prova neste link












































6 comentários:

  1. Que postagem meus amigos!! Li com emoção! E que prazer o meu de poder ser o portador de diversos detalhes para o Blog oficial das Mil Milhas Brasileiras! Que a prova se firme a partir de agora, ganhe força, para que outras histórias sejam contadas, e que eu tenha o grande prazer de acompanhar diversas edições ao lado do meu amigo irmão Ricardo Sarmento!

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  2. Muito boa a matéria. Lamentável a pouca quantidade de participantes, abnegados pilotos e chefes de equipe, que contra todos os ventos desfavoráveis, ainda conseguiram produzir um ótimo espetáculo. Caso fosse em terras platenses a realidade seria bem outra.

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    1. Muito obrigado meu amigo! Os Argentinos realmente sabem como tratar o automobilismo, essa é que é a verdade.

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  3. Parabéns pela matéria super completa!
    Imagens de super qualidade, e um texto de quem sabe o que está falando.
    Que esse evento firme-se cada vez mais, e no próximo essa cobertura seja ao vivo e completa direto de Interlagos!
    Sucesso e outros 10 anos de blog, minha admiração!

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