Queridos leitores, no último domingo tivemos a realização da 38ª edição das Mil Milhas (do Brasil, Brasileiras e de Interlagos), evento este que foi o resultado da força que o esporte a motor ainda possui em nosso país. Explico.
A volta da prova ao nosso calendário, em 2020, foi cercada de dúvidas, questionamentos e mesmo boicote por parte de muita gente. Chegou-se ao ponto até de se falar em "Mil Milhas pirata", pois Mil Milhas "de verdade foram apenas" aquelas realizadas pelo Centauro Motor Clube e os posteriores adquirentes dos direitos da prova. Mentalidade engessada, não é mesmo? É por conta de pensamentos assim que o imbróglio envolvendo o nome da prova vem se arrastando há décadas sem uma solução definitiva, quiçá justa.
Mil Milhas é um evento sexagenário, o maior do automobilismo genuinamente nacional (excluídas as etapas de categorias internacionais), que pertence aos amantes do esporte a motor, e cuja titularidade de direitos e obrigações decorrem de questões jurídicas e legais que devem ser resolvidas de forma independente do show nas pistas.
Após a prova do ano passado, que contou com apenas 12 carros no grid (sobretudo por contas das questões mencionadas no primeiro parágrafo deste texto), fora criada uma expectativa muito maior do que seria a edição de 2021, que voltaria para o tradicional mês de janeiro, como parte das comemorações da Terra da Garoa. Porém, ninguém imaginava que fôssemos passar por tempos tão confusos e difíceis, em virtude dos efeitos da pandemia de Covid-19. O mundo virou de cabeça para baixo, em todos os setores, e o automobilismo não escapou ileso. A grande parte das categorias só pôde iniciar suas respectivas temporadas no segundo semestre, com calendário reduzido e/ou apertado, cercado de incertezas se as datas designadas seriam cumpridas, dada a instabilidade dos índices de casos da doença.
Em meio a tantas dificuldades, com poucos recursos e altos custos, a realização da prova chegou a ficar em risco, havendo até mesmo mudança na organização (a promotora Elione Queiroz passou a organização para Thiago Pereira, que chegou a participar da prova como piloto em um Honda Civic), enfim, as Mil Milhas foram realizadas no dia 24 de janeiro, embora com mudança no horário da largada (seria à meia noite e acabou ocorrendo às 08h50m) e limitação em 10 (dez) horas de corrida, em razão da política de convívio social adotada pela Prefeitura Municipal de São Paulo para conter o avanço dos casos da doença.
Mas a bandeira verde foi dada. 25 bólidos foram à pista, dentro das possibilidades de suas equipes, e fizeram um espetáculo digno de aplausos, com direito à corrida com chuva, do jeito que uma Mil Milhas tem que ser. Ao final, contando com quebras, reparos, rodadas, rodas voando, passeios na brita, ultrapassagens, 19 carros cruzaram a linha de chegada, fechando mais um capítulo na história da prova, embora tenham sido dadas apenas 291 voltas das 372 previstas (por conta da limitação do tempo).
Aos vencedores, a glória de chegarem no lugar mais alto do pódio do maior evento automobilístico nacional. Aos organizadores, toda a nossa admiração, respeito e votos de sucesso ainda maior para o ano que vem (que promete um grid maior!). Aos participantes, nossa gratidão e felicitações por escreverem seus nomes nessa história de abnegação, paixão e perseverança. Aos críticos, se não fizerem críticas construtivas, procurem fazer algo melhor, nas mesmas condições, e assim, terão alguma consideração.
Toda a cobertura dos treinos livres, classificatório, hora a hora da prova e resultado final vocês encontram no Blog do Carrelli, o irmão que o automobilismo me deu, e que me mantém informado sobre tudo o que acontece no mundo dos motores e das miniaturas também. Rodrigão é um apaixonado pelo esporte, e fez essa cobertura em homenagem a um cara que marcou época na cobertura do automobilismo nacional pela internet, através do enciclopédico www.speedonline.com.br. Trata-se do grande Jorge Kraucher, que nos inspirou e merece todas as homenagens pelo trabalho limpo e eficaz que fez em seu site, iniciado em 1997, quando a internet dava seus primeiros passos no Brasil.
Pois bem, amigos, que venha 2022 com ares ainda melhores para as Mil Milhas, lembrando que a concessionária Chevrolet Absoluta adquiriu os namings rights da prova, com contrato renovado por mais 05 (cinco) anos, e a organização assegurou um grid não inferior a 50 carros, do jeito que a nossa prova merece.
Resultado final (copilado do Blog do Carelli):
1º - #73 José Vilela / Leandro Totti / Eduardo Souza Pimenta / Guilherme Ghido / Léo Yoshi - Protótipo MCR 2.1 - Equipe LT Racing Team – Categoria P3 – 291 voltas
2º - #31 Leandro Guerra / Alexandre Zaninoto / Marcelo Camacho - Protótipo R1 - Equipe Guerra Motorsport – Categoria P4 – 287 voltas
3º - #46 Robbi Perez / José Cordova / Juliano Moro / Maurizio Sandro Sala - Protótipo Roco P3 - Equipe Roco Racing – Categoria P3 – 277 voltas
4º - #6 Caio Lacerda / Geovani Almeida / Humberto Guerra Jr. – Aldee Cupê VW - Equipe HT Guerra – Categoria P4 – 254 voltas
5º - #17 Otávio Carmacio / Rafael Kasai / Maurício Arias / Vinícius Salva - Chevrolet Celta - Equipe Oto Racing - Categoria TN1A – 249 voltas
6º - #115 Estevão Alexandre / Rogério Dudu / Honda Civic Si - Equipe Maguila Motors – Categoria TN1A - 249 voltas
7º - #32 Mauro Kern / Márcio Basso / Paulo Sousa / Wellington Cirino - Protótipo MC Tubarão - Equipe MC Tubarão – Categoria P2 – 248 voltas – volta mais rápida da prova: 1:39.689 (volta 88)
8º - #216 George Lisi / Riccardo Savio / Ricardo Parente - Chevrolet Corsa - Equipe Oto Racing = Categoria TN1A – 248 voltas
9º - #11 Bruna Tomaselli / Emilio Padron Ianez / Fernando Ohashi / Fernando Fortes / Henrique Assunção - Protótipo Hayabusa - Team Quarteto Fantástico & Mulher Maravilha – Categoria P3 – 241 voltas
10º - #14 A. Tavares / E. Teixeira / V. Lira / F. Cesario – Ford Fiesta – Categoria TN1A – 241 voltas – carro que ganhou mais posições desde a largada até o final da prova.
11º - #111 Rafinha Thiamer / Luiz Henrique / Mauricio Marchioni - Volkswagen Gol - Equipe MI Motors – Categoria TN1 – 233 voltas
12º - #64 Henry Visconde / Tiel de Andrade / Lucas Foresti - BMW M3 - Equipe MC Tubarão – Categoria GT4 – 229 voltas
13º - #3 Luciane Klai / Fernanda Aniceto / Renata Camargo - Volkswagen Voyage 1.6 - Equipe MI Motors – Categoria TN1 – 225 voltas
14º - #34 Mário Marcondes / Paulo Totaro / Márcio Mauro / Fábio Carbone - Protótipo MRX-Chevrolet 2.0 16V - Equipe Motorcar – Categoria P3 – 223 voltas
15º - #98 Nenê Finotti / Fábio Coelho / Marcelo Fortes - Volkswagen Passat - Equipe Coelho´s Racing / LF Competições / JR-Rodas – Categoria TN1 – 223 voltas
16º - #9 Ciro Paciello / Ricardo Alvarez / Evandro Camargo / Gelinho - Chevrolet Omega Stock Car - Equipe Big Power – Categoria TN1B – 198 voltas
17º - #84 Maurício Gonçalves / Marcelo Dias / Pedro Alexandre / Luiz Henrique - Volkswagen Gol 2.0 - Equipe MI Motors – Categoria TN1A – 197 voltas
18º - #74 R. Furquim / T. Soares / E. Souza - Protótipo Spyder 2.0 - Equipe LT Racing Team – Categoria P4 – 182 voltas
19º - #22 Tiago Regis / Ricardo Cimatti / Thiago Pereira - Honda Civic – Categoria TN1A – 157 voltas
20º - #63 Valter Fernandes / Marcos Fernandes / Marcos Nascar / Ricardo Domenech / Rogério Barbato - Chevrolet Astra V8 Stock Car - Equipe F&C Custom Garage – Categoria TN1B – 151 voltas
21º - #25 Ney Faustini / Ney Sá Faustini / Batistinha - Chevrolet Cobalt V8 Stock Car - Equipe Absoluta Racing – Categoria TN1B – 91 voltas
22º - #25 – Rodrigo Corbisier / Ricardo Gouveia – Chevrolet Corvette – Categoria GT3- 53 voltas
23º - #72 Deninho Casarini / Carlos Antunes / Marcelo Di Tripa / Marcelo Campagnolo - Protótipo MRX - Equipe Motorcar – Categoria P2 – 47 voltas
24º - #77 Edras Soares / Juarez Soares / Esdras Soares - Chevrolet Vectra V8 Stock Car - Equipe 2GO/HT Guerra – Categoria P1 – 37 voltas
25º - #96 Marcelo Servidone / Emerson Piedade / Luc Monteiro - Volkswagen Brasília - Equipe Mamba Negra – Categoria TN1A – 21 voltas