É redundante falar que Camilo Christófaro foi uma das grandes lendas do automobilismo brasileiro dos anos 50 e 60. Grande preparador, piloto e antes de tudo um grande ser humano, Camilo foi vitorioso em todas as categorias pelas quais passou. E nesse espaço, um pequeno resumo de suas participações na prova mais tradicional do automobilismo brasileiro.
A estréia de Camilo Christófaro ocorreu na 2ª edição (1957), correndo em dupla com Djalma Pessolato na carretera Chevrolet nº 68. Infelizmente, essa participação terminou com a morte de Pessolato, após ele desviar de um cavalo que estava no meio da pista, no trecho entre as curvas 1 e 2, bater e capotar após 44 voltas de corrida. Camilo ficou muito abalado com o acidente, não retornando no ano seguinte.
Em 1959 voltou a disputar a prova, fazendo dupla com José Gimenez Lopes na carretera Chevrolet/Corvette nº 84. Alcançaram a 2ª colocação na geral.
No ano seguinte, fez dupla com Celso Lara Barberis na carretera nº 82. A dupla liderou várias voltas, até que surgiram problemas. Primeiro o tanque de combustível, que insistia em se soltar. Por fim, um superaquecimento no motor causado pela quebra da bomba d'água, fazendo necessária uma parada a 8 voltas do fim. Na volta à pista, motor engripou e não partiu mais, após inúmeros empurrões dos mecânicos e que estivesse disposto a ajudar o querido Camilo. Ainda assim, Celso Lara conseguiu levar o carro dos boxes até a linha de chegada, percorrendo cerca de 10 metros para terminar na 4ª posição.
Após a quebra de 1960, Camilo faria dupla com Celso novamente, na carretera Chevrolet nº 4. Lideraram a prova até a 167ª volta, quando um superaquecimento fez com que Camilo fosse aos boxes. Na saída, a pressa foi tão grande que a carretera saiu sem o capô. Infelizmente, tiveram outros problemas poucos minutos depois e abandonaram, terminando a prova na 14ª posição.
Em 1965, a estréia da famosa carretera Chevrolet Corvette nº 18. Essa carretera foi montada a partir do carro pessoal de Camilo, um Chevrolet 1937. Tinha um possante motor Corvette V8, além de ser mais estável e aerodinâmica que as concorrentes. O número 18 era uma homenagem ao dia do aniversário da esposa, D. Wilma.Nessa prova, fez dupla com Antônio Carlos Aguiar e terminou na 33ª posição com 73 voltas.
A tão perseguida vitória viria em 1966. E de forma emocionante. Camilo fez dupla com o jovem Eduardo Celidonio na carretera nº 18. Nos treinos, marcaram o tempo de 3min55s6, suficiente para a 3ª posição. Durante a corrida, chegaram a cair para a 7ª posição, pois a carretera perdeu muito tempo para na pista por pane seca. Solucionado o problema, Celidonio baixou o pé, descontando volta por volta a diferença para os líderes. E a surpresa veio com 195 voltas. O Malzoni de Emerson Fittipaldi/Jan Balder, passou pela reta funcionando com um cilindro a menos, parando nos boxes 2 voltas depois. A liderança estava nas mãos de Camilo/Celidonio, faltando 4 voltas para o fim. Na volta 199, Celidonio para nos boxes para reabastecer, e o drama volta a rondar. Na primeira tentativa de dar a partida, o motor não pega, trazendo a lembrança de 6 anos atrás. Porém, na segunda tentativa, o motor ronca forte novamente e Celidonio então conduz a carretera ao primeiro lugar da prova. Festa nos boxes de Interlagos e no bairro do Canindé.
Em 1967, Camilo reedita a a parceria com Eduardo Celidonio na carretera nº 18, largando na 3ª posição do grid. Porém, abandonaram por problemas na embreagem. Essa foi a última participação da carretera na prova, pois em 1970, Camilo não se sentiu motivado para disputar a prova. O automobilismo havia mudado e o tempo não era mais das carreteras.
O Lobo retornou em 1973, fazendo dupla com o velho parceiro Celidonio. Camilo preparou um Maverick Divisão 3, inscrito com o número 18 que consagrou sua carretera amarela. largaram na 43ª posição e rodaram num ritmo constante, dada a experiência da dupla em provas longas. Mas tiveram a corrida prejudicada por conta dos pneus, moles demais que furavam e se desgastavam constantemente. Ao fim, terminaram num ótimo 2º lugar, 4 voltas atrás dos vencedores.
Em 1989, Camilão fez sua última participação em provas. E justamente em uma Mil Milhas. Fazendo trio com seu filho Camilinho e Américo Bertini, pilotou um Opala Força Livre, que tinha um motor com cerca de 300 cv e câmbio Corvette. Chegaram a liderar durante a madrugada, porém um pneu estourou, arrebentando tubulações de óleo e assim, comprometendo a corrida. O trio terminou a prova na 3ª posição da classificação geral e em 1º na categoria Força Livre Nacional.
Participações de Camilo Christófaro na Mil Milhas de Interlagos:
1957 - Carretera Chevrolet/Corvette 4.343cc nº 68 - c/Djalma L. Pessolato - 32º Lugar (acidente fatal c/Pessolato)
1959 - Carretera Chevrolet/Corvette 4.343cc 84 - c/José Gimenez Lopes - 2º Lugar
1960 - Carretera Chevrolet/Corvette 4.343cc 82 - c/Celso Lara Barberis - 4º Lugar
1961 - Carretera Chevrolet/Corvette 4.343cc nº 4 - c/Celso Lara Barberis -14º Lugar
1965 - Carretera Chevrolet/Corvette 4.343cc nº 18 - c/Antonio C. Aguiar - 33º Lugar
1966 - Carretera Chevrolet/Corvette 5.359cc nº 18 - c/Eduardo Celidonio - 1º Lugar
1967 - Carretera Chevrolet/Corvette 5.359cc nº 18 - c/Eduardo Celidonio – Abandonou
1973 - Ford Maverick 4.950cc nº 18 - c/Eduardo Celidonio - 2º Lugar
1989 - Chevrolet Opala 4.093cc nº 18 - c/Camillo Christofaro Jr./Americo Bertini - 3º Lugar