"Um espaço reservado para falar das lembranças, histórias e episódios dos mais de 60 anos de Mil Milhas Brasileiras. E de outras coisas mais!"

quinta-feira, 24 de março de 2011

New Beetle







Desde a 1ª edição, o "carro do povo" tem sido participante assíduo nas Mil Milhas de Interlagos. Iniciando com os pioneiros Eugênio Martins/Christian Heins - VW com motor Porsche, 2º lugar na geral - passando pelos Fuscas da década de 60, com preparação ainda leve - brigavam com os DKW's, Gordinis, JK's entre outros - e pelos valentes "penicos atômicos" da Divisão 3 do anos 70 e 80, o VW Fusca faz parte da história da prova. E a versão atualizada do carro não passou em branco nas Mil Milhas.

Em 2003, dois exemplares do New Beetle disputaram a prova. O preto, nº50, pilotado pelo trio Douglas Mendonça/Ricardo Dilser/Peter Fleming completou 112 voltas até abandonar por problemas mecânicos, ficando na 50ª posição. Já o outro, amarelo nº 13, pilotado por Paulo Palmer/Edgar Messias, durou 49 voltas na disputa, ficando na 62ª posição.

No ano seguinte, o Beetle amarelo voltou a disputar a prova. Pilotado pelo quarteto Edgar Messias/Paulo Palmer/Omar Kadri/Silvio Coelho, o carro alcançou a 20ª posição com 297 voltas completadas. Em Julho de 2005, O New Beetle amarelo foi matéria da revista Fullpower nº39.

Piquet nas Mil Milhas de Interlagos















Após o grave acidente sofrido nos treinos das 500 Milhas de Indianápolis - um furo no pneu fez com que o carro rodasse e batesse de frente na curva 4 - o tricampeão de F1 Nelson Piquet foi obrigado a abandonar as categorias de monoposto, passando a correr apenas por prazer em provas como 24 Horas de Le Mans, 24 Horas de Spa, além da Mil Milhas de Interlagos.

Piquet fez sua estréia na tradicional prova brasileira em 1994, edição esta que tornou um marco por ter atraído vários pilotos e equipes internacionais. Na ocasião, Piquet dividiu a pilotagem de um BMW M3 GTR com Ingo Hoffmann e o venezuelano Johnny Cecotto. O trio chegou a liderar 10 voltas da disputa, mas um longa parada de 20 minutos - por conta de um problema no diferencial - acabou com as chances de vitória.

No ano seguinte, Piquet retornou à disputa pilotando novamente modelos alemães. Desta vez, foi inscrito em dois carros. No BMW M3 nº 4, dividiu a pilotagem com Steve Soper/Paulo Carcasci. No outro BMW, nº 17, formou trio com Ingo Hoffmann/Marc Duez. O resultado não foi dos melhores: o nº17 abandonou com 54 voltas, enquanto o nº4 abandonou com 91 voltas, por quebra de motor.

Após a ausência em 1996, Piquet retornou em 1997. E de forma absoluta. Correndo em sua casa - A Mil Milhas daquele ano foi realizada no Autódromo de Brasília, por conta de obras em Interlagos - Piquet dividiu a pilotagem de um McLaren F1 BMW com o venezuelano Johnny Cecotto e o inglês Steve Soper. O resultado foi uma supremacia esmagadora do trio, que venceu a prova com uma vantagem de 21 voltas para o segundo colocado - Porsche 911 de André Lara Resende/Régis Schusch/Maurizio Sala - além de terminar a prova no menor tempo até então - 10h05min10s789 - e com a maior média de velocidade - 159,587 km/h.

Após o hiato nas provas de 1998 e 1999, o tricampeão formou trio com seu sobrinho Rodrigo Piquet e Mário Haberfeld em 2001. À bordo do protótipo Esprom BMW, Piquet não chegou sequer a pilotar o carro na prova, pois quebrou com 75 voltas completadas, alcançando apenas a 48ª posição.

Em 2006, a última participação e a última vitória. Correndo em quarteto com o filho Nelson Ângelo, Hélio Castro Neves e o francês Christopher Bouchut, Piquet dividiu a condução do Aston Martin DBR9, fazendo a estréia do carro inglês em terras brasileiras. Pilotou apenas um turno da prova, no fim da tarde, e passou a condução do Aston Martin 13 voltas antes do previsto. Piquet sentiu os efeitos do longo período sem pilotar, mas enquanto esteve na pista, manteve um ritmo seguro e próximo ao dos rivais. E no fim, a vitória veio com 5 voltas de vantagem para o segundo colocado.

quarta-feira, 23 de março de 2011

1ª vitória de um carro nacional





A 5ª edição da Mil Milhas de Interlagos (1960) ficou marcada como a primeira edição da prova em que o carro vencedor era fabricado no Brasil. Tratava-se de um FNM JK, inscrito com o número 28 e pilotado por uma dupla de peso: Christian "Bino" Heins e "Seu" Chico Landi. O valente carro tinha como trunfo o ritmo constante dos pilotos e o resistente motor 2.0 de 150 hp.

O início da prova foi marcado pelo domínio da dupla Camilo Christófaro/Celso Lara Barberis, que abriu algumas voltas de vantagem para o segundo colocado, já nas primeiras horas. Porém, às 3 horas da manhã, a carretera Chevrolet Corvette começou perder terreno para o FNM de Heins/Landi, que no início da manhã, assumia a liderança.

Heins recebeu a bandeira quadriculada às 11h47min, depois de Landi recusar recebê-la. Alegara que o parceiro pilotou 3/4 da prova e merecia ele ter essa honra. Era a vitória de um pequeno diante das temidas carreteras.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Um avião na pista




Em 2002, uma estrela internacional das pistas foi a sensação da Mil Milhas. Tratava-se de um Lister Storm, carro construído pela inglesa Lister, e que tinha como propulsor um Jaguar V12 7.0 de 570 cv. Em 7 anos (1993-2000) , apenas 4 unidades foram produzidas, e uma delas, foi trazida para o Brasil pelo saudoso Alcides Diniz.

O carro foi inscrito com o número 25, e teve como pilotos o próprio Alcides, Alfredo Guaraná Menezes, Belmiro Ferreira Jr., e o escocês Jamie Campbell-Walter. Logo nos treinos, o bólido mostrou a sua força, cravando a pole-position. No entanto, a corrida durou apenas 12 voltas. Motivo: Os jogos de pneus comprados para a disputa permaneceram retidos na alfândega. Assim, com 12 voltas completadas, Campbell-Walter recolheu o Lister aos boxes.

Três anos depois, o Lister Storm foi inscrito novamente na prova, com o número 23. Desta vez, o quarteto responsável pela pilotagem foi formado por: Alcides Diniz, Jamie Campbell-Walter, Pedro Gomes e Beto Giorgi. Após largar na quarta posição, o Lister vinha brigando pela liderança até que, com 24 voltas completadas, um protótipo Aldee rodou na curva do lago, enquanto o Lister se aproximava. A batida foi inevitável, e ambos abandonaram a prova.

Após essa participação, o carro nunca mais foi inscrito em provas, até ser vendido após a morte de Alcides Diniz, em 2006. Em Junho de 2002, o carro foi matéria na Revista Full Power (nº3).

quinta-feira, 3 de março de 2011

La macchina rossa





Um visitante especial causou furor na Mil Milhas de 1970. Tratava-se de uma genuína Ferrari 512-S, pilotada pelos italianos Giampiero Moretti (Dono da fabricante de equipamentos Momo) e Conrado Manfredini. Com um V12 5.0 l de 550 cavalos, a Ferrari chegava ao fim do retão de Interlagos a 300 km/h, inferior à velocidade máxima de 350 km/h.

Nos treinos, a superioridade em relação aos outros carros era nítida. Tanto que alcançou a marca de 2min55s8 logo nas primeiras voltas pelo circuito. Na corrida, os pilotos começaram num ritmo tranquilo, assumindo a liderança sem maiores dificuldades. A liderança durou até a volta 148, quando problemas na injeção direta de combustível exigiram uma parada nos boxes. O conserto durou 2 horas e 45 minutos, acabando com qualquer chance de vitória.

Mesmo assim, os pilotos decidiram voltar à pista para mostrar o potencial da Ferrari. E foi um verdadeiro show de velocidade, com a volta mais rápida registrada em 2min58s5. Esse tempo passou a ser o recorde de volta de Interlagos, quebrando a marca anterior de Emerson Fittipaldi, com 3min11s5, com um Fórmula Ford. No fim, os italianos terminaram na 20ª posição, com 162 voltas completadas.

terça-feira, 1 de março de 2011

O Lobo na Mil Milhas














É redundante falar que Camilo Christófaro foi uma das grandes lendas do automobilismo brasileiro dos anos 50 e 60. Grande preparador, piloto e antes de tudo um grande ser humano, Camilo foi vitorioso em todas as categorias pelas quais passou. E nesse espaço, um pequeno resumo de suas participações na prova mais tradicional do automobilismo brasileiro.

A estréia de Camilo Christófaro ocorreu na 2ª edição (1957), correndo em dupla com Djalma Pessolato na carretera Chevrolet nº 68. Infelizmente, essa participação terminou com a morte de Pessolato, após ele desviar de um cavalo que estava no meio da pista, no trecho entre as curvas 1 e 2, bater e capotar após 44 voltas de corrida. Camilo ficou muito abalado com o acidente, não retornando no ano seguinte.

Em 1959 voltou a disputar a prova, fazendo dupla com José Gimenez Lopes na carretera Chevrolet/Corvette nº 84. Alcançaram a 2ª colocação na geral.

No ano seguinte, fez dupla com Celso Lara Barberis na carretera nº 82. A dupla liderou várias voltas, até que surgiram problemas. Primeiro o tanque de combustível, que insistia em se soltar. Por fim, um superaquecimento no motor causado pela quebra da bomba d'água, fazendo necessária uma parada a 8 voltas do fim. Na volta à pista, motor engripou e não partiu mais, após inúmeros empurrões dos mecânicos e que estivesse disposto a ajudar o querido Camilo. Ainda assim, Celso Lara conseguiu levar o carro dos boxes até a linha de chegada, percorrendo cerca de 10 metros para terminar na 4ª posição.

Após a quebra de 1960, Camilo faria dupla com Celso novamente, na carretera Chevrolet nº 4. Lideraram a prova até a 167ª volta, quando um superaquecimento fez com que Camilo fosse aos boxes. Na saída, a pressa foi tão grande que a carretera saiu sem o capô. Infelizmente, tiveram outros problemas poucos minutos depois e abandonaram, terminando a prova na 14ª posição.

Em 1965, a estréia da famosa carretera Chevrolet Corvette nº 18. Essa carretera foi montada a partir do carro pessoal de Camilo, um Chevrolet 1937. Tinha um possante motor Corvette V8, além de ser mais estável e aerodinâmica que as concorrentes. O número 18 era uma homenagem ao dia do aniversário da esposa, D. Wilma.Nessa prova, fez dupla com Antônio Carlos Aguiar e terminou na 33ª posição com 73 voltas.

A tão perseguida vitória viria em 1966. E de forma emocionante. Camilo fez dupla com o jovem Eduardo Celidonio na carretera nº 18. Nos treinos, marcaram o tempo de 3min55s6, suficiente para a 3ª posição. Durante a corrida, chegaram a cair para a 7ª posição, pois a carretera perdeu muito tempo para na pista por pane seca. Solucionado o problema, Celidonio baixou o pé, descontando volta por volta a diferença para os líderes. E a surpresa veio com 195 voltas. O Malzoni de Emerson Fittipaldi/Jan Balder, passou pela reta funcionando com um cilindro a menos, parando nos boxes 2 voltas depois. A liderança estava nas mãos de Camilo/Celidonio, faltando 4 voltas para o fim. Na volta 199, Celidonio para nos boxes para reabastecer, e o drama volta a rondar. Na primeira tentativa de dar a partida, o motor não pega, trazendo a lembrança de 6 anos atrás. Porém, na segunda tentativa, o motor ronca forte novamente e Celidonio então conduz a carretera ao primeiro lugar da prova. Festa nos boxes de Interlagos e no bairro do Canindé.

Em 1967, Camilo reedita a a parceria com Eduardo Celidonio na carretera nº 18, largando na 3ª posição do grid. Porém, abandonaram por problemas na embreagem. Essa foi a última participação da carretera na prova, pois em 1970, Camilo não se sentiu motivado para disputar a prova. O automobilismo havia mudado e o tempo não era mais das carreteras.

O Lobo retornou em 1973, fazendo dupla com o velho parceiro Celidonio. Camilo preparou um Maverick Divisão 3, inscrito com o número 18 que consagrou sua carretera amarela. largaram na 43ª posição e rodaram num ritmo constante, dada a experiência da dupla em provas longas. Mas tiveram a corrida prejudicada por conta dos pneus, moles demais que furavam e se desgastavam constantemente. Ao fim, terminaram num ótimo 2º lugar, 4 voltas atrás dos vencedores.

Em 1989, Camilão fez sua última participação em provas. E justamente em uma Mil Milhas. Fazendo trio com seu filho Camilinho e Américo Bertini, pilotou um Opala Força Livre, que tinha um motor com cerca de 300 cv e câmbio Corvette. Chegaram a liderar durante a madrugada, porém um pneu estourou, arrebentando tubulações de óleo e assim, comprometendo a corrida. O trio terminou a prova na 3ª posição da classificação geral e em 1º na categoria Força Livre Nacional.


Participações de Camilo Christófaro na Mil Milhas de Interlagos:

1957 - Carretera Chevrolet/Corvette 4.343cc nº 68 - c/Djalma L. Pessolato - 32º Lugar (acidente fatal c/Pessolato)
1959 - Carretera Chevrolet/Corvette 4.343cc 84 - c/José Gimenez Lopes - 2º Lugar
1960 - Carretera Chevrolet/Corvette 4.343cc 82 - c/Celso Lara Barberis - 4º Lugar
1961 - Carretera Chevrolet/Corvette 4.343cc nº 4 - c/Celso Lara Barberis -14º Lugar
1965 - Carretera Chevrolet/Corvette 4.343cc nº 18 - c/Antonio C. Aguiar - 33º Lugar
1966 - Carretera Chevrolet/Corvette 5.359cc nº 18 - c/Eduardo Celidonio - 1º Lugar
1967 - Carretera Chevrolet/Corvette 5.359cc nº 18 - c/Eduardo Celidonio – Abandonou
1973 - Ford Maverick 4.950cc nº 18 - c/Eduardo Celidonio - 2º Lugar
1989 - Chevrolet Opala 4.093cc nº 18 - c/Camillo Christofaro Jr./Americo Bertini - 3º Lugar