"Um espaço reservado para falar das lembranças, histórias e episódios dos mais de 60 anos de Mil Milhas Brasileiras. E de outras coisas mais!"

terça-feira, 17 de dezembro de 2024

VW Fusca Hot Car - 1988

Essa foto daria um quadro. Um antigo VW Divisão 3 (que passou a se chamar Hot Car no início dos anos 80) se encaminhando para os boxes, com suas rodas largas deslocadas para fora (o que dava maior estabilidade ao carro), paralamas cortados para caber os pneus sem raspar em nada, e a tampa traseira com abertura para refrigerar melhor o valente propulsor.

Sobre o cenário, o antigo traçado de Interlagos (antes da reforma de 1989) com as grades verdes que separavam os boxes e o antigo estacionamento, os tradicionais eucaliptos do lado direito da reta dos boxes (substituídos por arquibancadas), além dos expectadores na "laje" dos boxes, numa época em que não existia o luxuoso paddock. 

O registro foi feito durante os treinos para 18ª edição das Mil Milhas Brasileiras, disputada em 23 de janeiro de 1988. Na ocasião, o VW, inscrito sob o nº 66, foi pilotado pelo trio Álvaro Mattos/Arnaldo Mattos/Ricardo Flaquer.



terça-feira, 10 de dezembro de 2024

Protótipo Tango BMW - 1999

Repetindo a experiência de 1997 (quando a prova foi disputada em Brasília - DF), as Mil Milhas Brasileiras teve sua 28ª edição realizada longe de Interlagos. E a praça esportiva escolhida fora o saudoso Autódromo Internacional de Curitiba, que terminou por sucumbir para a especulação imobiliária, levando junto a sua rica história.

Os detalhes dessa prova já foram contados aqui no nosso espaço (confiram no menu do lado direito da página), mas hoje trazemos um registro especial de um dos favoritos daquela edição. Trata-se do Protótipo Tango BMW preparado pela Equipe Hollywood, que teve como pilotos Flávio de Andrade, Ruyter Pacheco e o jovem Felipe Giaffone. Na disputa, o bólido terminou no terceiro lugar na geral, com 419 voltas (das 433 totais) completadas.



terça-feira, 3 de dezembro de 2024

A equipe feminina das Mil Milhas Brasileiras de 2021

Falar sobre os feitos femininos na história nacional e mundial do esporte a motor, é coisa para um livro com vários volumes. Grandes mulheres, sobretudo em épocas nas quais o machismo e o preconceito sem fundamento tomavam conta do automobilismo, nos mostraram que não há a mínima razão para impor qualquer distinção entre sexos, quando o assunto é gasolina e motor.

Se fôssemos falar em nomes, só no Brasil, poderíamos começar com Lulla Gancia, Graziela Fernandes, Suzane Carvalho, Bia Figueiredo e tantas outras personalidades. E a história das Mil Milhas Brasileiras não fugiu a esse traçado, pois já registrou a participação de mulheres dividindo o carro com outros homens (podemos citar Graziela Fernandes em 1970 e 1983, Regina Calderoni em 1989, Letícia Zanetti em 2002 e Alessandra Menini em 2023 e 2024, por exemplo), em dupla (Suzane Carvalho e Delfina Friers, em 1997) e mesmo em trio (Suzane Carvalho, Marisa Paganopulo e Delfina Friers, em 1996).

E após a retomada da prova, ocorrida em 2020, a edição disputada no ano seguinte ficou marcada também pela participação de um trio feminino, a bordo de carro tradicional em provas de turismo e endurance. Naquele ano, Luciane Klai, Fernanda Aniceto e Renata Camargo dividiram a condução do VW Voyage 1.6 da equipe MI Motors, que seria, na verdade um quarteto, pois Thaline Chicoski também estava inscrita, mas não conseguiu correr por motivos pessoais.

Inscrito na categoria TN1, destinada a carros de turismo nacional com motorização até 1.6 litros, o VW nº 3 largou da 21ª posição, com o tempo de 2min12s213. Ao final da corrida, veio a 13ª colocação na geral e a 2ª posição na categoria TN1, com 225 voltas completadas, depois de parar por um tempo nos boxes por problemas com a junta homocinética.

Ainda que algumas pessoas falem que só tinha mais dois carros inscritos na categoria, isto não diminui em nada o feito obtido pelo trio Klai/Aniceto/Camargo, pois a vitória com veio com 2 voltas de vantagem para o forte VW Passat nº 98 de Nenê Finotti/Fábio Coelho/Marcelo Fortes.






quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Equipe Big Power Mil Milhas 2025

Repostando a informação dada em primeira mão pelo Canal Entusiastas Sobre Rodas, trazemos para vocês uma foto de "bastidor" do Chevrolet Vectra Stock Car que será utilizado pela tradicional equipe Big Power, nas Mil Milhas de 2025.

O bólido está em fase montagem e, em seguida,  passará pela pintura e adesivação. Como usina de força, só podemos adiantar que se trata de um veoitão, sem maiores detalhes técnicos.

E faltando pouco mais de 2 meses para a prova, a nossa expectativa já é grande para vermos essa joia na pista de Interlagos.




Link do vídeo: https://youtu.be/ZZrhi0gsMXA?si=v7xflmYdwIFBWSpv

segunda-feira, 11 de novembro de 2024

Tony Kanaan nas Mil Milhas de 1994

Se tem uma prova que possui a tradição de contar, em todas as edições, com pilotos de renome internacional (ainda que a fama tenha sido conquistada posteriormente à participação na prova de longa duração), essa prova é as Mil Milhas Brasileiras.

São pilotos de Fórmula 1, Fórmula Indy, Endurance Series, Gran Turismo, entre outras categorias, que nesses quase 70 anos de prova dividiram as curvas e retas de Interlagos de dia, de noite, na chuva ou na neblina.

E dentro desse tema, trazemos hoje o registro da 1a participação do piloto baiano de nascimento Tony Kanaan, vencedor da Indy Lights em 1997, da IRL em 2004 e das 500 Milhas de Indianápolis em 2013.

Em 1994, com 19 anos de idade, Kanaan disputou as Mil Milhas Brasileiras a bordo do Chevrolet Opala Stock Car n. 44, formando trio com os experientes Renée Vanucci e Ênio di Bonito. Na prova, terminaram na 14a posição, com 314 voltas completadas.






Ps: Esta postagem contou com a essencial contribuição do nosso irmão Rodrigo Carelli, do //blogdocarelli.blogspot.com e Canal Entusiastas Sobre Rodas no Youtube. Gratidão. 

segunda-feira, 28 de outubro de 2024

Os primeiros pai e filho juntos na Stock Car

Como acontece em vários outros esportes, o automobilismo muitas vezes gera uma influência tão grande, que o gosto pelas corridas acaba sendo transmitido de pai para filho(a) e até mesmo para os netos(as). Não é raro vermos casos de famílias que são ligadas ao esporte por diferentes gerações, seja essa ligação partindo de dentro das pistas (pais pilotos) ou partindo do outro lado da mureta dos boxes (preparadores e donos de equipe).

Na verdade, daria para fazermos um alfabeto inteiro só de sobrenomes com tradição no esporte a motor, partindo dos Bragantini, Christófaro, Fittipaldi, Giaffone, Losacco, entre tantos outros.

E nesse sentido, sabemos que a primeira dupla de pai e filho a vencer na Stock Car Brasil foi o tetracampeão Paulo Gomes e seu filho mais velho, Pedro, que conquistou sua única vitória na categoria na 7ª etapa da temporada de 2004, disputada no anel externo do saudoso Autódromo Internacional de Curitiba. Na ocasião, Pedro pilotava o Chevrolet Astra nº 43 da Equipe Giaffone Motorsport, e a emoção foi ainda maior em razão de o próprio Paulão também estar na pista naquele final de semana (terminou a prova na 16ª colocação).

Paulão também detém a marca de primeira dupla de pai e filho campeões da categoria principal, obtida ao final da temporada de 2015, desta feita com seu filho mais novo, Marcos. O título foi conquistado com o Peugeot 408 da Voxx Racing, após 03 vitórias, 04 segundos lugares e 1 terceiro, além de 05 poles.

E antes disso, a família já tinha seu nome gravado na história, pois no ano de 2001, Pedro foi campeão da Stock Car Light.

Mas olhando os registros da categoria, vem a pergunta: Quem foram os primeiros pai e filho a correrem juntos na Stock Car Brasil?

A resposta encontramos na 1ª temporada da história da categoria, mais precisamente na 4ª etapa, disputada em 27 de maio daquele ano, no igualmente saudoso Autódromo Internacional Nelson Piquet, em Jacarepaguá (RJ). Na ocasião, José Luiz Nogueira, o nosso querido Graham Hill Brasileiro, a quem eu e meu irmão Rodrigo Carelli (//blogdocarelli.blogspot.com e Canal Entusiastas Sobre Rodas no Youtube) tivemos a honra de conhecer pessoalmente em novembro de 2021 (confiram as matérias sobre o piloto no menu à direita), dividiu o box da Graham Hill Competições com um dos seus filhos, Luiz Donizetti Nogueira.

Naquela temporada, Donizetti ainda disputou as etapas de Goiânia (5ª) e de Fortaleza (7ª), onde alcançou seu melhor resultado na categoria, o 8º lugar. Suas últimas corridas na categoria foram na temporada de 1984, em que disputou 05 provas nos autódromos de Interlagos e de Brasília, sendo que em todas elas, seu pai também estava na pista.

Nos anos de 1995 e 1996, Luiz Donizetti disputou 12 corridas na Fórmula 3 Sul-americana (categoria B) pela equipe Endroid Racing. O melhor resultado fora o 10º lugar conquistado Cascavel (1995), sendo 4º lugar na categoria B. Atualmente, mora em Miami, Flórida (EUA).

Deixo meu agradecimento especial a dois dos filhos do querido José Luiz Nogueira, Peterson Nakamura e Lucimara Nogueira, que confirmaram os registros que deram origem à esta matéria.







segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Live sobre a equipe mineira do Omega n. 31 nas Mil Milhas Brasileiras de 1998

Queridos leitores, um bom fim de noite para vocês. Agora há pouco tivemos o prazer de participar de uma live no canal Entusiatas sobre Rodas no YouTube, sobre a participação da dupla Paulo de Oliveira Neto e Isaac Scoralick nas Mil Milhas Brasileiras de 1998, disputada no atípico mês de dezembro naquele ano.

Sem maiores delongas, deixo o link dessa conversa incrível para vocês a seguir. Um grande abraço!


https://www.youtube.com/live/YzqTsu4cXHY?feature=shared

quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Aloysio Andrade Filho (1950 - 2024)

Nosso espaço não tem a mínima intenção de se tornar um obituário, muito menos de divulgar informações pesadas. Os falecimentos que aqui divulgamos são em forma de homenagem, para manter vivo o legado dos ases e personagens do esporte a motor. E ontem, terça-feira, 17, soubemos do falecimento de mais um nome de destaque do nosso automobilismo:  Aloysio Andrade Filho.

Paulistano, nascido em 04 de junho de 1950, Andrade teve destaque em várias categorias nacionais, sobretudo na Stock Car, Brasileiro de Marcas e Pilotos, Torneio Ford Corcel II e em provas de longa duração, como as Mil Milhas Brasileiras. Um breve resumo de sua carreira pode ser encontrado aqui , em matéria que publicamos há 08 anos.

Além da sua carreira dentro das pistas, Andrade se notabilizou no comando da equipe Nascar Motorsport, que competiu na Stock Car entre 2004 e 2008, e na Copa Montana entre 2010 e 2012, sendo uma porta de entrada para vários pilotos, como Wagner Ebrahim, Valdeno Brito e Felipe Maluhy. Sobre estes últimos dois, não podemos deixar de registrar que eles foram os responsáveis por alcançarem os melhores resultados da equipe na categoria principal:

2004 (bolha do Chevrolet Astra) - 3º lugar na 7ª e 12ª etapas, disputadas no anel externo de Curitiba e em Interlagos, respectivamente, com Felipe Maluhy (ele ainda foi pole position na 6ª etapa, em Interlagos).

2005 (bolha do Mitsubishi Lancer) - 2º lugar na 9ª etapa, disputada em Tarumã, e 3º lugar nas 2ª e 7ª etapas, disputadas em Curitiba e Brasília, com Valdeno.

2007 - (bolha do Mitsubishi Lancer) - 5º lugar na 8ª etapa, disputada em Brasília, com Juliano Moro.

Outros nomes que pilotaram carros preparados pela Nascar na Stock foram: Carlos Alves, Ruben Fontes. Thiago Medeiros, Neto de Nigris, Christian Conde, Popó Bueno e até o argentino Esteban Tuero, como convidado na 3ª etapa da temporada de 2005 (época em que a Stock Car e a TC 2000 da Argentina tinham uma maior proximidade).

Em 2010, a equipe Nascar conquistou o título da Copa Chevrolet Montana, com Diogo Pachenki, após 02 vitórias (Interlagos e Curitiba) e outros 03 pódios (Curitiba, Velopark e Brasília). E o bicampeonato veio no último ano da categoria, em 2012, com o piloto Rafael Daniel (01 vitória).

Muita luz e paz para você, Aloysio, nessa nova jornada!





terça-feira, 10 de setembro de 2024

A última do anel externo de Interlagos

Em janeiro de 2003, a Volkswagen do Brasil pôs em prática uma ideia de marketing que ficou gravada não só no Livro dos Recordes, mas também na mente do brasileiro apaixonado por carro. Na ocasião, foram postos no traçado do anel externo de Interlagos (palco das disputas dos 500 km de Interlagos nos anos 50, 60 e 70) 03 exemplares do modelo Gol 1.6 Power, guiados por 25 mil km de forma ininterrupta.

Os carros escolhidos não possuíam qualquer preparação, com exceção da gaiola interna de proteção (santoantônio) e um par de faróis auxiliares, sendo que as paradas eram unicamente para reabastecimento e troca de pilotos.

Ao todo, foram completadas mais de 8.000 voltas no traçado de 3.108 metros de extensão, sendo que os carros rodaram por 24 horas durante 09 dias, debaixo de sol e chuva, pelo dia e pela noite. 15 pilotos se revezaram ao volante dos VW's (em turnos de cerca de 1h30min cada), sendo que até o presidente da marca à época, Paul Flaming, deu algumas voltas durante a prova.

A Federação Internacional do Automóvel (FIA) e a Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA) acompanham o evento, e todos os Gol's vendidos nos anos de 2003 e 2004 tinham um adesivo na traseira remetendo ao feito.

E ao que nos consta, esta foi a última vez em que o anel externo de Interlagos foi utilizado.

Fonte: https://universomotor.com.br/2020/01/15/recorde-quando-o-volkswagen-gol-rodou-25-mil-km-sem-parar/

http://www.volkspage.net/artigos/56/2003/13012003_golendurance/index.php

Imagens: Divulgação. Todos os direitos reservados.













segunda-feira, 26 de agosto de 2024

Camilo Christópharo Júnior (Camilinho) - 1953 - 2024

Na última quarta-feira, dia 21 de agosto de 2024, o automobilismo brasileiro recebeu consternado a triste notícia do falecimento do piloto, preparador e chefe de equipe, Camilo Christópharo Júnior, o "Lobinho do Canindé". E por uma lógica que só a inteligência maior pode explicar, um dia antes (20 de agosto) completaram-se 29 anos do falecimento do Lobo do Canindé, Camilo Christópharo. A causa da morte foi um câncer descoberto recentemente, em estágio avançado (metástase), que não lhe deu maiores chances de defesa.

Em diversas ocasiões, a carreira de Camilinho foi destaque em nosso blog, como no especial sobre sua carreira na Stock Car e o destaque para as quatro oportunidades em que alcançou a 3ª posição na classificação geral das Mil Milhas Brasileiras. E falar sobre a sua descendência no automobilismo, seria no mínimo redundante, diante dos grandes feitos de seu tio-avô Chico Landi, seu pai e da tradicional Escuderia Lobo, cujo nome foi inspirado em um pedido seu (O lobo veio de um desenho animado que Camilinho gostava quando criança, que terminou sendo pintado na carroceria da lendária carretera 18.

Fica aqui então a nossa homenagem para o grande ser humano e profissional que foi, que deixará muitas saudades em seus familiares, amigos, colegas de pista e admiradores, dentre os quais me incluo.

 Um até logo, Camilinho. Agora você está ao lado do Lobo do Canindé, para matar as saudades.




terça-feira, 13 de agosto de 2024

Protótipo Fusca - Equipe Dimep

Já falamos em algumas oportunidades sobre os carros que o piloto Dimas de Melo Pimenta II trouxe para as pistas, passando por Escort XR3 de arrancada, Chevrolet Corvette até os Protótipos Daipi e GT aberto, sendo todos com motor 8 cilindros de muita potência. Para quem quiser conferir essas histórias, é só acessar o marcador "Dimas" no menu ao lado.

Mas hoje a história sobre a equipe Dimep (tradicional fabricante de relógios de ponto e congêneres, fundada em 1936) é sobre um pequeno que não usa motor V8, mas que anda bastante. Trata-se do protótipo Fusca.

Chamo esse carro de protótipo, pois de Fusca ele só tem a forma externa da carroceria, feita em fibra de vidro, que recobre o chassi tubular, derivado de um Fórmula 3. No cofre, um bravo motor Ford Duratec 2.0 16v, domado pelo câmbio derivado da Audi.

Apesar de ser um carro conhecido nas provas de endurance desde meados de 2014, a sua estréia nas Mil Milhas ocorreu no ano de 2022, quando Dimas II formou quarteto com seus filhos Dimas de Melo Pimenta lll / Rodrigo Dimas de Melo Pimenta e Alex Dimas de Melo Pimenta, terminando na 17ª posição na geral, com 233 voltas. A melhor passagem foi registrada em 1min55s486, na 46ª volta.

O valente bólido retornou à prova em 2023, com a tripulação reduzida (sem a participação de Dimas III), mas com o equipamento ainda mais afinado. Nos treinos, o Fusca marcou a 19ª posição, com o tempo de 1min56s381, ficando atrás de 02 Protótipos MRX na categoria P3. Com a bandeira verde, acabou ficando pelo caminho, na 30ª posição, com 207 voltas e a melhor marca em 1min53s258.









terça-feira, 30 de julho de 2024

Mil Milhas de 1983: As curiosidades de uma prova incomum

A XIII edição das Mil Milhas Brasileiras, disputada em janeiro de 1983, é certamente uma das edições que destoam do contexto das edições disputadas à época (década de 80). Vou explicar o porquê.

A diferença para as demais edições começa com o próprio carro vencedor, um Volkswagen Passat preparado sob o regulamento da categoria Hot Car (antiga Divisão 3), enquanto as demais provas realizadas nos anos 80, foram vencidas por modelos Chevrolet Opala, que por sua vez formavam o grid da Stock Car.

O carro em questão tinha o motor 1.6 litros preparado por Francisco Cilento, o Ico, enquanto a pilotagem ficou por conta do trio Vicente Correa/Valdir Silva/Fausto Wajchenberg. Mas é aí que entra outra curiosidade: Apenas os dois primeiros pilotos chegaram a conduzir o carro na prova, pois a dupla Vicente e Valdir resolveram inscrever Fausto já no sábado, horas antes da largada.

Isso aconteceu em virtude da dúvida que os pilotos tinham quanto à sua própria resistência física para suportar as mais 12 horas de corrida, o que os levou a decidir pela inscrição de Fausto. Naquele momento, o piloto estava no paddock e fora pego de surpresa com o convite, pois sequer estava com seu equipamento de corrida em mãos (macacão, luvas, sapatilhas, capacete, etc.), tendo permanecido no autódromo nestas condições até a manhã do dia seguinte.

Só então, quando o Passat liderava com certa tranquilidade (em que pese o grave problema nos freios), foi que Fausto pôde ir para casa e buscar seu macacão, para poder estourar o champangne de vencedor no pódio. Mas de fato, a tocada do carro ficou sob a responsabilidade apenas de Vicente Correa e Valdir Silva, por meio de stint's de cerca de 1h30min cada.

Mas quem pensa que a história de Fausto Wajchenberg nas Mil Milhas terminou por aí, está muito enganado. Em 1986, foi o 8º colocado em trio com Sérgio Di Gênova e Edmilson Santilli, Ford Maverick nº 7, enquanto que no ano seguinte, dividiu um Chevrolet Opala com Di Gênova e o antigo parceiro Vicente Corrêa, terminando na 7ª posição na geral.

Outra curiosidade foi o fato de o maior vencedor da prova (cinco vitórias, todas obtidas nos anos 80), Zeca Giaffone, não ter disputado aquela corrida, em que pese ter sido o vencedor da prova anterior (1981). Mais que isso, foi a única edição das Mil Milhas disputadas na década de 80 que Zeca não disputou.

E se não bastassem as 204 voltas (no traçado antigo de Interlagos) necesárias para completar as 1000 milhas, o então secretário municipal de esportes, Antônio "Totó" de Abreu, acabou deixando o carro vencedor passar sem ver a bandeira quadriculada, o que fez com que o VW Passat nº 9 tivesse que dar mais uma volta (se arrastando) até receber a bandeirada.

Aquela, de fato, foi uma Mil Milhas diferenciada.

Link para vídeo de entrevista de Hebe Camargo com os vencedores da prova:

https://www.youtube.com/watch?v=j2lOVWRxGB4&pp=ygUcaGViZSBjYW1hcmdvIG1pbCBtaWxoYXMgMTk4Mw%3D%3D


VW Passat dos vencedores

Disputa no miolo de Interlagos com o Passat de Douglas Mendonça/Alvino Jr./Michael Walter



Propaganda da VW

Largada de 1983

Attila Sipos, Horacio Matheus e Jose Rubens Coutinho Romano

terça-feira, 16 de julho de 2024

Pick-up Racing em Caruaru

Hoje vamos lembrar alguns momentos da saudosa categoria Pick-up Racing, em suas etapas disputadas no Autódromo Internacional Ayrton Senna, em Caruaru/PE. Bons tempos em que Chevrolet S10, Ford Ranger e Dodge Dakota duelavam em pistas de todo o Brasil, movidas a gás natural.

Interessante era que as pick-ups eram equipadas com dois cilindros de gás na carroceria, e a parada nos boxes consistia na liberação de uma válvula do fluxo de gás do segundo cilindro.


Piloto João Campos (2002) durante o abastecimento - Foto de Antônio Prego

Pódio da 1ª prova de 2002 - 1º Edson Thomé dos Santos (Dakota), 2º Nelson Bazzo (S10), 3º Emerson Duda (Ranger), 4º Kau Machado (Ranger) e 5º Sidney Alves (S10)

Posto de abastecimento de GNV - Foto de Antônio Prego

Piloto Abramo Mazzochi (2004) - Foto de Wanderley Soares

Na fila (2002): João Campos, Emerson Duda, Gerson Marques Jr., Edson Thomé dos Santos e Kau Machado - Foto de Antônio Prego

terça-feira, 2 de julho de 2024

Protótipo Mitsubishi Eclipse Equipe Old Boys

Um dos carros apontados como favorito à vitória da 36ª edição das Mil Milhas (disputada em novembro de 2008), o protótipo Mitsubishi Eclipse teve vida curta nas pistas. Equipado com motor de cerca de 400 cv e montado sob chassi derivado do Protótipo Lancer da mesma equipe (Old Boys), sua estreia ocorreu no III Gp Cidade de São Paulo (1000 km de Interlagos), disputado em 21 de janeiro de 2008.

Na ocasião, a pilotagem ficou por conta do quarteto Eduardo Souza Ramos/Ingo Hoffmann/Guilherme Spinelli/Leandro de Almeida, e a performance até então vista prometia um resultado do nível dos pilotos, pois o duelo com a Maserati Trofeo de Daniel Serra/Chico Longo, logo após a largada, havia lhe rendido a liderança da prova. Porém, a quebra do pino central de fixação do triângulo da suspensão fez com que a roda saísse longe do carro, já com Ingo Hoffmann no volante, com apenas 36 voltas completadas.

Melhor resultado foi registrado na 26ª edição dos 500 km de Interlagos, disputada no mês de junho daquele ano. Souza Ramos e Leandro de Almeida terminaram na 4ª posição, duas voltas atrás do Porsche 993 RSR de Max Wilson e Marcel Visconde.

E nas Mil Milhas Brasileiras, o Mitsu Eclipse fez a sua última participação em provas oficiais, largando da 3ª posição, com o tempo de 1min38s638. Com Souza Ramos/Leandro de Almeida/Geraldo Piquet dividindo a condução, o lindo bólido vermelho terminou na 2ª posição, com 23 voltas de desvantagem para o Porsche 911 GT3 RSR da Stuttgart Sportcar/Denner Motorsport.

Até o que foi apurado, o protótipo Mitsubishi Eclipse permanece guardado, junto com os demais carros do acervo do ex-piloto Eduardo Souza Ramos.





domingo, 16 de junho de 2024

Obrigado, Sr. Luiz Francisco Batista (1939 - 2024)

Em um dia distinto para o automobilismo em geral (hoje a Ferrari venceu mais uma vez as 24 Horas de Le Mans, repetindo o bicampeonato que não acontecia desde a década de 60), recebemos a notícia do desencarne de um ícone do automobilismo brasileiro. Estamos falando de Luiz Francisco Batista.

Nascido na cidade paulista de Itu, sr. Batista começou sua carreira trabalhando como mecânico e funileiro em concessionárias Ford, onde ganhou experiência para abrir o seu próprio negócio em 1975, ainda com o nome Agromotor. Na época, a oficina era especializada na linha Willys, tendo posteriormente mudado o foco de trabalho para a linha Ford a partir de 1946.

O ano de 1979 marcou o início da atuação na linha que se tornou sua marca registrada, quando passou a comercializar também peças para os modelos grandes da Ford, Landau, Maverick e Mustang. No ano seguinte, vieram as participações em provas de automobilismo, mais especificamente na emblemática Turismo 5000.

Sobre essa categoria, é indispensável abrir um parêntese. A Automotor não só fora vencedora de várias corridas, como também bicampeã com o Ford Maverick de Ney Faustini, nos anos de 1984 e 1985. E além disso, vieram os carros marcantes que o sr. Batista ousou desenvolver e colocar nas disputas no anel externo de Interlagos, como o Maverick 4 portas e o Galaxie.

Somadas às conquistas na Turismo 5000, os anos 90 são igualmente memoráveis pela fila de títulos na Speed 1600 e Força Livre Paulista, já com Luiz Fernando ao volante, o Batistinha, e utilizando também o Ford Mustang. E nem mesmo as provas de arrancada ficaram de fora do "cardápio" da Automotor, pois a partir de 1987, Batistinha passou a disputar provas em Interlagos com um Maverick 1974 derivado da Turismo 5000, sendo campeão paulista nos anos de 1990 e 1991.

Este bólido passou cerca de 09 anos parado, e só retornou em 2002, quando passou a disputar a antiga categoria TTS (Tração Traseira Super), e esporádicas participações na TTN (Tração Traseira Nitro). Nessa época, foram vários recordes quebrados, além dos títulos paulistas de 2003 e 2004, paranaense de 2006 e 2007 (onde chegou a marcar 10s048 na categoria SSTT, nos 402 metros) e do Festival Força Livre de Arrancada, disputado também em Curitiba, quando venceu em 2004 e 2006.

E por fim, não poderíamos deixar de falar nas Mil Milhas Brasileiras, prova em que a Automotor foi tradicional participante com seus carros brancos com listras duplas azuis. Em alguns anos, foram mais de um Maverick inscrito, enquanto que em 1994, o Mustang também deu as caras. Os resultados mais destacados foram os seguintes:

1986 - 10º Ford Maverick Plínio Riva Giosa e João Batista Caldeira – 183 voltas

1987 - 5º Ford Maverick Denísio Casarini e Luis “Pitoco” Rosenfeld SP – 195 voltas e 9º Ford Maverick Dedé Gomes e Luiz Carlos Sansone SP – 186 voltas


Descanse em paz, sr. Batista. E leve consigo nossa admiração e respeito.