"Um espaço reservado para falar das lembranças, histórias e episódios dos mais de 60 anos de Mil Milhas Brasileiras. E de outras coisas mais!"

terça-feira, 9 de dezembro de 2025

Série nomes que fizeram/fazem parte da Stock Car Brasil - Parte XVIII: Marcelo Reis

Há alguns anos, estreamos aqui no blog uma seção específica para falarmos sobre pilotos que fizeram (ou ainda fazem) a história da Stock Car Brasil. Nesse período, fizemos 17 (dezessete) postagens sobre diversos destes nomes, embora também tenhamos abordado o tema sob outras formas (corridas, acontecimentos específicos, falecimentos, etc.).

Passados mais de quatro anos sem postarmos nada nessa linha específica, vamos retomar o assunto falando de um piloto que teve uma carreira um tanto quanto curta, mas o suficiente para deixar seu nome nos registros históricos.

Trata-se do piloto catarinense (da cidade de Itajaí - SC) Marcelo Reis, nascido em 15 de novembro de 1971, que vim a encontrar uma foto sua no enciclopédico perfil Old Stock Times no Instagram, do amigo João Peyerl. E graças à gentil contribuição (através de fotos e relatos) do amigo Dagoberto Moraes, piloto que manda bem na terra e no asfalto, de tração traseira ou dianteira, conseguimos escrever essas linhas em sua memória.

Marcelo começou sua carreira no kart, tendo passado pela Espron (protótipos), além da Stock V8 e Light. Na divisão principal, fez apenas duas corridas nas temporadas de 2001 e 2002, ambas no saudoso Autódromo Internacional de Curitiba, por meio de equipe própria, com apoio da JZ Nascimento. Os resultados foram bem discretos, não chegando a pontuar.

Na Light, disputou a temporada de 2003 pela equipe Mega Racing, ano em que o Chevrolet Omega fora substituído pelo Astra chassi tubular (mas ainda com motor 6 cilindros Chevrolet), tendo marcado 41 pontos.

Em termos de Mil Milhas, consta que Marcelo disputou a 30ª edição da prova, no ano de 2002, formando quarteto com Alfred Lengyel, Adson Moura e Ricardo Arantes, pilotos também vindos da categoria Espron. Dividindo a tocada do MCR Volvo 2.3 nº 10, o quarteto terminou na 42ª posição, com 187 voltas completadas.

Infelizmente, uma grande tragédia abalou a vida do piloto, quando um dos seus filhos perdeu a vida precocemente, aos 18 anos. Isso contribuiu negativamente para que algum tempo depois, Marcelo também deixasse este mundo.

Fica aqui nossa singela lembrança do ser humano e piloto.













terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Carretera Ford de Ricardo Mercede - 1959

Saboreando as postagens do incrível perfil Stock Car Old Times no Instagram, que pelas mãos do grande João Peyerl, nos traz lembranças de épocas em que apreciar um carro da Stock Car era um momento ímpar, pude descobrir que o Chevrolet Opala nº 60 (Equipe Basf) da temporada 1982, utilizado por Ricardo Vassilakis Mercede, o Mike, está preservado e em vias de ser restaurado.

E essa restauração contará com a essencial colaboração dos seguidores e amigos da página, através de uma assinatura cujo link está no referido perfil. Quem puder somar à essa história, será muito bem vindo!

Sobre Ricardo Mercede, mais conhecido como Mike, já falamos um pouco neste espaço sobre o seu grande feito conquistado nas Mil Milhas Brasileiras de 1983, quando obteve o segundo lugar na prova a bordo de um Opala Stock Car, formando trio com Luiz Evandro "Águia" e Dedê Gomez. Quem quiser se aprofundar um pouco mais sobre esse episódio, pode conferir as postagens através do menu ao lado.

Infelizmente, no dia 17 de setembro de 2025, Mike deixou esse plano terreno, aos 72 anos de idade. Que tenha toda a luz e paz que precisar nessa nova jornada!

Mas a história que vamos contar hoje não é exatamente sobre esse Ricardo Mercede, mas sim, sobre seu pai, que também tinha esse nome e fez várias corridas na época das carreteras. E em especial, a IV edição das Mil Milhas Brasileiras, realizada nos dias 21 e 22 de novembro de 1959.

Nesta corrida, Ricardo Mercede formou dupla com o gaúcho Ítalo Bertão, que viria a vencer a prova em 1961, em parceria com Orlando Menegaz. O carro utilizado foi a carretera Ford 1940 nº 94, equipada com motor Ford 8 BA, cabeçotes especiais, admissão com três carburadores Holley e comando de válvulas lateral, da marca Edelbroock, além de câmbio Jaguar de 4 marchas com duas alavancas (marcha ré com alavanca própria). E quem preparava essa usina era nada mais nada menos que Victor Losacco, pai de Vinícius e consequentemente, avô do piloto Giuliano Losacco.

A prova começou com a clássica chuva fina (garoa), marca de uma São Paulo que ainda não era a megalópole de ritmo frenético que conhecemos hoje. Mas o que realmente ditou o ritmo de corrida foi a neblina que baixou sobre o Autódromo de Interlagos, e que durou todo o período noturno da prova. O resultado disso foi a edição com maior duração da história das Mil Milhas, concluída em 16h22min38s e a mais baixa média horária, com 98 km/h.

Saindo do meio do grid, a carretera nº 94 foi ultrapassando os concorrentes sem se envolver em entreveros, tendo alcançado a quarta posição na classificação geral. Mas na volta 176 (do total de 201), o diferencial quebrou quando Ítalo Bertão (que tinha fama de não tratar muito bem o equipamento) estava ao volante. Não havia tempo para a troca da peça, e a solução da equipe para não ser desclassificada (só era considerado classificado quem cruzava a linha de chegada), foi parar o carro na margem direita da reta, próximo à linha de chegada (cerca de 100 metros antes), e aguardar a última volta para concluir a prova, recebendo a bandeira quadriculada.

E mesmo com este atraso tão grande, a carretera nº 94 ainda terminou na 10ª posição na geral. Essa foi a penúltima corrida desse carro, pois a despedida veio nas 200 Milhas de Bagé, no Rio Grande do Sul, em que abandonou a prova antes do final. Em seguida, o carro foi remontado e vendido como veículo de rua.

As fotos que ilustram essa postagem são do acervo pessoal de Ricardo Vassilakis Mercede, e foram gentilmente cedidas por João Peyerl. Gratidão!

Resultado final da prova (apenas os carros que cruzaram a linha de chegada)

Grid: 40 carros – Duração: 16h22min38s

1º Carretera Ford nº 2 Catharino Andreatta e Breno Fornari RS – 201 voltas
2º Carretera Chevrolet nº 84 José Gimenez Lopes e Camilo Christófaro SP – 198 voltas
3º VW 1600 nº 16 Caio Marcondes Ferreira e Lauro Bezerra SP – 196 voltas
4º DKW Vemag nº 76 Karl Iwers e Henrique Iwers RS – 195 voltas
5º Simca Stanguelini nº 36 Emílio Zambelo e Rugero Peruzzo SP – 193 voltas
6º Carretera Chevrolet nº 88 Ivo Rizzardi e Caetano Damiani SP – 192 voltas
7º Carretera Chevrolet nº 78 Antônio Versa e Eugênio Cardinale SP – 191 voltas
8º Carretera Ford nº 14 Raul Lepper e Francisco Said SC – 189 voltas
9º DKW Vemag nº 62 Flávio Del Mese e Cláudio Daniel Rodrigues SP – 184 voltas
10º Carretera Ford nº 94 Ricardo Mercedes e Ítalo Bertão SP – 176 voltas
11º Carretera Ford Edelbrok nº 90 Enio Lunardi Machado e Lauro Maurmann RS – 176 voltas
12º Carretera Ford Thunderbird nº 58 Haroldo Vaz Lobo e José Otaviano Cury PR – 175 voltas
13º DKW Vemag nº 60 Edward Almeida Pacheco e Paschoal Nastromagario SP – 172 voltas
14º Carretera Ford Edelbrock nº 92 Milton Mena e Alberto Rabay SP – 169 voltas
15º VW/Porsche nº 10 Haroldo Dreux e Aldo Costa RS – 165 voltas
16º Carretera Ford Edelbrock nº 32 José Azmuz e João Galvani RS – 165 voltas
17º DKW Vemag nº 46 Paulo Marinho e João Reguera PE – 163 voltas
18º Citroën 15 nº 68 Walter Pucci e Edgard Pucci SP – 160 voltas
19º VW nº 66 José Maria Salles e Antonio Pereira SP – 158 voltas
20º Carretera Chevrolet Corvette nº 54 Mario Vecchio e Julio Schinke RS – 157 voltas

Fonte: https://gptotal.com.br/with-a-little-help-from-our-friends-43/





Vistoria dos carros, no Estádio do Pacaembu 



Ricardo Mercede

quarta-feira, 26 de novembro de 2025

3ª e última etapa do circuito alagoano de arrancada 2025

Indiscutivelmente, a arrancada é a modalidade mais democrática do esporte a motor. Afinal, onde mais podemos ver veículos de diferentes épocas, níveis de investimento, desenvolvimento de preparação, entre outros fatores, serem postos à prova na reta de 201 metros cronometrados, em busca do menor tempo possível? E ainda mais, podendo alcançar grandes resultados em sua própria categoria e até mesmo na geral?

É, meus amigos, há muito tempo que a arrancada no Brasil se desvencilhou da imagem de "simples racha" que saiu das ruas e ganhou os autódromos, kartódromos e retas específicas de norte a sul do país. E só não trata a modalidade com o devido respeito quem não quer. São das mais diversas garagens e oficinas que surgem surpreendentes soluções para a diminuição dos tempos de pista, como redução de peso (vale cortar até mesmo a traseira do carro), aumento da potência (uso de turbinas, comando de válvulas com maior graduação, remapeamento do sistema de injeção, entre outros), uso de pneus mais largos e com maior aderência, etc.

Neste final de semana, tivemos a etapa final do circuito alagoano de arrancada 2025, realizada no circuito M3, em Pilar/AL. A prova teve puxadas tanto no sábado (treinos e 1ª bateria válida) quanto no domingo (treinos, 2ª e 3ª baterias válidas, além do mata-mata final), e contou com a colaboração do tempo firme e ensolarado para que não houvessem interrupções, embora a alta temperatura tenha feito com que o equipamento fosse mais exigido.

Uma presença especial foi do campeoníssimo Adésio Santos, piloto de pernambuco vencedor de diversos campeonatos de turismo no Nordeste, cuja carreira retratamos aqui no blog em julho deste ano, a quem tive o prazer de conhecer pessoalmente, graças ao amigo de todas as horas Rômulo Amorim.

Apesar do número reduzido de participantes (cerca de 25 carros chegaram a marcar tempo), em comparação com as etapas anteriores, não faltou emoção ao longo da disputa, sobretudo na fase final, o chamado mata-mata. Nesta fase, os carros com os oito melhores tempos alinham para uma puxada eliminatória, em que o vencedor é aquele que registrar o menor tempo, terminando na puxada final com os dois carros mais rápidos.

E o duelo final se deu entre os Volkswagen Gol Turbo Força Livre de Marben Moura (AL) e Ivo Leal (SE), sendo que Ivo acabou levando a melhor, mesmo tendo feito as três puxadas da fase final sem a terceira marcha, como nos contou o seu preparador, conhecido no meio automobilístico como bode, e que também acelera forte, com a sua pick-up Ragge motor AP turbo.

Aliás, Ivo Leal e sua equipe nos presentearam também com a performance e beleza do Buggy Fyber 2017, que tem a "cara" de comportado, mas "gênio" endiabrado. Isto porque a carroceria e suspensão originais escondem (ou melhor, tentam esconder) o belo motor AP 1.8 turbo (com cilindrada aumentada) que empurra muita potência para os largos pneus (slick na traseira e semi-slick na dianteira), que lixam o asfalto durante os burnout's.

Infelizmente o buggy só andou no sábado durante os treinos, pois a queima da junta do cabeçote o impediu de registrar tempo nas baterias válidas. O melhor tempo foi de 07s894 (0,170 de reação), mas fica aqui a promessa de trazermos uma matéria detalhada sobre essa fera.

Outro carro que andou apenas nos treinos foi o Volkswagen Gol G4 Turbo 4x4 Força Livre de Júnior Jambo, apelidado de Sonic Nordestino. Esse carro traz um recurso muito válido para as competições no oitavo de milha, pois a curta extensão do trecho cronometrado impõe a necessidade de boa tração do bólido, como forma mais eficiente de transmissão da potência do motor para as quatro rodas, já que não há muito tempo para recuperar a perda de frações de segundos com eventual "patinada" na largada.

Como representante da galera que coloca a mão na graxa e faz de tudo para que o carro fique pronto a tempo, ainda que às vésperas da prova, não posso deixar de citar o Chevrolet Chevette SE 1986 de Luiz Miguel Buarque. Se na etapa anterior ele acelerou forte em um Chevrolet Kadett da família (com um belo carburador preparado pelo mago Zenildo "Bruxo"), dessa vez quem fez sua estreia foi Chevette montado durante a semana que antecedeu a disputa. O tempo mais baixo por ele registrado foi de 10s713 (0,268 de reação) na desafio 11 segundos. Parabéns garoto!

As representantes femininas também registraram suas marcas. Beatriz Marinho e seu Volkswagen Gol aspirado "caixa" marcou o tempo de 9s607 (0,122 de reação), correndo sozinha na desafio 9,5 segundos, enquanto Morgana Madeiro disputou a categoria desafio 7,5 segundos com um Audi S3. Seu melhor tempo foi de 9s698 (incríveis 0,023 de reação, a menor da etapa).

O susto da prova foi a batida na barreira de pneus da curva 1 do Volkswagen Gol G4 Rally Turbo Força Livre de Alcindor Menezes (PE), que após iniciar a frenagem no final da reta, tentou fazer a curva do traçado do kartódromo para retornar aos boxes. Porém, a velocidade ainda era alta para realizar a manobra, o que, aliada ao curto esterço de volante (natural em um carro de arrancada) do bólido, fez com que o carro só parasse após atingir lateralmente a barreira. Felizmente os danos foram apenas materiais e de moderadas proporções, mas que limitaram bastante a performance do carro, que teve como melhor tempo a marca de 9,450 (0,239 de reação).

Com o término das puxadas oficiais, os presentes tiveram o prazer de ver (e ouvir, claro) máquinas como Ferrari F430 e Porsche Boxster 2.7 alinharem no pinheirinho e dar uma pequena amostra do seu poder de fogo. Uma pena foi o fato de a bela Ferrari F355 placa preta não ter dado uma esticada na reta, ficando apenas exposta nos boxes para a admiração dos presentes.

Pois é pessoal, nos despedimos do circuito alagoano de arrancada 2025 com a expectativa de que a modalidade se fortaleça ainda mais em nosso Estado, pois contamos hoje com um espaço que oferece uma grande estrutura para as competições, superior até mesmo do que dispõem outros Estados com maior tradição na arrancada. Passamos mais de 21 anos sem ter provas em Alagoas, e agora que temos um cenário favorável nunca visto antes, não podemos deixar o amor pelo esporte a motor se enfraquecer.

E como último evento do ano do gênero, teremos no Circuito M3 o Racha Noturno, que dará espaço para 50 motos e 50 carros se enfrentarem na reta. Esta verdadeira festa ocorrerá no dia 08 de dezembro, a partir das 19 horas.

Fiquem agora com algumas imagens do final de semana, além do pódio de cada categoria.

(Essa matéria contou com a imprescindível colaboração de Kleberon Júnior, que nos forneceu os tempos dos treinos e das puxadas oficiais. Gratidão)

Desafio 11 segundos

1º Roney Albuquerque - Volkswagen Gol Turbo nº 01 - 11s209 (0,60 de reação)

2º Kauan Mendes - Chevrolet Chevette Aspirado nº 14 - 11s740 (0,301 de reação)

3º Luiz Miguel Buarque - Chevrolet Chevette Aspirado "Papa-Léguas" nº 15

Desafio 10 segundos

1º Rogério Milk - Volkswagen Parati Aspirada nº 23 - 11s656 (0,117 de reação)

Desafio 9,5 segundos

1º Beatriz Marinho - Volkswagen Gol Aspirado nº 12

Desafio 9,0 segundos

1º Pedro Buarque - BMW 320i nº 16 - 09s176 (0,134 de reação)

2º Janderson Araújo - Volkswagen Jetta nº 20 - 09s241 (0,128 de reação)

3º Diego Almeida - Volkswagen Jetta TSI nº 07 - 09s305 (0,142 de reação)

Desafio 8,5 segundos

1º Simarinho Lins - BMW 320i nº 19 - 08s790 (0,070 de reação)

Desafio 8 segundos

1º Adriano Negão - Volkswagen Gol nº 06 - 08s313 (0,056 de reação)

2º Hudson Rodrigues - Volkswagen Gol G4 Turbo nº 09 - 08s620 (0,026 de reação)

Desafio 7,5 segundos

1º Leonardo Braga - Volkswagen Gol Turbo nº 08 - 07s931 (0,316 de reação)

2º Morgana Madeiro - Audi S3 nº 18 - 09s698 (0,023 de reação)

Desafio Força Livre

1º Marben Moura - Volkswagen Gol G4 Turbo nº 05 - 07s199 (0,152 de reação)

2º Ivo Leal - Volkswagen Gol G4 Turbo nº 10 - 07s398 (0,231 de reação)

3º Alcindor Menezes - Volkswagen Gol G4 Rally Turbo nº 17 - 09s450 (0,239 de reação)












Chevrolet Chevette SL 1985 de Lucas Moreira - teve problemas ainda durante os treinos, registrando apenas uma puxada





Volkswagen Saveiro G2 de Guilherme Carneiro - andou apenas nos treinos, tendo a melhor passagem em 8s961 (0,405 de reação)


Chevrolet Chevette SE 1986 de Luiz Miguel Buarque

Chevrolet Chevette SE 1989 de Kauan Mendes
























O Gol G4 de Alcindor Menezes após a batida na barreira de pneus






Relembrando a saudosa revista Fullpower, que nas coberturas das provas de arrancada sempre publicava fotos das joias estacionadas, trago para vocês algumas imagens dos bastidores















Junto aos pilotos Rômulo Amorim e Adésio Santos