"Um espaço reservado para falar das lembranças, histórias e episódios dos mais de 60 anos de Mil Milhas Brasileiras. E de outras coisas mais!"

sábado, 24 de fevereiro de 2024

Wilson Fittipaldi Jr. (1940-2024)

O seleto grupo dos grandes pilotos nacionais que partiram desta dimensão ganhou mais um representante na constelação que formam do lado de lá. Faleceu nesta sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024, o piloto e chefe de equipe Wilson Fittipaldi Jr., em virtude de complicações clínicas decorrentes de uma parada cardíaca.

No dia 25 de dezembro de 2023, Wilsinho estava comemorando o seu aniversário de 80 com jantar em família, quando se engasgou com um pedaço de carne. O período sem oxigenação do organismo foi suficiente para lhe causar uma parada cardíaca, que apenas agravou seu estado de saúde.

Sua carreira dispensa maiores comentários, pois além de ter sido piloto de duas das maiores equipes nacionais de automobilismo (Willys e Dacon, nos anos 60), foi também piloto de Fórmula 1, disputando 38 GP's entre 1972 e 1975, inclusive pela equipe Copersucar neste último ano.

Mas como é impossível falar de Wilsinho e não falar de Mil Milhas Brasileiras, faremos um breve resumo sobre as suas participações na maior prova do automobilismo nacional, criada inclusive pelo seu pai, o Barão Wilson Fittipaldi.

A estreia na prova ocorreu em 1966, na 8ª edição, quando dividiu a pilotagem do Karmann Ghia Porsche 2.0 nº 77 com Ludovino Perez Jr. (Falecido em 27 de novembro de 2018). Saindo da pole position, com o tempo de 3min38s2, a dupla enfrentou problemas com a quebra do para-brisa, causada pelas pedras que se soltavam do esburacado traçado de Interlagos dos anos 60. Terminou na 8ª posição, com 192 voltas completadas.

Em 1967, mais uma participação na prova, desta feita em dupla com seu irmão Emerson. O bólido escolhido foi o enigmático Fitti-Porsche, um protótipo GT construído pelos irmãos Fittipaldi que tinha como base um Porsche 550 Spyder (anteriormente do piloto Christian Heins). De cara, o lindo protótipo mostrou a que veio, tendo quebrado o recorde de tempo de volta em Interlagos nos treinos por algumas vezes, sendo o menor tempo registrado de 3min31s8.

Depois de largar na pole, o Fitti-Porsche sofreu um vazamento de combustível, que impôs uma parada inesperada nos boxes. Logo após, houve um princípio de incêndio, que fez com que o carro retornasse aos boxes novamente. Por fim, a quebra da junta homocinética foi a gota d'água para o término da participação do carro na prova. Após passar por diversas mãos, até hoje não se sabe o paradeiro deste carro...

No ano de 1981, prestes a estrear na Stock Car, Wilsinho participou das Mil Milhas de 1981, formando dupla em um Opala com Reinaldo Campelo, preparado por Claude Bess. O resultado final foi a 17ª posição, com 176 voltas completadas.

A tão esperada vitória nas Mil Milhas veio no ano de 1994, e de uma forma muito especial. No ano em que a Mil Milhas fora um evento de nível internacional pela primeira vez, Wilsinho disputou a prova com um Porsche 911 GT Le Mans, equipado com motor turbo 3.8 de 420 cavalos de potência, em dupla com seu filho Christian. Após largar na 2ª posição, o Porsche assumiu a liderança na 16ª volta, permanecendo nesta condição até a volta 116.

A retomada ocorreu na 126ª passagem, e da liderança não mais saíram até a bandeirada, colocando o seu nome na história de forma defitiniva. Durante a corrida, o Porsche funcionou como um relógio suíço, não tendo apresentado qualquer problema, mesmo com a elevação da pressão do turbo de 0,8 bar para 1,5 bar. De quebra, os Fittipaldi marcaram a melhor volta da prova, com 1min43s438.

No ano seguinte, que marcou sua sétima participação em Mil Milhas, Wilsinho voltou com um esquema de corrida ainda mais forte. Inscrito com o Porsche 993 da Equipe Konrad Motorsport, disputou a prova formando trio com Antônio Hermann e Franz Konrad, sendo que este sequer chegou a pilotar o carro, pois estava inscrito no outro Porsche da equipe, que terminou na 2ª posição. O show de velocidade foi tão grande que o Porsche de Wilsinho & Cia. registrou a melhor marca da prova, com 1min41s320, liderou de ponta a ponta e terminou com 15 voltas de vantagem para o 2º colocado e 29 para o 3º.

Descanse em paz, Wilsinho. Você foi um grande campeão aqui nessa terra.










sábado, 10 de fevereiro de 2024

Mario Haberfeld nas Mil Milhas Brasil de 2007

Caros amigos leitores! Após um indesejável período de ausência neste espaço, voltamos à ativa para falar da participação do piloto brasileiro Mario Haberfeld nas Mil Milhas Brasil do ano de 2007. Mas fico devendo a vocês um especial sobre a prova de 2024, que será publicado no dia 28 deste mês, marcando o aniversário de 14 anos do Blog da Mil Milhas.

Antes de falarmos especificamente sobre Haberfeld na prova disputada em 10 de novembro de 2007, cabe lembrar que o piloto nasceu em 25 de janeiro de 1976 na cidade de São Paulo - SP, tendo feito sua carreira exclusivamente em categorias internacionais a partir de 1994, na Fórmula Ford Britânica. Após alguns anos competindo em categorias de monopostos, foi campeão da Fórmula 3 Britânica em 1998 pela equipe Paul Stewart, com 06 vitórias, 05 poles, 04 voltas mais rápidas e 05 pódios nas 16 corridas da temporada.

Entre 2000 e 2004 passou pelas categorias Fórmula 3000 e Champ Car, sendo que em 2006, disputou corridas em protótipos na Rolex Series e Le Mans Series, com resultados discretos. Longe das pistas desde 2008, disputou as 02 corridas iniciais do certame Jaguar I-Pace eTrophy, na temporada 2019-2020, substituindo Cacá Bueno na equipe ZEG iCarros Jaguar Brazil (por conta de compromissos na Stock Car Brasil).

Na 35ª edição das Mil Milhas, que naquele ano fora chamada de Mil Milhas Brasil, por ter sido incluída como a 6ª etapa do European Le Mans Series, Mário Haberfeld formou trio com os ingleses Warren Hughes (vencedor na categoria LMP2 nas 24 Horas de Le Mans de 2005, com o brasileiro Thomas Erdos e o também inglês Mike Newton) e Darren Manning (campeão da Fórmula 3 Japonesa em 1999 e ex-piloto da IRL) na condução do protótipo inglês Radical SR9 nº 45 da equipe Embassy Racing.

O bólido era equipado com um poderoso motor Judd V8, de 3.4 litros, e fora enquadrado na categoria LMP2, na qual competiram também um Zytek 07 S/2 V8 3.4 litros e um Pilbeam MP93 V8 3.4 litros, sendo que neste último também estava inscrito o piloto brasileiro Paulo Bonifácio.

Partindo da 6ª posição (com o tempo de 1min24s609), o protótipo inglês terminou na 16ª posição (do grid formado por 23 carros), com 278 voltas completadas, sendo que a volta mais rápida foi registrado em 1min25s707.