"Um espaço reservado para falar das lembranças, histórias e episódios dos mais de 60 anos de Mil Milhas Brasileiras. E de outras coisas mais!"

terça-feira, 21 de setembro de 2021

Djalma Fogaça: Dois momentos na Mil Milhas Brasileiras

A carreira de Djalma Fogaça, conhecido também como "Caipira Voador", dispensa maiores comentários, dado o sucesso que fez nos monopostos no início dos anos 90, passagem com vitória pela Stock Car e a longa carreira na antiga Fórmula Truck (atual Copa Truck), iniciada em meados de 1997.

Mas a sua história na Mil Milhas começa bem antes disso, já nos anos 80. Após a estréia em 1984, dois anos depois disputou a prova em dupla com Sebastião Andrade no Opala nº 04. Em uma corrida marcada pela chuva em grande parte de sua duração, Fogaça deu show no molhado, e reza a lenda, ao ponto de chamar a atenção do campeoníssimo Zeca Giaffone.

11 anos depois, fora inscrito novamente, desta feita para pilotar um AS Vectra - protótipo cujo AS do nome homenageia o tricampeão de F1 Ayrton Senna - fazendo dupla com Renato Russo. No grid, a marca de 1min45s031 foi suficiente para conquistar a 5ª posição. Contudo, quando estava na terceira posição, o protótipo apresentou problemas mecânicos, tendo que abandonar a prova.





quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Ford Belina Del Rey L 1991 (meu primeiro antigo)

Não é segredo para ninguém que desde criança sou apaixonado por carros antigos. Enquanto o pessoal da minha idade sonhava com carros novos, rebaixados e com rodas grandes, aos 11 anos de idade eu sonhava de olhos aberto com um Opala Diplomata 1992 com rodas do Omega CD. E desde abril de 2018 (quando nem carro eu tinha, descia de Uber para lá), frequento o encontro semanal de antigos promovido pela confraria Cheiro de Mofo aqui em Maceió, onde tem lugar para carros de todos os níveis e gostos, em pé de igualdade.

O tempo foi passando, e com muito custo, consegui adquirir meu primeiro carro aos 28 anos de idade. Não foi o desejado Opala, mas sim, um Volkswagen Novo Polo que além de me servir muito bem, me faz muito feliz ao volante dele e na hora de abastecer. Mas o desejo pelo antigo continuava...

No fim do ano passado, após passar constantemente por uma Ford Belina Corcel 1978 que ficava parada em uma avenida de grande movimento aqui de Maceió, tive a oportunidade de parar e procurar maiores informações sobre o carro. Bati na casa mais próxima ao lugar em que a Belina estava estacionada, e a pessoa que abriu a porta me indicou quem era o proprietário dela. Após uma conversa com o dono, fiquei sabendo que o veículo tinha ficado parado por cerca de 17 anos. Tinha algumas marcas desse período na lataria (pontos de ferrugem nos cantos das peças, junto aos vidros, pintura gasta, etc.) e a tapeçaria precisava de muitos reparos. Mas a mecânica CHT estava saudável.

No início ele não quis aceitar nenhuma conversa sobre a venda do carro, mas aos poucos, foi dando sinais de que não seria nada impossível, diante de uma boa oferta. Então peguei o contato dele, tirei uma foto do carro e fui embora, na promessa de que ele iria pensar melhor. Isso foi numa sexta-feira.

Ainda naquele dia, mandei essa foto para uma pessoa que até então eu considerava como um amigo, pois me conhece desde que nasci e sempre me serviu quando eu precisei. Ele conhecia o carro, mas como eu tinha percebido, disse que a Belina precisava de muito trabalho ainda.

Na segunda-feira posterior, essa mesma pessoa me passou as fotos de uma Belina Del Rey azul, que tinha chegado em uma oficina próxima para fazer alguns reparos, e que o vendedor iria levá-la logo após para vendê-la no interior da Bahia. Então me comprometi a ir olhar o carro no dia seguinte, sem compromisso. Ao chegar lá, foi amor a primeira vista com essa senhora (rsrsrsrs), depois de dar uma volta no quarteirão com ela. E o engraçado, ela tem a minha idade.

É certo que ela tinha vários detalhes para fazer (alguns arranhões, trocar uma lanterna traseira, as polainas dos para-choques, o revestimento do banco do motorista, entre outros), mas no geral se apresentava um carro bem íntegro, sem grandes coisas a fazer em termos de lanternagem, além de a mecânica (motor AP 1800) estar em dia. Fiz o negócio na hora, embora não tenha sido nem o meu preço nem o do vendedor, mas foi um valor dentro da margem (poderia ter baixado pelo menos uns R$ 500). Tanto o é, que segundo me disseram, o vendedor se arrependeu de ter vendido pelo preço que comprei.

Levei o carro para casa à noite (de surpresa, pois minha mãe só veio a conhecê-lo quando chegou no estacionamento do condomínio, e achou que eu era louco, que tinha jogado dinheiro fora), e no dia seguinte dei umas voltas com ele, para conhecê-lo. A experiência era totalmente diferente, pois trata-se de um carro espartano, sem direção hidráulica ou ABS, com embreagem mais pesada e limitado jogo de esterço do volante. Além de ser grande pra caramba! (olho para trás ao fazer uma conversão e parece que a carroceria ainda está no meio da rua, rsrsrsrsrs). Era o meu batismo como motorista, pois a embreagem e volante leves do Polo não me faziam um motorista raiz.

Na semana seguinte, deixei o carro em um lava-jato para dar aquela geral (lavagem externa, interna e polimento), e foi quando começou um calvário para mim. O carro tinha um truque que consistia em um pequeno botão escondido na coifa da homocinética, que caso não fosse desligado, a corrente elétrica logo era cortada e o motor parava de funcionar. Como não tinha me lembrado de avisar isso, algum funcionário desavisado acabou sendo surpreendido, e talvez na ânsia de fazer o carro funcionar, quebrou o botão de acionamento do pisca-alerta.

Fui pegar a Belina lá, naturalmente fiquei puto, mas não tinha muito o que fazer. Acabei levando o carro para essa pessoa que conheço para ele "dar um jeito", já que não tinha muito tempo na hora de ver isso (troca da chave de comutação). No fim das contas, passei um longo período de dor de cabeça, com idas e vindas até lá para ver como o carro estava, pois tinha combinado que ele faria as urgências. Nada de grande foi feito, tive prejuízo com isso, mas pelo menos conheci o caráter das pessoas e ganhei aprendizado. Afinal, é errando que se aprende na maioria das vezes.

Desde então, coloquei como meta: Se fui eu que comprei o carro, sou eu quem tem que cuidar, arrumar e assumir as responsabilidades, custe o que custar. E desde então tem sido assim, aprendendo aqui e ali, nem que seja na marra, mas indo em frente com o objetivo de salvar esse carro e deixá-lo melhor do que quando ele veio para a minha mão.

Pois bem, desde janeiro desse ano venho substituindo uma peça aqui e outra ali, mudando os detalhes, mas me divertindo muito com a minha Emmanuelle (o apelido carinhoso que arrumei para ela, rsrsrsrsrs). Em cada encontro de antigos são novas histórias, amizades e a certeza de estar fazendo aquilo que se gosta. Já fiz duas viagens curtas com ela (para cidades vizinhas a Maceió, com cerca de 60 km de distância para a capital), e ela tem se comportado muito bem.

E nessa história, não podia deixar de agradecer ao meu irmão Rodrigo Carelli, que tem me ajudado muito com peças e informações sobre o carro, e tem sido de fundamental importância nessa empreitada.

Ainda há muito o que fazer nela, mas quem sabe onde quer chegar, não tem medo do caminho que pode percorrer. O objetivo não é e nunca foi deixá-la original ou igual ao modelo Ghia (top de linha), mas sim, deixá-la um carro com sua própria identidade.