"Um espaço reservado para falar das lembranças, histórias e episódios dos mais de 60 anos de Mil Milhas Brasileiras. E de outras coisas mais!"

terça-feira, 24 de agosto de 2021

José Luiz "Graham Hill" Nogueira: 88 anos de uma vida ligada ao automobilismo

Em janeiro de 2021, recebi um comentário em uma das postagens que fiz sobre o piloto José Luiz Nogueira, o Graham Hill, que despertou minha atenção. Na postagem publicada em março de 2016 (a outra foi no mês de janeiro de 2012), uma de suas filhas, Lucimara Nogueira, comentou brevemente na matéria, e após a minha resposta, entrou em contato comigo através de e-mail e posteriormente por aplicativo de mensagem.

Prontamente, Lucimara me contou que seu pai estava muito bem de saúde, e que assim que estivesse com ele, lhe falaria sobre a ideia de fazermos uma entrevista, ainda que à distância, pois moro na capital alagoana, enquanto Nogueira mora na capital paulistana.

Após o envio de uma bateria de perguntas, tive um retorno de Lucimara, que gentilmente a repassou para seu pai, e que por sua vez, respondeu da seguinte forma. E a data escolhida para a publicação foi também em comemoração ao dia 21 de agosto, ocasião em que José Luiz completou 88 anos (seu número predileto nas corridas) de vida. E que venham muitos outros!


1. Sr. José Luiz, ou Graham Hill brasileiro, é uma honra poder fazer essa matéria com o senhor, e assim, poder compartilhar com os amantes da velocidade um pouco da sua longa história no esporte a motor. Primeiramente, gostaria que o senhor se identificasse para nós, dizendo seu nome, data de nascimento e naturalidade.

R: Meu nome é José Luiz Nogueira, nasci em 21 de agosto de 1933, e sou natural de Campestre, Minas Gerais.


2. Como e quando surgiu o seu interesse pelo automobilismo? Houve influência de alguém nessa relação?

R: Eu sempre tinha interesse em assistir as corridas que aconteciam em Poços de Caldas/MG. E um dia falei para mim mesmo que seria piloto.


3. O senhor possui alguém como referência ou que admire no automobilismo?

R: Sim, Ayrton Senna.


4. Quando e como foi sua estreia nas corridas?

R: Foi no ano de 1947, com apenas 14 anos de idade, em uma Fuscão. A corrida foi disputada em Poços de Caldas/MG, e minha estreia foi em grande estilo, pois cheguei em 2º lugar. Para mim foi uma grande vitória.


5. Qual o carro que lhe deu mais prazer em guiar?

R: Com certeza foi o Opala, da Stock Car.


6. Alguma ou algumas corridas específicas ficaram marcadas em sua memória? Qual foi o momento mais marcante?

R: Sim, houve várias. Mas uma corrida em São Paulo (Interlagos) foi ficou marcada ocorreu em meados de 2006, quando estava na categoria de pick-up. Meu carro quebrou no sábado, dia em que geralmente fazemos as classificações. Com 40 participantes, larguei em último lugar e fui passando, ganhando um a um, e cheguei em primeiro lugar. Foi muito emocionante.


7. Qual pista é a sua favorita? Já correu fora do Brasil?

R: Minha pista preferida é Interlagos. E já corri em outros países, como Argentina (Autódromo Oscar Galvéz) e Estados Unidos (Homestead Speedway e Daytona International Speedway).


8. Quem foi o cara mais difícil (pode ser em relação ao talento, agressividade ou velocidade) com quem já correu?

R: Foi o Nelson Piquet.


9. E as Mil Milhas Brasileiras, em quantas já participou? Tem alguma edição que deixou uma lembrança marcante?

R: Já participei das Mil Milhas em diversas vezes, tanto que já perdi as contas. Em toda corrida existem momentos marcantes, cada qual com a sua importância. Mas todas estão guardadas em meu coração.


10. Como foi o retorno às pistas na Pick-up Racing, em 2005?

R: Foi incrível. A categoria estava começando, então peguei a fase de ajustes. Mas foi sempre um sucesso. Todo retorno que obtemos de algo que amamos é sempre muito emocionante. Até hoje possuo a pick-up montada para corrida. É só entrar na pista e pilotar.


11. E atualmente, como está o contato com o automobilismo?

R: Gosto muito de assistir, de acompanhar as categorias. Mas no momento, inclusive devido à pandemia, estou mais quietinho em casa. mas quem sabe em breve...


12. É lenda ou verdade que o senhor teve 18 filhos? Rsrsrsrsrsrs

R: Eu não tive nenhum, quem teve foram as mulheres, kkkkkkkkkkk.


13. E dos seus filhos, quais seguiram o gosto pelo automobilismo? Sei que o Peterson corria de kart.

R: Dois deles, o Peterson Nogueira e Luiz Donizette. Tive duas filhas que também gostavam muito de fazer corridas de kart, a Lucimara e a Luana Nogueira. Mas elas não seguiram adiante por conta dos estudos, família, filhos! Mas aqui o automobilismo está no sangue!


E assim, encerro a matéria de hoje, grato à Lucimara Sílvia pela oportunidade de registrar um pouco da carreira de um dos nomes que fizeram parte da história do automobilismo nacional, José Juiz Nogueira, o Graham Hill. Parabéns a ele por mais um ano de vida!




sexta-feira, 13 de agosto de 2021

Mil Milhas de 1984: Um espetáculo pirotécnico em plena reta de Interlagos

Prova à noite. Luz ofuscada de centenas de faróis. Chuva. Grid lotado. Os melhores ingredientes para uma confusão logo na largada de uma corrida. E foi isso o que aconteceu quando a bandeira verde foi baixada na 14ª edição da Mil Milhas Brasileiras, disputada em 22 de janeiro de 1984.

O grid formado por 63 carros tinha na primeira fila os Opalas de nº 67 (pole, pilotado por Marcos Gracia e Luiz Alberto Pereira) e nº 20 (Luiz Roberto Coutinho Nogueira/Caetano Aliperti/Edson Yoshikuma), e a largada foi dada sob chuva, com os carros parados e divididos em filas de três.

Corrida iniciada, mas o Opala nº 20, com Beto Nogueira ao volante (à época o menos experiente do grupo, pois havia pilotado apenas o modelo Escort em provas de Marcas e Pilotos) deu uma bela estancada, e o motor acabou apagando. Com isso, o batalhão de carros que vinha atrás teve que desviar, mesmo com a visibilidade afetada pelo spray causado pela pista molhada. Os mais próximos conseguiram fazê-lo, dada a baixa velocidade no momento, porém os que vinham nas últimas filas já alcançaram o Opala parado quando marcavam cerca de 130 km/h (3ª para 4ª marcha), e 08 carros acabaram batendo, causando um acidente impressionante.

O primeiro carro a acertar o Opala foi o Fiat 147 nº 35 da equipe Galileo (Marcelo Toldi/José "Coelho" Romano/Helio Horácio Matheus), que ficou com a frente destruída, sendo que o piloto Marcelo Toldi fora removido do veículo pelo para-brisa. Dentre os demais envolvidos, tivemos o VW Voyage Hot Car nº 51 de Josué de Melo Pimenta/Dárcio dos Santos, o Fiat 147 nº 111  de Nelson Silva Jr./Telmo Maia, e o GM Chevette nº 68 do trio Valter Spinelli/Valcir Spinelli/Roberto Dal Pont.

Com as batidas, alguns carros tiveram vazamento de combustível (como era início de corrida, todos estavam com o tanque cheio), que ficou espalhado pelo asfalto e causou um incêndio que assustou até quem estava nas arquibancadas. Felizmente, os bombeiros conseguiram apagar rapidamente os 02 focos de incêndio, evitando que os prejuízos não fossem apenas materiais.

Dos carros envolvidos no acidente, 02 deles conseguiram voltar para a 2ª largada (um deles foi o Chevette nº 68, que foi até o final da prova), dada quase 02 horas depois do acidente. Ao final de 13h12min37s, o trio Zeca Giaffone, Reinaldo Campello e Maurizio Sala, do GM Opala Stock Car n° 12 recebeu a bandeirada em primeiro lugar, com apenas 34 segundos de vantagem para a dupla do GM Opala Stock Car nº 19, Alencar Júnior e Leonel Friedrich.