"Um espaço reservado para falar das lembranças, histórias e episódios dos mais de 60 anos de Mil Milhas Brasileiras. E de outras coisas mais!"

domingo, 19 de dezembro de 2021

Ford Ka 2.0 nos 500 Quilômetros de Interlagos 2005

Esse pequeno valente não é desconhecido do nosso blog, pois em janeiro de 2013, contamos a história de sua preparação para a 29ª edição da Mil Milhas Brasileiras (disputada em janeiro de 2001). Para conferir essa postagem, acessem o arquivo de Jan/2013 no menu ao lado.

Mas o capítulo de hoje sobre o Ford Ka com motor Zetec 2.0 16v, preparado por Leandro de Almeida e posteriormente adquirido por Roberto "Coruja" Amaral, trata-se da participação do bólido nos 500 km de Interlagos de 2005, esta que foi a 24ª edição da prova (realizada no dia 31 de julho daquele ano).

Na ocasião, o Ford fora pilotado pela dupla formada por Rodrigo Garcia e Roberta Amaral (filha de Roberto Amaral, que preparava o carro e também participou da prova, com o GM Omega nº 44), então com 19 e 17 anos, respectivamente, tendo conquistado a 5ª posição na categoria IV (D), e a 27ª (última) na geral no grid de largada.

Na classificação, o ritmo girou em torno de 1min58s, enquanto que na corrida a tocada chegou a 1min53s, o suficiente para deixá-los na 3ª posição na categoria e 12ª na geral, considerando que fora feita apenas 01 parada para reabastecimento e troca de pilotos, bem como os problemas nos freios dianteiros, que acabaram antes da bandeira quadriculada.

Após a prova, o Ford Ka continuou a ser utilizado em corridas do Campeonato Paulista de Automobilismo.




quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

Uma tarde de boas histórias com José Luiz Nogueira, o Graham Hill Brasileiro

No dia 19 de novembro de 2021, uma sexta-feira, tive a oportunidade de conhecer pessoalmente uma pessoa que admiro há um bom tempo. Como o título da matéria já entregou, trata-se do querido piloto José Luiz Nogueira, mais conhecido como Graham Hill, tamanha a semelhança física com o falecido piloto britânico (único detentor da chamada tríplice coroa do automobilismo - 500 Milhas de Indianápolis, GP de Mônaco de Fórmula 1 e 24 Horas de Le Mans).

A oportunidade de conhecê-lo veio após o fundamental contato com uma de suas filhas, muito simpática por sinal, Lucimara Nogueira, que primeiro possibilitou a entrevista à distância que foi publicada nesse blog no último mês de agosto (confiram no menu ao lado direito), e que depois abriu as portas de sua casa para nós, pois essa missão encarei em companhia do meu irmão de gasolina Rodrigo Carelli (//blogdocarelli.blogspot.com), o cara que me mostra os caminhos das pedras dos rolês automobilísticos da capital paulista.

Marcamos a visita para as 16:00 daquela tarde nublada, mas o trânsito quilométrico de São Paulo fez com que atrasássemos um pouco, além de comer aquele velho McDonald's no próprio carro. Fomos muito bem recebidos pela família Nogueira, com uma mesa posta para o lanche da tarde que me fez até esquecer um pouco das corridas (aquelas coxinhas de frango estavam deliciosas, rsrsrsrs). Nosso querido José Luiz, com seu jeito tranquilo e sereno, já tinha preparado uma pasta repleta de fotografias, matérias de revistas e jornais, fichas de provas, entre outros, para nos mostrar, mas quem deu o tom da conversa foi a simpatia e carisma de sua filha Lucimara e de sua esposa, Dona Maria José Nogueira.

Naquele momento pudemos ter a ideia de como era a vida de uma família ligada ao automobilismo nos anos 70, 80 e 90. Na época, era rotina a família viajar por semanas em um motorhome muito bem equipado (com tudo o que se precisa em uma casa) para participar de provas pelo Brasil inteiro, até mesmo na longínqua Fortaleza, quando a Stock Car fez sua única visita pelo Nordeste, em 1979. Não foram raras as vezes em que as crianças saíam diretamente do colégio para a estrada!

E foi nesse ambiente de pista, corridas e máquinas que, naturalmente, seus filhos cresceram, criando gosto pelo esporte a motor. Como já dito na entrevista publicada em agosto deste ano, os filhos Luiz Donizetti Nogueira e Peterson Nakamura Nogueira se tornaram pilotos, sendo que o primeiro chegou a ter sua própria equipe de competição, estando radicado atualmente em Miami, Flórida. Mas quem pensa que foram apenas os filhos homens que herdaram essa paixão, está muito enganado...

Duas das filhas do casal, Luana e Lucimara, também tiveram suas experiências nas pistas, mais especificamente no Kart, chegando a ganhar corridas. E uma dessas vitórias, nos contou Lucimara, foi bem marcante, pois, além de ter saído do fim do grid, um competidor se sentiu ofendido por ter perdido a corrida para uma mulher (coitado...) e partiu para cima dela para intimidá-la. E quem disse que Lucimara baixou a cabeça? Muito pelo contrário, o marmanjo teve a sorte de a coisa não ter ido muito a frente e não ter levado uns bons e merecidos tapas!

Aliás, para Nogueira, não tinha distinção entre homem e mulher para pegar no volante de um carro, e até mesmo de um caminhão. A família nos contou a história do dia em que foram retirar um caminhão da concessionária (sem a carroceria, só com a cabine e o chassi), e Dona Maria fora escalada para levar o bólido até a garagem da família. Mas por nunca ter dirigido um veículo daquele tamanho, sobretudo no trânsito de São Paulo, acabou não aceitando a tarefa, que coube à uma de suas filhas, Luana. E ela deu conta do recado direitinho, sob as orientações do pai. Ah, e para dar mais emoção à essa história, ela era menor de idade e não tinha habilitação! Quem nunca né? Rsrsrsrs

Mas voltando ao esporte a motor, pudemos ter contato com uma parte da história do automobilismo nacional que não é muito lembrada pela imprensa em geral, que são os campeonatos regionais de marcas e pilotos, a base de muitos profissionais que alcançaram destaque nacional e internacional. Não por acaso, Nogueira chegou a ser campeão da categoria nos certames de São Paulo, Paraná e Goiânia, sendo que uma vitória em uma das etapas deste último campeonato, proporcionou uma história de deixar os cabelos em pé.

Lucimara conta que tinha por volta de 6 ou 7 anos, quando acompanhava seu pai em uma prova disputada no autódromo de Goiânia. Na época, Dona Maria José estava grávida de Luana, e naturalmente, a família estava acampada ao redor da pista em seu motorhome. Depois da bandeira quadriculada ser mostrada ao pai, Lucimara teve o ímpeto de pular a cerca, correr pela área de escape coberta de grama, e atravessar a pista, no meio dos carros, para chegar aos boxes e abraçar o pai. Só de imaginar a cena, já dá um frio na barriga...

Nogueira nos contou, também, que uma das experiências que lhe deu mais prazer nas pistas foi vencer uma corrida partindo do fim do grid. E que tal atraso se deu por sua própria vontade, pois na hora em que o carro ia deixar os boxes para alinhar no grid, veio ordem sua para levantá-lo nos macacos! Sair dos boxes e passar todo mundo, um a um, para vencer a corrida, não tem preço né? Uma curiosidade quanto a este ponto é que o piloto não se envolvia diretamente na montagem e preparação dos seus carros, que ficava a cargo de mecânicos de sua inteira confiança, se concentrando apenas na tocada.

Com o jeito mineiro de ser, tranquilo, sereno, nos contou ainda que guarda muitas lembranças boas dos tempos de pista (que não terminou ainda, diga-se de passagem, basta apenas convencer Dona Maria José e as filhas de deixá-lo vestir o macacão, colocar o capacete e acelerar a barata!), como por exemplo, da amizade que teve com o piloto Olício dos Santos Filho (bicampeão brasileiro do Torneio Philco Corcel II em 1981/1982 e campeão da categoria Força Livre, no Estado de Missiones, Argentina, atualmente com 77 anos), um dos pilotos que considera como amigo, além do tetracampeão da Stock Car, Paulo Gomes.

Pois bem, meus queridos leitores, encerro esse texto com muita gratidão pela oportunidade que tive de conhecer um pouco mais não só da história deste grande esportista, mas também de sua família, que abriu as portas de sua casa para mim e Rodrigo, de forma gentil e solícita, possibilitando esse registro para o público apaixonado pelo automobilismo nacional. Boas histórias como essas não devem ser guardadas, mas sim mostradas para a atual e futuras gerações!











quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Eduardo Celidonio (1943 - 2021)

Através de um post de Camilo Christófaro Júnior em seu perfil de uma rede social, tomamos conhecimento de que no último domingo, faleceu o piloto paulistano Eduardo Celidonio. Infelizmente não obtivemos maiores informações a respeito da causa da morte, mas fica aqui o registro de nosso pesar à família e amigos. Que Deus o receba em sua casa para essa nova jornada da vida.



Eduardo Celidônio pilotando o Super V Magnum-Kaymann, em etapa do primeiro campeonato brasileiro de Super V, no autódromo de Interlagos, no ano de 1975.

segunda-feira, 8 de novembro de 2021

Opala Hot Car de Amadeu Rodrigues - 1988

Uma singela lembrança do lendário Amadeu Rodrigues - falecido em novembro de 2020 - nos vem através do Chevrolet Opala preparado sob o regulamento da Hot Car, com o qual ele conquistou o vice campeonato da prova de 1988, sendo o vencedor em sua própria categoria. Na ocasião, a pilotagem do valente Chevrolet foi dividida entre Amadeu, Carlos Alves - que seria vencedor da prova em 1990 - e Reginaldo Calabró, sendo que foram completadas 201 voltas - 03 a menos que o vencedor, o Stock Car (carenagem hidroplás) de Zeca Giaffone e Luiz Alberto Pereira.


sábado, 23 de outubro de 2021

Fusca 1970 de Victor Amorim - Um carro símbolo dos antigos de Alagoas

Já tinha um certo tempo que eu queria falar sobre esse carro, mas a correria do dia-dia fez com que a ideia de colocar a sua história no papel (ou melhor, na tela), fosse adiada. Aliás, a primeira vez que o vi foi em março de 2020, no último evento de antigos (realizado no clube da Associação do Ministério Público Estadual) antes do início das restrições causadas pela pandemia de Covid-19. E confesso que fiquei muito feliz com a conquista desse cara, que consegue unir os proprietários de carros antigos de Alagoas através do perfil no Instagram @antigos_al.

Conheci o Victor Amorim Soares, maceioense apaixonado por carros desde criança, em meados de abril de 2018, quando comecei a frequentar o encontro semanal de antigos que acontece nas noites de quinta-feira, no bairro histórico de Jaraguá, aqui na Capital. Nessa época, fazia pouco tempo que eu acompanhava o perfil no Instagram, mas já chamava a minha atenção o grande número de antigos registrados em Alagoas, sendo que alguns deles eu sequer tinha visto da rua. Um exemplo disso foi a minha primeira contribuição, o flagra de uma Ford Bronco 1987 (a única no Brasil com essa configuração) que vi na garagem de um prédio da parte baixa da cidade no réveillon de 2018.

Sempre presente nos encontros de carros de Alagoas, o @antigos_al consegue unir os diferentes clubes/confrarias do Estado, sendo uma referência de informações para o público a respeito do assunto. E olha que o cara não tem nem 20 (vinte) anos e já manja muito assunto, que começou com as modificações em carrinhos de miniatura (pintura, troca de rodas, etc.).

Cabe fazer um parêntese, também, sobre a origem do perfil. A ideia surgiu a partir da compra de seu primeiro Fusca (isto será contado mais à frente), quando Victor passou a acompanhar as páginas automotivas do Estado nas redes sociais. Existiam páginas de carros esportivos, novos, preparados e rebaixados, porém, não existia uma que falasse especificamente sobre antigos. Então, depois que passou a frequentar os encontros semanais e eventos, no dia 03 de janeiro de 2017, veio a ideia de criar a página Antigos Alagoas (@antigos_al), como forma de divulgação de datas, dos carros alagoanos para outros Estados, e reunir a galera que gosta do mundo das 4 rodas.

É nesse espaço que podemos também tirar dúvidas, trocar ideias, descontrair, postar os flagras dos antigos rodando pelas ruas e registrar os encontros realizados. Hoje o perfil conta com mais de 7.500 amigos seguidores, e com mais de 1.500 publicações. E aproveitando a oportunidade, deixo aqui registrados os agradecimentos do Victor a todos os parceiros e amigos que sempre apoiaram a apoiam o crescimento da página e da cultura do antigomobilismo e modificados.

Mas falando especificamente sobre essa beleza de Volkswagen, é indispensável dizer que trata-se de um modelo ano 1970, primeira edição, empurrado por motor 1600 cc boxer com carburador único, à gasolina. A carroceria foi pintada com um belo preto cadillac, montada sobre rodas aro 17 réplicas da Porsche com pneus Toyo DBR, contando com lanternas traseiras e para-choques do Fusca 1952, freio a disco de VW Golf nas rodas traseiras e saídas de ar na tampa do motor. Já o interior fora inteiramente refeito, forrado em couro na cor terracota, com bancos e vidros elétricos, alavanca Empi de engates rápidos, sistema de som completo (subwoofer, kit de médios e graves), painel de instrumentos, entre outros itens.

A história de Victor com o seu Fusca começou mais precisamente no dia 28 de dezembro de 2019, às 12h09min, quando ele chegou em sua residência. O carro pertencia ao seu amigo Waldemir Correia, que o encontrou no caminho de casa e lhe convidou para olhar o seu carro numa sexta-feira. O Fusca estava guardado na garagem de um prédio, coberto com uma capa, e ao retirá-la, já veio aquele sorriso no rosto que nós temos quando queremos arrumar um novo problema, digo, um novo antigo para nossa vida (rsrsrsrs).

Porém, o Fuscão não estava na sua melhor originalidade, pois o motor instalado era de Subaru, com alguns detalhes a fazer, traseira cortada para acomodar o motor, interior desmontado, entre outros detalhes que demandariam tempo e paciência para serem feitos. A ideia inicial era que Victor fosse auxiliar o então proprietário na recuperação do veículo, razão pela qual, já começou a pesquisar peças.

Mas a surpresa maior veio no dia seguinte, quando Waldemir se encontrou com um amigo seu, o Matheus Bortolacci, também fusqueiro (cuja história do surfista prateado já contamos aqui, em janeiro de 2019), e juntos, lhe deram a notícia de que o Fusca agora era do Victor! Emoção pesada né? Mas o cara não perdeu tempo e já foi atrás de um guincho para buscar a criança e levá-la ao novo lar.

Porém, quem pensa que a paixão pelo modelo surgiu agora, está bem enganado. Victor conta que o interesse por Fusca surgiu há anos atrás, pois em frente à sua antiga residência, havia uma oficina, na qual estava guardado um Fusca ano 1985, na cor cinza himalaia, coberto com uma generosa camada de poeira de cerca de 06 anos de idade. Depois de várias idas e vindas à oficina para paquerar a criança, veio a decisão de quebrar o cofre e fazer uma proposta ao proprietário. Proposta aceita, e o Fusca foi para casa, receber a restauração merecida. Mas por motivos de força maior, o VW teve que ser vendido, a contragosto. Para felicidade geral, passados alguns anos, um novo antigo passou a ocupar a sua garagem, desta feita, um VW GOL 1000 ano 1994, que também veio a ser vendido algum tempo depois (ainda bem, rsrsrsrs).

Pois bem, encerro essa matéria grato por poder registrar uma importante história que há muito tempo queria contar para vocês, e que ao saber dos detalhes, só me fez torcer ainda mais pelo sucesso desse cara. Parabéns Victor!


 















terça-feira, 5 de outubro de 2021

Protótipo AS - Vectra na Mil Milhas Brasileiras 1997

O registro de hoje é sobre o Protótipo AS-Vectra conduzido pelo trio Vitor Meira/Athos Diniz/Alex Bachega na edição de 1997 da Mil Milhas Brasileiras. Como sabemos, naquela ocasião a prova fora disputada no Autódromo Internacional Nelson Piquet, em Brasília. Entre os "mortais" - carros nacionais que destoavam do McLaren F1 BMW de Piquet e Cia e o Porsche 911 da Equipe Stuttgart - o protótipo foi o melhor colocado, ao terminar na 3ª posição no geral com "apenas" 40 voltas atrás do foguete vencedor. Cabe lembrar que AS do nome homenageia o tricampeão de F1 Ayrton Senna, enquanto o motor utilizado era o 2.0 do sedã da GM.





terça-feira, 21 de setembro de 2021

Djalma Fogaça: Dois momentos na Mil Milhas Brasileiras

A carreira de Djalma Fogaça, conhecido também como "Caipira Voador", dispensa maiores comentários, dado o sucesso que fez nos monopostos no início dos anos 90, passagem com vitória pela Stock Car e a longa carreira na antiga Fórmula Truck (atual Copa Truck), iniciada em meados de 1997.

Mas a sua história na Mil Milhas começa bem antes disso, já nos anos 80. Após a estréia em 1984, dois anos depois disputou a prova em dupla com Sebastião Andrade no Opala nº 04. Em uma corrida marcada pela chuva em grande parte de sua duração, Fogaça deu show no molhado, e reza a lenda, ao ponto de chamar a atenção do campeoníssimo Zeca Giaffone.

11 anos depois, fora inscrito novamente, desta feita para pilotar um AS Vectra - protótipo cujo AS do nome homenageia o tricampeão de F1 Ayrton Senna - fazendo dupla com Renato Russo. No grid, a marca de 1min45s031 foi suficiente para conquistar a 5ª posição. Contudo, quando estava na terceira posição, o protótipo apresentou problemas mecânicos, tendo que abandonar a prova.





quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Ford Belina Del Rey L 1991 (meu primeiro antigo)

Não é segredo para ninguém que desde criança sou apaixonado por carros antigos. Enquanto o pessoal da minha idade sonhava com carros novos, rebaixados e com rodas grandes, aos 11 anos de idade eu sonhava de olhos aberto com um Opala Diplomata 1992 com rodas do Omega CD. E desde abril de 2018 (quando nem carro eu tinha, descia de Uber para lá), frequento o encontro semanal de antigos promovido pela confraria Cheiro de Mofo aqui em Maceió, onde tem lugar para carros de todos os níveis e gostos, em pé de igualdade.

O tempo foi passando, e com muito custo, consegui adquirir meu primeiro carro aos 28 anos de idade. Não foi o desejado Opala, mas sim, um Volkswagen Novo Polo que além de me servir muito bem, me faz muito feliz ao volante dele e na hora de abastecer. Mas o desejo pelo antigo continuava...

No fim do ano passado, após passar constantemente por uma Ford Belina Corcel 1978 que ficava parada em uma avenida de grande movimento aqui de Maceió, tive a oportunidade de parar e procurar maiores informações sobre o carro. Bati na casa mais próxima ao lugar em que a Belina estava estacionada, e a pessoa que abriu a porta me indicou quem era o proprietário dela. Após uma conversa com o dono, fiquei sabendo que o veículo tinha ficado parado por cerca de 17 anos. Tinha algumas marcas desse período na lataria (pontos de ferrugem nos cantos das peças, junto aos vidros, pintura gasta, etc.) e a tapeçaria precisava de muitos reparos. Mas a mecânica CHT estava saudável.

No início ele não quis aceitar nenhuma conversa sobre a venda do carro, mas aos poucos, foi dando sinais de que não seria nada impossível, diante de uma boa oferta. Então peguei o contato dele, tirei uma foto do carro e fui embora, na promessa de que ele iria pensar melhor. Isso foi numa sexta-feira.

Ainda naquele dia, mandei essa foto para uma pessoa que até então eu considerava como um amigo, pois me conhece desde que nasci e sempre me serviu quando eu precisei. Ele conhecia o carro, mas como eu tinha percebido, disse que a Belina precisava de muito trabalho ainda.

Na segunda-feira posterior, essa mesma pessoa me passou as fotos de uma Belina Del Rey azul, que tinha chegado em uma oficina próxima para fazer alguns reparos, e que o vendedor iria levá-la logo após para vendê-la no interior da Bahia. Então me comprometi a ir olhar o carro no dia seguinte, sem compromisso. Ao chegar lá, foi amor a primeira vista com essa senhora (rsrsrsrs), depois de dar uma volta no quarteirão com ela. E o engraçado, ela tem a minha idade.

É certo que ela tinha vários detalhes para fazer (alguns arranhões, trocar uma lanterna traseira, as polainas dos para-choques, o revestimento do banco do motorista, entre outros), mas no geral se apresentava um carro bem íntegro, sem grandes coisas a fazer em termos de lanternagem, além de a mecânica (motor AP 1800) estar em dia. Fiz o negócio na hora, embora não tenha sido nem o meu preço nem o do vendedor, mas foi um valor dentro da margem (poderia ter baixado pelo menos uns R$ 500). Tanto o é, que segundo me disseram, o vendedor se arrependeu de ter vendido pelo preço que comprei.

Levei o carro para casa à noite (de surpresa, pois minha mãe só veio a conhecê-lo quando chegou no estacionamento do condomínio, e achou que eu era louco, que tinha jogado dinheiro fora), e no dia seguinte dei umas voltas com ele, para conhecê-lo. A experiência era totalmente diferente, pois trata-se de um carro espartano, sem direção hidráulica ou ABS, com embreagem mais pesada e limitado jogo de esterço do volante. Além de ser grande pra caramba! (olho para trás ao fazer uma conversão e parece que a carroceria ainda está no meio da rua, rsrsrsrsrs). Era o meu batismo como motorista, pois a embreagem e volante leves do Polo não me faziam um motorista raiz.

Na semana seguinte, deixei o carro em um lava-jato para dar aquela geral (lavagem externa, interna e polimento), e foi quando começou um calvário para mim. O carro tinha um truque que consistia em um pequeno botão escondido na coifa da homocinética, que caso não fosse desligado, a corrente elétrica logo era cortada e o motor parava de funcionar. Como não tinha me lembrado de avisar isso, algum funcionário desavisado acabou sendo surpreendido, e talvez na ânsia de fazer o carro funcionar, quebrou o botão de acionamento do pisca-alerta.

Fui pegar a Belina lá, naturalmente fiquei puto, mas não tinha muito o que fazer. Acabei levando o carro para essa pessoa que conheço para ele "dar um jeito", já que não tinha muito tempo na hora de ver isso (troca da chave de comutação). No fim das contas, passei um longo período de dor de cabeça, com idas e vindas até lá para ver como o carro estava, pois tinha combinado que ele faria as urgências. Nada de grande foi feito, tive prejuízo com isso, mas pelo menos conheci o caráter das pessoas e ganhei aprendizado. Afinal, é errando que se aprende na maioria das vezes.

Desde então, coloquei como meta: Se fui eu que comprei o carro, sou eu quem tem que cuidar, arrumar e assumir as responsabilidades, custe o que custar. E desde então tem sido assim, aprendendo aqui e ali, nem que seja na marra, mas indo em frente com o objetivo de salvar esse carro e deixá-lo melhor do que quando ele veio para a minha mão.

Pois bem, desde janeiro desse ano venho substituindo uma peça aqui e outra ali, mudando os detalhes, mas me divertindo muito com a minha Emmanuelle (o apelido carinhoso que arrumei para ela, rsrsrsrsrs). Em cada encontro de antigos são novas histórias, amizades e a certeza de estar fazendo aquilo que se gosta. Já fiz duas viagens curtas com ela (para cidades vizinhas a Maceió, com cerca de 60 km de distância para a capital), e ela tem se comportado muito bem.

E nessa história, não podia deixar de agradecer ao meu irmão Rodrigo Carelli, que tem me ajudado muito com peças e informações sobre o carro, e tem sido de fundamental importância nessa empreitada.

Ainda há muito o que fazer nela, mas quem sabe onde quer chegar, não tem medo do caminho que pode percorrer. O objetivo não é e nunca foi deixá-la original ou igual ao modelo Ghia (top de linha), mas sim, deixá-la um carro com sua própria identidade.