Se nos últimos anos os estrangeiros têm sido presença constante nos grids das Mil Milhas, nos primórdios da prova a situação era diferente. Tanto que a 1ª participação de estrangeiros ocorreu em 1967, na 9ª edição da prova.
A responsável por abrir esse caminho foi a Equipe Palma de Portugal, que inscreveu dois Lotus 47, um Lotus Cortina e um Porsche 911s. Essa participação toma destaque pelo fato de na época, a CBA e o Automóvel Clube do Brasil brigavam pelo direito de comandar o automobilismo brasileiro. Como o ACB era filiado à FIA, a CBA não tinha autorização para realizar eventos internacionais, sendo que a Equipe Palma corria riscos de sofrer punições por parte da FIA ao participar da prova. Mesmo assim, aceitou o convite de Eloy Gogliano e inscreveu dois Lotus 47 para as duplas Manuel Nogueira Pinto/D'Andrade Villar e Carlos Santos/Luis Fernandes, o Lotus Cortina para Antônio Peixinho/Augusto Palma e o Porsche 911s que inicialmente seria alugado a Anísio Campos/José Carlos Pace - acabaram correndo com um Karmann Ghia Porsche ex-Dacon - foi pilotado pela dupla Manuel Nogueira Pinto/D'Andrade Villar, que correria em um dos Lotus 47, que quebrou durante os treinos.
A participação dos Portugueses foi muito prejudicada pelo fato de que pouco treinaram antes da prova. Isso se deu pelo fato de que os carros ficaram retidos na alfândega do Porto de Santos. No final das contas o Porsche, que de início seria alugado, salvou a honra da equipe alcançando 3ª posição na classificação geral. O Lotus 47 da dupla Carlos Santos/Luis Fernandes abandonou com 180 voltas completadas - por problemas de suspensão - enquanto o Lotus Cortina de Antônio Peixinho/Augusto Palma abandonou durante a madrugada - enquanto ocupava a 6ª posição -devido à quebra do semi-eixo. Peixinho desligou o carro e o deixou estacionado no trecho entre as curvas 1 e 2 e, ao voltar para pegá-lo ao fim da prova, uma desagradável surpresa: O interior do veículo tinha sido totalmente saqueado - banco do piloto, painel, etc - e os vidros quebrados.
Lembro muito bem da participação dos portugueses naquela Mil Milhas. Os Lotus eram demais (eram uma tremenda novidade).
ResponderExcluirInfelizmente o Brasil na época deu a sua cara de "paisinho sulamericano com um povinho subdesenvolvido, corrupto e prepotente na sua ignorância", a começar pelos entraves sem propósito nenhum na alfandega e finalizando com a selvageria da depenação do Lotus. Por causa deste exemplo de selvageria tupiniquim, quando estive na Europa (poucos anos depois) os europeus tratavam os brasileiros como barbaros de subcultura.
Afora isto, as Mil MIlhas como sempre foi um belo espetáculo de automobilismo graças ao Sr. Eloy inesquecível e competente dirigente do automobilismo e toda a famila de mecanicos, chefes de equipe e pilotos brasileiros.
Abs