Um Monza de corrida? Sim, já existiu um no mundo, e mais especificamente no Brasil. E ainda por cima correu uma Mil Milhas, a 27ª edição, disputada em dezembro de 1998. Trata-se de um modelo Hatch, ano 1983 que pertenceu ao piloto Felipe Meirelles. Este carro começou sua história no automobilismo disputando provas de Rally em 1989. Em 1997 passou a disputar provas no asfalto, como as clássicas 500 Km de Interlagos e 1000 Milhas, bem como provas do campeonato paulista, na categoria Força Livre. A trajetória nas pistas terminou para o Monza em 2002, quando já apresentava rachaduras e grande flexibilidade no monobloco. Mas o fim dele é de partir o coração dos apaixonados por automobilismo: O carro foi mandado para uma empresa de sucata, onde foi compactado e transformado em "matéria-prima" para a indústria.
Mas o objetivo aqui é falar sobre a sua participação na Mil Milhas de 1998, única do modelo da Chevrolet até hoje e certamente será a única da história. A pilotagem do Monza ficou sob a responsabilidade da dupla formada por Felipe Meirelles/Mirko Hlebanja, largando na 29ª posição com o tempo de 2min17s164. A prova começou tensa, pois logo na largada um Porsche lhe deu uma fechada, e o piloto para não provocar um acidente, jogou o Chevrolet na zebra batendo com o cárter nela. O resultado foi a perda da pressão de óleo, que caiu para 0. Mas, de acordo com o proprietário Meirelles, "uma pessoa havia nos dado um produto chamado Prolong, que garantia que o motor poderia andar sem óleo. Ninguém acreditou, mas como não tínhamos nada a perdeer, decidimos continuar, e a cada parada para combustível e pneus, colocávamos óleo."
No decorrer da prova, uma mola de válvula acabou quebrando, e como a equipe não tinha outra no box para substituí-la, e logicamente, era impossível pensar um sair para comprar outra naquela hora da noite, a solução veio através de um preparador, que num gesto nobre, mesmo não conhecendo os pilotos do Monza, lhes deu a chave de sua oficina para que fossem lá buscar a peça sobressalente. Mas enquanto o reparo não era feito, o Monza continuava correndo valentemente, apesar de estar só com 03 cilindros funcionando. O resultado final contrariou aqueles que diziam que o Chevrolet não passaria da 1º hora de corrida: Terminou na 19ª posição na classificação geral com 248 voltas completadas, à frente protótipos como o Tango Chevrolet e o Esprom, e carros de turismo como Porsche 911 turbo e BMW 325i. É importante registrar também o apoio dado pelo principal patrocinador da equipe, a De Nigris Caminhões, na pessoa do piloto Neto De Nigris (atual líder do Mercedes Benz Grand Challenge), que tornou possível a participação do Chevrolet Monza na corrida.
Em 2000, o Monza foi o 20º colocado na geral e 3º na categoria II (perdendo para BMW e Omega) nos 500 Km de Interlagos, com 65 voltas completadas, tendo como inscritos os pilotos Felipe Meirelles e Adriano Medeiros. Esta corrida terminou com 91 voltas completadas das 116 previstas, pois um temporal desabou sobre Interlagos a partir das 17 horas, fazendo com que a luz natural acabasse rapidamente. Muitos carros não contavam com faróis de neblina ou mesmo simples faróis, e por conta disso, a direção de prova tomou a decisão de encerrar a prova.
Agradecimentos: Escrever essas linhas e ousar contar um pouco dessa história só foi possível com a ajuda do piloto e antigo proprietário do Monza, Felipe Meirelles, que cedeu as fotos do carro e relatou os acontecimentos da corrida. Muito obrigado Felipe!
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No S do Senna durante as 1000 Milhas de 1998 |
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Flagra de um salto na época das competições de Rally |
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Em ação nos 500 km de 2000 |
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No grid dos 500 km de Interlagos em 2000 |
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No meio do pelotão. Na frente o Protótipo Aurora da dupla Silvio Zambello/Marcelo Petriccione, seguido pelo Uno 1.6 de Airton Telles/Júlio César Alvim e pela BMW do trio André de Souza/Alfredo Guaraná/Eduardo Homem de Mello |
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Passando pelos boxes |
Muito boa a matéria. Olha que eu há muitos anos acompanho o automobilismo brasileiro ( com uma pequena participação no final dos anos sessenta em corrida de estreantes e novatos ), e "muito pouco sabia com esta riqueza de detalhes" sobre a participação do Monza nos 500 Km de Interlagos e Mil Milhas. Parabéns a você e também ao piloto Meirelles por compartilharem esta história com todos nós apaixonados pelo automobilismo brasileiro.
ResponderExcluirMuito obrigado cara! Esse é o objetivo do blog, resgatar histórias, compartilhar informações e imagens desse esporte tão apaixonante que é o automobilismo.
ExcluirAinda irei lhe importunar para fazermos alguma matéria! rsrsrsrs, abraços
Obrigado, Hiperfanauto e Ricardo, gostei muito da homenagem!!!!, grande abraço!!!!
ResponderExcluirHistória bonita mas quem contou deve ter dormido a noite inteira. De real aí só a parte do Carter.
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