Inicialmente, a minha intenção era escrever
separadamente a história das participações do Austríaco Franz Konrad e do Brasileiro Antônio Hermann nas Mil Milhas Brasileiras. Isto porque Konrad tem uma história muito maior com automobilismo, pois já compete em provas ao
redor do mundo inteiro há mais de 40 anos, além ser proprietário de equipe. Ou
seja, tem toda uma relação profissional com as corridas. Já Antônio Hermann conseguiu
realizar um sonho que é compartilhado pela maioria de nós, amantes do
automobilismo: Trabalhar e poder se dedicar, como um hobby, a esse esporte fascinante.
Mas, ao pesquisar sobre a história da dupla,
bicampeã na prova, vi que a história de um se confundia com a do outro,
pois correram juntos em praticamente em todas as ocasiões em que participaram das Mil Milhas, inclusive quando alcançaram os resultados
mais expressivos, como as vitórias de 1993 e 1995, e os vices de 1994 e 1998.
Pois bem, então passamos agora a lembrar da história dessa dupla, ano após ano.
A primeira participação de ambos ocorreu em
1993, quando disputaram a prova a bordo de um Porsche 911 Carrera RS, da
equipe de Konrad, junto com o alemão Franz Prangemeier. No grid, alcançaram a
7ª melhor marca, atrás do Avallone-Chevrolet de Dimas Pimenta e de alguns Opalas. Na
corrida, a tática adotada foi a de explorar o potencial do Porsche, mas sem
forçá-lo demais, pois os adversários mais perigosos pecaram neste sentido.
Havia carros com maior potência, mas que não tinham tanta confiabilidade. Dessa
forma, o Porsche nº 4 alcançou a liderança da prova na volta 211, após a quebra
do BMW de Ingo Hoffmann. A felicidade de Hermann, ao cruzar a linha de chegada,
era tão grande, que na volta de desaceleração, ele rodou na curva do mergulho, e só não ficou preso na
caixa de brita porque a equipe de resgate estava por perto para ajudá-lo a
sair. O trio venceu a prova com 11 voltas de vantagem
em relação André Giaffone/Renato Marlia, que utilizaram um Protótipo Aldee RTT/VW.
No ano seguinte, Hermann e
Konrad formaram trio com o piloto sueco Mikael Gustavson, na condução de um
Porsche 911 RSR Bi-Turbo, impulsionado pelo motor 3.8, o qual era capaz de
produzir 540 cavalos, mas que foi regulado para atingir “somente” 480 cv, em
virtude da extensão do circuito de Interlagos. Nos treinos, registraram a 2ª
melhor marca, atrás somente do Porsche 911 RSR de Wilsinho e Christian
Fittipaldi, que acabaria vencendo a prova. Entretanto, a corrida de Konrad e
Cia foi no mínimo movimentada. Após tomar a liderança de Christian, ainda nos
primeiros metros, o Porsche voou em Interlagos, engolindo as retas rapidamente,
por conta da força do motor bi-turbo, e ultrapassando vários retardatários, já a
partir da 4ª volta. Mas, na volta 16, se envolveu em um pequeno
acidente com o Mustang de Denísio Casarini, que acabou atingindo-o na traseira,
furando um pneu e causando problemas de suspensão, que teve de ter algumas peças trocadas. O resultado foi a perda da liderança para o Porsche aspirado dos
Fittipaldi, que no final, acabou deixando Hermann/Konrad/Gustavson no 2º lugar,
com 04 voltas de desvantagem.
Em 1995, Konrad e Hermann
formaram trio com o então campeão, Wilsinho Fittipaldi, a bordo de um Porsche
993. Ainda, ambos foram inscritos no Porsche 911 RSR nº 2, formando trio com
Régis Schuch. O domínio do 993 foi absoluto, desde os treinos, quando
conquistou a pole position com o tempo de 1min41s809, marca essa que foi cerca
de 4 segundos e meio mais rápida do que o 2º colocado, o BMW M3 de Ingo
Hoffmann/Marc Duez/Nelson Piquet. Na corrida, a liderança foi quase de ponta a
ponta, e a vitória foi só questão de tempo, com nada menos que 15 voltas de
vantagem para o Porsche da mesma equipe, no qual também estavam inscritos.
Ausentes em 1996 e 1997, a
dupla disputou a prova de dezembro de 1998, com um Porsche 911 GT2, tendo a companhia
de - atualmente ex-piloto e sócio da Vogel Motorsport na Stock Car - Gualter
Salles. Mais uma vez o domínio da Konrad Motorsport começou nos treinos, após o
Porsche conquistar a melhor marca, com o tempo de 1min40s152. A corrida
aparentava que seria mais um passeio de um modelo Porsche em Interlagos. Mas, na 3ª volta, o
pole position, ao ultrapassar o último colocado - um Fusca Speed 1600 - foi
surpreendido por uma repentina bandeira amarela, quando se preparava para
ultrapassar o penúltimo colocado - igualmente um Fusca Speed - e Konrad acabou
enfiando o pé no freio, como forma de não realizar a ultrapassagem em bandeira
amarela. Resultado: O Speed acabou enchendo a traseira do Porsche, que perdeu
nada mais nada menos que 40 voltas parado nos boxes, realizando reparos. Mas no
retorno à pista, o que se viu foi um verdadeiro show de velocidade, pois o
bólido alemão descontou 33 voltas em relação ao líder, o protótipo AS Vectra de
Tom Stefani/Júlio Fernandes/André Grillo, que acabou vencendo com a confortável
vantagem de 07 voltas, mesmo enfrentando sérios problemas de freios e
suspensão.
Em 2003, Konrad voltava a
disputar uma Mil Milhas, pela primeira vez sem dividir o carro com Hermann, mas
como sempre, de Porsche. Na ocasião, Konrad formou quarteto com Ronaldo
Ferreira/Beto Giorgi/Antônio Carlos “Totó” Porto, na condução de um modelo 911
GT3. A posição de largada foi um pouco mais atrás que o normal, pois a marca de
1min45s021 foi suficiente para alcançar apenas o 8º lugar. Entretanto, Porsche
é Porsche e corrida de longa duração é sua especialidade, e mesmo sem ter a
força dos dois Porsches que brigaram pela liderança durante toda a corrida, ainda
terminou na 4ª posição, com 10 voltas de desvantagem para o 911 GT3
vencedor.
A volta de
Hermann ocorreu em 2005, e com uma bela (e rápida) novidade: Pela primeira vez,
o Saleen S7-R disputaria uma prova no Brasil. Sobre esse carro já falamos
anteriormente, mas não custa nada relembrar um pouco do foguete que é o S7-R:
Ficha
Técnica:
Motor:
V8, 7.0 litros, 2 válvulas pro cilindro
Potência:
600 cv e 75,5 kgfm de torque
Alimentação:
Injeção eletrônica multiponto
Transmissão:
Câmbio sequencial de 6 marchas, tração traseira
Rodas e
Pneus: Aro 18
Chassi
tubular de aço
Carroceria
de alumínio e fibra de carbono
A pilotagem ficou por
conta do trio Antônio Hermann/Franz Konrad/Uwe Alzen, largando na 3ª posição,
após registrar o tempo de 1min33s401 nos treinos. A corrida durou 270 voltas
para o superesportivo, que abandonou a prova já pela manhã, por conta da
quebra de uma válvula do motor. No momento da quebra, ocupava de forma consolidada
a 3ª colocação na prova, e já tinha marcado a melhor passagem, com 1min34s592,
na 256ª volta. Terminou mesmo na 22ª posição.
Por fim, a última
participação de Franz Konrad e Antônio Hermann ocorreu em 2006, quando correram
em carros separados, mas ambos modelos Saleen. O nº 4 foi pilotado por Robert
Lechener/Tom Wickert/ Franz Konrad, enquanto que o nº 5 foi pilotado pelo trio
Antônio Hermann/Didier Theys/Jean-Marc Gounon. No grid, o nº 4 de Konrad fez a
8ª marca, com 1min34s617, enquanto que o nº 5 de Hermann foi o 6º, com
1min33s950.
Na corrida, o Saleen de Hermann e companhia
fizeram uma corrida discreta, sem ocupar a ponta em nenhum momento. Terminou na
3ª posição, com o abandono do Corvette de Paulo Gomes e do Protótipo ZF. Já o
Saleen de Konrad teve problemas maiores e não chegou a completar a prova,
ficando na 6ª posição com 26 voltas de atraso.
Sem dúvidas, Franz Konrad e Antônio Hermann têm seus nomes gravados na história da prova, pelos resultados expressivos que conquistaram e pelas belas, caras e rápidas máquinas que utilizaram na maior prova de nosso automobilismo.
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