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domingo, 16 de agosto de 2015

Franz Konrad e Antônio Hermann: Uma dupla vencedora nas Mil Milhas Brasileiras


Inicialmente, a minha intenção era escrever separadamente a história das participações do Austríaco Franz Konrad e do Brasileiro Antônio Hermann nas Mil Milhas Brasileiras. Isto porque Konrad tem uma história muito maior com automobilismo, pois já compete em provas ao redor do mundo inteiro há mais de 40 anos, além ser proprietário de equipe. Ou seja, tem toda uma relação profissional com as corridas. Já Antônio Hermann conseguiu realizar um sonho que é compartilhado pela maioria de nós, amantes do automobilismo: Trabalhar e poder se dedicar, como um hobby, a esse esporte fascinante.

Mas, ao pesquisar sobre a história da dupla, bicampeã na prova, vi que a história de um se confundia com a do outro, pois correram juntos em praticamente em todas as ocasiões em que participaram das Mil Milhas, inclusive quando alcançaram os resultados mais expressivos, como as vitórias de 1993 e 1995, e os vices de 1994 e 1998. Pois bem, então passamos agora a lembrar da história dessa dupla, ano após ano.

A primeira participação de ambos ocorreu em 1993, quando disputaram a prova a bordo de um Porsche 911 Carrera RS, da equipe de Konrad, junto com o alemão Franz Prangemeier. No grid, alcançaram a 7ª melhor marca, atrás do Avallone-Chevrolet de Dimas Pimenta e de alguns Opalas. Na corrida, a tática adotada foi a de explorar o potencial do Porsche, mas sem forçá-lo demais, pois os adversários mais perigosos pecaram neste sentido. Havia carros com maior potência, mas que não tinham tanta confiabilidade. Dessa forma, o Porsche nº 4 alcançou a liderança da prova na volta 211, após a quebra do BMW de Ingo Hoffmann. A felicidade de Hermann, ao cruzar a linha de chegada, era tão grande, que na volta de desaceleração, ele rodou na curva do mergulho, e só não ficou preso na caixa de brita porque a equipe de resgate estava por perto para ajudá-lo a sair. O trio venceu a prova com 11 voltas de vantagem em relação André Giaffone/Renato Marlia, que utilizaram um Protótipo Aldee RTT/VW.

No ano seguinte, Hermann e Konrad formaram trio com o piloto sueco Mikael Gustavson, na condução de um Porsche 911 RSR Bi-Turbo, impulsionado pelo motor 3.8, o qual era capaz de produzir 540 cavalos, mas que foi regulado para atingir “somente” 480 cv, em virtude da extensão do circuito de Interlagos. Nos treinos, registraram a 2ª melhor marca, atrás somente do Porsche 911 RSR de Wilsinho e Christian Fittipaldi, que acabaria vencendo a prova. Entretanto, a corrida de Konrad e Cia foi no mínimo movimentada. Após tomar a liderança de Christian, ainda nos primeiros metros, o Porsche voou em Interlagos, engolindo as retas rapidamente, por conta da força do motor bi-turbo, e ultrapassando vários retardatários, já a partir da 4ª volta. Mas, na volta 16, se envolveu em um pequeno acidente com o Mustang de Denísio Casarini, que acabou atingindo-o na traseira, furando um pneu e causando problemas de suspensão, que teve de ter algumas peças trocadas. O resultado foi a perda da liderança para o Porsche aspirado dos Fittipaldi, que no final, acabou deixando Hermann/Konrad/Gustavson no 2º lugar, com 04 voltas de desvantagem.

Em 1995, Konrad e Hermann formaram trio com o então campeão, Wilsinho Fittipaldi, a bordo de um Porsche 993. Ainda, ambos foram inscritos no Porsche 911 RSR nº 2, formando trio com Régis Schuch. O domínio do 993 foi absoluto, desde os treinos, quando conquistou a pole position com o tempo de 1min41s809, marca essa que foi cerca de 4 segundos e meio mais rápida do que o 2º colocado, o BMW M3 de Ingo Hoffmann/Marc Duez/Nelson Piquet. Na corrida, a liderança foi quase de ponta a ponta, e a vitória foi só questão de tempo, com nada menos que 15 voltas de vantagem para o Porsche da mesma equipe, no qual também estavam inscritos.

Ausentes em 1996 e 1997, a dupla disputou a prova de dezembro de 1998, com um Porsche 911 GT2, tendo a companhia de - atualmente ex-piloto e sócio da Vogel Motorsport na Stock Car - Gualter Salles. Mais uma vez o domínio da Konrad Motorsport começou nos treinos, após o Porsche conquistar a melhor marca, com o tempo de 1min40s152. A corrida aparentava que seria mais um passeio de um modelo Porsche em Interlagos. Mas, na 3ª volta, o pole position, ao ultrapassar o último colocado - um Fusca Speed 1600 - foi surpreendido por uma repentina bandeira amarela, quando se preparava para ultrapassar o penúltimo colocado - igualmente um Fusca Speed - e Konrad acabou enfiando o pé no freio, como forma de não realizar a ultrapassagem em bandeira amarela. Resultado: O Speed acabou enchendo a traseira do Porsche, que perdeu nada mais nada menos que 40 voltas parado nos boxes, realizando reparos. Mas no retorno à pista, o que se viu foi um verdadeiro show de velocidade, pois o bólido alemão descontou 33 voltas em relação ao líder, o protótipo AS Vectra de Tom Stefani/Júlio Fernandes/André Grillo, que acabou vencendo com a confortável vantagem de 07 voltas, mesmo enfrentando sérios problemas de freios e suspensão.

Em 2003, Konrad voltava a disputar uma Mil Milhas, pela primeira vez sem dividir o carro com Hermann, mas como sempre, de Porsche. Na ocasião, Konrad formou quarteto com Ronaldo Ferreira/Beto Giorgi/Antônio Carlos “Totó” Porto, na condução de um modelo 911 GT3. A posição de largada foi um pouco mais atrás que o normal, pois a marca de 1min45s021 foi suficiente para alcançar apenas o 8º lugar. Entretanto, Porsche é Porsche e corrida de longa duração é sua especialidade, e mesmo sem ter a força dos dois Porsches que brigaram pela liderança durante toda a corrida, ainda terminou na 4ª posição, com 10 voltas de desvantagem para o 911 GT3 vencedor.

A volta de Hermann ocorreu em 2005, e com uma bela (e rápida) novidade: Pela primeira vez, o Saleen S7-R disputaria uma prova no Brasil. Sobre esse carro já falamos anteriormente, mas não custa nada relembrar um pouco do foguete que é o S7-R:


Ficha Técnica:

Motor: V8, 7.0 litros, 2 válvulas pro cilindro
Potência: 600 cv e 75,5 kgfm de torque
Alimentação: Injeção eletrônica multiponto
Transmissão: Câmbio sequencial de 6 marchas, tração traseira
Rodas e Pneus: Aro 18
Chassi tubular de aço
Carroceria de alumínio e fibra de carbono

A pilotagem ficou por conta do trio Antônio Hermann/Franz Konrad/Uwe Alzen, largando na 3ª posição, após registrar o tempo de 1min33s401 nos treinos. A corrida durou 270 voltas para o superesportivo, que abandonou a prova já pela manhã, por conta da quebra de uma válvula do motor. No momento da quebra, ocupava de forma consolidada a 3ª colocação na prova, e já tinha marcado a melhor passagem, com 1min34s592, na 256ª volta. Terminou mesmo na 22ª posição.

Por fim, a última participação de Franz Konrad e Antônio Hermann ocorreu em 2006, quando correram em carros separados, mas ambos modelos Saleen. O nº 4 foi pilotado por Robert Lechener/Tom Wickert/ Franz Konrad, enquanto que o nº 5 foi pilotado pelo trio Antônio Hermann/Didier Theys/Jean-Marc Gounon. No grid, o nº 4 de Konrad fez a 8ª marca, com 1min34s617, enquanto que o nº 5 de Hermann foi o 6º, com 1min33s950. Na corrida, o Saleen de Hermann e companhia fizeram uma corrida discreta, sem ocupar a ponta em nenhum momento. Terminou na 3ª posição, com o abandono do Corvette de Paulo Gomes e do Protótipo ZF. Já o Saleen de Konrad teve problemas maiores e não chegou a completar a prova, ficando na 6ª posição com 26 voltas de atraso.

Sem dúvidas, Franz Konrad e Antônio Hermann têm seus nomes gravados na história da prova, pelos resultados expressivos que conquistaram e pelas belas, caras e rápidas máquinas que utilizaram na maior prova de nosso automobilismo.

 












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