Há 20 anos atrás era iniciada uma nova fase na Mil Milhas de Interlagos. A 21ª edição da prova ficou marcada por ter sido a 1ª edição vencida por um carro importado. O carro em questão era uma BMW M3 pilotada pelo trio Claus Heitkotter, Jurgen Weiss e Marc Gindorf. Mas essa prova possui outras particularidades importantes.
Um dos erros cometidos pela organização nessa prova foi transferir o tradicional horário de largada de meia-noite para as 13 horas. Essa mudança foi feita com o objetivo de atrair a atenção da mídia televisionada, que reservava alguns preciosos segundos para a transmissão da prova (geralmente largada e chegada), consequentemente atraindo patrocionadores. Mas a estratégia fez com que o pouco público, que tradicionalmente assistia a largada noturna e o início da corrida, retornando na manhã seguinte para acompanhar o desfecho da disputa, simplesmente não comparecesse em nenhum dos horários. A venda de ingressos foi um fiasco.
A novidade em termos de competição foi a incrição de duas BMW M3 do Grupo N (categoria para carros com pouca preparação, quase standard), que foram conduzidas pelos seguintes pilotos:
Nº 17 - Ingo Hoffmann, Bernd Effinger e Franz Josef Prangemeier
Nº 36 - Claus Heitkotter, Jurgen Weiss e Marc Gindorf
Ao se depararem com com a concorrência alemã, os pilotos brasileiros imaginaram uma fácil dobradinha das duas BMW, o que pareceu um engano nos treinos. Isto porque os bólidos alemães eram tão lentos, que seu ritmo de volta era muito inferior aos fortes Opala Stock Car, sendo quase igual aos Voyages do campeonato de marcas. Afinal, eram praticamente carros de rua, e ainda enfrentaram problemas com a péssima qualidade da gasolina disponível no Brasil. Tanto que o carro vencedor teve um dos pistões "derretido" por causa do álcool misturado à gasolina. E como se não bastasse isso, a equipe alemã trouxe uma infinidade de peças de reposição inúteis, como maçanetas, vidros, etc, mas se esqueceu de trazer peças de motor. A solução encontrada foi bastante inusitada, mas que no caso pouca diferença fez em relação à performance: Um dos patrocinadores, a Regino, que era repesentante da marca no Brasil, encontrou um M3 similar rodando pelas ruas da cidade de Ribeirão Preto. Conversa daqui, conversa dali, e o dono aceitou ceder o motor de seu carro para que os alemães pudessem competir.
Mas ainda existia outro impasse: O chefe de equipe da BMW se recusava a disputar a prova, caso tivesse que usar a batizada gasolina brasileira. Depois de muitos esforços , viu-se que era impossível para o país cumprir a exigência e fornecer uma gasolina com qualidade, livre de misturas. Diante da dificuldade, um dos engenheiros da Regino teve uma idéia que salvou a participação dos carros alemães. Com muita paciência, ele usou água para decantar o álcool misturado à gasolina brasileira, fornecendo um combustível mais puro. Pois é, cabeça é pra pensar!
Na corrida, os três primeiros colocados no grid de largada alternaram-se na liderança até cedê-la definitivamente ao bólido germânico. O primeiro a liderar foi o Opala Stock Car da dupla Adalberto Jardim/Paulo Marin, que largou em 2º, e disparou na frente. O ritmo era tão forte que já na 3ª volta, ele colocou um volta de vantagem sobre um retardatário. Tal ritmo é incompatível com uma prova de longa duração, e algumas voltas depois, o Opala abandonava a prova. A liderança ficou então com o Mustang vermelho de Denísio Casarini, que viria a quebrar posteriormente, passando a liderança para o pole position, o Opala Stock de Paulo de Tarso e Carlos Alves. Este Opala ainda cruzou a linha de chegada, mesmo após alguns problemas que fizeram com que a BMW do brasileiro Claus Heitkotter e dos alemães Jurgen Weiss e Marc Gindorf tomasse a liderança e vencesse a prova (o opala chegou a ter 8 voltas de vantagem para a BMW), com a vantagem de 6 voltas para o 2º colocado, o valente Voyage 1.8 da dupla Johannis Lykoropoulos/Erasmo De Boer, que superou vários carros da classe B (motores acima de 2000 cc). Inclusive outro Mustang V8, pilotado pelo trio Paulo Lomba, J. Botelho e Roberto Aranha. Dos 8 cilindros, o Mustang cruzou a linha de chegada em 3º com 5 funcionando!
Entre os competidores, estava o estreante Protótipo Aurora 2.0 pilotado por Lineu Linardi e Atila Sippos, que causou rebuliço nos boxes mas não teve vida longa na prova. O Aldee VW, que estreou na edição anterior (1990), teve como melhor colocado o modelo conduzido por Sérgio Jimenez e Aristides Samos, classificado na 6ª posição. Quanto ao outro BMW, a corrida terminou após a ruptura da correia da bomba d'água. O piloto alemão Bernd Effinger não viu a luz-espia acender, e assim poderia levar o carro aos boxes para reparos sem abandonar a disputa.
Ao final da disputa, ficou clara a defasagem dos carros nacionais em relação aos importados, tanto que um BMW quase original bateu Opalas muito mais potentes, mas que não eram preparados de forma a encarar uma prova como a Mil Milhas, que exige regularidade, resistência e confiabilidade dos equipamentos. Talvez se os preparadores tivessem seguido a receita de Zeca Giaffone, que na década de 80 ganhou 5 edições da corrida com Opalas stock car que rodavam por horas e horas sem quebrar, o desfecho da prova tivesse sido diferente.
Dados da prova:
Duração: 13hr05min26s
Grid: 49 carros
Volta mais rápida: Adalberto Jardim, Opala Stock Car, 1min52s921
Os 10 primeiros:
1º BMW M3 2300 nº 36 Klaus Heitkotter, Jurgen Weiss e Marc Gindorff – 372 voltas
2º VW Voyage Nº 75 Johannis Lykoropoulos e Erasmo Boer SP – 366 voltas
3º Ford Mustang nº 27 Paulo Lomba, J. Botelho e Roberto Aranha RJ – 363 voltas
4o Chevrolet Opala Nº 1 Carlos Alves e Paulo de Tarso Marques SP/PR – 361 voltas
5o Chevrolet Opala Nº 7 Gerson Borini, Luiz henrique Alves e Eduardo Pimenta SP – 350 voltas
6o Aldee RTT Nº 22 Sérgio Jimenez e Aristides Samos SP – 346 voltas
7o VW Voyage João Noboru Mita e Astolpho Campos SP – 345 voltas
8o VW Voyage Ricardo Jacob e Nilo Caruso SP – 345 voltas
9o VW Gol Ruslan Carta e Ronald Kowalczuck PR – 341 voltas
10o VW Passat Sérgio dos Santos e Urubatan Helou SP – 337 voltas
A novidade em termos de competição foi a incrição de duas BMW M3 do Grupo N (categoria para carros com pouca preparação, quase standard), que foram conduzidas pelos seguintes pilotos:
Nº 17 - Ingo Hoffmann, Bernd Effinger e Franz Josef Prangemeier
Nº 36 - Claus Heitkotter, Jurgen Weiss e Marc Gindorf
Ao se depararem com com a concorrência alemã, os pilotos brasileiros imaginaram uma fácil dobradinha das duas BMW, o que pareceu um engano nos treinos. Isto porque os bólidos alemães eram tão lentos, que seu ritmo de volta era muito inferior aos fortes Opala Stock Car, sendo quase igual aos Voyages do campeonato de marcas. Afinal, eram praticamente carros de rua, e ainda enfrentaram problemas com a péssima qualidade da gasolina disponível no Brasil. Tanto que o carro vencedor teve um dos pistões "derretido" por causa do álcool misturado à gasolina. E como se não bastasse isso, a equipe alemã trouxe uma infinidade de peças de reposição inúteis, como maçanetas, vidros, etc, mas se esqueceu de trazer peças de motor. A solução encontrada foi bastante inusitada, mas que no caso pouca diferença fez em relação à performance: Um dos patrocinadores, a Regino, que era repesentante da marca no Brasil, encontrou um M3 similar rodando pelas ruas da cidade de Ribeirão Preto. Conversa daqui, conversa dali, e o dono aceitou ceder o motor de seu carro para que os alemães pudessem competir.
Mas ainda existia outro impasse: O chefe de equipe da BMW se recusava a disputar a prova, caso tivesse que usar a batizada gasolina brasileira. Depois de muitos esforços , viu-se que era impossível para o país cumprir a exigência e fornecer uma gasolina com qualidade, livre de misturas. Diante da dificuldade, um dos engenheiros da Regino teve uma idéia que salvou a participação dos carros alemães. Com muita paciência, ele usou água para decantar o álcool misturado à gasolina brasileira, fornecendo um combustível mais puro. Pois é, cabeça é pra pensar!
Na corrida, os três primeiros colocados no grid de largada alternaram-se na liderança até cedê-la definitivamente ao bólido germânico. O primeiro a liderar foi o Opala Stock Car da dupla Adalberto Jardim/Paulo Marin, que largou em 2º, e disparou na frente. O ritmo era tão forte que já na 3ª volta, ele colocou um volta de vantagem sobre um retardatário. Tal ritmo é incompatível com uma prova de longa duração, e algumas voltas depois, o Opala abandonava a prova. A liderança ficou então com o Mustang vermelho de Denísio Casarini, que viria a quebrar posteriormente, passando a liderança para o pole position, o Opala Stock de Paulo de Tarso e Carlos Alves. Este Opala ainda cruzou a linha de chegada, mesmo após alguns problemas que fizeram com que a BMW do brasileiro Claus Heitkotter e dos alemães Jurgen Weiss e Marc Gindorf tomasse a liderança e vencesse a prova (o opala chegou a ter 8 voltas de vantagem para a BMW), com a vantagem de 6 voltas para o 2º colocado, o valente Voyage 1.8 da dupla Johannis Lykoropoulos/Erasmo De Boer, que superou vários carros da classe B (motores acima de 2000 cc). Inclusive outro Mustang V8, pilotado pelo trio Paulo Lomba, J. Botelho e Roberto Aranha. Dos 8 cilindros, o Mustang cruzou a linha de chegada em 3º com 5 funcionando!
Entre os competidores, estava o estreante Protótipo Aurora 2.0 pilotado por Lineu Linardi e Atila Sippos, que causou rebuliço nos boxes mas não teve vida longa na prova. O Aldee VW, que estreou na edição anterior (1990), teve como melhor colocado o modelo conduzido por Sérgio Jimenez e Aristides Samos, classificado na 6ª posição. Quanto ao outro BMW, a corrida terminou após a ruptura da correia da bomba d'água. O piloto alemão Bernd Effinger não viu a luz-espia acender, e assim poderia levar o carro aos boxes para reparos sem abandonar a disputa.
Ao final da disputa, ficou clara a defasagem dos carros nacionais em relação aos importados, tanto que um BMW quase original bateu Opalas muito mais potentes, mas que não eram preparados de forma a encarar uma prova como a Mil Milhas, que exige regularidade, resistência e confiabilidade dos equipamentos. Talvez se os preparadores tivessem seguido a receita de Zeca Giaffone, que na década de 80 ganhou 5 edições da corrida com Opalas stock car que rodavam por horas e horas sem quebrar, o desfecho da prova tivesse sido diferente.
Dados da prova:
Duração: 13hr05min26s
Grid: 49 carros
Volta mais rápida: Adalberto Jardim, Opala Stock Car, 1min52s921
Os 10 primeiros:
1º BMW M3 2300 nº 36 Klaus Heitkotter, Jurgen Weiss e Marc Gindorff – 372 voltas
2º VW Voyage Nº 75 Johannis Lykoropoulos e Erasmo Boer SP – 366 voltas
3º Ford Mustang nº 27 Paulo Lomba, J. Botelho e Roberto Aranha RJ – 363 voltas
4o Chevrolet Opala Nº 1 Carlos Alves e Paulo de Tarso Marques SP/PR – 361 voltas
5o Chevrolet Opala Nº 7 Gerson Borini, Luiz henrique Alves e Eduardo Pimenta SP – 350 voltas
6o Aldee RTT Nº 22 Sérgio Jimenez e Aristides Samos SP – 346 voltas
7o VW Voyage João Noboru Mita e Astolpho Campos SP – 345 voltas
8o VW Voyage Ricardo Jacob e Nilo Caruso SP – 345 voltas
9o VW Gol Ruslan Carta e Ronald Kowalczuck PR – 341 voltas
10o VW Passat Sérgio dos Santos e Urubatan Helou SP – 337 voltas
o Chevrolet Opala quinto colocado nesta prova era o numeral 7, pilotado por Gerson Borini, Luiz Henrique Alves e Eduardo Pimenta.
ResponderExcluirOlá Gerson! Acredito que tenha sido você mesmo quem pilotou o Opala nº7, certo? Obrigado pela informação, não coloquei o nº porque não tenho nenhuma foto desse carro. Abraço!
ResponderExcluirsim, fui eu mesmo.... se vc quiser fotos para revisar o post, e' so' me avisar que te envio.
ResponderExcluirÉ um prazer tê-lo neste espaço então! Agradeço sua gentileza, e quero sim as fotos. Meu e-mail: rsarmento3@gmail.com
ExcluirGrande abraço