No dia 19 de novembro de 2021, uma sexta-feira, tive a oportunidade de conhecer pessoalmente uma pessoa que admiro há um bom tempo. Como o título da matéria já entregou, trata-se do querido piloto José Luiz Nogueira, mais conhecido como Graham Hill, tamanha a semelhança física com o falecido piloto britânico (único detentor da chamada tríplice coroa do automobilismo - 500 Milhas de Indianápolis, GP de Mônaco de Fórmula 1 e 24 Horas de Le Mans).
A oportunidade de conhecê-lo veio após o fundamental contato com uma de suas filhas, muito simpática por sinal, Lucimara Nogueira, que primeiro possibilitou a entrevista à distância que foi publicada nesse blog no último mês de agosto (confiram no menu ao lado direito), e que depois abriu as portas de sua casa para nós, pois essa missão encarei em companhia do meu irmão de gasolina Rodrigo Carelli (//blogdocarelli.blogspot.com), o cara que me mostra os caminhos das pedras dos rolês automobilísticos da capital paulista.
Marcamos a visita para as 16:00 daquela tarde nublada, mas o trânsito quilométrico de São Paulo fez com que atrasássemos um pouco, além de comer aquele velho McDonald's no próprio carro. Fomos muito bem recebidos pela família Nogueira, com uma mesa posta para o lanche da tarde que me fez até esquecer um pouco das corridas (aquelas coxinhas de frango estavam deliciosas, rsrsrsrs). Nosso querido José Luiz, com seu jeito tranquilo e sereno, já tinha preparado uma pasta repleta de fotografias, matérias de revistas e jornais, fichas de provas, entre outros, para nos mostrar, mas quem deu o tom da conversa foi a simpatia e carisma de sua filha Lucimara e de sua esposa, Dona Maria José Nogueira.
Naquele momento pudemos ter a ideia de como era a vida de uma família ligada ao automobilismo nos anos 70, 80 e 90. Na época, era rotina a família viajar por semanas em um motorhome muito bem equipado (com tudo o que se precisa em uma casa) para participar de provas pelo Brasil inteiro, até mesmo na longínqua Fortaleza, quando a Stock Car fez sua única visita pelo Nordeste, em 1979. Não foram raras as vezes em que as crianças saíam diretamente do colégio para a estrada!
E foi nesse ambiente de pista, corridas e máquinas que, naturalmente, seus filhos cresceram, criando gosto pelo esporte a motor. Como já dito na entrevista publicada em agosto deste ano, os filhos Luiz Donizetti Nogueira e Peterson Nakamura Nogueira se tornaram pilotos, sendo que o primeiro chegou a ter sua própria equipe de competição, estando radicado atualmente em Miami, Flórida. Mas quem pensa que foram apenas os filhos homens que herdaram essa paixão, está muito enganado...
Duas das filhas do casal, Luana e Lucimara, também tiveram suas experiências nas pistas, mais especificamente no Kart, chegando a ganhar corridas. E uma dessas vitórias, nos contou Lucimara, foi bem marcante, pois, além de ter saído do fim do grid, um competidor se sentiu ofendido por ter perdido a corrida para uma mulher (coitado...) e partiu para cima dela para intimidá-la. E quem disse que Lucimara baixou a cabeça? Muito pelo contrário, o marmanjo teve a sorte de a coisa não ter ido muito a frente e não ter levado uns bons e merecidos tapas!
Aliás, para Nogueira, não tinha distinção entre homem e mulher para pegar no volante de um carro, e até mesmo de um caminhão. A família nos contou a história do dia em que foram retirar um caminhão da concessionária (sem a carroceria, só com a cabine e o chassi), e Dona Maria fora escalada para levar o bólido até a garagem da família. Mas por nunca ter dirigido um veículo daquele tamanho, sobretudo no trânsito de São Paulo, acabou não aceitando a tarefa, que coube à uma de suas filhas, Luana. E ela deu conta do recado direitinho, sob as orientações do pai. Ah, e para dar mais emoção à essa história, ela era menor de idade e não tinha habilitação! Quem nunca né? Rsrsrsrs
Mas voltando ao esporte a motor, pudemos ter contato com uma parte da história do automobilismo nacional que não é muito lembrada pela imprensa em geral, que são os campeonatos regionais de marcas e pilotos, a base de muitos profissionais que alcançaram destaque nacional e internacional. Não por acaso, Nogueira chegou a ser campeão da categoria nos certames de São Paulo, Paraná e Goiânia, sendo que uma vitória em uma das etapas deste último campeonato, proporcionou uma história de deixar os cabelos em pé.
Lucimara conta que tinha por volta de 6 ou 7 anos, quando acompanhava seu pai em uma prova disputada no autódromo de Goiânia. Na época, Dona Maria José estava grávida de Luana, e naturalmente, a família estava acampada ao redor da pista em seu motorhome. Depois da bandeira quadriculada ser mostrada ao pai, Lucimara teve o ímpeto de pular a cerca, correr pela área de escape coberta de grama, e atravessar a pista, no meio dos carros, para chegar aos boxes e abraçar o pai. Só de imaginar a cena, já dá um frio na barriga...
Nogueira nos contou, também, que uma das experiências que lhe deu mais prazer nas pistas foi vencer uma corrida partindo do fim do grid. E que tal atraso se deu por sua própria vontade, pois na hora em que o carro ia deixar os boxes para alinhar no grid, veio ordem sua para levantá-lo nos macacos! Sair dos boxes e passar todo mundo, um a um, para vencer a corrida, não tem preço né? Uma curiosidade quanto a este ponto é que o piloto não se envolvia diretamente na montagem e preparação dos seus carros, que ficava a cargo de mecânicos de sua inteira confiança, se concentrando apenas na tocada.
Com o jeito mineiro de ser, tranquilo, sereno, nos contou ainda que guarda muitas lembranças boas dos tempos de pista (que não terminou ainda, diga-se de passagem, basta apenas convencer Dona Maria José e as filhas de deixá-lo vestir o macacão, colocar o capacete e acelerar a barata!), como por exemplo, da amizade que teve com o piloto Olício dos Santos Filho (bicampeão brasileiro do Torneio Philco Corcel II em 1981/1982 e campeão da categoria Força Livre, no Estado de Missiones, Argentina, atualmente com 77 anos), um dos pilotos que considera como amigo, além do tetracampeão da Stock Car, Paulo Gomes.
Pois bem, meus queridos leitores, encerro esse texto com muita gratidão pela oportunidade que tive de conhecer um pouco mais não só da história deste grande esportista, mas também de sua família, que abriu as portas de sua casa para mim e Rodrigo, de forma gentil e solícita, possibilitando esse registro para o público apaixonado pelo automobilismo nacional. Boas histórias como essas não devem ser guardadas, mas sim mostradas para a atual e futuras gerações!
Realmente foi uma tarde inesquecível! Que orgulho conhecer pessoalmente o Sr. José Luiz Nogueira e seus familiares. Quero agradecer a todos por esta oportunidade e ao meu irmão Ricardo. Mais uma história fantástica relacionada a este esporte maravilhoso que é o automobilismo! Ah, e que texto legal! Me transportei aqui para aquela tarde!
ResponderExcluirFoi sim irmão! Uma tarde memorável, e você teve fundamental importância nisso tudo. Gratidão!
ExcluirCarelli, o Graham Hill é uma das figuras mais simpáticas e queridas que conheci. E tocava muito bem. Acompanhei a última etapa do Campeonato Paulista de 1988 e todas as de 1989. A categoria Hot Car, que abrigava os Opalas com visual usado até 1986 e mais os "legítimos" Hot Car (como o Passat de Egídio "Chichola" Micci, que conseguia andar em quinto ou sexto entre 20 ou 22 Opalas), tinha vários concorrentes muito fortes: a equipe ACTH, a do Dimas Pimenta e os pilotos com carros preparados pelo Camilinho Christofaro. Pois o Graham Hill, com seu esquema familiar, chegou a ganhar corrida de todos eles.
ResponderExcluirPandini, é uma honra ter você aqui nesse humilde espaço. Você resumiu muito bem o espírito de competição do Graham Hill, chegar na humildade e passar todo mundo! Uma inspiração para o mundo das pistas. Grande abraço!
ExcluirTive o prazer de trabalhar com ele nos anos 80 e digo para todos que minha paixão por Automobilismo é pôr causa dele kkk,ainda hoje tenho contato com o Peterson e com seu sobrinho Júnior Nogueira
ResponderExcluirBoas lembranças hein Claudemir??? O Zé Luiz é um cara do bem, que transmite bonss energias a quem está ao seu redor. Grande abraço!
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