"Um espaço reservado para falar das lembranças, histórias e episódios dos mais de 60 anos de Mil Milhas Brasileiras. E de outras coisas mais!"

domingo, 24 de dezembro de 2023

Ford Courier Mil Milhas de 2022

Se ao longo dos seus mais de 60 anos de história as Mil Milhas Brasileiras foram marcadas por possibilitar a participação de carros diferenciados, isto não seria diferente quando da atual fase, iniciada com a retomada da prova em 2020. E quando falo diferenciados, me refiro a bólidos pouco ou nunca utilizados em corridas.

Embora a Ford Courier tenha alcançado um patamar a mais, considerando a categoria monomarca disputada entre os anos de 2001 e 2007 (DTM Pick-up, cuja história fora contada de forma resumida aqui), há que considerarmos que não se trata de um veículo corriqueiramente utilizado em provas de turismo, se compararmos com VW Gol, GM Corsa, Fiat Uno e Palio, entre outros pares da época.

Assim, além das participações de exemplares da pequena pick-up nos anos de 2003 e 2005 (confira matéria a respeito neste link), pudemos ver uma Courier no grid das Mil Milhas de 2022, quando o quinteto Vinicius Lira/Luiz Bresser/Marcos Paulo/Ricardo Gouveia/Eduardo Teixeira (Equipe Lira Racing) inscreveu um exemplar sob o nº 14. Saindo da 17a posição, com o tempo de 2min00s438, a valente Courier terminou a prova em um ótimo 18º lugar (e 2º na categoria), com 222 voltas completadas, mesmo após enfrentar alguns problemas que lhe fizeram perder várias voltas nos boxes.


Foto: Yo! Cars BR (@yocarsbr) - Retirada do Instagram da Equipe Lira Racing - Todos os direitos reservados

Foto: Gabriel Albuquerque (@albuquerque_photo) - Retirada do Instagram da Equipe Lira Racing - Todos os direitos reservados


Foto: Gabriel Albuquerque (@albuquerque_photo) - Retirada do Instagram da Equipe Lira Racing - Todos os direitos reservados

quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

Raul Boesel e as Mil Milhas Brasileiras

No último dia 04, o curitibano Raul Guilherme de Mesquita Boesel, ou simplesmente Raul Boesel, completou 66 anos de vida, da qual mais da metade fora dedicada ao esporte a motor. Da carreira no automobilismo, Boesel tem a autoridade de dizer que fora um vencedor, ainda que não tenha colecionado muitos títulos (mas todos os que conseguiu foram marcantes e únicos), pois, conforme nos ensina sabiamente Alex Dias Ribeiro, você pode ser vencedor sem ser campeão. Ainda mais em um esporte que por diversos fatores, muitas vezes acaba "cortando as asas" de grandes talentos.

A história de Boesel na Stock Car já fora contada aqui no blog, em postagem datada de outubro de 2014, que você pode conferir neste link. Mas hoje falaremos especificamente sobre as suas participações nas edições das Mil Milhas Brasileiras, começando pela edição de 1989.

Naquele ano, houve a abertura do regulamento para carros fabricados fora do Brasil, oportunidade em que fora inscrita uma Mercedes Benz 190E 2.3 sob o nº 48, que naturalmente causou grande expectativa para aquela edição, que veio a ser a última disputada no antigo traçado.

Porém, o bólido alemão ficou só na expectativa mesmo, pois o trio Raul Boesel/ João "Capeta" Palhares/Raymond Lourel, sendo este último piloto francês e proprietário do carro, ficou pelo caminho ainda durante a madrugada, em virtude de um problema no circuito eletrônico da injeção/ignição, enquanto liderava a prova com Raul Boesel ao volante. Lourel não chegou a pilotar o carro.

A sua próxima participação em Mil Milhas ocorreu tão somente 05 anos depois, naquela que é considerada uma das maiores edições da prova, tamanha a repercussão pela participação de pilotos nacionais de renomados e outros estrangeiros, além da inscrição de máquinas nunca antes vistas na pista paulistana.

Neste ano, Boesel utilizou um Ford Escort RS Cosworth, uma fera que contabilizou várias vitórias em ralis na Europa, equipada como motor turbo 2.0i de 440 hp e tração integral. A pilotagem foi dividida com Rubens Barrichello e Rudiger Schmidt (GER), e o 5º lugar no grid foi bastante animador. Mas a corrida não durou muito tempo, pois o carro nº 9 teve problemas de câmbio, e após 37 minutos parados no boxes, a equipe não conseguiu solucionar o problema, impossibilitando a volta à pista.

Após o longo hiato de participações entre 1995 e 2001, a sua volta à prova ocorreu de forma triunfal em 2002. Pilotou o carro vencedor do ano anterior, um Porsche 911 GT3 RS, com motor 6 cilindros aspirado de 3.6 litros e 24 válvulas, preparado pela equipe Stuttgart. Também vencedores do ano anterior foram os companheiros de Boesel na empreitada, neste caso, Flávio Trindade e Régis Schuch. Saindo da 3ª posição no grid e após 11h50min55s de prova, Boesel e companheiros alcançaram a vitória, com a maior diferença registrada entre o 1º e o 2º lugar na história da prova: 27 voltas.

Para o livro Mil Milhas Brasileiras 50 Anos, do jornalista Livio Oricchio, lançado em 2006, Boesel deu a seguinte declaração sobre a corrida:

"[...] Acho que foi um dos mais desgastantes testes físicos que já passei. Pilotei cerca de 70% do tempo. Faziam parte da equipe também o Flávio Trindade e o Régis Schuch. Eu classifiquei o carro e larguei. Nossa autonomia era de mais ou menos uma hora e vinte minutos. O Régis havia deixado bem claro que não conduziria à noite. Eu e o Flávio teríamos de nos revezar enquanto não tivesse luz natural. Larguei, fiz o primeiro pit stop e continuei na prova. Já estava pilotando há duas horas e quarenta quando parei pela segunda vez.

Disse a mim mesmo que aquele pit stop viera em boa hora, pois me sentia um pouco cansado. O Flávio assumiu o Porsche. Eu estava deitado e cerca de 40 minutos depois de parar, entraram correndo no motorhome para avisar que me preparasse. O Flávio havia comido algo ou tomado uma medicação e não se sentia bem. E o Régis no escuro não conduziria. Fui para a pista de novo para mais duas tocadas. O Flávio fez a seguinte, eu mais uma e o Régis terminou a corrida nos últimos 45 minutos, quando já havíamos estabelecido boa vantagem para o segundo lugar. Senti-me feliz pela conquista e comigo mesmo, por conta de como conseguimos ganhar a corrida".

Em 2003 correu defendendo o título, novamente com o Porsche GT3 RS da Equipe Stuttgart, mas tendo como companheiros o jovem Ricardo Maurício (que corria de Fórmula 3 Espanhola na época, sagrando-se campeão da categoria no final daquele ano) e Paulo Bonifácio. Mas infelizmente um problema no macaco hidráulico do carro fez com que o trio perdesse 03 voltas com o Porsche parado nos boxes, eliminando as chances de vitória e deixando-os na 3ª posição na geral (com 368 voltas completadas).

Porém a briga pela vitória com Ingo Hoffmann (que seria o vencedor da prova, com outro Porsche) ficou guardada na memória do alemão, como ele resumiu para o livro Mil Milhas Brasileiras 50 Anos:

"[...] Aliás, a luta com o Boesel depois da largada, a nossa primeira tocada, foi uma das coisas mais memoráveis da minha carreira. Tiramos o literal racha. Durante uma hora e quarenta, mais ou menos, com o asfalto ora mais molhado, ora mais seco, nós lembramos nossos tempos de moleques nas ruas. Costurávamos no meio do tráfego em Interlagos. Um momento eu conseguia abrir um pouquinho dele, mas de repente ele passava e abria o mesmo de mim. Tive nesse dia um dos grandes prazeres nesse negócio de pilotar".

Ausente na 32ª edição, disputada no aniversário de 450 anos da cidade coração do Brasil, Boesel voltou em 2005, sempre a bordo do Porsche 911 GT3 da Stuttgart, oportunidade em que dividiu a tocada com os vencedores de 2001, Max Wilson e André Lara Resende (vencedor também em 1996, com um Porsche 911 Turbo 1971), além de Marcel Visconde. O trio terminou a prova numa discreta 7ª posição.

Para a edição que celebrou os 50 anos da prova, realizada em janeiro de 2006, Boesel estava inicialmente inscrito em um dos Aston Martin DB9-R da equipe Capuava Racing, do saudoso Alcides Diniz. Porém, o bólido inglês teve problemas de motor ainda nos treinos, impossibilitando a participação na prova. Como consequência, Boesel e o Português ex-F1 Pedro Lammy foram remanejados para o Mercedes Benz CLK DTM, cuja pilotagem fora dividida com Tony Kanaan, substituindo na Mercedes o então bicampeão da Stock, Giuliano Losacco, que não pôde correr por conta de problemas de saúde, e o ex-Stock Car Beto Giorgi.

No grid, alcançaram a 9ª posição, com o tempo de 1min36s437. O lindo bólido, derivado do DTM, chegou a ocupar a ponta da classificação geral, quando liderou 02 voltas na 1ª hora da disputa. Contudo, terminou a prova na 2ª colocação, com 05 voltas de desvantagem para o vencedor, o Aston Martin DB9-R de Nelson Piquet/Nelsinho Piquet/Helio Castroneves/Christopher Bouchut (FRA).

2007 foi um ano atípico para a prova, pois além de ter sido chamada de Mil Milhas Brasil, fez parte do campeonato Le Mans Series, sendo a 6ª e última etapa do certame. Repleto de pilotos e carros de alto nível, o grid foi formado por 23 bólidos, divididos em 04 categorias. Boesel disputou a prova com o Porsche 997 GT3 - RSR 3.8 da Stuttgart Sportscar/Dener Motorsport, em trio com Marcel Visconde e Flávio "Nonô" Figueiredo, sendo que a corrida teminou com 318 voltas completadas, deixando-os na 12ª posição.

A última participação de Raul Boesel em uma Mil Milhas Brasileiras ocorreu em 2008, ano que marcou o fim de uma era para a história da prova. E foi também a sua segunda conquista, ao receber a bandeirada depois de 368 voltas completadas, dividindo a tocada do Porsche 911 GT3 RSR 3.6 da Stuttgart Sportscar/Dener Motorsport com Marcel Visconde e Max Wilson, que também celebrou a sua segunda vitória em Mil Milhas. O grid foi novamente formado por 23 carros, e os adversários mais ferrenhos eram o Protótipo Mitsubishi Eclipse de Eduardo Souza Ramos/Geraldo Piquet/Leandro de Almeida, o Protótipo Dimep Chevrolet V8 da Família Pimenta (Dimas Filho, Dimas III e Rodrigo) e do saudoso Alfredo Guaraná Menezes Jr., além de Ferrari GT2 360 e de algumas Maseratis GT oriundas do antigo Trofeo Maserati, absorvido pelo GT Brasil. Com os problemas dos adversários diretos, Boesel & Cia venceram a prova, cuja largada foi dada às 11 horas de um domingo, com 23 voltas de vantagem para o Protótipo Mitsubishi Eclipse.

E essa foi nossa singela homenagem aos 66 anos do grande Raul Boesel, que infelizmente teve sua maior homenagem - o Autódromo Internacional de Curitiba - substituída por projetos da especulação imobiliária, deixando somente lembranças de uma pista que além de técnica, tinha um lindo cenário em sua volta.















segunda-feira, 27 de novembro de 2023

Protótipos MRX - 2020

Dando continuidade à retrospectiva sobre as edições das Mil Milhas Brasileiras disputadas após a retomada da prova, no ano de 2020, falaremos sobre o Protótipo MRX, que se fez presente com 02 (dois) exemplares na edição realizada no dia 16 de fevereiro de 2020.

Mas antes de tudo, é preciso relembramos que o MRX é o sucessor do tradicional MCR, por sua vez lançado no ano de 1999, e que alcançou grande sucesso nas pistas, obtendo vitórias e títulos em provas importantes, como nas 12 Horas de Tarumã e nos campeonatos brasileiro e gaúcho de endurance. Mas essa é uma outra história, que merece um capítulo especial aqui no nosso blog.

Voltando ao MRX, o bólido de corrida foi lançado no ano de 2009 pela Metalmoro, construtora fundada em 1968 na cidade de Veranópolis (RS), e que se destaca pelo sucesso obtido tanto no kart quanto nas pistas ao longo dos anos. A carenagem de fibra de vidro possui semelhanças com o antigo MCR Turbo, sendo um carro apto a receber diversas motorizações (seja turbo ou aspirado), com posicionamento central. Ainda em 2013, foi lançado o MR18, que utilizava a base do MRX, mas com carroceria fechada.

Na prova de 2020, foram inscritos os MRX nº 56 dos quartetos Gustavo Simon, Rafael Simon, Rafael Cardoso e Sérgio Cardoso, equipado com motor Honda K20 2.0 16v (oriundo do Civic Si), e nº 72, de Carlos Antunes, Yuri Antunes, Mauro Auricchio e Lucas Marotta, por sua vez equipado com motor Opel C20XE 2.0 16v (derivado do Vectra GSI e Calibra).

Ao final das 360 voltas da corrida (limitada a 11 horas), o nº 56 terminou na 3ª posição, com 301 voltas completadas (melhor tempo de volta: 1min41s881, enquanto o nº 72 completou apenas 28 (melhor tempo de volta: 1min49s255).






terça-feira, 14 de novembro de 2023

BMW 320is nas Mil Milhas de 1993

Rever o histórico de publicações desse nosso espaço é ter a gratificante sensação do quanto evoluímos nesses mais de 13 anos de existência. Isso podemos notar na forma de escrever, no conteúdo das postagens e mesmo na profundidade das informações obtidas.

Um exemplo disso se reflete em uma postagem que fiz há mais de 10 (dez) anos, sobre as várias ocasiões em que um veículo da marca BMW disputou as Mil Milhas Brasileiras. Na época, as informações ainda eram um pouco escassas ou mesmo imprecisas, o que causou algumas omissões em determinados casos.

É o que aconteceu com a participação de uma BMW 320is E30 no ano de 1993, que só vi tomar conhecimento após assistir uma gravação da corrida publicada no Youtube, muitos anos depois. Na ocasião, fiquei intrigado com aquela alemã com pintura verde de quem nunca tinha ouvido falar, e sequer sabia quem tinha pilotado.

Através de uma matéria de revista especializada, pudemos verificar que o veículo inscrito sob o nº 77, pertencente à equipe portuguesa Trajecto (TAP), era oriundo do Troféu BMW, certame organizado pela Baviera, representante oficial da marca em Portugal, entre os anos de 1990 e 1992. A competição mesclava corridas em circuitos fechados (como o Estoril), de rua e provas em estradas, e contou com nomes locais como Manuel Fernandes, Álvaro Parente, Jorge e Alcides Petiz e Antônio Barros.

Cabe destacar que a 320is era praticamente uma 325i enquadrada no grupo N, com o motor da M3 reduzido (de 2300 cm³ para 1990 cm³) e suspensão Bilstein ou Mtec com diferencial autoblocante. Porém o câmbio era o mesmo, e a preparação ficava por conta da tradicional casa AC Schnitzer.

Falou-se na época que o exemplar que veio ao Brasil tinha preparação que fazia o motor aspirado chegar a 220 cavalos de potência, enquanto que a pilotagem ficou por conta do trio Luiz Carlos Sansone/Antônio Santos/José Figueiredo. Desses pilotos, o mais conhecido era Luiz Carlos Sansone, que correu de Fórmula Vê em 1970, e naquela edição registrava a sua 16ª participação na prova. Infelizmente não conseguimos obter a colocação final da BMW, mas Sansone contou que dirigiu por cerca de 07 horas na disputa, pois os demais pilotos não conseguiam enxergar nada na chuva que caiu durante boa parte daquela edição. 


* Esta matéria contou com a imprescindível colaboração do irmão Rodrigo Carelli, o cara por trás do excelente //blogdocarelli.blogspot.com, que gentilmente buscou o contato de Luiz Carlos Sansone e confirmou os nomes dos pilotos que dividiram a tocada com ele.





sexta-feira, 3 de novembro de 2023

Chevrolet Omega da Equipe Big Power - 2020

Na última live que fiz com meu irmão Rodrigo Carelli, do //blogdocarelli.blogspot.com, relembramos a evolução que as Mil Milhas Brasileiras teve desde a retomada da prova, no ano de 2020. E se os prognósticos se confirmarem, em 2024 teremos uma das maiores etapas dos quase 70 anos de história da competição.

Na ocasião (feriado do dia 02 de novembro), falamos sobre o aumento na quantidade de inscritos, no nível dos competidores e na repercussão em si da prova, que caminha de volta para o posto de destaque de onde não deveria ter saído nunca. Confiram neste link do canal Entusiastas Sobre Rodas, no Youtube.

E nesse clima, vamos continuar relembrando os carros, equipes e pilotos que fizeram essa história acontecer, começando pelo Chevrolet Omega Stock Car da tradicional Equipe Big Power, que disputou a prova em 2020, apesar de serem assíduos participantes das Mil Milhas, com nomes como Sandro Sanches, Ciro Paciello, Maurício Olio, Amaury Biem, entre outros.

Feras do campeonato paulista de automobilismo (historicamente na categoria stock paulista e mais recentemente na old stock) desde meados de 1989, a equipe do bairro do Canindé inscreveu o Omega azul nº 9 naquela edição, com o trio Ciro Paciello, Álvaro Vilhena e Evandro Camargo na pilotagem.

Seguindo uma tocada regular (era também o único competidor inscrito na categoria TN3), o valente bólido com a tradicional mecânica GM 4.1 6 cilindros chegou a ocupar a 3ª posição na geral, mas em virtude de problemas no diferencial (que precisou ser trocado), o carro passou várias voltas parado no box para reparo na parte da noite. Contudo, para a alegria dos fãs, a equipe resolveu colocá-lo de volta no final da prova, completando 125 voltas (o vencedor fechou em 360 no total, por conta da limitação de tempo), suficientes para deixá-lo na 5ª posição na geral.








domingo, 15 de outubro de 2023

Sérgio Drugovich (1950 - 2023)

O ano de 2023, infelizmente, tem sido marcado por despedidas no automobilismo brasileiro. E na terça-feira, 10 de outubro, o ex-piloto da Fórmula Truck, Sérgio Drugovich, faleceu aos 73 anos na sua cidade natal, Maringá/PR.

Sérgio era descendente de austríacos e italianos, e foi um dos pioneiros da Fórmula Truck, presente desde a temporada inaugural (1996) até a temporada de 1999. Na Truck, foi vice-campeão em 1996, ficando apenas 04 (quatro) pontos atrás de Renato Martins. Sempre pilotou caminhões da marca Scania, tendo obtido 12 vitórias e 05 pole positions.

Além da Fórmula Truck, também disputou corridas de Fórmula Ford em 1977 e 1978, além da prova longa 1000 km de Brasília, em 1975, com um Volkswagen Passat. Era irmão de Osvaldo Drugovich Jr., bicampeão da Truck, e tio de Felipe Drugovich, campeão da Fórmula 2.

Que Deus o receba em sua casa, e dê todo o conforto necessário à família.




Os irmãos Drugovich em Londrina

quarta-feira, 4 de outubro de 2023

Bird Clemente - 1937/2023

No último domingo, 01 de outubro de 2023, um dos grandes nomes do automobilismo brasileiro deixou esse plano em direção aos céus, como todo bom "pássaro" faz. Faleceu na capital paulista o piloto Bird Clemente, aos 85 anos, em virtude de uma infecção.

Bird marcou época no esporte a motor nacional a partir dos anos 60, tanto em virtude do seu talento ao volante, como por conta do profissionalismo através do qual exerceu a função de piloto oficial nas equipes Vemag, Willys e Greco, até a primeira metade da década de 70, sendo considerado o primeiro piloto profissional no Brasil (remunerado por salário).

Além disso, Bird foi eleito pela revista inglesa Autosport um dos 50 maiores pilotos que não chegaram à Fórmula 1

Sua "estréia" nas pistas ocorreria nas Mil Milhas de 1958 (III edição da prova), quando se inscreveu em um Simca Huit em dupla com seu amigo Luiz Pereira Bueno. Na verdade foi uma quase estréia, pois nem chegou a pilotar o carro, que quebrou com 02 voltas completadas, após a largada sob o comando de Luizinho. Mas finalmente pôde participar de uma corrida no ano seguinte, novamente uma Mil Milhas, desta feita dividindo o DKW Vemag Belcar nº 100 com Ciro Cayres, terminando em uma ótima 11ª posição na geral.

Participou de todas as Mil Milhas disputadas na década de 60, e após a ausência em 1970, disputou a edição de 1973 - que admitiu somente carros nos regulamentos das divisões 1 e 3 - em dupla com seu irmão Nilson em um Ford Maverick V8 5.0 da equipe Greco Ford, terminando na 1ª posição.

Um episódio interessante da sua carreira ocorreu em 1964, quando participou do Desafio dos 50.000 km com um Gordini, rodando ininterruptamente (por 22 dias) no circuito de Interlagos (as paradas eram apenas para troca de pilotos, pneus, eventuais reparos e reabastecimento). O veículo chegou a capotar durante os testes, mas mesmo com o teto amassado, prosseguiu na maratona.

Em 2008, lançou o livro "Entre Ases e Reis", contando a história do automobilismo brasileiro.

Siga em paz, Bird. Aqui ficamos gratos por tudo o que você fez pelo nosso esporte a motor!

Dentre suas vitórias mais marcantes estão:

- 200 Milhas de El Pinar, em 1964 no Uruguai, com o Willys Interlagos;

- 24 horas de Interlagos de 1970, em um Chevrolet Opala 3.8 com seu irmão Nilson Clemente, sendo que este carro fora posteriormente vendido ao piloto gaúcho Pedro Carneiro Pereira

- 500 km de Interlagos de 1973, com Nilson, a bordo do Ford Maverick vencedor das Mil Milhas daquele mesmo ano.


Desafio Gordini - Interlagos, 1964

Mil Milhas 1958 - Simca

Mil Milhas - DKW Belcar (6º lugar na geral)

Mil Milhas de 1973

24 Horas de Interlagos - 1970


segunda-feira, 25 de setembro de 2023

Ford Escort - Mil Milhas de 1984

Lançado no Brasil em 1983, o Ford Escort MK3 (baseado na terceira geração do modelo comercializado na Europa) logo ganhou as pistas, como forma de estratégia de marketing da montadora norte-americana, que desde o lançamento do Maverick (mais precisamente ocorrido no ano de 1973), não tinha um produto capaz de fazer frente aos concorrentes nas provas de curta e longa duração (o Corcel II teve uma aparição tímida, sobretudo restrita ao Torneio Philco Corcel II, entre 1980 e 1982).

Disponível nas versões L, GL e Ghia, o Escort tinha na versão XR3 a sua expressão esportiva, embora o desempenho do comportado motor CHT 1.6 a álcool (com 73,4 cv de potência) não fizesse jus ao visual moderno da versão, equipada com rodas aro 14, teto solar, bancos esportivos, aerofólio e defletores aerodinâmicos.

Na Mil Milhas do ano seguinte, o novato Ford mediu forças com carros com mais tempo de pista (desenvolvimento), como os Fiat's 147/Spazio e Oggi, VW Passat e Chevrolet Chevette. E não fez feio, pois dos 10 primeiros colocados, excetuando-se os 04 primeiros, que eram Opalas Stock Car (carros com potência muito superior), 02 Escort's se meteram no meio dos Fiat's que dominaram o Brasileiro de Marcas e Pilotos do ano anterior. O nº 77, pilotado pela dupla Aloysio Andrade Filho/Ciro Aliperti Jr., terminou na 8ª posição com 192 voltas completadas, enquanto o nº 62, de Luiz Evandro "Águia" e Dedê Gomes, veio logo atrás, com 02 voltas a menos.

Além dos dois exemplares supracitados, foram inscritos na prova mais 02 Escort's: O nº 46, de Alex Dias Ribeiro/Ernesto Zogbi, e o nº 1, do trio Walter "Tucano" Barchi, Sérgio Louzão e Valdir Florenzo, que protagonizou uma cena hilária, contada neste blog há mais de 12 anos atrás. Infelizmente não fora possível encontrar imagens e o resultado final do carro de nº 46.



Escort nº 62 em primeiro na fila, seguido de um Fiat e do Escort nº 77



terça-feira, 12 de setembro de 2023

Volkswagen Fusca - Mil Milhas de 2001

O registro de hoje traz uma fotografia enviada pelo nosso amigo Dê Machado, com quem eu e meu irmão Rodrigo Carelli (que me repassou a foto) fizemos uma live (confiram neste link) na semana passada, a respeito da história da Speed 1600, categoria histórica formada pelos VW Fusca, e que formou grandes grids em Interlagos, sobretudo nos anos 80 e 90, sempre com acirradas disputas.

Na foto, temos o VW da dupla Jorge Fulco e José Augusto Alves Jr., que largou na 60ª e última posição (o grid seria formado por 61 carros, mas o Avallone-Chevrolet 5.0 de Antônio Carlos Avallone e Fernando Gonçalves não chegou a largar), com o tempo de 2min40s662. A participação na prova foi de 98 voltas, suficientes para deixá-lo na 47ª posição.



segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Les Behm - Um Norte-Americano nas Mil Milhas

Se a partir dos anos 90 ver um piloto estrangeiro no grid de uma edição das Mil Milhas Brasileiras se tornou algo corriqueiro, a mesma concepção não tínhamos nos anos 80. Depois dos italianos na edição de 1970, passamos um longo período sem ter pilotos falando outro idioma no grid.

Já contamos a história da participação do trio colombiano na prova de 1986, mas hoje o registro é sobre um norte-americano que disputou a XVIII Mil Milhas Brasileiras, em janeiro de 1988. Estamos falando de Les Behm, nascido em 03 de abril de 1925 na cidade de Underhill, Estado de Wisconsen.

Les Behm começou a disputar provas em meados de 1958, a bordo de um Volkswagen Sedan (nosso querido Fusca), passando logo em seguida para um Porsche 356. Mas sua história com a marca alemã começou em 1955, quando abriu a Behm Motors junto com seu irmão, Herman Behm, tornando-se pioneiros na importação destes veículos.

Acompanhando o ritmo dos negócios, a carreira nas pistas também evoluiu, ao ponto de criar a Behm Motors/Team Behm nos anos 60, que na década de 80, disputava o campeonato Volkswagen Golf Cup Series, categoria preliminar da Fórmula Indy. E foi por volta de 1986 que conheceu Luiz Evandro Águia, piloto brasileiro que fez carreira nos Estados Unidos a partir do final dos anos 80.

Com tal contato, veio o interesse e oportunidade em participar da maior prova do automobilismo nacional, em janeiro de 1988, quando disputou as Mil Milhas no Ford Escort XR3 1.6 nº 62, em trio com Evandro Águia e Dedê Gomes. E não fizeram feio! 4º lugar na classificação geral e 1º na categoria Marcas e Pilotos.

E assim, foi o primeiro piloto norte-americano a participar da prova. Les Behm faleceu em 02 de setembro de 2017, aos 92 anos de idade.


O escort de 1988


Dedê Gomes, Les Behm e Águia



segunda-feira, 14 de agosto de 2023

Carretera Chevrolet de Alfredo Santilli - 1960

Descendente de italianos, o piloto paulistano Alfredo Santilli também tinha no sangue o gosto por corridas de automóvel. Após um grande susto na prova de 1957, em que atropelou um cavalo (sim, meus amigos, cavalos eram comuns no traçado de Interlagos até os anos 60) quando ocupava a primeira posição (terminou na 15ª posição, com 178 voltas), Santilli disputou a edição de 1960 (antes disso também correu a prova de 1958) inscrito em duas Carreteras: A Chevrolet V8 4.5 nº 88, em dupla com Ivo Rizzardi, e a Ford V8 4.2 nº 84, com seu sobrinho Waldemar Santilli.

Nessa prova, teve mais sorte com a Chevrolet, pois conseguiu terminar na 2ª posição, embora tenha sofrido com problemas em uma barra estabilizadora, ao passo que a Ford teve que abandonar após problemas mecânicos, terminando nas posições finais.





terça-feira, 1 de agosto de 2023

Carretera Fiat Stanguellini em 1967

A postagem de hoje vai retratar a participação de um pequeno valente na 9ª edição das Mil Milhas, disputada em novembro de 1967. Estamos falando da Carretera Fiat Stanguellini 1.300 cc da dupla Salvador Cianciaruso e Domingos Papaleo, que foi adquirida por eles no ano anterior, do também piloto Luciano Bonini.

Na edição de 1967, o pequeno Fiat com mecânica Abarth chegou a brigar por posições com carros de maior potência, tendo abandonado a prova após uma falha mecânica. Ao final, terminou na 20ª posição, com 128 voltas completadas. Essa foi a terceira e última prova da carretera com os pilotos Cianciaruso/Papaleo, pois apresentou sérios problemas de motor (trinca no bloco), razão pela qual remontada como carro de passeio e posteriormente vendida.




segunda-feira, 17 de julho de 2023

Valdir Del Greco - 1986

A 16ª edição das Mil Milhas Brasileiras, disputada entre os dias 25 e 26 de janeiro de 1986, teve um grid minguado para os seus padrões. Apenas 34 carros largaram (dos 36 inscritos) e 11 deles receberam a bandeira quadriculada. Na época, muito se falou que a maior causa para o insucesso daquela edição fora a alteração no regulamento, que criou uma única categoria de força livre, deixando de estabelecer a premiação para carros de menor cilindrada.

Só que mesmo assim, um desses carros menores fez bonito na prova. Trata-se do Voyage Hot Car nº 59 do trio Amadeu Rodrigues, Paulo Sarmento e Valdir Del Greco, equipado com motor AP 2.0, que após largar do meio do grid, escalou posições gradativamente até ocupar o 3º lugar, embora tenha terminado a prova em um honroso 5º lugar (196 voltas), atrás apenas de Opalas Stock Car e seu bravo motor 6 cilindros 250s. Em 1985, Del Greco Já havia vencido a prova na categoria B, ao chegar no mesmo 5º lugar na geral (191 voltas), dividindo a tocada do VW Gol Hot Car nº 40 com Luis Pinto.

Infelizmente, Valdir Del Greco, que era funcionário da engenharia e piloto oficial da Volkswagen, perdeu a vida no mesmo Interlagos em junho de 1987, durante a 3ª etapa do Paulista de Hot Car. Na ocasião, chovia muito na pista, e logo após a largada ter sido autorizada (fato este que veio a ser muito contestado após o trágico acidente), o Voyage de Greco rodou na curva 2, sendo atingido na lateral pelo Opala de Carlos Col, e logo em seguida, na traseira, pelo Passat de Ricardo Bock. O piloto chegou a ser socorrido com vida, mas morreu a caminho do hospital, em virtude do grave ferimento (o acrílico da porta do carro perfurou o seu pescoço) que o fez perder muito sangue.






segunda-feira, 3 de julho de 2023

Lembranças de uma arrancada - Maceió/2004

Volta e meia falamos sobre as provas de arrancada que aconteceram no aeroclube de Maceió nos anos de 2003 e 2004. Foi uma época em que o filme Velozes e Furiosos e sua continuação, + Velozes + Furiosos, faziam muito sucesso, impulsionando o público amante de personalização e preparação de veículos, e consequentemente, o próprio mercado. E relembrando esse clima, trago para vocês alguns dos participantes da 2ª etapa do Arrancadão Maceió, disputada em 25 de janeiro de 2004:

*Fotos de Osmário Lacet


Puma com motor AP turbo do baiano Jorge Gitirana - ficou na 2ª posição da categoria Força Livre, com a marca de 14s298 nos 402 metros

Gol de Hamilton dos Santos, com pneus radiais

Santa Matilde 4.1 6 cilindros de Douglas Kleber Jr. - 3ª posição na categoria Street Tração Traseira, com 17s963

Ford Mustang 5.0 V8 de Emerson Rocha Pereira - 1ª posição na categoria Street Tração Traseira, com a marca de 16s525

VW Gol de "Júnior Buda", que causou sensação na categoria Turbo Original em razão do visual do seu veículo. Porém, enfrentou problemas na prova.