"Um espaço reservado para falar das lembranças, histórias e episódios dos mais de 60 anos de Mil Milhas Brasileiras. E de outras coisas mais!"

terça-feira, 30 de junho de 2015

Os 500 km de Interlagos de 1982 - A volta no vácuo das Mil Milhas


Diante da crise do petróleo que assombrou o mundo nos anos 70, as corridas de automóvel passaram a ser vistas com maus olhos, principalmente as de longa duração. 1000 Milhas e 500 Km de Interlagos não fugiram à regra. A verdade é que ambas as provas foram suspensas, sendo-lhes imposto o hiato de 8 anos, e só voltaram a ser disputadas no início da década de 1980, com o advento do combustível produzido a partir da cana de açúcar, o etanol.

A volta da 1000 Milhas ocorreu em 1981, e o grid daquele ano foi dominado por bólidos Opala Stock Car, todos movidos a álcool. Já os 500 Km voltaram um ano depois, justamente na tradicional data em que ocorriam desde 1957, qual seja, o dia 7 de setembro.

A prova 500 Km sempre foi a segunda mais prestigiada do automobilismo brasileiro, perdendo em importância somente para a 1000 Milhas, criada um ano antes (1956). Mas cabe ressaltar que era uma prova com dinâmica diferente, pois além de ser disputada totalmente durante o dia e ter menor distância percorrida (menos de um terço), utilizava somente o anel externo de Interlagos, tornando-a uma disputa com ritmo bem mais forte.

Tradicionalmente, o grid era limitado em 33 carros por questões de segurança, haja vista que a extensão do anel externo era de 3.278 metros. Mas em 1982, na volta da prova, tal limitação no número de carros foi dispensável, já que o grid foi diminuto, sendo formado por apenas 13 carros, todos do modelo Opala, preparados sob o regulamento da Classe C do Campeonato Paulista. Se o grid era magro, nem precisa dizer que as arquibancadas estavam vazias...

Em suma, as duplas de pilotos inscritas na disputa eram formadas por nomes que corriam no Brasileiro de Stock Car e na antiga Divisão 3, que pouco tempo depois passou a se chamar Hot Car. Estavam presentes nomes como: Ingo Hoffmann, Aloísio Andrade Filho, Luís Alberto Pereira, Nabil Khodair, Paulo Gomes, entre outros. A pole position ficou com a dupla Luiz Pereira/Nabil Khodair, do Opala nº 62 preparado por Jayme Silva, após alcançar a marca de 1min06s060, com Ingo Hoffmann/Aloísio Andrade Filho em segundo (Opala nº 7) e Denísio Casarini/Antônio Quiliconi em terceiro.

Na corrida, iniciada às 14h30min, a ordem de largada entre os três primeiros - que abriram notável distância dos demais carros do grid - foi mantida até meados da 6ª volta, quando Casarini foi para os boxes com problemas no carburador. Por outro lado, o nome da corrida era Paulo Gomes, que após largar em último, já parecia na 4ª posição. Paulão assumiu a liderança após a parada para reabastecimento de Pereira, na 53ª volta. No entanto, o motor do seu Opala apresentou problemas de superaquecimento, quanto a direção já estava sob o comando de Walter Corsi, fazendo com que a dupla deixasse a disputa na volta 81. Logo, o carro de Pereira/Khodair voltaria para a ponta, de onde não mais saiu, vencendo a prova após 153 voltas completadas em 2hr53min05s, com apenas - para os padrões de uma prova de longa duração - 31s530 de vantagem para Aloysio Andrade e Ingo Hoffmann. A média de velocidade ficou em 173,853 km/h.

Os 10 primeiros na corrida:

1º Chevrolet Opala nº 62 - Luiz Alberto Pereira/Nabil Kodair SP – 153 voltas
2º Chevrolet Opala nº 7 - Aloysio Andrade Filho/Ingo Hoffmann SP – 153 voltas
3º Chevrolet Opala nº 44 - Roberto “Coruja” Amaral/Ênio Di Bonito SP – 147 voltas
4º Chevrolet Opala - Valmir “Hisgué” Benavides/Zelimir “Zeko” Greguricinc SP – 146 voltas
5º Chevrolet Opala - Ney Faustini/Edmilson Santilli SP – 146 voltas
6º Chevrolet Opala - João Lindau Neto/José Lenci Neto SP – 133 voltas
7º Chevrolet Opala - Reinaldo Campelo/José Carlos Dias/João Alexandrino – 120 voltas
8º Chevrolet Opala - Antonio Quiliconi/Denísio Casarini – 89 voltas
9º Chevrolet Opala - Paulo Gomes/Walter Corsi – 81 voltas
10º Chevrolet Opala - Carlos Lima/Franklin de Lima – 28 voltas


Volta mais rápida: Luiz Alberto Pereira/Nabil Kodair, com 1min06s350.

Depois da edição de 1982, os 500 Km só voltariam a ser disputados em 1997, quando o cenário automobilístico já era bem diferente. E desde então, a prova passou a ser disputada no circuito completo de Interlagos, com exceção da edição do ano passado, que foi disputada no belo circuito Velo Città, localizado em Mogi Guaçu, interior de São Paulo.

terça-feira, 16 de junho de 2015

Gene Fireball


Ao assistir um vídeo de uma corrida antiga da Fórmula Truck, fiquei intrigado com o nome de um piloto que o saudoso Luciano do Vale mencionou algumas vezes: Fireball. Então pensei, putz, que é o piloto que usa um apelido radical como esse? Deve ser maluco mesmo!

Após algumas pesquisas, dificultadas pela falta de informações antigas a respeito da categoria, descobri que se trata de uma grande personalidade do motocross. Trata-se do Californiano Gene Daniel Fireball Gentsch Junior, radicado no Brasil desde 1987, que competiu durante muitos anos em provas de motocross, além de ter sido um dos pioneiros na introdução do Kart Indoor em São Paulo, junto com Djalma Fogaça. Chegou até a formar uma categoria própria, a Fireball, a partir de 1997. Atualmente, Gene se dedica às exibições e acrobacias sob motos, que já lhe renderam diversas fraturas e centenas de pontos pelo corpo! Ainda, o norte-americano já gravou 04 cd´s de música country.

Em relação à Truck, Fireball disputou corridas nas temporadas de 1997, 2001 e 2004, alcançando alguns resultados de destaques, como um 2º lugar em Interlagos. Em 2004, seu último ano na categoria, foi companheiro de equipe de Djalma Fogaça e Beto Monteiro, que se sagraria campeão naquele ano. Cabe ressaltar que Gene foi o primeiro estrangeiro a disputar uma prova da Truck, sendo seguido por Gastón Mazzacane (2008), Egon Allgauer (2009) e Alex Caffi (2013).

Nos boxes de Interlagos, em 2004

"Muito bem acompanhado" por Sabrina Sato - Interlagos, 2004

4º lugar em Guaporé, 2000, a bordo de um Volvo