"Um espaço reservado para falar das lembranças, histórias e episódios dos mais de 60 anos de Mil Milhas Brasileiras. E de outras coisas mais!"

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Opalas em 1984


Foto da largada da 14ª edição, disputada em janeiro de 1984, onde uma queima de largada do pole position (Opala nº 7 de Marcos Gracia e Luiz Alberto Pereira) ocasionou uma sequencia de batidas que causou avarias em vários carros. O piloto que conduzia o carro pole position, ao perceber que tinha queimado a largada, freou bruscamente, o que fez com que o motor apagasse e o resultado foi um engavetamento que envolveu uma boa parte dos 63 carros que alinharam no grid. Alguns carros sofreram princípio de incêndio, controlado sem maiores consequencias. Outros, como o Fiat nº 35 de Hélio Mateus/Marcelo Toldi/José "Coelho" Romano, sofreram avarias maiores.

Em destaque na foto, os Opalas:

Nº 11 - Reinaldo Campelo* e Edgard Mello Filho
Nº 44 - Sílvio Gléria e Carlos Gonçalves
Nº 97 - Ricardo Colombo e Gildo Monteiro

* Reinaldo Campello venceu esta prova, dividindo a condução do Opala nº 12 com Maurizio Sala e Zeca Giaffone.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

O Fiat 147 nas Mil Milhas Brasileiras










Amado por uns, odiado por outros, esse é Fiat 147. O primeiro modelo fabricado pela Fiat no Brasil, isto em 1976, coleciona muitos fãs e inimigos ao mesmo tempo. Nas Mil Milhas Brasileiras, o carro teve estréia tardia, já que na década de 70, a última edição da prova foi disputada em 1973, 3 anos antes do lançamento do carro. Portanto, a estréia só pode realizar-se em 1981, no retorno da prova ao calendário nacional.

Naquela edição, o maior destaque da marca ficou por conta do 13º lugar do trio Emílio Camanzi, Charles Marzanasco Filho e Paulo Mafra, com o Fiat nº 59 (com a conhecida frente Europa), preparado sob regulamento da Divisão 1. Na prova seguinte, realizada em 1983, o desempenho foi melhor, já que um modelo da marca alcançou o 8º lugar na classificação geral. O carro em questão foi o Spazio nº 48 de Atilla Sipos, José “Coelho” Romano e Hélio Matheus.

Para a prova de 1984, foram inscritos carros bem preparados, pilotados por nomes famosos como: Toninho da Matta, Atilla Sippos e Egon Herzfeldt. O resultado foi nada menos do que 4 modelos da linha entre os 10 primeiros colocados, sendo que na frente dos Fiat, só os grandes e potentes Opalas da Stock Car. Os Fiat's melhores colocados foram:

 
5o Fiat Spazio Nº 26 José David e Sílvio Zambello SP – 193 voltas
6o Fiat Oggi Nº 64 Egon Herzfeldt e Atilla Sipos RS/SP – 193 voltas
7o Fiat Spazio Nº 71 Cláudio Girotto, Giussepe Marinelli e Toninho da Matta SP/SP/MG – 192 voltas
10o Fiat Spazio Nº 54 Walter Travaglini e René Lofti SP – 190 voltas

Em 1985, apenas um Fiat da linha 147 terminou a prova entre os 10 primeiros colocados. Pilotado por José David, José "Coelho" Romano e Marcelo Rebizzi, o Spazio nº 26 alcançou a 10º posição na classificação geral, com 181 voltas completadas. Neste ano, houve a estréia de seu sucessor, o Uno, o que diminuiria a presença do 147 nas pistas.

A última vez em que um Fiat 147 (seja ele frente alta, Europa ou Spazio) alcançou uma boa posição na classificação geral foi em 1988, com o 8º lugar do Fiat Oggi de Carlos Teixeira, Irineu Gabriel e Francisco Gabriel, após 186 voltas completadas.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Lendas da Arrancada Brasileira

Dedico este post para falar sobre uma categoria do automobilismo que ainda sofre muito preconceito no Brasil, algumas vezes com e sem motivos para isso. Falo da categoria Arrancada. Sei que quando criei esse blog, minha proposta era falar somente da história da Mil Milhas de Interlagos. Mas entendo que quando o ser humano fecha sua visão em uma só direção, ele perde oportunidades de aprender coisas novas e exercitar sua inteligência através da dinâmica da vida. Portanto, venho falando sobre outros temas dos quais possuo pelos menos o mínimo de conhecimento para escrever algo relevante e sensato. 

A arrancada no Brasil começou a tomar força no fim dos anos 80, quando as provas eram realizadas na reta principal do Autódromo de Interlagos. Na época, era uma solução para acabar ou pelo menos diminuir os rachas que aconteciam em diversos pontos da capital paulista, como a Marginal Pinheiros. As provas tinham poucos recursos e aconteciam por meio de bandeiradas, onde os carros alinhavam em duplas e percorriam a reta de Interlagos no sentido oposto ao habitual ( da curva 1 para a subida do café). Com o passar do anos, a categoria foi se profissionalizando, o que possibilitou uma imensa evolução do mercado de preparação automotiva nacional, podendo ser comparado em diversos aspectos ao mercado internacional. Hoje, a Arrancada possui um nível muito alto, porém esbarra na falta de estrutura das pistas e na antiga imagem de racha ilegal.

Sem dúvidas, a categoria pertence sim ao automobilismo, basta olhar como ela é tratada no EUA, onde as arrancadas existem há várias décadas e contam com uma estrutura invejável, com pistas próprias para a realização de provas da modalidade, algo que só veio acontecer no Brasil há cerca de 4 anos atrás. Até hoje, a maioria das provas de arrancada acontecem nas retas de autódromos. Então, essa história de comparar a arrancada com os ilegais e perigosos rachas de rua é algo arcaico e ultrapassado. Porém, a própria categoria esbarra em falhas que dão margem a esse preconceito. Um deles é a falta de bom senso de muitos pilotos, que na ânsia de andarem mais rápido, com carros que possuem o mínimo de segurança possível, acabam arriscando e em muitos casos, ceifando a própria vida. Existe muita gente que retira o máximo de peso de um carro, não levando em conta fatores como a distribuição de peso e estabilidade, para poder andar na frente e ganhar alguns décimos de segundo, décimos estes que fazem a diferença nesse tipo de competição. Muitos acidentes em provas de arrancada ocorrem por conta dessa ganância em andar mais rápido, pois o piloto não pára pra pensar que um Fusca ou um Opala, ainda que aliviado no peso e com reforços em alguns itens, não têm estrutura para alcançar mais de 250 km/h em menos de 9 segundos. Se o piloto quer andar mais rápido ainda do que o seu carro montado/aliviado no peso pode proporcionar, que gaste mais dinheiro e construa um carro com chassi tubular e carroceria em fibra, que é o bólido destinado para essas condições. Além do mais, acho um verdadeiro "crime" o que alguns pilotos e preparadores fazem hoje em dia, como cortar a carroceria de um carro clássico, como um Opala da década de 70, para enfiar pneus enormes e a mecânica preparada. Isso era feito constantemente há 20, 15 anos atrás, mas nessa época, os carros hoje considerados clássicos e raros, eram considerados somente carros velhos, que exisitiam aos montes. Clássico é clássico e merece um tratamento melhor!

A Arrancada é uma categoria maravilhosa, a qual acompanho desde 2003, e merece mais respeito e reconhecimento das autoridades. Mas para isso, precisa se organizar mais internamente, perder certos aspectos de amadorismo e certos traços de ilegalidade. O tradicional Campeonato Paulista de Arrancada foi extinto em 2007, em função da reforma do asfalto do Autódromo de Interlagos. Após a conclusão da reforma, a categoria foi proibida de correr no asfalto novo, por determinação da FIA. Ainda que fosse mantida essa proibição, existiam outras alternativas que iriam manter a categoria competindo em Interlagos. Uma velha reivindicação dos envolvidos nas provas em Interlagos é o recapeamento e adequação do antigo retão para as provas de arrancada. Sem dúvidas essa é uma solução viável, com custos razoáveis e que não iria prejudicar as competições de circuito. Mas tudo isso esbarra na burocracia e desorganização que envolve o automobilismo brasileiro.

Então, como forma preservar a memória da categoria, fiz uma pesquisa de imagens de carros que fizeram, e em alguns casos ainda fazem, parte da história da arrancada no Brasil, pois muitos nem existem mais ou foram aposentados e mantidos guardados em garagens e oficinas, ou mesmo foram desmontados.

 Fusca Força Livre de Leonildo Rizzo - Depois do fim do Camp. Paulista, parou de competir. Não sei o paradeiro do carro

 Opala Marcos Rossi - Ficou parado por dois anos e voltou a competir na 2ª etapa da Copa Paraná deste ano

 Caravan de Pedro Nunes antes

 e depois - Este carro ainda existe

 Camaro de André Takeda - antes

e depois - Hoje pertence a Flávio Ancona e está parado há vários anos

 Opala Bi-turbo César Degreas - antes

 durante

 e depois - Este Opala foi aposentado em 2006, a mecânica foi utilizado no Dragster do piloto

 Mini- Chevette Leões Car

Camaro de Curitiba

 Chevette João Carlos Dored - antes

 e depois

 Fusca Força Livre de Sandro Bruno

 Vectra de Vicente Orige

 aqui com a pintura vermelha

 Opala de André Bearzi - 1996

 em 2001

 Caravan de Geraldo Jafet - em 2001

 e em 2004, último ano em que competiu. Esse carro ainda existe, com projeto para correr na Traseira Super (aliviado e cortado...)

 Bug de Yastaro Sassako - competiu até 2008

 Carlos Amboni - antes

 e depois

 Fusca do Kooji - Lenda das arrancadas dos anos 90, andou até 2001. O carro permance guardado em uma oficina

 Fusca de Rapahel Gargiulo - Competiu até o início dos anos 2000, o carro está guardado e preservado

 Opala Bi-Turbo equipe Favela - Esse carro ainda existe, porém sem a mecânica Bi-Turbo
 
 Camaro Hot Rod de Adriano Marques - Correu até meados de 2004, a mecânica voi vendida e o carro foi montado para a rua novamente

 Outro Opala da equipe Favela

 Bug da equipe Trimilika

 Gol da Equipe Steel -  antes

 e depois

 Puma GTB V8 de Dimas de Mello Pimenta

 Maverick de Marcos Amirati - dominou as pistas no início dos anos 90. O piloto voltou a competir recentemente com um Dodge Charger

 Caravan de Mauro César Laranjeira - dominou as arrancadas do Centro-Oeste durante anos, mas sofreu um grave acidente devido a um quebra de motor no Festival Brasileiro de arrancada de 2003, com perda total para a Caravan

 Chevette Força Livre de Antônio Menezes - Esse carro andava na frente de carros com muito mais investimento

 Fusca de Anderson Caparezzi - antes

 e depois

 Saveiro da Equipe Interceptor

 Fox Força de Livre de Juliano Salton - Esse carro estreou em meados de 2004, na categoria dianteira super. A preparação evoluiu, e passou a correr na Força Livre. O carro foi vendido no início de 2009 e foi desmontado.

 Maverick Blower de José Edson

 Fusca de Aparecido Cassiano Pires - Não tenho registro do paradeiro desse carro

 Gol da Equipe Kahlil - Os carros da equipe eram famosos pela suspensão baixa

Opala da Equipe Allen - Foi aposentado há pouco tempo, depois de anos de vitórias nas pistas

 Opala de Andre Takeda - Esse carro foi vendido em meados de 2002 ao seu primo Jeferson Takeda, e mecânica foi utilizada em um Dragster

 Caravan da Equipe Power Plus - foi recordista durante muitos anos em São Paulo

 a mesma caravan a 5 anos atrás 
 Escort XR3 V8 de Dimas Pimenta - Esse carro ficou parado por pelos menos 15 anos e voltou a andar esporadicamente após o Festival Brasileiro de 2006
 Maverick V8 - Esse carro pertence a equipe Powertech, de Curitiba, e competiu na arrancada Paranaense a partir de 1996. Foi alugado em 2004 por André Takeda, que utilizou sua mecânica no carro. Takeda teve muitos problemas com esse carro, tanto que nunca conseguiu andar em linha reta durante uma puxada inteira

 Karmann Ghia de Eduardo Dutra - Corre desde o inícios dos anos 2000 até hoje, passando por várias modificações estruturais e mecânicas


Maverick de Alex Amoroso - Corre desde o inícios dos anos 2000, exercendo domínio na categoria de 2004 a 2007. O piloto perder o patrocínio em 2008, e desde então, o carro está parado.

Opala 66 da AutoGiro - Carro famoso nas arrancadas dos anos 90 em Interlagos, foi aposentado mas disputou algumas provas esporadicamente até 2005, quando parou de vez. Hoje, se encontra guardado e devidamente restaurado.