"Um espaço reservado para falar das lembranças, histórias e episódios dos mais de 60 anos de Mil Milhas Brasileiras. E de outras coisas mais!"

quinta-feira, 25 de maio de 2023

Alexandre "Xandy" Funari Negrão (1953 - 1973)

Esse é o tipo de notícia sobre o qual detesto escrever, mas que infelizmente tem sido recorrente em nosso blog. Porém, nossa intenção é tão somente registrar a passagem de nossos volantes de competição para a pátria espiritual, lembrando de tudo o que fizeram no esporte a motor. E hoje, nossa homenagem vai para o grande (não só na estatura, mas também na contribuição para o esporte nacional) Xandy Negrão, um empresário de sucesso que foi um verdadeiro profissional no automobilismo, e que venceu por onde passou.

A história de Alexandre Funari Negrão no automobilismo começou no final dos anos 70, quando disputou provas de monoposto, mais especificamente na Fórmula Ford. Só que sua carreira só veio a engrenar quando passou para os carros de turismo, vencendo várias corridas no estreante campeonato brasileiro de marcas e pilotos, além de corridas de longa duração.

Dentre tais corridas, podemos citar a 31º edição das Mil Milhas Brasileiras, disputada em janeiro de 2003. Na ocasião, formou quarteto com Fernando Nabuco, Ricardo Etchenique e Ingo Hoffmann (a participação se deu por convite deste) em um esquema improvisado que contava com um Porsche 911 GT3, vindo da Inglaterra sem qualquer aparato técnico.

A vitória foi construída a partir da conquista da pole position, com o tempo de 1min40s357. Só que isso por si só não significa muita coisa em uma prova de longa duração, e a disputa não foi tão tranquila assim. Durante a madrugada, o Porsche dos vencedores se manteve na 2ª posição, atrás de outro Porsche (Raul Boesel), até que este teve um problema no macaco hidráulico durante uma parada no início da manhã. Daí então, puderam assumir a liderança até a bandeirada final, e a vitória veio com 05 voltas de vantagem para o 2º colocado. Em 2004, venceu os 500 km de Interlagos, em dupla com Guto Negrão.

Outra vitória na prova veio em 2005, quando a família Negrão (Xandy, Xandinho e Guto) convidou o então campeão da Stock Car, Giuliano Losacco, para disputar a prova em quarteto. Na disputa, o Audi tomou a liderança logo no início, após a largada com chuva e Xandinho Negrão ao volante. O duelo com o Protótipo ZF durou várias voltas, mas ao final, a vitória veio com 08 voltas de vantagem para o 2º colocado. Naquele ano, ainda venceu os 500 km do Rio de Janeiro, quando uma capotagem nos treinos quase alijou o Audi da disputa. Porém, mesmo largando da última posição, Xandy Negrão e Losacco venceram a prova, após um duelo com o Protótipo ZF, que teve de abandonar em virtude do superaquecimento do motor. Mesmo com a capotada no dia anterior, o Audi rodou como um relógio suíço!

Mas, há que se mencionar também que Xandy alcançou o 2º lugar na prova de 1981, a bordo de um Chevrolet Opala Stock Car, em trio com Dárcio dos Santos e Giu Ferreira, além do 8º lugar em 1985, formando dupla com Sebastião Bendasoli em um Volkswagen Voyage. Em 2007, quando a Mil Milhas foi transformada em uma etapa da Le Mans Series, disputou a prova na categoria LMGT2, com uma Ferrari 430 GT. O trio Xandy Negrão/Xandynho Negrão/Andreas Mattheis terminou em 8º na classificação geral e em 2º na categoria.

E por falar em Stock Car, em que pese termos falado sobre sua trajetória na categoria em 2014, aproveito a ocasião para fazer uma errata sobre a sua estréia no certame, pois na verdade não ocorreu a partir de 1995, como dito antes, mas sim nos anos 80, mais precisamente na 6ª etapa de 1983, disputada em Goiânia/GO. Naquela corrida, pilotou o Opala nº 81, preparado pelo mestre Jayme Silva, terminando na 8ª colocação. E já etapa seguinte, disputada em Brasília/DF, alcançou seu primeiro pódio (terceiro lugar). Naqueles disputou mais 02 provas em Interlagos/SP, sempre terminando entre os 10 primeiros. Nos anos de 1984 e 1988, Xandy disputou 01 corrida em cada uma deles (Jacarepaguá/RJ e Interlagos/SP, respectivamente), ao passo que sua volta definitiva à categoria ocorreu em 1995.

Neste interregno, foi campeão do Brasileiro de Marcas em 1984, a bordo de um VW Voyage e em dupla com Jayme Figueiredo, e bi-campeão em 1986, dividindo a tocada de um VW Passat com Armando Balbi. Foi também campeão da Copa Fiat Palio em 1996, e após deixar a Stock Car, em 2003, para se dedicar aos negócios e à carreira do filho, foi bi-campeão do GT3 Brasil em 2007 (correndo com Dodge Viper e Lamborghini Gallardo) e em 2008 (com Dodge Viper e Ford GT). O último troféu nas pistas veio em 2019, na categoria Império Endurance Brasil, formando dupla com o filho Xandynho em uma Mercedes-Benz AMG GT (categoria GT3).

Que Deus o receba em sua casa e dê todo o conforto necessário à família.

Ps: essa foi a postagem de número 400 do nosso blog. Agradecemos aos fiéis leitores, que valorizam essa trabalho de preservação da memória automobilística nacional e mundial.


2005

Tarumã, 1995, o palco da 1ª vitória na Stock




Audi TT-R - Mil Milhas de 2004

Mil Milhas de 1981

2007

segunda-feira, 15 de maio de 2023

Opala Força Livre - 1989

O Chevrolet Opala é sem dúvidas o carro nacional com maior tradição na história das Mil Milhas Brasileiras. A primeira participação na prova ocorreu em 1970, ocasião em que foram inscritos 02 exemplares: Nº 84 de Pedro Victor de Lamare/Artur Bragantini e nº 93, de Luiz Zanforlin/Joseph Ferruglio. O melhor colocado fora o nº 84, que terminou na 19ª posição (grid formado por 50 carros), com 164 voltas completadas.

Entre 1981 e 1990, das 09 provas disputadas, apenas 01 não foi vencida pelo modelo da Chevrolet, que também assegurou os demais lugares do pódio em várias dessas edições. A última participação de um Opala nas Mil Milhas ocorreu em 2005, com o exemplar equipado com motor V8 derivado da Nascar (Busch Series, atual Xfinity), pilotado pelo trio Guido Borlenghi, Archimedes Delgado e Jonatas Borlenghi.

Mas hoje trazemos o Opala força livre do trio formado por Edson Serrano/Carlos Henrique Castralli/Haroldo Silva, que em 1989 alcançou a 29ª posição na classificação geral, ao completar 154 voltas. A receita básica de preparação era a tradicional: Motor 250s 6 cilindros, com 01 carburador Weber 44, câmbio Dodge 4 marchas e diferencial Dana 44, derivado do Ford Maverick V8.




* Fotos retiradas do perfil pessoal do Instagram do piloto e preparador Carlos Henrique Castralli

segunda-feira, 1 de maio de 2023

Colombianos nas Mil Milhas de 1986

A história da participação de pilotos colombianos nas Mil Milhas de 1986, me inquietava desde que tomei conhecimento a respeito, em meados de 2006, ao ler uma matéria publicada pelo homem-arquivo de histórias automobilísticas Jorge Kraucher, em seu enciclopédico portal Speedonline.

Desde então, sabia apenas que se tratava de um Chevrolet Opala Stock Car alugado, no qual estavam inscritos os pilotos Pablo Gomes, Pedro Cárdenas e Jaime Quinteros Jr. E que completou apenas 02 voltas da corrida, permanecendo parado ao lado da pista até o final.

Mas, graças ao faro investigativo e jornalístico do meu irmão Rodrigo Carelli, cabeça do verdadeiro banco de informações automobilísticas //blogdocarelli.blogspot.com, ao obter matérias sobre a prova publicadas na extinta revista Motor 3 e no jornal O Estado de São Paulo, pude desvendar os liames dessa história, que passo a contar a vocês da seguinte forma.

O trio de pilotos citado acima, que trazia os predicados de campeão e vice de turismo colombiano de 1985 (Gomes e Cárdenas, respectivamente), além de campeão da Fórmula 3 Colombiana (Quinteros Jr.), alugou um Stock da equipe do saudoso Reinaldo Campello, que fora inscrito sob o nº 45.

Nos treinos, obtiveram a marca de 3min24s49 (a pole position fora conquistada pela dupla campeã de 1985, Paulo Gomes e Fabio Sotto Mayor, com 3min07s87), suficiente para levá-los à 23ª posição no grid formado por 36 carros. porém, como dito acima, a participação dos colombianos fora encerrada com 02 voltas completadas.

Apesar de terem prometido voltar, a equipe jamais voltou a disputar uma Mil Milhas.