"Um espaço reservado para falar das lembranças, histórias e episódios dos mais de 60 anos de Mil Milhas Brasileiras. E de outras coisas mais!"

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Tubarão, bicudo, Monzinha...



São vários os apelidos para o Chevrolet Chevette, modelo que desperta paixão em uns e ódio em outros, geralmente em dias de chuva...

Nas edições das Mil Milhas de Interlagos, o Chevette marcou presença em vários anos. A primeira participação registrada ocorreu em 1973, na 11ª edição da prova. Na ocasião, dois modelos competiram, sendo que o nº 37 foi pilotado por Newton Pereira e Ricardo Villares, e o nº 4 por Armando Andreoni e Luís Giannini. Ao fim da prova, o Chevy nº 37 ficou na 24ª posição e o nº 4 na 52ª dos 64 carros que largaram.

No ano de 1981, os melhores Chevettes na classificação final foram o Divisão 1 de Arlei Pezente e Antenor Pezente – com 175 voltas, na 19ª posição, e o Divisão 1 de Paulo Nascimento e Plácido Iglesias Filho –  com 174 voltas, 01 posição depois.

Em 1983, o melhor resultado até então, com o 10º lugar na classificação geral do Chevette nº 58 de Gastão Weigert, Alencar Jr. e Valter Spinelli, com 185 voltas completadas.

Na edição de 1990, a primeira disputada no novo traçado, veio a melhor classificação de um Chevette na história da prova. O trio Fernando Rebelatto, José Fiaminghi e Silvio Zambello conquistou o 4º lugar na classificação geral com um "Chepalett". O apelido dado ao carro era pelo fato de ser um Chevette com frente e motor do Kadett (motor 2.0, o mesmo utilizado no Monza) e com cubos de roda e freios de Opala. O carro pertencia ao dono de uma oficina de preparação de São Paulo, a Euro Sport.

Em 1999, a última participação de um modelo Chevette nas Mil Milhas. Um exemplar do modelo conhecido como "Monzinha", como mecânica 6 cilindros do Opala (o conhecido Chepala) foi pilotado pelo trio Carlos “Tigueis” Batista, Reinaldo Gasko e José Carlos Alves. Uma pena que a corrida tenha acabado cedo para o trio, com apenas 7 voltas completadas.

Fonte:

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Aos bons, o descanso merecido - Dan Wheldon



Daniel Clive Wheldon (Emberton, Ing., 22/06/1978 - Las Vegas, Eua, 16/10/2011)


Neste domingo, 16 de outubro, assistimos a mais um acidente fatal em uma prova automobilística. O piloto Inglês Dan Wheldon faleceu em virtude dos ferimentos sofridos em um acidente de grandes proporções na última etapa do campeonato 2011 da Fórmula Indy, no circuito oval de Las Vegas.

Infelizmente é mais uma vida ceifada pelos riscos deste esporte, tão fascinante e tão perigoso. Todo piloto que senta em um carro para disputar uma prova, sabe dos riscos que o esporte oferece. O problema está quando corre-se riscos desnecessários, ou seja, que poderiam ser evitados ou minimizados. A prova disso é a declaração do ex-piloto da Indy, o Mexicano Ádrian Fernandez, que esteve com alguns pilotos antes da largada e disse que todos se sentiam inseguros em relação à pista. O receio dos pilotos era em relação à inclinação da pista e à facilidade em alcançar altas velocidades. Será que a organização da categoria não teve tempo para verificar detalhes como esse? Acredito que não.

Mas o que nos resta é lembrar do ser humano lutador, nas palavras do compatriota Jenson Button, que foi Dan Wheldon. Um cara tido como um boa praça para todos os que conviviam ou conviveram em algum momento com ele. Enfim, hoje o esporte a motor perde um grande caráter, coisa não tão fácil de se ver nesse meio. Aos bons, o descanso merecido!

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Chico Landi









Francisco Sacco Landi, ou melhor, "seu" Chico Landi, é um nome que dispensa comentários. Um dos grandes nomes do automobilismo brasileiro - ou talvez o maior - , foi o primeiro brasileiro a pilotar um F1. Ao todo, disputou 6 Gp's, e mostrou o caminho para os pilotos brasileiros que tinham interesse em correr no velho continente.

Diante da grande importância de seus feitos e de sua longa carreira, esse post ficará limitado às participações de Chico Landi em edições das Mil Milhas Brasileiras. O primeiro piloto a liderar uma Mil Milhas foi Chico Landi. Após a largada da 1ª edição - em 1956, quando dividiu a pilotagem com Jair de Mello Viana - a bordo de sua carreteira preta nº 70 -, ele tomou a liderança e disparou na frente, imprimindo um ritmo tão forte que foi suficiente para marcar a melhor volta da corrida, com o tempo de 4min16s. Porém, o motor não aguentou o esforço e fundiu após 15 voltas.

No ano seguinte, a maior polêmica da prova. Chico Landi dividiu a pilotagem da carreteira Chevrolet nº 82 com José Gimenez Lopes e conquistou a vitória na pista. Porém, dois dias depois da corrida, foram desclassificados. O motivo: Já na segunda volta da corrida, a carretera passou pela frente dos boxes com as luzes traseiras apagadas, o que era proibido. Após tomarem conhecimento do problema, os responsáveis pela fiscalização da prova determinaram que Gimenez tinha que realizar uma parada nos boxes para efetuar os reparos necessários nas lanternas traseiras. Isso em no máximo 5 voltas. Porém, Gimenez só se dirigiu aos boxes após completar 9 voltas, causando a maior polêmica entre os outros competidores, que pediram pela desclassificação da dupla na prova. No fim das contas, a Landi e Gimenez puderam prosseguir na corrida, depois de realizados os reparos nas lanternas. Ganharam na pista, mas não levaram a vitória.

Em 1958, formou dupla novamente com José Gimenez Lopes. Pilotando a carreteira Chevrolet nº 82, alcançaram a 2ª posição na classificação final, com uma desvantagem de 8 voltas para os vencedores. No ano seguinte esteve ausente da disputa, e seu sobrinho, o grande Camilo Christófaro, dividiu a condução da carreteira Chevrolet com Gimenez em seu lugar. Alcançaram a 2ª posição na classificação geral.

A vitória finalmente viria em 1960. Neste ano, Landi dividiu a pilotagem de um FNM JK 2000 (de 150 cavalos de potência) com o saudoso Christian "Bino" Heins, que viria a falecer 3 anos depois durante as 24 Horas de Le Mans. O interessante dessa parceria é que Heins inicialmente correria em dupla com Eugênio Martins em um DKW da recém criada Equipe Serva Ribeiro, comandada pelo saudoso Jorge Lettry. Porém, durante os treinos, Heins se desentendeu com Lettry e abandonou o carro sem dar uma volta sequer. Então, passou a fazer dupla com Landi no FNM JK nº 28 e acabaram por vencer a prova. Na hora da bandeirada, Heins quis passar o volante para Chico Landi, que prontamente recusou, afirmando que sua participação na prova foi maior nos boxes do que na pista.

No ano seguinte, refez a parceria com Christian Heins, novamente em um FNM JK. A vitória parecia estar se desenhando novamente, pois quando ocupavam a 4ª posição, a carretera de Camilo Christófaro/Celso Lara Barberis que liderava e o FNM JK de Ciro Caires que estava em segundo, abandonaram faltando poucas voltas para o fim. A liderança ficou então com os gaúchos Orlando Menegaz e Ítalo Bertão, que nas última voltas enfrentaram a resistência dos pilotos paulistas. Ao saberem que a dupla gaúcha havia assumido a liderança, os paulistas retardatários na prova passaram a fechar as investidas de ultrapassagem dos gaúchos, enquanto ao avistar Christian Heins, "encostavam" para lhe dar passagem. No fim da contas, esse expediente não foi suficiente para mudar a liderança, pois a dupla Menegaz/Bertão chegou com uma vantagem de 12 segundos sobre Landi/Heins. E esta acabou sendo a última participação de Chico Landi nas Mil Milhas.

Chico faleceu em 7 de junho de 1989 na cidade de São Paulo, aos 81 anos.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O eterno seis canecos

















Este post é dedicado a um dos maiores clássicos da indústria automobilística brasileira: O Chevrolet Opala. Produzido durante 24 anos (1968 - 1992), o Opala foi durante muitos anos o carro mais luxuoso e desejado do Brasil, tendo destaque tanto nas ruas, como nas pistas. Por ter uma mecânica resistente e de fácil manutenção, pouco tempo após seu lançamento, passou a ser utilizado nas competições, onde atingiu inúmeras vitórias e resultados expressivos.

Na prova mais importante do automobilismo nacional, a história não foi diferente. Foram nada menos que 8 vitórias na categoria geral, obtidas somente nos anos 80, quando o veículo dominou o cenário automobilístico nacional. Com a liberação da participação de veículos importados, no início dos anos 90, a concorrência desigual fez com que o Opala perdesse as chances de vitória. mas como diz o ditado, quem é rei nunca perde a majestade. E com certeza continuará sendo um dos veículos mais cultuados pelo brasileiro por muito tempo.

Dados de participações de Opalas nas Mil Milhas de Interlagos:

1ª Participação:

1970 - Pedro Victor Delamare e Artur Bragantini - Chevrolet Opala 3900 - 19º lugar

1ª Vitória:
1981 - Affonso Giafone Jr., Zeca Giaffone e Chico Serra - Chevrolet Opala 4100 Stock Car

Última participação:

2005 - Guido Borlenghi, Jonatas Borlengui e Arquimedes Delgado - Chevrolet Opala V8 - 57º lugar

Total de Vitórias e pódios:

8 Vitórias (1981, 1984 à 1989)

8 Vezes segundo lugar: (1981 à 1988 e 1990)

11 Vezes terceiro lugar (1970, 1981 à 1990 e 1993)

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Caetano Damiani






(Fotos de Sérgio Jorge)



O paulista Caetano Damiani, respeitado piloto de carretera e mecânico do fim dos anos 50 e 60, foi durante vários anos um sério candidato á vitória na Mil Milhas de Interlagos.

Sempre preparando seus próprios carros, Damiani estreou na prova no ano de 1957, em dupla com Edmundo "Dinho" Bonotti na carretera nº 68, feita a partir de um Ford 1934 4.0 V8. Na prova, não foram além da 27ª colocação completando 141 voltas, devido a um problema no motor.

No ano seguinte, formou dupla com Ivo Rizzardi em sua carretera Chevrolet V8 4.5, chegando ao 5º lugar após completar 185 voltas. Em 1959, refez a parceria com Ivo Rizzardi, pilotando a carretera com a qual Djalma Pezzolato se acidentou, vindo a falecer, durante a Mil Milhas de 1957. Essa carretera sofreria ainda outro capotamento antes de chegar às mãos de Damiani. Mesmo assim, Rizzardi a comprou e Caetano cuidaria da reforma, que incluiu até a troca do chassis. Na Mil Milhas, terminaram na 6ª posição, com 192 voltas completadas. Uma curiosidade dessa prova foi que Caetano chegou a perder uma das rodas no momento em que contornava a curva 3, ficando parado por várias voltas aguardando o socorro dos boxes.

Ausente na disputa de 1960, voltou à prova em 1961, novamente em dupla com Ivo Rizzardi. Alcançaram a 5ª posição na classificação geral, e o 3º lugar na categoria Turismo Força Livre.

O ano de 1965 marcaria sua melhor colocação na prova, com o 2º lugar obtido. À bordo da temida carretera Chevrolet Corvette azul claro e branco com motor V8 4.5 importado da Califórnia, formou dupla com o romeno Bica Votnamis, chegando inclusive a liderar a prova. Porém, a quebra da embreagem fez com que a dupla perdesse 3 voltas, caindo para a 4ª colocação. Mas retornaram à disputa apenas com a 4ª marcha, num forte ritmo de corrida. Na época, Caetano afirmou que se a corrida tivesse mais umas 2 voltas, teria ganho a disputa.

Em 1966, fez sua última participação na Mil Milhas, correndo novamente em dupla com Bica Votnamis. Caetano já havia decidido parar de correr, tanto que já tinha até vendido sua carretera nº 34 para o piloto Justino de Maio. Mas Bica o convenceu de correr, à bordo de uma carretera derivada de um Oldsmobille "Ninety-Eight". Do carro, foram aproveitados o chassis e o diferencial, sendo adotado motor Corvette V8. Não terminaram a prova, devido à quebra da caixa de direção.

Por convite de Bica, ainda tentou correr a prova em 1967. Porém o carro que utilizariam - um protótipo esquisito chamado de "Caçador de Estrelas", que tinha coluna de direção na posição vertical, com piloto sentado à frente do eixo dianteiro e o motor Corvette instalado atrás do banco - não foi homologado pela direção de prova, impossibilitando a sua participação na prova.

Fontes:

www.bandeiraquadriculada.com.br (Paulo Roberto Peralta)
//luizpereirabueno.blogspot.com (Luiz Pereira Bueno - In Memorian)

sábado, 25 de junho de 2011

Réplica de BMW M1 de Alfredo Santilli



















O paulistano Alfredo Santilli foi um dos mais destacados pilotos de carretera da década de 50. Entre vitórias e performances destacadas, chegou a ser Campeão Paulista da Categoria Turismo de Força Livre (as famosas carreteras) em 1957. Além de piloto, Alfredo foi um exímio mecânico, tanto que durante a carreira, sempre preparou seus carros, tendo oficina própria existente até hoje.

Em 1991, já com 70 anos de idade, iniciou em sua oficina a construção de uma réplica de BMW M1, equipada com motor Corvette V8 (vindo de sua antiga carretera), câmbio de D-20 com diferencial Dana 44, freios de F-4000 e pneus slick. Uma das inusitadas soluções mecânicas do carro - muito devido à dificuldade de se encontrar componentes de alta performance - era o fato do motor ser instalado numa posição invertida, o que hoje é usual em carros com motor central. O projeto levou 2 anos para ser concluído e quando estava pronto para a BMW correr nas Mil Milhas de 1993, Alfredo teve pena de colocar o carro na pista e desistiu:
- Depois de toda dedicação e dois anos de trabalho, não tive coragem de colocá-lo nas pistas.

Alfredo confirmava o poder de fogo da BMW, que dizia chegar aos 260 km/h. Este carro permaneceu durante bom tempo à venda em um site de compras pelo valor de R$ 65.000. Seu atual propietário, Giancarlo Cerino, o restaurou pintando-o com as cores da BMW M1 que Nelson Piquet pilotou e foi campeão da Procar Series em 1980.

Fonte e fotos de época:


Fotos recentes:


segunda-feira, 30 de maio de 2011

Vitórias em Família













Tem parente que a gente quer ver bem distante, de preferência só em foto. Mas nada melhor que reunir a família em ocasiões especiais. Uma prova de longa duração, com a Mil Milhas de Interlagos, é uma delas.

Reuniões de família ocorreram várias vezes na história da prova, e em algumas delas, tiveram o lugar mais alto do pódio como fruto dessa união. A primeira vitória em família ocorreu em 1970, com os irmãos Abílio e Alcides Diniz. Dividindo a condução de uma Alfa Romeo GTA da equipe Jolly Gância, a dupla conquistou a vitória desbancando os favoritos Porsche 910, Ferrari 512 S, Lola T70, e tantos pilotos com mais experiência que os irmãos paulistanos. Na prova seguinte, em 1973, a vitória ficou com os irmãos Nilson e Bird Clemente, á bordo de um Ford Maverick Divisão 3.

Na volta da prova em 1981, depois da crise do petróleo que proibiu as provas de longa duração no Brasil, mais uma vitória em família. Dessa vez, os vitoriosos foram Zeca e Affonso Giaffone Jr., que formaram trio com Chico Serra na pilotagem do Opala Stock nº 6. Zeca ainda venceria em família mais 3 vezes, com o primo Walter Travaglini. Isso em 1986, 1988 e 1989.

A próxima vitória em família só ocorreria 6 anos depois, e pela primeira vez, com pai e filho. A marca foi conquistada por Wilsinho e Christian Fittipaldi em 1994, á bordo de um Porsche 911 RSR, na edição histórica pelo alto nível dos competidores. Em 1999, outra vitória em família, com os irmãos Beto e Luciano Borghesi juntamente com Jair Bana. O trio venceu a prova disputada em Curitiba á bordo de um Aldee Spyder VW.

A família foi ainda maior em 2005, quando Xandy Negrão, Xandynho Negrão e Guto Negrão venceram a prova com o Audi TT-R derivado do DTM alemão. Giuliano Losacco também dividiu a condução do Audi com o clã Negrão nessa prova.

A última vitória de família foi em 2006, dessa vez repetindo o feito de Wilsinho e Christian em 1994. O tricampeão de F1 Nelson Piquet venceu a prova com seu filho Nelson Ângelo, formando quarteto com Hélio Castro Neves e o francês Christopher Bouchut. Os vencedores pilotaram um carro até então inédito no Brasil: Um Aston Martin DBR-9.