"Um espaço reservado para falar das lembranças, histórias e episódios dos mais de 60 anos de Mil Milhas Brasileiras. E de outras coisas mais!"

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Monza Hatch em 1998


Um Monza de corrida? Sim, já existiu um no mundo, e mais especificamente no Brasil. E ainda por cima correu uma Mil Milhas, a 27ª edição, disputada em dezembro de 1998. Trata-se de um modelo Hatch, ano 1983 que pertenceu ao piloto Felipe Meirelles. Este carro começou sua história no automobilismo disputando provas de Rally em 1989. Em 1997 passou a disputar provas no asfalto, como as clássicas 500 Km de Interlagos e 1000 Milhas, bem como provas do campeonato paulista, na categoria Força Livre. A trajetória nas pistas terminou para o Monza em 2002, quando já apresentava rachaduras e grande flexibilidade no monobloco. Mas o fim dele é de partir o coração dos apaixonados por automobilismo: O carro foi mandado para uma empresa de sucata, onde foi compactado e transformado em "matéria-prima" para a indústria.

Mas o objetivo aqui é falar sobre a sua participação na Mil Milhas de 1998, única do modelo da Chevrolet até hoje e certamente será a única da história. A pilotagem do Monza ficou sob a responsabilidade da dupla formada por Felipe Meirelles/Mirko Hlebanja, largando na 29ª posição com o tempo de 2min17s164. A prova começou tensa, pois logo na largada um Porsche lhe deu uma fechada, e o piloto para não provocar um acidente, jogou o Chevrolet na zebra batendo com o cárter nela. O resultado foi a perda da pressão de óleo, que caiu para 0. Mas, de acordo com o proprietário Meirelles, "uma pessoa havia nos dado um produto chamado Prolong, que garantia que o motor poderia andar sem óleo. Ninguém acreditou, mas como não tínhamos nada a perdeer, decidimos continuar, e a cada parada para combustível e pneus, colocávamos óleo."

No decorrer da prova, uma mola de válvula acabou quebrando, e como a equipe não tinha outra no box para substituí-la, e logicamente, era impossível pensar um sair para comprar outra naquela hora da noite, a solução veio através de um preparador, que num gesto nobre, mesmo não conhecendo os pilotos do Monza, lhes deu a chave de sua oficina para que fossem lá buscar a peça sobressalente. Mas enquanto o reparo não era feito, o Monza continuava correndo valentemente, apesar de estar só com 03 cilindros funcionando. O resultado final contrariou aqueles que diziam que o Chevrolet não passaria da 1º hora de corrida: Terminou na 19ª posição na classificação geral com 248 voltas completadas, à frente protótipos como o Tango Chevrolet e o Esprom, e carros de turismo como Porsche 911 turbo e BMW 325i. É importante registrar também o apoio dado pelo principal patrocinador da equipe, a De Nigris Caminhões, na pessoa do piloto Neto De Nigris (atual líder do Mercedes Benz Grand Challenge), que tornou possível a participação do Chevrolet Monza na corrida.

Em 2000, o Monza foi o 20º colocado na geral e 3º na categoria II (perdendo para BMW e Omega) nos 500 Km de Interlagos, com 65 voltas completadas, tendo como inscritos os pilotos Felipe Meirelles e Adriano Medeiros. Esta corrida terminou com 91 voltas completadas das 116 previstas, pois um temporal desabou sobre Interlagos a partir das 17 horas, fazendo com que a luz natural acabasse rapidamente. Muitos carros não contavam com faróis de neblina ou mesmo simples faróis, e por conta disso, a direção de prova tomou a decisão de encerrar a prova.

Agradecimentos: Escrever essas linhas e ousar contar um pouco dessa história só foi possível com a ajuda do piloto e antigo proprietário do Monza, Felipe Meirelles, que cedeu as fotos do carro e relatou os acontecimentos da corrida. Muito obrigado Felipe!

No S do Senna durante as 1000 Milhas de 1998

Flagra de um salto na época das competições de Rally


Em ação nos 500 km de 2000

No grid dos 500 km de Interlagos em 2000

No meio do pelotão. Na frente o Protótipo Aurora da dupla Silvio Zambello/Marcelo Petriccione, seguido pelo Uno 1.6 de Airton Telles/Júlio César Alvim e pela BMW do trio André de Souza/Alfredo Guaraná/Eduardo Homem de Mello

Passando pelos boxes

4 comentários:

  1. Muito boa a matéria. Olha que eu há muitos anos acompanho o automobilismo brasileiro ( com uma pequena participação no final dos anos sessenta em corrida de estreantes e novatos ), e "muito pouco sabia com esta riqueza de detalhes" sobre a participação do Monza nos 500 Km de Interlagos e Mil Milhas. Parabéns a você e também ao piloto Meirelles por compartilharem esta história com todos nós apaixonados pelo automobilismo brasileiro.

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    1. Muito obrigado cara! Esse é o objetivo do blog, resgatar histórias, compartilhar informações e imagens desse esporte tão apaixonante que é o automobilismo.

      Ainda irei lhe importunar para fazermos alguma matéria! rsrsrsrs, abraços

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  2. Obrigado, Hiperfanauto e Ricardo, gostei muito da homenagem!!!!, grande abraço!!!!

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  3. História bonita mas quem contou deve ter dormido a noite inteira. De real aí só a parte do Carter.

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