O automobilismo nunca foi feito somente para homens. Isso é fato incontroverso. Desde a pioneira Maria Theresa de Filippis na Fórmula 1 (anos 50), passando por Lela Lombardi, Jutta Kleinschmidt (vencedora do Rally Paris Dakar em 2001), Lyn St. James (vencedora das 24 horas de Daytona por duas ocasiões) e Danica Patrick (Fórmula Indy e Nascar), entre tantos outros nomes notórios, a mulher provou que qualquer misoginia no esporte a motor não passa de lamentável ignorância.
E grandes mulheres não figuraram apenas no automobilismo internacional, pois no Brasil, desde meados dos anos 60, tivemos várias pilotas em diversas categorias nacionais. Dentre as desbravadoras, podemos citar D. Juze Fittipaldi (falecida em 2006, esposa de Wilson Fittipaldi, consequentemente mãe de Wilsinho e Emerson, que chegou a disputar uma prova com uma Mercedes em Interlagos), Lula Gancia (esposa do piloto e presidente da CBA, Piero Gancia, já falecido), Graziela Fernandes (paraguaia de nascimento, mas brasileira de coração), enquanto a partir dos anos 80, tivemos nomes como Regina Calderoni (Stock Car e Brasileiro de Marcas e Pilotos), Suzane Carvalho (campeã da Fórmula 3 Sulamericana Light), Débora Rodrigues (Fórmula/Copa Truck) e Bia Figueiredo (Fórmula Renault, Indy e Stock Car).
Ou seja, o que não faltam são nomes femininos que deixaram suas marcas na história do esporte, seja em monopostos, carros de turismo, rally e provas de longa duração. Tanto é, que no ano de 2001, chegamos a ter uma categoria monomarca (Ford Fiesta) apenas para mulheres, cuja organização tinha a chancela de Maria Helena Fittipaldi (ex-esposa de Emerson), e que reuniu nomes como Valéria Zopello, Danuza Moura e Maria Cristina Rosito, que ao final do campeonato, sagrou-se campeã.
E a arrancada não foge à regra, pois basta lembrarmos das herdeiras de John Force, Ashley, Courtney e Brittany, cuja primeira delas começou a disputar provas de Dragster e Funny Cars ainda em 2004, tendo, inclusive, vencido seu próprio pai nas pistas. Mas não precisamos ir tão longe para termos a oportunidade de conhecer uma história feminina no mundo da arrancada, pois hoje falaremos da pilota alagoana Mariana Ferro.
Mariana conta que no ano de 2015 foi assistir uma prova de arrancada disputada no Autódromo de Caruaru, e se apaixonou pela categoria. Mas naquele ano, o contato com a arrancada ficou restrito às arquibancadas e ao apoio aos amigos que competiam, pois somente em 2016, ela começou a disputar provas. O bólido escolhido fora um VW Fusca Itamar 1994, com motor 1600 refrigerado a ar, original. Nessa época, a participação fora na categoria 12 segundos, que por sua vez foi posteriormente extinta. E logo na estréia, veio um 3º lugar, sucedido por outros dois pódios. O melhor tempo fora de 12,03 segundos.
As participações em provas foram interrompidas no ano passado, para fins de preparação do Fusca, que foi convertido para álcool, ganhou cabeçotes rebaixados (pintados de rosa), comando de válvulas com maior tempo de abertura, escapamento dimensionado com saída única e dois carburadores preparados. Todo o trabalho ficou por conta do preparador Alcindor, de Gravatá-PE. O câmbio ainda é original, pois as provas em Caruaru são disputadas no 1/8 de milha (201 metros), mas está nos planos da pilota participar de provas no Autódromo da Paraíba, inaugurado em 2016.
E mesmo utilizando a aspiração natural, o VW 4 cilindros 1600 cc grita bem, com a marcha lenta embaralhada que é característica dos carros de competição. A bem da verdade, o besouro tem muito potencial, e certamente veremos ele e sua pilota figurarem no alto do pódio das arrancadas do Nordeste. Boa sorte Mariana!
Quero ver essa piloto brilhar! Ela é boa pra caramba! 😻😻😻👏👏👏
ResponderExcluirQue história legal! E que tenhamos mais e mais mulheres no automobilismo!
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