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terça-feira, 27 de julho de 2021

Puma NECHI AM-4: O resgate de uma fera

É certo que se você já navegou em nossas publicações sobre a famosa edição de 1994 das Mil Milhas Brasileiras, deve ter lido um pouco sobre o Puma Nechi AM-4 amarelo que se destacou tanto por sua beleza e detalhes de construção, quanto pelo seu envolvimento no trágico episódio do incêndio ocorrido na área dos boxes de Interlagos naquele ano.

Tais publicações (felizmente) chamaram a atenção do Leonardo Flach (o Lelê Gaúcho), um apaixonado por antigos e alta performance que desde meados de 2007, se dedicou a buscar o paradeiro do felino, que permanecia "enjaulado" desde o fatídico incidente que tirou a vida do mecânico José Marcelino Koga, e impôs queimaduras graves a outros dois membros da equipe.

Neste ínterim, tive a honra de ser procurado pelo Leandro Pascholatti (apaixonado pela marca Puma, que possui um exemplar GTB ano 1978 há 20 anos, zerado, na cor vermelha), e que junto ao Leonardo (Puma Clube de Brasília), são os curadores e "domadores" da fera, e dessa conversa, passo a fazer o seguinte resumo, acompanhado de várias fotos.

A história do Puma Nechi AM-4 vocês já têm conhecimento, pois já foi contada em nossas páginas anteriormente. Mas cabe lembrar que o nome do carro veio da junção dos apelidos de seus criadores, o NEneco (já falecido) e o CHIco (Nechi), sendo que este último guardou o carro debaixo de 7 chaves desde as Mil Milhas de 1994, numa verdadeira aura de segredo. Mas não podemos esquecer da valiosa contribuição prestada pelo grande Ademir Alves, da Faculdade Tuiuti, que foi de grande importância nesse processo.

Mas em fevereiro do corrente ano, fotos do carro no estado atual foram publicadas no perfil do Instagram da categoria Gold Classic, chamando a atenção de Leonardo, que acionou o parceiro de consultoria Leandro, e este, após o sinal verde do futuro comprador, de pronto entrou em contato com o pessoal da Classic atuando como intermediário, chegando até a empresa Hangar Racing.

Na ocasião, o dono do carro era o filho do Chico, o César, que também é do ramo de preparação de carros de competição. Feitos os contatos e tratativas, o carro foi adquirido por Alexandre Arruda, um grande colecionador do interior de São Paulo (a sua coleção é formada por carros nacionais, a maioria Gurgel e Miura), cujo pai fora advogado da fabricante Miura. A paixão pela marca é tão grande que esse colecionador tem todos os modelos fabricados pela fora-de-série.

E o resgate do carro ainda fora em grande estilo, pois o caminhão plataforma responsável pelo transporte também é de marca Puma (mais especificamente um 7900 CB ano 1997), que igualmente terá a sua merecida restauração. De posse do bólido, Leandro ficou com a incumbência de recuperá-lo, que foi adquirido sem motor (1.8, derivado do Passat), câmbio, instrumentos do painel e outros detalhes. Porém, o chassi está intacto, com amortecedores Koni, freios, rodas e pneus de época devidamente conservados e no lugar.

Pois bem, meus amigos, é com muito prazer que trago para vocês esta história, escrita em uma calma manhã de férias na cidade de Aracaju/SE, e que me deixou muito feliz por saber que mais um capítulo do automobilismo brasileiro será preservado, e que além de sermos loucos por tudo isso, não somos poucos. Meus parabéns ao proprietário do carro e aos guerreiros Leonardo e Leandro (na ordem invertida para não ficar com cara de dupla sertaneja), pela obstinação e insistência nesta empreitada.


* A obstinação de Leonardo e Leandro, sob a orientação do falecido Felipe Nicoliello são tão grandes, que eles chegaram a encontrar a carroceria nº 001 do Puma com motor Volkswagen, de corrida. Esse carro foi enviado para a cidade de Salvador/BA.

** Leonardo e Leandro prestam consultoria a coleções de Puma, através de avaliações, busca de peças, etc.


Alguns feitos do Puma Nechi AM-4:


1991:

Campeonato Metropolitano de Velocidade - Provas em: Curitiba – Londrina – Cascavel – Curitiba - 1º Lugar nas 4 Provas – Batendo recordes de tempo das pistas.


1992:

26.10.1992 – Metropolitano de Asfalto – Curitiba Categoria Força Livre #1 Piloto Tadeu Tadeu Kowalczuk - Pole position 1m36s06

Campeonato Força Livre de Regularidade - Provas em: Curitiba – Londrina – Cascavel – Curitiba - Em Curitiba e Londrina estabeleceu o recorde da pista.

25.10.1992 - Metropolitano de Velocidade no Asfalto e Endurance Copa Servopa - Quebra em Londrina se tornando campeão da categoria.

13.12.1992 - 1º 500 Milhas de Londrina – Usou o número #1 - Pole position tempo: 1m29s91 (Fonte Livro 500 Milhas de Londrina) - Irmãos Tadeu e Roman Kowalczuk.


1993:

07.03.1993 – 12 horas de Curitiba - Melhor tempo: 1m37s391 - Volta 93 quebra da homocinética abandono da prova. #1 Pilotos: Jair Bana / Tadeu Kowalczuk

29.03.1993 - 500 Milhas em Interlagos - 1º Lugar Força Livre - Noturna

31.07.1993 – 3 Horas de Interlagos – “ Classe B” ( 1601cc a 2000cc ) - Vencedor da Prova - 89 voltas em 3h27s353 velocidade média: 127,980 km/h- Melhor volta da prova 1m57s254- Usou o número #16 Pilotos: Jair Bana / Tadeu Kowalczuk - Largou da última posição (26º lugar), em virtude da quebra do motor durante os treinos.

29.10.1993 – 300 Milhas de Interlagos – Prova Noturna - 1º lugar na categoria - 2º lugar na geral.

12.12.1993 - II 500 Milhas de Londrina - usou o número #40 - Liderou praticamente a prova toda, fez o melhor tempo com 1m30s097- Pilotos: Jair Bana / Tadeu Kowalczuk / Artur Nunes.

28.12.1993 – Cascavel de Ouro.


1994:

22.01.1994 - 1000 Milhas Brasileiras - Interlagos - SP - Largou na 25º posição na geral e em 1º na sua categoria - Estando em 14º Lugar na categoria geral após 1h30 de corrida - Porém, na sua última parada nos boxes, o tanque de combustível teve um princípio de incêndio, causando queimaduras graves nos mecânicos e um deles veio a falecer dias depois.


Preparação de época:

- Motor VW AP-1800 com dupla Weber 45 com coletor de admissão Berta Argentino, o mesmo da F-3 da época.

- Cambio Hewland Inglês Mod Mk8 de 5 velocidades com embreagem hidráulica Girling (inglesa) como nos Formula -3 da época.

- Amortecedores KONI montados em suspensão tipo on-board para dentro do Chassis

- Freios a disco nas 4 rodas (com cilindros mestre independentes para dianteira e traseira) com ajuste de equilíbrio (mais ou menos pressão para dianteira e traseira ) 

- Rodas e Pneus (Cubo Rápido) Pirelli P7 Corsa 13x8 225/40 e 13x10 265/40

- Peso: 760 kg. Potencia aproximada: 198 cv;

- Velocidade máxima aproximada 240km/h;

- Fonte: Revista Oficina Mecânica.


















8 comentários:

  1. A memória do esporte a motor brasileiro é tão deficitária que quando vemos um resgate desse porte, ficamos cheios de orgulho e esperança. Parabéns a todos os envolvidos e ao Blog das Mil Milhas, por registrar esse resgate mais do que importante!

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    1. É verdade meu irmão! O trabalho em torno do resgate desse carro foi de grande importância. Que venham mais ações como essa!

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  2. Linda historia ,sou um admirador de Pumas ,e tenho um Puma P018 vermelho !!!

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  3. Tentei adquirir esse Puma e não consegui. Parabéns pela aquisição. Tive 2 AM4, um conversível e outro coupê, vendi tudo e fiquei só com as peças. Abç

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    1. Olá amigo! Uma pena você não ter conseguido, o bom é que ela está em boas mãos. Mas com esse histórico de Pumas, não nenhuma outra em mira não? Abraços!

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  4. Olá Ricardo, parabéns pela matéria! Fico feliz em saber notícias que a Puma está sendo preservada e cuidada com tanto carinho. Este carro sempre foi muito importante, não só para mim e para a minha família, mas para todos os admiradores do automobilismo pelo seu desempenho em meio aos grandes pilotos que competiam em Interlagos naquele domingo.

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    1. Olá Mariana, tudo bem? É um prazer tê-la aqui. Muito obrigado, nossa missão é trazer ao público esses capítulos do nosso automobilismo que não são valorizados pela mídia da forma como deveriam. Sim, esse carro é uma verdadeira lenda! E viva, ainda bem.

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