Falar que o nosso multicampeão Ingo Ott Hoffmann foi vitorioso nas categorias em que teve condições de sê-lo - com exceção das Fórmulas 1 e 2 - é algo óbvio e desnecessário. Por onde passou, Ingo conquistou vitórias, desde aquelas obtidas com larga vantagem - sobretudo na Stock entre o fim dos anos 80 e início dos anos 90 - até outras que foram conquistadas após disputas por décimos de segundo com adversários renhidos.
Mas o calcanhar de aquiles de Ingo tinha nome, tradição e não costumava facilitar para ninguém: Trata-se da mais tradicional prova de nosso automobilismo, as Mil Milhas Brasileiras, disputadas desde 1956 e que só perto do fim da carreira do piloto, veio a permitir que este inscrevesse seu nome no rol de vencedores.
A primeira participação de Ingo Hoffmann na prova ocorreu na XI edição, disputada em 08 de dezembro de 1973 só com veículos com preparação sob os regulamentos da Divisão 1 e 3. Naquele início de carreira - ele começou a correr em 1972, com um Fusca na categoria estreantes, quase standard - o veículo escolhido fora um VW Divisão 3, inscrito - logicamente - com o número 17, enquanto a pilotagem fora dividida com o também estreante Alex Dias Ribeiro. Após registrarem o tempo de 3min29s96, obtiveram na corrida um bom 13º lugar, em um grid formado por 64 carros. A posição final só não fora melhor porque o bólido ficou 50 minutos parado nos boxes, por conta de problemas de freio.
A título de argumento, Ingo foi campeão da Divisão 3 em 1973 e 1974, só que neste último ano correu com a famosa VW Brasília com patrocínio da Creditum.
Com o hiato da prova entre 1974 e 1980, em razão da crise do petróleo que impediu a realização de provas de longa duração, como forma de economizar combustível, Ingo só veio a disputar as Mil Milhas novamente em 1981, quando modelos movidos a álcool foram utilizados. Na ocasião, correu a bordo de um Opala Stock Car com Aloysio Andrade Filho, mas a corrida terminou durante a madrugada após a quebra do câmbio, quando ocupavam a 4ª posição com 39 voltas comletadas. Melhor sorte teve a outra dupla da equipe, Roberto Sávio e Luís Roberto Coutinho Nogueira, que levou seu Chevrolet Opala ao 5º lugar na geral.
Não obtive maiores informações a respeito das provas de 1983, 1984 - quanto a esta apurei apenas que ele correu em um Opala Stock Car com Affonso Giaffone Jr. e Pedro Queiroz Lima - 1985, 1986 - correu em dupla com Sávio Murilo de Azevedo, mas abandonaram a prova após uma batida que entortou o diferencial do Opala Stock Car - e 1989. Mas em 1987, é sabido que registrou a pole position a bordo do Opala Stock nº 69 da Equipe Kohlbach, em parceria com Sávio Murilo Azevedo, com a marca de 3min05s90. Depois de brigar pela primeira posição até o fim, a dupla terminou na 3ª posição na geral.
No ano seguinte, a parceria com Sávio Murilo foi repetida, e a dupla veio forte na busca pela vitória, chegando até a liderar a prova no início. Porém, o motor 6 cilindros do Opala abriu o bico após 121 voltas completadas.
Em 1990, na primeira edição disputada no novo - atual - traçado de Interlagos, Ingo correu em trio com Angelo Giombelli e Ariel Barranco no Opala Hot Car nº. Largando da 3º posição, Ingo assumiu a liderança após cerca de 30 minutos de prova. Porém, essa situação durou por apenas 23 minutos, quando o Opala passou a sofrer com problemas no sistema de alimentação, que impôs uma parada de 05 minutos nos boxes para reparos. A volta à pista durou pouco tempo: Com 10 minutos, Ingo parou novamente nos boxes, pois uma peça que caiu de um outro carro acabou sendo "atropelada" pelo Opala e lhe causando problemas na suspensão. O carro ainda resistiu por mais alguns minutos, quando Ariel Barranco parou nos boxes às 02:00 horas para trocar a suspensão, trabalho este que levou cerca de 70 voltas para ser concluído, deixando o trio fora dos 15 primeiros na geral.
Dando início à sua relação com a BMW, Ingo participou de um esquema que a princípio parecia vitorioso para as Mil Milhas de 1992. Naquela oportunidade, a equipe Bychl Euroracing trouxe 02 BMW M3 2.3 para participar da prova: No nº 17 foram inscritos Ingo Hoffmann e os alemães Bernd Effinger e Franz Josef Prangemeier, enquanto que no modelo nº 36, correram o brasileiro Claus Heitkotter e os alemães Jurgen Weiss e Marc Gindorff.
No final das contas, as BMW eram carros quase standard, com pouquíssima preparação, e não andaram quase nada. Após vários problemas nos treinos, sobretudo pela quebra do motor que terminou sendo substituído pelo de um exemplar de rua, e com a gasolina brasileira - misturada com álcool - , Ingo, conhecedor de Interlagos, alcançou apenas a 17ª posição no grid, enquanto a outra BMW ficou mais atrás. Na corrida, Ingo vinha muito bem na 2ª posição, porém o bólido alemão teve que abandonar a disputa na 248ª volta, por conta de superaquecimento. Ironicamente, a BMW nº 36 acabou vencendo.
Novamente com a BMW, desta feita uma 325i da equipe portuguesa Trajecto, Ingo vinha como um dos favoritos à vitória. Formando trio com os titãs do disputado Campeonato Brasileiro de Marcas e Pilotos, Paulo Júdice e Andreas Mattheis, chegou a liderar a prova por 60 voltas, porém o câmbio resolveu dar o ar da graça na volta 211, acabando com as suas pretensões de vitória.
Em 1994, a busca incansável pela vitória continuou. Inscrito inicialmente em uma BMW 325i com o saudoso André Ribeiro e Walmir Hisgué Benavides, Ingo fora escalado após o início dos treinos para disputar a prova no modelo M3 GTR de fábrica utilizado por Nelson Piquet e Johnny Cecotto. Embora a concorrência com os Porsches fosse grande, a BMW andou sempre entre os ponteiros, chegando a liderar por 10 voltas - entre a 117ª e a 127ª - após o Porsche 911 de Wilsinho e Christian Fittipaldi ir aos boxes.
No entanto, um problema no diferencial fez a M3 ficar parada nos boxes por cerca de 20 minutos, pondo fim à qualquer chance de vitória. Ao final, Ingo e seus companheiros terminaram na 4ª posição, com 361 voltas, logo à frente da BMW nº 17 de Ribeiro e Benavides, com 340.
Por ter andado muito bem com a M3 de fábrica em 1994, Ingo foi escalado para disputar a prova de 1995 na equipe oficial da BMW, que vinha com 02 BMW M3 GTR:
Excelente matéria! Um registro histórico para ficar na posteridade!
ResponderExcluirValeu meu irmão! E você me ajudou nessa também. Grande abraço!
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