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terça-feira, 30 de julho de 2024

Mil Milhas de 1983: As curiosidades de uma prova incomum

A XIII edição das Mil Milhas Brasileiras, disputada em janeiro de 1983, é certamente uma das edições que destoam do contexto das edições disputadas à época (década de 80). Vou explicar o porquê.

A diferença para as demais edições começa com o próprio carro vencedor, um Volkswagen Passat preparado sob o regulamento da categoria Hot Car (antiga Divisão 3), enquanto as demais provas realizadas nos anos 80, foram vencidas por modelos Chevrolet Opala, que por sua vez formavam o grid da Stock Car.

O carro em questão tinha o motor 1.6 litros preparado por Francisco Cilento, o Ico, enquanto a pilotagem ficou por conta do trio Vicente Correa/Valdir Silva/Fausto Wajchenberg. Mas é aí que entra outra curiosidade: Apenas os dois primeiros pilotos chegaram a conduzir o carro na prova, pois a dupla Vicente e Valdir resolveram inscrever Fausto já no sábado, horas antes da largada.

Isso aconteceu em virtude da dúvida que os pilotos tinham quanto à sua própria resistência física para suportar as mais 12 horas de corrida, o que os levou a decidir pela inscrição de Fausto. Naquele momento, o piloto estava no paddock e fora pego de surpresa com o convite, pois sequer estava com seu equipamento de corrida em mãos (macacão, luvas, sapatilhas, capacete, etc.), tendo permanecido no autódromo nestas condições até a manhã do dia seguinte.

Só então, quando o Passat liderava com certa tranquilidade (em que pese o grave problema nos freios), foi que Fausto pôde ir para casa e buscar seu macacão, para poder estourar o champangne de vencedor no pódio. Mas de fato, a tocada do carro ficou sob a responsabilidade apenas de Vicente Correa e Valdir Silva, por meio de stint's de cerca de 1h30min cada.

Mas quem pensa que a história de Fausto Wajchenberg nas Mil Milhas terminou por aí, está muito enganado. Em 1986, foi o 8º colocado em trio com Sérgio Di Gênova e Edmilson Santilli, Ford Maverick nº 7, enquanto que no ano seguinte, dividiu um Chevrolet Opala com Di Gênova e o antigo parceiro Vicente Corrêa, terminando na 7ª posição na geral.

Outra curiosidade foi o fato de o maior vencedor da prova (cinco vitórias, todas obtidas nos anos 80), Zeca Giaffone, não ter disputado aquela corrida, em que pese ter sido o vencedor da prova anterior (1981). Mais que isso, foi a única edição das Mil Milhas disputadas na década de 80 que Zeca não disputou.

E se não bastassem as 204 voltas (no traçado antigo de Interlagos) necesárias para completar as 1000 milhas, o então secretário municipal de esportes, Antônio "Totó" de Abreu, acabou deixando o carro vencedor passar sem ver a bandeira quadriculada, o que fez com que o VW Passat nº 9 tivesse que dar mais uma volta (se arrastando) até receber a bandeirada.

Aquela, de fato, foi uma Mil Milhas diferenciada.

Link para vídeo de entrevista de Hebe Camargo com os vencedores da prova:

https://www.youtube.com/watch?v=j2lOVWRxGB4&pp=ygUcaGViZSBjYW1hcmdvIG1pbCBtaWxoYXMgMTk4Mw%3D%3D


VW Passat dos vencedores

Disputa no miolo de Interlagos com o Passat de Douglas Mendonça/Alvino Jr./Michael Walter



Propaganda da VW

Largada de 1983

Attila Sipos, Horacio Matheus e Jose Rubens Coutinho Romano

2 comentários:

  1. Tudo bem? Um ano atrás, estive com o Fausto em um encontro de pilotos da antiga Turismo 5000. E ele me disse que essa história de não ter guiado na MM de 1983 é mentira. Guiou meia hora, segundo ele. Outros pilotos presentes ao encontro confirmaram a versão do Fausto. A razão de essa história ter surgido? Não sei.

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    1. Olá Pandini, tudo tranquilo, e você? Então, essa versão da história (de que o Fausto não correu) foi publicada no livro Mil Milhas Brasileiras, 50 anos, em 2006, a partir de relato de um dos pilotos vencedores (não me lembro se foi o Valdir Silva ou o Vicente Corrêa). Se o episódio não ocorreu dessa forma, seria interessante o Fausto se manifestar publicamente para que seja feita a devida correção/retratação, mediante prévia confrontação.

      Grande abraço e muito obrigado pelo seu comentário!

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