"Um espaço reservado para falar das lembranças, histórias e episódios dos mais de 60 anos de Mil Milhas Brasileiras. E de outras coisas mais!"

terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Carretera Ford de Ricardo Mercedes - 1959

Saboreando as postagens do incrível perfil Stock Car Old Times no Instagram, que pelas mãos do grande João Peyerl, nos traz lembranças de épocas em que apreciar um carro da Stock Car era um momento ímpar, pude descobrir que o Chevrolet Opala nº 60 (Equipe Basf) da temporada 1982, utilizado por Ricardo Vassilakis Mercede, o Mike, está preservado e em vias de ser restaurado.

E essa restauração contará com a essencial colaboração dos seguidores e amigos da página, através de uma assinatura cujo link está no referido perfil. Quem puder somar à essa história, será muito bem vindo!

Sobre Ricardo Mercede, mais conhecido como Mike, já falamos um pouco neste espaço sobre o seu grande feito conquistado nas Mil Milhas Brasileiras de 1983, quando obteve o segundo lugar na prova a bordo de um Opala Stock Car, formando trio com Luiz Evandro "Águia" e Dedê Gomez. Quem quiser se aprofundar um pouco mais sobre esse episódio, pode conferir as postagens através do menu ao lado.

Infelizmente, no dia 17 de setembro de 2025, Mike deixou esse plano terreno, aos 72 anos de idade. Que tenha toda a luz e paz que precisar nessa nova jornada!

Mas a história que vamos contar hoje não é exatamente sobre esse Ricardo Mercede, mas sim, sobre seu pai, que também tinha esse nome e fez várias corridas na época das carreteras. E em especial, a IV edição das Mil Milhas Brasileiras, realizada nos dias 21 e 22 de novembro de 1959.

Nesta corrida, Ricardo Mercede formou dupla com o gaúcho Ítalo Bertão, que viria a vencer a prova em 1961, em parceria com Orlando Menegaz. O carro utilizado foi a carretera Ford 1940 nº 94, equipada com motor Ford 8 BA, cabeçotes especiais, admissão com três carburadores Holley e comando de válvulas lateral, da marca Edelbroock, além de câmbio Jaguar de 4 marchas com duas alavancas (marcha ré com alavanca própria). E quem preparava essa usina era nada mais nada menos que Victor Losacco, pai de Vinícius e consequentemente, avô do piloto Giuliano Losacco.

A prova começou com a clássica chuva fina (garoa), marca de uma São Paulo que ainda não era a megalópole de ritmo frenético que conhecemos hoje. Mas o que realmente ditou o ritmo de corrida foi a neblina que baixou sobre o Autódromo de Interlagos, e que durou todo o período noturno da prova. O resultado disso foi a edição com maior duração da história das Mil Milhas, concluída em 16h22min38s e a mais baixa média horária, com 98 km/h.

Saindo do meio do grid, a carretera nº 94 foi ultrapassando os concorrentes sem se envolver em entreveros, tendo alcançado a quarta posição na classificação geral. Mas na volta 176 (do total de 201), o diferencial quebrou quando Ítalo Bertão (que tinha fama de não tratar muito bem o equipamento) estava ao volante. Não havia tempo para a troca da peça, e a solução da equipe para não ser desclassificada (só era considerado classificado quem cruzava a linha de chegada), foi parar o carro na margem direita da reta, próximo à linha de chegada (cerca de 100 metros antes), e aguardar a última volta para concluir a prova, recebendo a bandeira quadriculada.

E mesmo com este atraso tão grande, a carretera nº 94 ainda terminou na 10ª posição na geral. Essa foi a penúltima corrida desse carro, pois a despedida veio nas 200 Milhas de Bagé, no Rio Grande do Sul, em que abandonou a prova antes do final. Em seguida, o carro foi remontado e vendido como veículo de rua.

As fotos que ilustram essa postagem são do acervo pessoal de Ricardo Vassilakis Mercede, e foram gentilmente cedidas por João Peyerl. Gratidão!

Resultado final da prova (apenas os carros que cruzaram a linha de chegada)

Grid: 40 carros – Duração: 16h22min38s

1º Carretera Ford nº 2 Catharino Andreatta e Breno Fornari RS – 201 voltas
2º Carretera Chevrolet nº 84 José Gimenez Lopes e Camilo Christófaro SP – 198 voltas
3º VW 1600 nº 16 Caio Marcondes Ferreira e Lauro Bezerra SP – 196 voltas
4º DKW Vemag nº 76 Karl Iwers e Henrique Iwers RS – 195 voltas
5º Simca Stanguelini nº 36 Emílio Zambelo e Rugero Peruzzo SP – 193 voltas
6º Carretera Chevrolet nº 88 Ivo Rizzardi e Caetano Damiani SP – 192 voltas
7º Carretera Chevrolet nº 78 Antônio Versa e Eugênio Cardinale SP – 191 voltas
8º Carretera Ford nº 14 Raul Lepper e Francisco Said SC – 189 voltas
9º DKW Vemag nº 62 Flávio Del Mese e Cláudio Daniel Rodrigues SP – 184 voltas
10º Carretera Ford nº 94 Ricardo Mercedes e Ítalo Bertão SP – 176 voltas
11º Carretera Ford Edelbrok nº 90 Enio Lunardi Machado e Lauro Maurmann RS – 176 voltas
12º Carretera Ford Thunderbird nº 58 Haroldo Vaz Lobo e José Otaviano Cury PR – 175 voltas
13º DKW Vemag nº 60 Edward Almeida Pacheco e Paschoal Nastromagario SP – 172 voltas
14º Carretera Ford Edelbrock nº 92 Milton Mena e Alberto Rabay SP – 169 voltas
15º VW/Porsche nº 10 Haroldo Dreux e Aldo Costa RS – 165 voltas
16º Carretera Ford Edelbrock nº 32 José Azmuz e João Galvani RS – 165 voltas
17º DKW Vemag nº 46 Paulo Marinho e João Reguera PE – 163 voltas
18º Citroën 15 nº 68 Walter Pucci e Edgard Pucci SP – 160 voltas
19º VW nº 66 José Maria Salles e Antonio Pereira SP – 158 voltas
20º Carretera Chevrolet Corvette nº 54 Mario Vecchio e Julio Schinke RS – 157 voltas

Fonte: https://gptotal.com.br/with-a-little-help-from-our-friends-43/





Vistoria dos carros, no Estádio do Pacaembu 



Ricardo Mercede

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