"Um espaço reservado para falar das lembranças, histórias e episódios dos mais de 60 anos de Mil Milhas Brasileiras. E de outras coisas mais!"

terça-feira, 28 de outubro de 2025

Vistoria em 1959

Na primeira fase das Mil Milhas Brasileiras, que vai da primeira edição disputada em 1956, até 1967, quando o autódromo foi temporariamente fechado para sua primeira grande reforma, a vistoria dos carros inscritos na prova era geralmente feita na praça Charles Muller, localizada em frente ao Estádio do Pacaembu.

E como registro desse procedimento, temos a seguinte foto, datada de 1959, em que aparecem os seguintes carros:

- Carretera Ford nº 2 (motor com 260 cavalos e câmbio Jaguar 4 marchas) - Pilotos: Breno Fornari e Catharino Andreatta - 1º lugar

- DKW Vemag nº 18 - Eugênio Martins e Christians Heins

- DKW Vemag nº 76 - Karl e Henrique Iwers

- Carretera Ford nº 52 - Haroldo Vaz Lobo e José Cury

- Carretera Chevrolet Corvette 4.5 nº 50 - Celso Lara Barberis e Luiz Américo Margarido.

Excetuando a dupla Andreatta/Fornari, que venceu a prova pela terceira e última vez naquele ano, a melhor colocação entre os carros listados foi do DKW Vemag nº 76, que terminou a prova na quarta colocação, com 176 voltas completadas.



quarta-feira, 15 de outubro de 2025

O piloto Adson Moura

Impulsionado pela inauguração do Autódromo de Caruaru no ano de 1992, o automobilismo no Estado de Pernambuco lançou vários nomes a nível nacional no final dos anos 90 e início dos anos 2000. E um desses nomes foi o piloto Adson Moura, que registrou participações em diversas categorias de destaque.

Adson nasceu em 24 de outubro de 1977, e estreou no automobilismo local sob o apoio de seu pai e grande incentivador do esporte a motor, o saudoso Amauri Moura. Na mesma época, sua irmã Danuza também passou a disputar corridas nas categorias Corsa e Speed 1600. Em 1998, foi campeão brasileiro de Fórmula 2000.

No ano de 1999, Adson foi campeão da categoria Fórmula Espron Paulista, disputada pelos monopostos de fabricação nacional (criados no Ceará) com motorização BMW à época. A história dessa categoria é muito bem contada pelo cirúrgico Blog do Carelli, do nosso irmão Rodrigo Carelli. Para conferir essa retrospectiva, acesse este link.

Em 2000, Adson disputou a Copa Corsa Metrocar (cuja história também é retratada fielmente por Rodrigo no Blog do Carelli, nesta sequência), temporada em que teve como melhores resultados a vitória obtida na 6ª etapa e o segundo lugar na 4ª etapa, sendo os pontos conquistados suficientes para deixá-lo na 6ª posição na classificação geral.

No início daquele ano, cabe lembrar que os irmãos Moura venceram as 6 Horas do Ceará na categoria ate 1600cc, pilotando o Chevrolet Corsa da Equipe AMC Competições, em companhia do experiente Joca Ferraz, também de Pernambuco. E essa performance da equipe fora ainda mais destacada se levarmos em consideração o 4º lugar na classificação geral (200 voltas completadas), atrás apenas dos protótipos movidos por propulsores BMW.

Já em 2001, Adson Moura disputou 05 corridas pela Equipe Hot Car, ano em que aconteceu a estreia do motor V8 na Stock Car. Cabe ressaltar que o piloto também participou das Mil Milhas de 2001 (Protótipo Espron, em trio com Fred Lengyvel e Ricardo Arantes - 336 voltas completadas) e 2002 (Protótipo MCR, em quadra com Fred Lengyvel, Ricardo Arantes e Marcelo Reis - 188 voltas), tendo alcançado a 8ª e 42ª posição na geral, respectivamente. Ainda em 2002, disputou também os 500 km de Interlagos, a bordo de um Protótipo Moro, em trio com Alfred Lengyvel e o veterano Roberto Samed.

Logo após esse período, Adson Moura terminou por se afastar do esporte a motor, estando atualmente ligado à aviação (atua como comandante de jatos Phenom 300 e primeiro oficial em aeronaves Airbus A 320.

Adendo: Após ler essa matéria, o campeoníssimo pernambucano Adésio Santos nos lembrou de que na prova preliminar da Rio 400 de 1999, etapa brasileira da Fórmula Indy, Adson Moura conquistou a vitória na Espron de forma magistral, largando na pole e liderando de ponta a ponta. O vídeo desta prova está disponível neste link.

*Fotos de autoria do fotógrafo Antonio Preggo. Todos os direitos reservados.


Danuza e Adson Moura. Ela com o Omega da Stock Light e ele com o Vectra da V8

Mil Milhas Brasileiras de 2001
















Matéria cedida pelo nosso irmão Rômulo Amorim

Posando ao lado Reynard - Toyota de Cristiano da Matta, na temporada 2000 da Indy

sexta-feira, 3 de outubro de 2025

Carretera Ford - 1956

Convidados pelo Barão, Wilson Fittipaldi, os pilotos gaúchos e suas potentes carreteras vieram em peso para a primeira edição das Mil Milhas Brasileiras. Disputada em 25 de novembro de 1956, a prova teve grid formado por 31 carros, sobretudo carreteras com motor V8 Chevrolet e Ford. Mas haviam carros com motores menores, como VW/Porsche, Simca e Jaguar, sendo que o segundo lugar fora conquistado por um deles, o VW/Porsche nº 18  da dupla Eugênio Martins/Christian Heins.

Dentre os gaúchos que vieram para São Paulo, estava a dupla Germano Schlogl e Euclides Bastos, apelidado de perereca, que terminara numa ótima quarta posição com a Carretera Ford nº 86, após 192 voltas completadas.


No grid de largada, com a carretera Ford nº 32 de José Azmuz e Raul Winger 

terça-feira, 23 de setembro de 2025

Piloto José Paulo Leão (PE)

Eu não costumo acreditar em coincidências, mas sim, numa junção de fatores que levam determinados eventos a acontecerem. Apesar de também não conceber que o destino é algo imutável, inexorável, não duvido que em cada acontecimento, por mais corriqueiro ou despretensioso que seja, existe uma força inteligente por trás dele.

Um exemplo disso foi como conheci um pouco da história do piloto pernambucano José Paulo Leão. Há algumas semanas recebi pelo whatsapp (não me lembro de quem, sinceramente) um print de uma postagem de um senhor chamado Moacir Souza Gomes, ao que me parece, coordenador de equipe nos anos 90 em corridas disputadas no Autódromo Internacional Ayrton Senna, em Caruaru (PE).

Essa postagem traz a foto do Chevrolet Opala Stock Car do piloto natural de Bezerros (PE), com patrocínio da concessionária Chevrolet Agreste Veículos (Caruaru - PE). Paulo era neto e filho dos conhecidos Zé Leão e Zezinho Leão, respectivamente. Conforme informações recebidas do meu grande amigo Rômulo Amorim, que também correu de Opala em Caruaru entre 1997 e 2006, Paulo faleceu em 1996, vítima de um acidente de carro (dirigia um Fiat Uno 1.5 R) no Rio Grande do Norte.

Um dos destaques da carreira do piloto, no período entre 1992 e 1996, foi o quinto lugar obtido na I 100 Milhas de Caruaru (51 voltas), disputada em 20 de março de 1994, oportunidade em que dividiu a tocada do carro com André Macedo.

Só que para minha surpresa, recebi no início do mês um comentário do leitor Bruno Araújo, amigo do filho de Paulo Leão, me perguntando se tinha mais informações sobre ele. Na hora não associei os fatos, mas um tempo depois veio o "estalo" de que era o mesmo piloto cujo carro foi retratado na postagem do sr. Moacir Gomes. E é claro que não poderia deixar essa história de lado. 

Então, fico muito feliz pela oportunidade de poder contar essa parte da história do automobilismo nordestino. Preservar o passado do esporte a motor é um compromisso nosso, e mostrar o quanto somos apaixonados pelas competições, é um dos nossos recursos para mudar o presente e ter um futuro melhor no automobilismo local.





domingo, 21 de setembro de 2025

Kit turbo Ishi nos motores CHT 1.6: O veneno das ruas com garantia de fábrica

Se existe um som (sim, é música para os nossos ouvidos) que causa arrepios em praticamente todos os entusiastas de carros preparados, é o do funcionamento de um motor sobrealimentado enchendo a turbina e virando o ponteiro do conta-giros para o outro lado. E se tiver uma válvula de prioridade para "espirrar", melhor ainda.

Partindo do esporte a motor e passando pelas ruas ao longo das décadas, o turbo deixou de ser um equipamento à parte (instalado pelos proprietários após os carros saírem das concessionárias) para se tornar versão de fábrica de motorização de inúmeros modelos, em diversos seguimentos. Entre os carros populares, podemos citar o impacto que a Fiat causou em 1994, ao lançar o Uno 1.4 Turbo, e Volkswagen no ano de 2001, com o Gol/Parati Geração III 1.0 16v.

Mas antes disso, quem queria ter um carro nacional turboalimentado precisava recorrer às preparadoras que não tinham vínculo oficial com as fábricas, o que significava realizar uma alteração drástica na mecânica e a perda da garantia de fábrica.

De olho nisso, a IHI Turbo, gigante japonesa na fabricação de turbocompressores, tomou a iniciativa, através da Ishikawajima do Brasil, de lançar no mercado nacional o kit Ishi Turbo, que continha filtro de ar, carburador, coletor de admissão, coletor de escape, sistema completo de escapamento, embreagem, distribuidor, junta de cabeçote, calços de inox para redução da taxa de compressão.

Esses kits eram vendidos como opcional em concessionárias Ford, como a tradicional Souza Ramos (SP), para modelos como Escort, Corcel, Del Rey e Belina, e a promessa era de 25% a mais de potência, que faziam o motor CHT 1.6 Fórmula do Escort (MK3) ir de 86 cv para cerca de 108 cv, com garantia de fábrica.

Confesso que não fazia a mínima ideia da existência dessa história, e foi graças ao amigo Paulo Mello que pudemos contá-la aqui no blog. Paulo participou do teste de desenvolvimento do Kit Ishi Turbo, sendo responsável pela parte de resistência, cujos testes eram feitos no saudoso Autódromo de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro.

Ele nos contou que os trabalhos tiveram apoio da Ford, e que a turbina era regulada para 0,5 kg de pressão, sendo que na dinâmica do funcionamento, o caracol não forçava a entrada de ar no carburador, mas sim, puxava o ar que entrava nele. Em relação aos testes na pista, a Ford estabeleceu as velocidades que deveriam ser atingidas em cada curva do circuito, como forma de definir a carga (força centrífuga) à qual o motor seria submetido (sobretudo quanto à retomada e aceleração).

Foram contratados dois pilotos, e os tempos de volta não podiam ser mais baixos que 2min48s, sendo que na época, os Dodge v8 da Turismo 5000 chegavam a fazer 2min25s. Essa marca foi estabelecida tendo em vista o desenvolvimento do carro para uso em rua, e não para performance de velocidade final. Mas o "cacete" foi tanto, que depois de dois meses de teste, o monobloco do Escort já dava sinais de cansaço (rachaduras nas longarinas)!

O único ponto fraco identificado na parte mecânica foi a junta de cabeçote, que fez com que fosse desenvolvida uma nova junta pelo fabricante, dotada de lâmina de metal em seu centro. Além disso, fora utilizada a embreagem da utilitária Pampa, e a fabricante Weber deu apoio no desenvolvimento do carburador.

A iniciativa do desenvolvimento partiu do engenheiro Eytan Lubicz (que na época tinha um Ford 1959 v8 turbo, um autêntico hot rod do RJ), que convenceu a diretoria da Ishikawajima do Brasil a criar uma divisão de equipamentos para automóveis de rua. A fabricação de kits turbo pela Ishikawajima do Brasil, que até então só atuava na construção de navios, durou cerca de 10 anos, período em que também foram desenvolvidos equipamentos para o motor AP Volkswagen.

E Paulo ainda nos presenteou com fotos de um autêntico Ford Escort XR3 1986 placa preta, com o kit Ishi instalado, além da vista explodida do projeto do equipamento. Gratidão










quinta-feira, 11 de setembro de 2025

2ª etapa do campeonato alagoano de arrancada - 2025

Se em fevereiro deste ano falamos com grande expectativa sobre a retomada da categoria arrancada (confira no menu ao lado), o que vimos na reta do Circuito M3 neste último final de semana foi além do que esperávamos. Marcada para o sábado, 06 de setembro, a 2ª etapa do alagoano de arrancada reuniu mais de 90 carros de várias cidades de Alagoas, bem como dos Estados vizinhos.

Apesar de os treinos terem sido realizados no sábado, as puxadas oficiais só ocorreram a partir da manhã do dia seguinte, pois era só começarem os burnouts que a chuva dava o ar da graça. Entre idas e vindas, minutos de espera para secagem da pista, o tempo fechou de vez no fim da tarde, forçando o adiamento da etapa. Mas a espera valeu. Oh se valeu...

Na medição de 201 metros (1/8 de milha), gritaram forte carros como Chevrolet Chevette e Opala, Volkswagen Gol de várias gerações, Fiat Uno, BMW, entre outros, incluindo a Porsche 911 Turbo S do piloto Márcio Dantas (Camaçari/BA), que quebrou o recorde de 6,6 segundos da Lamborghini Revuelto de Galba Aciolly Filho. Largando sozinha, a 911 3.8 amarela registrou o tempo de 6,57s, que também é o menor tempo deste modelo em todo o Nordeste.

Entre os destaques da prova, tivemos carros como a Volkswagen Saveiro G3 com a caçamba super aliviada do piloto Tadeu, o Chevrolet Kadett carburado de Luiz Buarque (AL), montado às vésperas da etapa, o mítico Mitsubishi Lancer Ralliart 4x4, além do:

- Chevrolet Chevette DL 1993 aspirado de Marconi Menezes (SE), que marcou o tempo de 9,565s + 0,152 de reação.

- Volkswagen UP Cross 2017 de Fabrício Araújo (SE).

- Audi RS6 4.0 2015 de Vitor Melo (BA) - 7,253s + 0,108 de reação.

- Volkswagen Gol "bola" Special 2000 de Niraldo Menezes (SE) - 9,041s.

- Volkswagen Fusca 2.3 turbo 1985 - Miguel Neto (AL)

- Volkswagen Fusca de Roberto Gomes

- Fiat Uno Mille Turbo 2008 de Bruno Nicácio (AL)

Então é isso, amigos, ficamos no aguardo da 3ª etapa, programada para o mês de novembro, com a expectativa de termos o tratamento da pista com vht, que proporcionará um grip ainda maior aos "canhões" que rasgam a reta do Circuito M3.

Seguem algumas fotos da etapa, gentilmente cedidas por Gabriel Araújo, além dos vídeos exclusivos do piloto David Michael, que representa a modalidade do drift em nosso Estado.