"Um espaço reservado para falar das lembranças, histórias e episódios dos mais de 60 anos de Mil Milhas Brasileiras. E de outras coisas mais!"

segunda-feira, 21 de julho de 2025

O piloto Adésio Santos

Assistir a uma corrida automobilística certamente faz com que o coração de um entusiasta bata mais rápido. E muitas vezes, esse ritmo pode criar uma nova trajetória para quem está do lado de fora da pista, trazendo-o para dentro da disputa. E foi o que aconteceu com o piloto homenageado de hoje, Adésio Santos.

Nascido em 09 de novembro de 1962 na capital pernambucana, Adésio Luiz de Souza Santos começou a sua carreira nas pistas após assistir a inauguração do Autódromo Internacional Ayrton Senna (Caruaru - PE), ocorrida em 13 de dezembro de 1992 com a 5ª etapa do Campeonato Brasileiro de Fórmula Uno.

Sendo desde o início (e até os dias atuais) piloto e preparador do seu próprio carro, Adésio estreou em 1993 na categoria Fórmula F, na qual corriam Volkswagen Fusca e Fiat 147. Ainda disputou a temporada de 1994 da categoria, sendo que no ano seguinte, passou a correr na Speed 1600 (Fuscas) e na categoria Autocross, à bordo de uma gaiola equipada com motor 1600 refrigerado a ar.

E foi no Autocross que ele sofreu o maior acidente de sua carreira, ao capotar diversas vezes e só para após cair em um barranco de 12 (doze) metros de profundidade. Felizmente, o banco concha e o cinto de quatro pontos foram suficientes para fazer com que o piloto escapasse sem maiores ferimentos.

Na Speed 1600, Adésio correu de 1995 a 2002, tendo conquistado várias vitórias e títulos, além de ter sido terceiro colocado em uma prova da Super Speed disputada no Autódromo de Interlagos, no ano de 1996. E neste meio tempo, ainda foi vice-campeão da categoria Opala Stock Car (Nordeste) no ano de 1997, sendo este o carro que lhe deu mais prazer em guiar, conforme nos revelou em entrevista.

Sobre o Fusca com pintura vermelha que aparece nas fotos dessa matéria, uma curiosidade foi revelada pelo piloto quanto ao layout da pintura. As estrelas brancas que cobrem boa parte da frente do carro foram inspiradas na pintura do caminhão Scania de Oswaldo Drugovich Jr., bi-campeão da Fórmula Truck, que a partir de 1997, passou a disputar etapas no autódromo pernambucano.

Adésio também registrou participações em outras categorias locais, como o Campeonato Norte-Nordeste de Marcas e Pilotos entre 2001 e 2018, além da Turismo Light, de 2022 até os dias atuais. E foi no Marcas e Pilotos que conquistou a sua vitória mais marcante. Era a última etapa do campeonato de 2005, e Adésio ainda não tinha vencido nenhuma etapa. Para ser conquistar o título, precisava vencer as duas corridas, mas antes disso teve que contornar uma situação no mínimo curiosa.

O caminhão cegonha que levava os carros para o Autódromo de Fortaleza (situado na cidade de Eusébio - CE) ficou retido pela Polícia Rodoviária Federal no Estado da Paraíba, com a exigência da apresentação da documentação de todos os veículos. Sabendo do ocorrido, Adésio, que já estava em Natal - RN, voltou à Recife - PE, pegou uma carrocinha, os documentos do carro e levou o bólido rebocado até a pista, tendo chegado já no domingo. Mesmo largando em último, venceu as duas corridas, sagrando-se bi-campeão norte-nordeste da categoria.

Em sua carreira, Adésio sempre foi um piloto combativo, andando no limite e protagonizando grandes disputas com pilotos como Joca Ferraz, Fabrício Fechine e Nelson Donato Jr., os quais cita como grandes adversários na pista.

E para quem pensa que o amor por corridas fica restrito às quatro rodas, está bastante enganado. Adésio também compete no ciclismo pela categoria BMX, sendo hexacampeão brasileiro (2008, 2010, 2013, 2014, 2016 e 2022) e bicampeão panamericano (2008, em São Paulo e 2017, em Santiago Del Estero - ARG) na modalidade. E essa história começou no ano de 1984, quando foi passar férias na cidade de Arapiraca - AL, oportunidade em que conheceu alguns praticantes, ficando logo fascinado pelos saltos. Mas essa história teve um hiato, pois em 1987, após a disputa do campeonato brasileiro de BMX na cidade de Novo Hamburgo - RS, Adésio ficou até 2006 sem andar, em virtude de compromissos profissionais.

E este é o nosso breve resumo da carreira do piloto Adésio Santos, uma referência do automobilismo norte-nordeste e também do ciclismo brasileiro, e que representa também a máxima de que com talento e perseverança, você pode transpor os obstáculos e se tornar vencedor.

* Fotos da categoria Speed 1600: Antonio Preggo.


Nessa corrida, Adésio largou na pole position e venceu a prova. Ao seu lado, na primeira fila, está o piloto Edson Viana


1987






terça-feira, 8 de julho de 2025

100 Milhas da Paraíba 2025 - A corrida

Pois é, meus amigos, o Nordeste também faz corrida boa! Ontem, às 11 horas e 30 minutos, a bandeirada foi dada marcando o início da III edição das 100 Milhas, prova disputada em 52 voltas pelo traçado do Autódromo Internacional da Paraíba. Como uma grata surpresa, os 13 (treze) carros inicialmente previstos no grid ganharam a companhia de outros três competidores, aumentando o grid de largada para 16 (dezesseis) carros. Um deles foi o VW Fusca nº 51 (motor 1.6 do Fox) do multicampeão Adésio Santos, que foi pilotado por Fernando Lima.

Após a bandeira verde, o pole position (HB 20 nº 13 de Anderson Lira e Diego Matias) foi logo pressionado pelo Superturismo nº 20 de Fabiano Pereira, que liderou durante mais de 10 (dez) voltas.

A parte inicial da prova foi marcada pelas sucessivas entradas do safety car, motivadas pelos bólidos que iam encontrando problemas no caminho. O primeiro deles foi o Ford New Fiesta (cat turismo1.4) nº 5 da dupla Elder Júnior/André Campelo, que chegou a ser levado aos boxes, mas retornou à disputa posteriormente. Já a segunda intervenção foi mais longa, por sua vez motivada pela rodada e leve batida (em plena reta dos boxes) do Fiat Palio nº 55 de João Guimarães/Lucas. Foram mais de cinco voltas no ritmo do carro de segurança até que o guincho chegasse aos boxes e a pista fosse liberada.

Com o início das paradas obrigatórias, ocorrendo a troca de pilotos para quem corria em dupla, a liderança ficou com Thiago Pereira, do Superturismo nº 125, que não perdeu a posição até a bandeira quadriculada, sendo o vencedor da III 100 Milhas da Paraíba. Fabiano Pereira, que liderou a parte inicial da corrida, teve problemas com o seu carro, que inclusive causou a quarta e última entrada do safety car na pista.

Um dos destaques da prova foi a performance do nosso amigo Rômulo Amorim, caruaruense de nascimento, mas maceioense de coração, que aos 70 (setenta) anos e com grande experiência no automobilismo, disputou a prova sozinho no Fiat Palio nº 83 na categoria Palio Cup Super. Fazendo uma corrida de cautela, no melhor estilo Emerson Fittipaldi, Rômulo evitou problemas e terminou na oitava posição na classificação geral e em primeiro na sua categoria, desbancando a dupla concorrente do carro nº 55, muito mais jovem que ele. Meus parabéns, meu amigo! Você tem o automobilismo no sangue.

A terceira edição das 100 Milhas da Paraíba contou com a organização da Garagem 83, capitaneada por Elton Andrade, responsável também pela criação da categoria Palio Cup, que vem mostrando que o automobilismo sério e competitivo também pode ser feito a baixo custo.


🏁Campeões da 3a Edição das 100 Milhas do AIP!

🏆 Campeão Geral:

🥇Thiago Pereira 

🥈Lindolfo Jr / Ricardo Florêncio 

🥉Mardnoel Menezes 


Categoria PalioCup PRO:

🥇Mardnoel Menezes 

🥈Ivanildo Lins 

🥉Vitor Medeiros


PalioCup Super:

🥇Rômulo Amorim

🥈Lucas / João Guimarães


Categoria SuperTurismo:

🥇Thiago Pereira

🥈Thiago Dantas

🥉Fabiano Pereira


Categoria Turismo 1.4

🥇Lindolfo Jr / Ricardo Florêncio

🥈Elder Jr / André Campelo 

🥉Geraldo Freire / Michel Funini 


Categoria Turismo 1.6

🥇Anderson Lira / Diego Matias


Categoria 1.6 Light 

🥇Fernando Vasconcelos 

🥈André de Souza / Thulio Moura 

🥉Reis Matos / Aníbal Luiz


A íntegra da prova você assiste aqui nesse link


Alguns vídeos da prova







Resultado final

Elton Andrade, Rômulo Amorim e Adésio Santos

Pódio da categoria Palio Cup Super

Detalhe do motor (EA 111 1.6) do VW Fusca de Adésio Santos, que foi pilotado por Fernando Lima

domingo, 6 de julho de 2025

100 Milhas da Paraíba 2025 - Grid de largada

Bom dia queridos leitores! Logo mais, às 11 e vinte da manhã, teremos a largada da terceira edição das 100 Milhas da Paraíba. Ontem ocorreram os treinos classificatórios, que contaram com apenas 13 (treze) carros dos quase 20 (vinte) que estavam previstos para disputarem a prova.

Mas se lembrarmos que em 2020 tivemos as Mil Milhas Brasileiras com 12 (doze) carros, em um circuito (o templo Interlagos) com maior extensão do que o Autódromo Internacional da Paraíba, então ainda estamos em um bom nível de disputas.

Com a colaboração do nosso querido amigo Rômulo Amorim, que vai novamente disputar a prova em um Fiat Palio da categoria Cup, trazemos para vocês o grid de largada e algumas imagens dos treinos.




Fiat Palio do nosso amigo Rômulo Amorim



sexta-feira, 27 de junho de 2025

100 Milhas da Paraíba 2025

O automobilismo nordestino está em contagem regressiva para a realização da III edição das 100 Milhas da Paraíba, que será disputada no dia 06 de julho. Serão 52 voltas pelos 3.024 metros do traçado do Autódromo Internacional da Paraíba, situado em São Miguel de Taipu, a 41 km da capital João Pessoa.

O grid será formado por carros de categorias com diferentes regulamentos e características, sendo elas: Palio Cup, Turismo 1.4, Turismo Light, Turismo 1.6, Super Turismo e Protótipos. Na maioria dos carros, os pilotos se revezarão na pilotagem em duplas, sendo que em alguns casos, o piloto correrá sozinho, como por exemplo, o nosso amigo Rômulo Amorim. Nascido em Caruaru, mas Alagoano de coração, Rômulo disputou a última edição na categoria Palio Cup, em dupla com o kartista cearense Rodrigo Valença, terminando na 2ª posição da categoria.

Nomes como Alexandre Romcy, Dorivaldo Gondra Jr., Will Nogueira e Lindolfo Jr figuram na lista de pré-inscritos, que conta atualmente com cerca de 20 carros. A expectativa pela corrida é grande, e os treinos já começam na sexta-feira, 04 de julho. Para quem não puder acompanhar a prova no autódromo, o canal oficial do autódromo no Youtube (confira neste link) fará a transmissão ao vivo, sempre com a organização e apoio do Garagem 83.

Vencedores dos anos anteriores:

2024: Dorivaldo Gondra Jr. - Fiat Chronos 1.6

2023: Lindolfo Jr. - Chevrolet Onix 1.6*


* Joca Ferraz foi o vencedor em pista, a bordo do seu Protótipo MRX. Mas uma punição por ultrapassagens em bandeira amarela fez com que caísse para a terceira posição.











segunda-feira, 16 de junho de 2025

Mitsubishi Eclipse - Curitiba, 1999

Salve salve, meus amigos, tudo bem com vocês? O japonês sobre o qual falaremos hoje não é um desconhecido nesse espaço. Trata-se de um carro que já apareceu no blog em um já longínquo dezembro de 2013, época em que o Blog da Mil Milhas era uma criança inquieta de quase 04 (quatro) anos de idade.

O link dessa matéria, com o retrospecto do carro até o ano de 2001, você encontra aqui. Mas hoje vamos abordar especificamente a participação do Mitsubishi na 28ª edição das Mil Milhas Brasileiras, disputada em dezembro de 1999 do saudoso e assassinado Autódromo Internacional de Curitiba (detalhes e histórias dessa prova você pode encontrar no menu ao lado).

Depois da conquista do 3º lugar na geral e 1º na categoria 1 nos 1000 km de Brasília daquele ano, com o trio Valdir Florenzo (vencedor dos 1000 km no ano de 1985), Bruno Massari e Rodolfo Massari, o Eclipse GS 2.0 Turbo 1992 foi inscrito nas Mil Milhas praticamente com a mesma "cara" em que participou da prova no Planalto Central. Algumas diferenças foram a instalação dos faróis originais do carro, além da inclusão das logos de novos patrocinadores, como a tradicional Ancona, do ramo de performance automotiva, além do Roochelle Park Hotel. Na pilotagem, José Orleans Peixoto Júnior, campeão paranaense de endurance, na categoria Opala Stock Car, no ano de 1997, substituiu Bruno Massari.

Na prova, o valente samurai, cujo motor tinha cerca de 400 cv, tinha um ritmo de corrida forte, brigando pelas primeiras posições, quando por volta das 5 horas da manhã, uma quebra da caixa de câmbio acabou por tirar o trio da corrida, deixando Florenzo, Peixoto Jr. e Massari no 28º lugar com 143 voltas completadas (o vencedor completou 433). Cabe ressaltar que durante os treinos e a prova, o melhor tempo registrado com o bólido foi pelo piloto Peixoto Júnior.

*Fotos de 1999: Mário Ferreira




Nos boxes, durante os 500 km de Curitiba de 2004


500 km de Curitiba 2004 - Pilotos: Peixoto Jr., Natalio Stica e Luiz Giovanetti

segunda-feira, 2 de junho de 2025

VW's nas Mil Milhas de 1993

O registro de hoje nos traz três modelos da marca alemã que disputaram a 22ª edição das Mil Milhas Brasileiras, em 21 de janeiro de 1993. Na foto, podemos ver na primeira posição da fila o Passat nº 72 do trio Gustavo Canovas/Santos/Tomassetti, o Japamóvel (Voyage) do trio João Noboru Mita/Oscar Branco/Kowalczuk e o Voyage nº 32 da dupla Álvaro Cândido Filho/Arnaldo Cruz.

Só que dessa foto, valeu a máxima de que "os últimos serão os primeiros", visto que justamente o último carro da fila foi o melhor colocado na prova, com a nona posição na geral, após 335 voltas completadas.


terça-feira, 20 de maio de 2025

Opalas Stock Car - Mil Milhas de 1987

A 27ª edição das Mil Milhas Brasileiras, disputada em 25 de janeiro de 1987, teve a chuva insistente como característica mais marcante. Naquele ano, todos os treinos foram disputados debaixo de chuva, e somente na sexta-feira anterior à prova (a largada foi dada à meia-noite do domingo), abriu-se uma "janela" no céu de Interlagos, que deu aos pilotos e equipes uma oportunidade para um acerto mais fino.

No grid formado por 51 carros (foram inscritos 53), a pole position foi registrada pela dupla Sávio Murilo/Ingo Hoffman (Equipe Kohlbach), a bordo do Opala Stock Car nº 69, com o tempo de 3min05s90 (parceria que foi repetida no ano seguinte).

Mais uma vez, São Pedro abriu uma brecha no tempo antes de largada, deixando a pista relativamente seca, quando Ingo Hoffman partiu na frente do pelotão e manteve a liderança até a curva do sargento, momento em que foi ultrapassado por José Carlos Dias, o Zeca Salsicha (formando dupla com Leandro de Almeida no Opala Stock Car da Equipe Tapetes Bandeirantes/Bolsa de Valores).

A chuva voltou com intensidade a partir das 2h30min, sendo que neste interim, Sávio Murilo retomou a liderança, que durou até a volta 135. Neste momento, com a chuva em sua maior intensidade, uma verdadeira correnteza se formou na curva do sol, servindo de palco para algumas rodadas e escapadas da pista. Uma das vítimas desse "rio", quando tentava voltar à pista, acabou colidindo com o Opala de Ingo/Murilo, entortando-lhe o eixo traseiro ao ponto de necessitar a sua troca imediata.

A troca do componente implicou na perda de nove voltas, colocando fim nas pretensões de vitória da dupla (seria a primeira vitória de Ingo, que só conseguiu obtê-la 16 anos depois), sendo ultrapassada pelos Opalas Stock Car de Marcos Gracia/Luiz Alberto Pereira e Valdir Benavides/Júlio Coimbra. Mesmo assim, Ingo/Murilo ainda conseguiram descontar três voltas de desvantagem para os dois primeiros.

Os 10 primeiros colocados:

1º Chevrolet Opala Stock Car nº 67 Car Luiz Alberto Pereira e Marcos Gracia SP/GO – 206 voltas

2º Chevrolet Opala Stock Car nº 86 Walmir Benavides e Júlio Coimbra SP – 201 voltas

3º Chevrolet Opala Stock Car nº 69 Ingo Hoffmann e Sávio Murilo de Azevedo SP/SC – 200 voltas

4º Chevrolet Opala Mário Yokota e Neimer Helal SP – 197 voltas

5º Ford Maverick nº 11 Denísio Casarini e Luis “Pitoco” Rosenfeld SP – 195 voltas

6º Chevrolet Opala Stock Car nº 63 Ricardo Lang, Sidney Alves e José Fiamenghi PR/PR/SP – 194 voltas

7º Chevrolet Opala Fausto Wajchenberg, Vicente Corrêa e Sérgio Di Genova SP – 191 voltas

8º VW Voyage nº 3 José Cherchiai e Marco Galasso SP – 187 voltas

9º Ford Maverick nº 16 Dedé Gomes e Luiz Carlos Sansone SP – 186 voltas

10º Chevrolet Opala Sílvio Gléria, Carlos Col e Marcio Canovas – 184 voltas





segunda-feira, 5 de maio de 2025

DKW - Mil Milhas de 1966

Nem sempre as Mil Milhas terminam muito bem para alguns carros. E nem falo das tradicionais rachaduras na carenagem, faróis quebrados ou sujeira de barro/lama, que são as "tatuagens" da madrugada de corrida em Interlagos.

Foi nessa pegada que a corrida da dupla Adalberto Ayres e Waldomiro Pieski, na edição de 1966, terminou. A dupla foi obrigada a abandonar após um belo capotamento do DKW Belcar nº 32, mas felizmente, o piloto saiu do carro sem maiores ferimentos. Notem o público ao redor do carro, com a corrida a pleno vapor.



segunda-feira, 21 de abril de 2025

A última Mil Milhas de Xandy Negrão

Durante vários anos, Alexandre Funari Negrão, ou simplesmente Xandy Negrão, foi uma presença marcante nos grids das Mil Milhas Brasileiras. Sempre disputando a vitória na classificação geral, Negrão trouxe para o Brasil carros que nunca havíamos visto antes em nossas pistas, tais como o Audi TT-R, Dodge Viper, Ford GT, Aston Martin Vantage (estes últimos na GT3 Series), entre outras beldades sobre rodas.

Sua estréia nas Mil Milhas ocorreu em 1981, a bordo de um Chevrolet Opala Stock Car, em trio com Dárcio dos Santos e Giu Ferreira, quando obteve o 2º lugar na geral. Vencedor em 2003 (Porsche 911 GT3) e 2005 (Audi TT-R), Xandy disputou sua última edição da prova em 2007, a bordo de uma Ferrari 430 GT (equipe JMB Racing) inscrita na categoria LMGT2. Nesta prova, formou trio com seu filho Xandynho Negrão e o amigo Andreas Mattheis, terminando em 8º na classificação geral e em 2º na categoria. A tempo no grid (formado por 23 carros) foi de 1min33s559, suficiente para partirem do 12º lugar.

Até então, esta também está sendo considerada a última Mil Milhas de Andreas Mattheis, que foi terceiro colocado em 1996, formando trio com Paulo Lomba e Alexandre Costa no Ford Maverick nº 72, apelidado de febre amarela.



75 - Ferrari F430 GTC #2450 (Michelotto) - JMB Racing

segunda-feira, 7 de abril de 2025

Opalas Stock Car - Mil Milhas anos 80

Seria redundante dizer que o Chevrolet Opala, seja sob o regulamento da Divisão1, Stock Car, Hot Car ou Força Livre, foi o grande nome das edições das Mil Milhas disputadas na década de 80. Das oito edições disputadas no período, apenas a corrida realizada em 1983 não foi vencida pelo modelo, embora em todas elas, as dez primeiras colocações tenham sido conquistadas por Opalas, em sua maioria.

E nesse tema, trazemos para vocês, caros leitores, uma sequência de fotos de Opalas que registraram participações nas Mil Milhas entre 1981 e 1989, formando grids que até hoje enchem os olhos dos apaixonados pelo modelo.


1987 - Leandro de Almeida e Zeca "Salsicha" Dias


1988 - Ênio di Bonito, Almir Couto e Renée Vanucci
1989 - José Antônio Bruno, Jorge Precupeano e Marcos Fantinati - 35º lugar na prova, com 144 voltas

1986 - Renato Marlia e Neimer Helau







segunda-feira, 31 de março de 2025

Março mês da mulher: Alessandra Menini

Encerrando nossa trajetória de homenagens, neste mês de março, às personalidades femininas que escreveram seus nomes na história do automobilismo nacional, falaremos um pouco sobre a piloto Alessandra Menini.

Ale é o que consideramos uma profissional multifacetada, destacando-se como pilota de automobilismo, empresária e mentora, e que tem presença ativa nas redes sociais para compartilhar suas experiências e inspirar outras mulheres a conquistarem seu espaço, não só no esporte a motor, mas também em outras áreas profissionais. Um dos seus testemunhos de resiliência foi o diagnóstico, tratamento e cura de um câncer de mama, descoberto "ao acaso" durante uma sessão de cinema.

No automobilismo, iniciou sua paixão pelo kart, na qual deu uma pausa por questões profissionais e pessoais, retomando-a em 2019, passando também pela Copa Joy Chevrolet e pela Race Cup. Sua dedicação ao esporte culminou em uma conquista histórica: Em janeiro de 2023, tornou-se a primeira mulher campeã das 1000 Milhas Brasileiras, na categoria TN1 A. Até então, o maior destaque feminino na prova tinha sido o 2º lugar (na geral e na categoria) de Letícia Zanetti em 2002, com um protótipo AS Vectra 2.0. 

Essa conquista se torna ainda mais marcante em virtude de o carro utilizado por Ale e seus companheiros da equipe Lira Racing (Iures Delfino, Vinícius Lira, José Santiago e Eduardo Teixeira), ter sido uma Ford Courier (única no grid) derivada da antiga categoria Pick-up DTM, que por sua vez, tinha grids lotados no início dos anos 2000. Aliás, já contamos um pouco dessa história no blog, e você pode conferir essa história aqui.

A valente Courier (que já tinha disputado a prova em 2022) fez frente a carros mais novos e potentes, não só por ter vencido na sua categoria, mas também por terminado em um valioso oitavo lugar na classificação geral, com 308 voltas completadas. Como melhor marca na prova, foi registrado o tempo de 2min02s094.  Destaque para o fato de Ale ter pego o carro na 10ª posição e o ter entregado na 7ª posição na geral. Ao portal Lance*, fez a seguinte declaração:

Queria ganhar experiência de pista, além de ver se conseguiria suportar um stint de 2h30 sem parar de pilotar e ainda mantendo a constância, essa era a proposta para os pilotos da equipe. Eu não tinha a menor ideia de que essas expectativas seriam mais do que superadas. Além de ter feito um stint de quase 3h, agora somos campeões das 1000 Milhas Chevrolet Absoluta! É uma honra imensa para mim.

E completou:

- No meio do stint, tivemos um problema com o câmbio e perdemos a 5ª marcha. Na hora, fiquei bastante preocupada, mas a comunicação constante com o Vinícius Lira (chefe da equipe) foi essencial e me tranquilizou. Segui tudo que ele me passou por rádio e o resultado foi excelente. Mesmo sem a marcha, pude fazer um stint muito consistente, apesar do trânsito constante na pista.

Em 2024, Ale voltou ao grid da prova no mesmo bólido, mas em razão da quebra de um terminal elétrico do alternador, a performance ficou prejudicada, deixando a pick-up na 4ª posição na categoria e 25ª na geral.




Courier na prova de 2024. Foto de autoria do Paulo Abreu (@volta_rapida). Todos os direitos reservados. 


Courier na prova de 2024. Foto de autoria do Paulo Abreu (@volta_rapida). Todos os direitos reservados. 


*Disponível em: https://www.lance.com.br/mais-esportes/ale-menini-vence-gp-e-se-torna-a-primeira-mulher-campea-do-1000-milhas-chevrolet-absoluta.html

domingo, 30 de março de 2025

Março mês da mulher: Ford Fiesta Feminino 2001

Hoje nosso registro feminino vai homenagear não só uma piloto, mas uma categoria inteira. Trata-se do Campeonato Ford Fiesta Feminino, disputado apenas na temporada de 2001.

Na foto gentilmente cedida por nosso irmão Rômulo Amorim, estão os bolidos estacionados nos boxes do Autódromo de Caruaru, quando da disputa da 2a etapa. A pole e vitória ficaram com a pernambucana Danuza Moura.

Se você quer saber mais sobre a história da categoria, acesse este link, uma retrospectiva de alto nível do nosso irmão Rodrigo Carelli. 




sábado, 29 de março de 2025

Março mês da mulher: Suzane Carvalho e Delfina Frers - A dupla feminina em 1997

A última participação de Suzane Carvalho nas Mil Milhas Brasileiras ocorreu em 1997, ano em que a prova foi disputada pela primeira vez fora de Interlagos e pela única vez em Brasília/DF. Além disso, foi a única vez em que uma dupla feminina dividiu a tocada durante toda a prova (já tínhamos o registro de um trio, em 1996, e em 2021 tivemos um quarteto).

E essa história foi resumida por Suzane no Instagram (@suzanecarvalhopiloto) da seguinte forma:

"A história dessa corrida é longa. Correríamos outra vez o mesmo trio feminino: Suzane Carvalho, Delfina Frers e Marisa Panagópulo em uma BMW. Mas já nos primeiros treinos, percebi que o carro não estava bem preparado e sabíamos que, como pilotos, tínhamos excelente oportunidade de podium. Essa corrida foi em Brasília e largou no domingo pela manhã. No sábado à noite, após já termos classificado, tivemos reunião e conseguimos alugar o carro da Buono*, outra vez o excelente Aldee do Almir Donato. A Marisa não aceitou a troca e corremos então em dupla feminina (a única que participou neste formato, na história dessa corrida).

Tivemos que largar em último. Estávamos brigando pelo 1º posto na última tocada, faltando pouquíssimo para terminar a corrida, tomamos 2 time penalties de 2 minutos! Um porque respingou combustível após o abastecimento e outro por briga da equipe com os comissários (pela penalização que deram), e tive que cumprir e perder 4 minutos, o que nos fez terminar em 3º. Deu podium".


*Concessionária Fiat situada em Guaratinguetá - SP.


quarta-feira, 26 de março de 2025

Março mês da mulher: Suzane Carvalho & Cia.: O trio feminino em 1996

Em um ano em que as Mil Milhas Brasileiras ficaram "estranguladas" no calendário (no mês de abril), Suzane Carvalho fez aquela edição ter um fato histórico, ao formar a primeira equipe exclusivamente feminina a disputar uma Mil Milhas. E essa história, já abordada em nosso blog há alguns anos (confiram no menu ao lado), foi resumida da seguinte forma pela piloto (em seu perfil no Instagram):

"Organizei o primeiro trio feminino a participar da corrida, com a Delfina Frers e a Marisa Panagopulo. O Almir Donato, criador do carro Aldee, com o qual corremos, abraçou o projeto. Largamos em 11º (dá para ver que tinha bastante carro atrás). Estávamos em 3º na categoria, mas no meio da madrugada*, na volta em que uma das argentinas** entraria nos boxes para troca das pastilhas de freio e de piloto, ela ficou sem freio e acabou batendo***".

*Meio da noite, mais precisamente na volta 224, pois a prova teve a largada durante o dia (13:00).

** Delfina Frers estava ao volante neste momento.

*** A colisão ocorreu com o Aldee do piloto José Mário, que muito irritado com o ocorrido, chegou a ameaçar agredir Delfina nos boxes.